Aparecem embolados no terceiro
posto Marina Silva (Rede), com 8%, Geraldo Alckmin (PSDB), 6%, e Ciro Gomes
(PDT), com 5%. O Datafolha ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios, de 20 a 21 de agosto.
O salto do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), que alcança 39% das intenções de voto para
Presidência da República, segundo pesquisa Datafolha divulgada na
madrugada desta quarta-feira, leva os investidores a rever posição quanto às eleições
brasileiras. Mesmo preso, na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF),
em Curitiba, Lula cresceu 7 pontos percentuais em relação ao
levantamento feito em abril.
Ele ratifica o favoritismo
apontado na segunda-feira por pesquisas CNT/MDA e Ibope. Em
qualquer cenário, Lula supera em mais que o dobro o segundo colocado,
Jair Bolsonaro, quem tem agora 19% (tinha 15% em abril).
Aparecem embolados no terceiro
posto Marina Silva (Rede), com 8%, Geraldo Alckmin (PSDB), 6%, e Ciro Gomes
(PDT), com 5%. O Datafolha ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios, de 20 a 21 de agosto. A margem de
erro do levantamento, feito em parceria entre Folha de S.
Paulo e TV Globo, é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Análise
O setor de política da corretora
XP Investimentos, ligada ao grupo Itaú, a maior do país, encaminhada aos
clientes, nesta manhã, já concorda que Lula é imbatível, no cenário eleitoral.
E admite que Haddad, se substituir o ex-presidente, estará no segundo turno.
Segundo o documento as últimas
pesquisas “confirmam a substancial subida de Lula – que se estivesse solto
poderia levar a disputa já no primeiro turno, e o potencial de votos que ele
pode transferir não é nada desprezível. Fernando Haddad, que deve substituir
Lula, poderá chegar perto do tamanho de um Bolsonaro com alguma tranquilidade e
mais rápido do que se esperava”.
Em linha com os dados da análise,
a “campanha do PT segue a máxima: “Lula é Haddad e Haddad é Lula”. O texto da
corretora, que vocaliza a opinião dos investidores, é assertivo: a campanha do
PT será eficaz e em breve as bases do “centrão” e do MDB irão aderir a ele.
Pesquisas
“Aos poucos, o nebuloso quadro
eleitoral começa a dar pistas sobre como será outubro. Para o cientista
político Jairo Pimentel, pesquisador do Centro de Política e Economia do Setor
Público (CEPESP) da FGV, são grandes as chances de uma repetição de disputa
entre um candidato vermelho (à esquerda) e outro azul (à direita)”, presume.
No campo da esquerda, diz o documento
encaminhado aos investidores, “ele vê o ex-prefeito de São Paulo Fernando
Haddad (PT), atual vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, como franco favorito para ir ao segundo turno”.
Na outra ponta, uma batalha entre
o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin
(PSDB) “ainda tem desfecho absolutamente imprevisível”, concorda. O primeiro
conta com expressiva vantagem nas pesquisas “e o apoio convicto de uma fatia
relevante do eleitorado”, acrescenta.
Ficha Limpa
O segundo estruturou a maior
aliança e contará com ampla vantagem no horário eleitoral e em inserções
diárias na programação de rádio e televisão.
“Com o endosso de Lula, não há
dúvida de que Haddad é o grande candidato [da esquerda] para ir ao segundo
turno. Com a campanha, a transferência (de Lula para Haddad) vai se cristalizar
e ele é o favorito para ir ao segundo turno. A dúvida é: vai chegar em primeiro
ou segundo lugar no primeiro turno?”, questiona.
“Temos uma definição mais clara
neste campo. Ele está virtualmente no segundo turno”, observou Pimentel, em
entrevista por telefone à corretora. Para ele, a estratégia do PT de manter
Lula candidato mesmo com o elevado risco de ser impedido de disputar, em função
da Lei da Ficha Limpa, provou-se eleitoralmente eficaz”.
— Do ponto de vista ético, moral
e político, podemos considerar essas críticas de confundir o eleitorado. Do
ponto de vista eleitoral, foi a melhor estratégia possível — disse.
Bateu no teto
Mesmo assim, ele admite o risco
de uma fragmentação de votos entre candidaturas de esquerda ameaçarem a ida de
o nome petista ao segundo turno, embora também chame atenção para o peso do
chamado “voto útil” na reta final.
A ideia agora passaria a ser de
misturar as imagens de Lula e Haddad, que já faz campanha no Nordeste em nome
da candidatura petista nesta semana. Embora publicamente o PT mantenha a
narrativa de que Lula é o candidato do partido, o momento da substituição da
candidatura se aproxima, na medida em que avança o processo em que o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) analisa seu pedido de registro de candidatura.
No campo azul, Pimentel observa
um ambiente de mais incerteza.
— Bolsonaro atingiu um teto, não
passa dos 20% — definiu.
Mais tempo
Para o analista, “a tarefa de Alckmin
é mais difícil. Enquanto Bolsonaro tem que ‘empatar o jogo’, ele precisa
virar”.
— Com muito tempo de televisão e
considerando o elevado número de indecisos, o tucano vai crescer. A dúvida é se
será suficiente. Alckmin enfrenta um adversário resiliente em um cenário de
crítica em relação ao establishment — pontuou.
Além da vinculação com a imagem
de (Michel) Temer, ele está há muito tempo no Estado.
— Pairam dúvidas se vai poder
trazer a renovação necessária ou se ele é uma continuidade à política como está
— ponderou o cientista político.
Informação
Pimentel acredita que Alckmin
poderá começar a crescer a partir de um segundo momento da campanha, quando
forem direcionados ataques a adversários.
— Como Alckmin tem muito tempo de
TV, ele pode pautar a agenda. Ele pode colocar como tema a experiência de
gestão. Neste momento, fazendo uma campanha negativa e comparativa, pode
despontar entre os indecisos — observou.
Para ele, mais importantes que o
horário de propaganda eleitoral gratuita serão os spots de propaganda dos
candidatos durante a programação das emissoras de televisão e rádio. Neste
caso, os espectadores são pegos de surpresa e assimilam melhor a informação
transmitida.
Pesquisas
Como Alckmin terá muito mais
exposição que seus adversários neste modelo em comparação com seus adversários,
ele poderá ser capaz de pautar melhor o debate. Bolsonaro pode ter dificuldades
em responder ataques.
— Alckmin vai subir nas
pesquisas. O quanto ele vai subir e se vai ser suficiente só vamos saber na
prática — concluiu Pimentel.
Correio do Brasil – São Paulo
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