Mais de 80 por cento dos
moçambicanos que vivem na extrema pobreza estão excluídos do sistema de
protecção social. O director nacional da Assistência Social fala em falta de
capacidade financeira para alargar a cobertura deste serviço básico.
Apenas 18 por cento dos
moçambicanos em situação de vulnerabilidade está a receber ajuda do Estado, ou
seja, a maioria, imagina-se (82 por cento) encontra-se excluída do sistema.
Justificações para esta baixa
cobertura não faltam para a Direcção Nacional da Assistência Social, na voz do
respectivo director, Moisés Comiche, que aponta a falta de capacidade do Estado
financiar os programas de ajuda às famílias mais pobre.
“Já tivemos números muito abaixo.
Há um esforço de anualmente se alargar os programas de protecção social, bem
como realizar ajustes da tabela dos beneficiários”, referiu Comiche.
Adolfo Tocura, é residente em
Chagara, província de Tete, um dos poucos beneficiários, revelou que no passado
percorria todos os meses mais de 12 quilómetros para receber 210 meticais, mas
hoje a distância reduziu bastante, porém, o valor que recebe contínua igual.
“Continuo a receber 210 meticais,
muitos idosos como eu passam por inúmeras dificuldades para ter o dinheiro. As
vezes passamos longas horas na fila. Há até quem pernoita nos postos de
pagamento para conseguir o valor”, contou o velho Tocura.
Esse é o quadro da situação da
cobertura dos programas de protecção social, num país onde cerca da metade da
população vive na extrema pobreza e com uma taxa de desemprego que ronda nos
25,3 por cento.
É, perante este cenário, que a
Plataforma da Sociedade Civil Moçambicana para Proteção Social iniciou esta
segunda-feira, em Maputo, sessões de debate a respeito, envolvendo vários
intervenientes do sistema.
Edson Arante | O País
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