quinta-feira, 23 de agosto de 2018

José Afonso | SPA dos burgueses contra a vontade dos malteses


O título a seguir é: "SPA quer restos mortais de Zeca Afonso no Panteão Nacional". A SPA quer? Mas a SPA agora virou ditadora por representar a burguesia cantante e mais ou menos bem-vivida, ou a mesma mas da escrita, da poesia, e por aí adiante? Ao que isto chegou. A SPA quer?

Zeca Afonso não ia querer algumas das más companhias que ‘moram’ por lá, no panteão. Jorge Letria, o presidemte daquilo, SPA, sabe muito bem isso. A família já declarou que não quer Zeca no panteão mas sim onde ele quis estar após se finar, em campa rasa. Pois é. Mas a SPA quer. Quer? E isso basta? Zeca não é Amália, a espampanante, a vedeta, o feijão frade com duas caras.

Na SPA há muito poucos que cheguem aos calcanhares de Zeca Afonso, pela coerência e muitas outras qualidade que aquele ser humano possuía. O senhor Letria que se deixe de coisas, Zeca não é da laia das tias de Cascais, aquelas lá da ‘linha’. Letria sabe isso muito bem. Só tem de o respeitar e deixar esta “guerra” para fazer valer a sua vontade e de mais alguns dos seus associados, se é que é assim. Nunca se sabe, as pessoas mudam e já vimos muitos revolucionários darem em democratas da treta e desses também só vai um saltinho pequenote para pequenos ditadores.

Honrar o Zeca não é na porcaria do panteão de más companhias, honrar o Zeca é respeitar os princípios por que ele se regia. ‘Letria’, popularmente, é uma massa. Jorge Letria está a ser massudo com esta obstinação. Ele e muitos burgueses doentios que por lá vagabundeiam. Podem ter valor cultural, indiscutivelmente, mas como pessoas têm os seus quês - até de classes que o Zeca combatia com todas as suas ganas.

Zeca preferia ser um maltês em vez de um burguês. Se alguém tem algum peso na consciência e agora está invadido por remoques hipócritas… Tivessem-no tratado bem em vida. Agora deixem-no repousar em paz, que merece, em campa rasa, como expressou ser seu desejo. (MM | PG)

SPA quer restos mortais de Zeca Afonso no Panteão Nacional

O corpo do músico está sepultado no Cemitério de N. S. da Piedade, em Setúbal. Sociedade Portuguesa de Autores promete lutar por transladação para o Panteão Nacional, para honrar "figura marcante".

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) propôs, esta terça-feira, que os restos mortais do músico José Afonso (também conhecido por Zeca Afonso), "uma das figuras mais marcantes da história da vida cultural e artística portuguesa", sejam trasladados para o Panteão Nacional.

"É este o tributo e é esta homenagem que Portugal deve a quem como mais ninguém o soube cantar em nome dos valores da liberdade, da democracia, da cultura e da cidadania", lê-se num comunicado divulgado.

A SPA "assume publicamente o compromisso de lutar por este legítimo e inadiável ato de consagração que deverá coincidir com os 90 anos do nascimento [de José Afonso] e com os 45 anos do 25 de Abril".

A SPA acrescenta que "Zeca Afonso é uma das figuras mais marcantes da história da vida cultural e artística portuguesa que influenciou as gerações que se seguiram à sua, tanto do ponto de vista artístico como do político e do moral".

"Além do compromisso que assumiu com as suas canções na luta pela liberdade e pela democracia, tendo estado preso em Caxias em abril e maio de 1973, Zeca Afonso merece ter a sua obra preservada e edições que representem o seu extenso e inigualável repertório", justifica.

"Estatuto de património cultural"

No último ano, no âmbito dos 30 anos da morte de José Afonso (1929-1987), debateu-se o facto de ser desconhecido o paradeiro das bobinas originais de gravação de José Afonso. Na altura, o Ministério da Cultura afirmou que era "importante a preservação" do património fonográfico de José Afonso e disse estar a "apurar o paradeiro das gravações".

Também na mesma ocasião, a SPA realçou a "urgência da reedição da obra" de José Afonso, questão sobre a qual alertou o ministro da Cultura, para que obtenha o "estatuto de património cultural".

"O presidente da SPA [José Jorge Letria] propôs ao ministro da Cultura [Luís Filipe Castro Mendes] uma intervenção no sentido de se assegurar a competente e adequada reedição da obra discográfica, por se tratar de uma referência obrigatória da nossa vida cultural e cívica", indicou a SPA.

No comunicado agora emitido, a SPA reclama, em nome dos autores portugueses, a trasladação dos restos mortais de José Afonso, sepultados em campa rasa no Cemitério de N. S. da Piedade, em Setúbal.

A SPA volta a recordar a obra do autor de "A Morte Saiu à Rua" e defende a sua "preservação", "em articulação com os herdeiros de José Afonso", "contra a negligência e incapacidade dos editores que a deixaram gravemente dispersa e abandonada".

"Zeca Afonso é um símbolo que nunca poderá ser esquecido ou ignorado, embora nunca se tenha batido por atos de consagração e de reconhecimento. Devem ser hoje as novas gerações a aplaudir e a louvar a obra do homem que deixou uma marca perene e profunda na vida cultural e cívica de Portugal", remata a SPA.

Lusa/TSF

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