Isabel de Santiago | Téla Nón |
opinião
A expressão Afrogeringonça é
de minha autoria. Agradeço ao líder da ADI, que não a use sem a devida
referência nas suas entrevistas cansativas e repetitivas sem qualquer sentido.
Sempre com o mar ao fundo, dando a ideia que São Tomé até tem Príncipe, com o
seu “amigo-aliança” secreta To-Zé, no conhecido encontro da sala de aula
evacuada para o efeito, na escola de Santo António. É que, a versão africana,
democrática, da geringonça existente também em Portugal, vai ter inicio em
breve, por mais engenharias apatriçadas ou acarvalhadas que possam
vir a emergir. A Constituição da República existe, repito: existe, e vai ser
respeitada. A primeira prova de fogo começou 4ª feira, dia 14 de Novembro.
Vamos ao que importa. São Tomé
parece Beirute. Continua sem luz elétrica, as arcas frigoríficas descongelam
destruindo os bens de primeira necessidade das mães, líderes das famílias
santomenses. Viva a qualidade de São Tomé. Sem Príncipe. É que, em conversa
telefónica na passada semana, Tó Zé Cassandra informou-me que “o Príncipe não
tem problemas de energia.”
Vamos andar para trás, uns meses.
Resolvi reler algumas notícias publicadas em Maio de 2017 e outras em 2018.
Maio é foi e será um mês Mariano. E a questão que quero deixar, aos homens da
política é a seguinte:
O que pensam que estão a
(tentar!) fazer com as mulheres santomenses?
É preciso reavivar as memórias.
Elas são deliberadamente esquecidas. Depois chegamos a uma conclusão: é que as
Mulheres – repito – as MULHERES – foram determinantes em vários
processos de democracia. Recordemos as Mulheres de preto em frente ao Paládio
do ex Governador. Estavam a minha mãe e a minha avó negra.
Na última campanha política
também constatei com Mulheres de fibra na forma como fizeram a mobilização do
povo, seja a preparar reuniões ou conversas de esclarecimento, seja a mobilizar
junto das comunidades. As supermulheres palaês e grandes
empreendedoras do país. Acreditem!, sem elas a economia do país pára.
Simplesmente.
É verdade, há uns que falam menos
bem delas: que cheiram a peixe ou a terra, cheiram à terra que as viu nascer e
onde pisam o chão, sem cuidar dos seus pés, que endurecem como os maus tratos
dos homens. Terra que nunca lhes ofereceu alternativa. Pois é aqui que deixo o
desafio a Jorge Bom Jesus e à sua coligação.
Maio, Mariano, foi um mês em que
os políticos machistas e do tamanho do seu egoísmo, começaram a recorrer às
mulheres no apoio às suas políticas e, hoje, começam a digladiar-se para
atingirem os cargos.
Maio foi o mês de encerramento do
processo de recenseamento eleitoral dos santomenses. Muitas mulheres foram
discriminadas. Sabemos que eleitores, não são apenas os 98000 recenseados. É
que não interessava mais gente ao poder político. Sucede que nas estatísticas
do INE apontam para cerca de 55/60% de santomenses do género feminino. O meu
caso concreto: por mais desculpas que o Alberto Pereira tenha escrito nas suas
cartas de (des)amor, nas “guerras de alecrim e manjerona”. Fui discriminada. O
problema revelo e isso torna-se razão para ter sido tratada com a necessária
deferência como contei em entrevista dada à Agência Lusa.
José Maria Cardoso escreveu em
Maio de 2014 no Téla Nón que “as mulheres comungam da justeza suficiente de não
serem responsabilizadas visivelmente pelos estragos que os homens vêm marginalizando
o país, com testemunho de mais de duas centenas de governantes da história
vendaval da Nação, apenas vinte mulheres – abaixo de 10% – já terem ocupado
cargos nos variados executivos.” É absolutamente inaceitável que este
país, continue num jogo desonesto liderado pelos homens que ainda se julgam as
últimas coca-colas neste mato denso de mulheres! É preciso acordar abruptamente
estas consciências bacocas e já desinteligentes de homens que teimam em
não valorizar o verdadeiro papel da mulher mãe, mulher educadora, mulher
política mulher que ama, mulher guerreira e mulher anónima, a que poucos
homens consegue chegar aos seus pés. Ainda que sujos de tanto caminharem nos
chão. e que valem por mil palavras na desejada formatação de São Tomé e
Príncipe.
