Segundo "Washington
Post", CIA interceptou ligação entre irmão do príncipe herdeiro da Arábia
Saudita e Jamal Khashoggi, jornalista dissidente que foi assassinato no
consulado saudita em Istambul.
O vice-presidente americano, Mike
Pence, declarou neste sábado (17/11) que os EUA vão prestar contas com os
assassinos do jornalista saudita dissidente Jamal Khashoggi.
A observação veio depois que a
mídia americana relatou que a CIA concluiu que o príncipe herdeiro saudita,
Mohammed bin Salman, ordenou o assassinato de Khashoggi em Istambul.
"Os Estados Unidos estão
determinados a prestar contas com todos aqueles que são responsáveis por esse
assassinato ", disse Pence em Port Moresby , onde está participando da
Conferência Econômica da Ásia-Pacífico (APEC).
Pence chamou o assassinato de
Khashoggi de "uma atrocidade". "É uma afronta a uma imprensa
livre e independente", disse Pence.
Nesta sexta-feira, o jornal The
Washington Post revelou que a Agência Central de Inteligência dos Estados
Unidos (CIA) havia concluído que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita,
Mohammed bin Salman, ordenou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi,
crítico do governo, no consulado do país em Istambul, na Turquia, no início de outubro.
Segundo o próprio governo da
Arábia Saudita, Khashoggi foi morto por um grupo de agentes do país – alguns
deles próximos do príncipe herdeiro – no dia 2 de outubro. Ele estava no
consulado para pegar documentos para se casar com sua mulher turca.
O Washington Post afirmou
que a CIA descobriu que Khashoggi, que vivia em Washington, conversou com o
embaixador saudita nos EUA e irmão do príncipe herdeiro, Khaled bin Salman,
sobre a viagem à Turquia para obter os documentos.
De acordo com a CIA, o embaixador
pediu que Khashoggi fizesse os trâmites burocráticos em Istambul por
solicitação do príncipe herdeiro. E garantiu que nada ocorreria ao jornalista.
Ainda não está claro, segundo o
jornal, se o embaixador sabia dos planos para assassinar o jornalista na
Turquia.
Uma porta-voz da embaixada
saudita em Washington negou ao diário o conteúdo da conversa entre o embaixador
e o jornalista. Segundo ela, as conclusões da CIA são "falsas".
O jornal The New York Times também
publicou uma matéria sobre as conclusões da CIA, na qual explica que a agência
americana interceptou ligações do príncipe herdeiro e do grupo que matou
Khashoggi nos dias anteriores ao crime.
Após o desaparecimento do
jornalista, a Arábia Saudita afirmou que Khashoggi saiu sozinho do consulado.
No entanto, a pressão internacional e as provas apresentadas pela Turquia
fizeram o governo saudita admitir que o opositor morrera no local.
Na primeira versão da morte, os
sauditas afirmaram que Khashoggi havia morrido em uma briga. Depois, o governo
reconheceu que o jornalista foi vítima de um assassinato premeditado.
Por volta de 15 agentes que
haviam chegado em Istambul na noite anterior esperavam Kashoggi no consulado
saudita. Quatro deles fazem parte da equipe de segurança do príncipe herdeiro,
que nega qualquer envolvimento no crime.
Segundo o Washington Post, a
CIA considera Mohammed bin Salman como um "bom tecnocrata", mas o
classifica como "volátil", arrogante e explosivo. No entanto, a
agência acredita que ele sobreviverá ao escândalo da morte de Khashoggi e
seguirá como herdeiro do torno do país.
Numa coletiva de imprensa em
Riad, na última quinta-feira, o ministro do Exterior saudita, Adel al-Jubeir,
rejeitou qualquer tentativa de politização no caso do assassinato do jornalista
Jamal Khashoggi com objetivo de interferir nos assuntos internos da Arábia
Saudita.
Al-Jubeir rejeitou a
"internacionalização" do caso Khashoggi, que descreveu como "um
crime" e "um grande erro". O ministro saudita acrescentou que o
seu país recusa uma investigação internacional, como pediu Ancara, sobre a
morte do jornalista saudita.
Na quarta-feira, o seu homólogo
turco, Mevlut Cavusoglu, havia pedido a abertura de uma investigação
internacional sobre o assassinato de Khashoggi por agentes sauditas.
Al-Jubeir lamentou ainda a
contínua "campanha violenta nos meios de comunicação turcos e do
Catar" contra o reino saudita. "É lamentável que haja tentativas de
politizar essa questão", declarou o ministro saudita.
Ainda na quinta-feira, a
Procuradoria-Geral da Arábia Saudita anunciou ter acusado 11 pessoas pelo
homicídio de Khashoggi, pedindo a pena de morte para cinco delas, e inocentou o
príncipe herdeiro Mohamed bin Salman de qualquer responsabilidade no crime.
CA/efe/dpa | Deutsche Welle
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