sábado, 17 de novembro de 2018

Moçambique |Após ameaça de morte, jornalista Serôdio Towo vive com medo


“É complicado até sair de casa, porque não sabemos quem está por detrás e se a chamada de atenção era para agora ou para o futuro,” diz Towo.

O jornalista moçambicano Serôdio Towo limitou a sua movimentação, na cidade de Maputo, após receber, dia 10, uma ameaça de morte por telefone, alegadamente por publicar artigos que criticam o governo.

“É complicado até sair de casa, porque não sabemos quem está por detrás e se a chamada de atenção era para agora ou para o futuro”, diz o director editorial do semanário Dossiers&Factos, de Maputo.

A ameaça, que força o jornalista a mudar de rotina foi feita, depois das vinte horas, por um individuo que usou o nome fictício.

Towo diz que a principal advertência foi no sentido de deixar de escrever assuntos relacionados com o governo, porque “isso poderia custar a vida”, uma vez que “este país – Moçambique - foi liberto por…”

O indesejado interlocutor desligou sem terminar a frase.

Eleições e custo de vida

Nos últimos meses, o Dossier&Factos, diz Towo, tem destacado a polémica em torno dos resultados das eleições autárquicas e custo de vida derivado da crise despoletada pelas dívidas ocultas.

Mas, continua Towo, “na última edição denunciamos supostas irregularidades no Instituto Nacional de Segurança Social, e indicávamos a ministra do Trabalho como uma das principais responsáveis pelas aludidas irregularidades”.

Dossiers&Factos, Jornal, Moçambique

Towo ressalva que “ainda não estamos a apontar quem deve ser o responsável por estas ameaças, estamos a responder a uma pergunta”.

Após a ocorrência, o jornalista comunicou às autoridades, incluindo a Procudora-Geral da República e o Comandante-geral da Polícia, das quais não recebeu nenhuma resposta.

Quanto ao seguimento do caso, para Towo “é prematuro dizer, porque nenhuma de todas as entidades contactadas se pronunciou, mas esperamos que alguém de direito nos acude, porque estamos a precisar”.

MISA pede investigação

A ameaça foi já condenada pelo Instituto de Comunicação da África Austral de Moçambique (MISA-Moçambique), organizações da sociedade civil e comunicação social.

No seu comunicado, o MISA-Moçambique pede que as “instituições encarregues pela manutenção da lei e ordem investiguem os autores das ameaças e tomem as medidas apropriadas para que os mesmos sejam responsabilizados pelos seus atcos”.

Nos últimos anos, são frequentes no país atentados contra jornalistas e intelectuais, que criticam a governação ou a corrupção envolvendo figuras ligadas ao governo ou partido no poder.

Muitos casos do género não são esclarecidos.

VOA – Voz da América

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