E porque escrevo sobre este tão
importante tema? Bem começando pelo parlamento: a vergonha está quase a
começar. Não concordo que se continue a desrespeitar aquilo a que se chamam as
quotas (de 30%) de mulheres nas listas elegíveis, repito: elegíveis! A sociedade
de São Tomé tem atravessado crises sucessivas, mas a mais chocante foi a crise
constitucional. Relembro que o Professor de Coimbra Jorge Miranda, pai da
Constituição Política de STP confirma a vergonhosa inconstitucionalidade,
levada a cabo pelo governo cessante de STP, a 4 de Maio 2018. O mesmo
constitucionalista considerou triste a situação que o país vive, após a eclosão
da crise político-institucional que resultou da exoneração dos juízes do
Supremo Tribunal de Justiça. Essa leitura foi bem projetada num artigo da
agência de notícias de Portugal LUSA.
Vamos lá voltar às nossas
Princesas, as mulheres santomenses porque os Príncipes estão a desaparecer e
acreditamos que Bom Jesus defenda a constituição não permitindo que os velhos
do Pico Cão Grande usurpem um papel que não é seu.
Por mais simpatia que possa ter
pela figura, não me revejo num parlamento liderado por um homem que já teve o
seu tempo e já desgastado na política, refiro-me a Guilherme Octaviano. Passou
o tempo e qualquer capacidade de liderança.
Não acredito na liderança de
Delfim Neves, pese embora animal político. Não tem uma imagem que ajude o país
a ter força anímica de reunir financiamentos perdidos pela má gestão do governo
que se primou pelo exercício autoritário do poder. Tarde demais.
Do mais votado ao menos. ADI
elege apenas 3 mulheres em 25. Grandes infelizes machistas. Sai eleita a
polémica Ilza Amado Vaz, Alda Ramos e Celmira Sacramento. O MLSTP-PSD pese
embora com um novo líder que apostou nas gerações mais novas e limpas de nomes
de “Armas e Barões assinalados” como cantou Camões, apenas conseguiu 3 em 23
assentos: a histórica e muito reconhecida internacionalmente Maria das Neves
Batista de Sousa, Elsa Pinto e Filomena Monteiro. Finalmente, os partidos mais
pequenos, a coligação PCD-UDD-MDFM, elegem 5 assentos, mas uns puros machistas
que querem mais que merecem, elegeram apenas ZERO mulheres. O Movimento Caué
conseguiu 2 assentos e aplaudo! Em dois, elegeu 50%, elegeu 1 mulher, Beatriz
Azevedo.
Nestes termos, coloco a questão:
para onde pensam as vossas excelências caminhar com este ridículo e bacoco
machismo? Quem vão representar no parlamento? Os vossos interesses? Os vosso
objetivos? Ou os do país onde se incluem mais mulheres que homens? As tais
guerreiras. Lembrem-se do que a diáspora pediu: mudança. Não acham que devem as
mulheres defender os direitos que são seus e das suas famílias? E nisso também
incluem os homens?
Não se atrevam a não colocar uma
figura feminina na Presidência do Parlamento ou vice-presidência.
Não queremos mais! www.maisdomesmo.st. Acredito que Bom
Jesus tenha uma missão dificílima a gerir. Ele tem por hábito respeitar as
diferenças E defender causas.
O povo põe, o povo tira. O Povo
santomense saiu à rua, descontente com os velhos do Pico Cão Grande, numa
noite, de um dia assim e tirou do poder o antigo PM. Mostrem agora senhores
presidentes de partidos que são dignos da confiança que as mulheres depositaram
em vós. E que
vos ajudaram a ser eleitos. Nós não queremos, repito: nós não queremos homens
velhos, cansados e bacocos a repetir a velha história. O Regimento existe e as
regras são – nos termos da Constituição – para respeitar. Basta que em 55 assentos
parlamentares apenas tenham colocado 7 mulheres em posições elegíveis. Onde
param as restantes 11? Considero uma vergonha.
As regras do jogo vão ter que
mudar antes do jogo começar. Queremos mais São Tomé. Porque o Príncipe tem zero
mulheres eleitas! Mau exemplo… Acredito que Bom Jesus tenha uma missão
dificílima a gerir. Acredito na sua honestidade inteletual e sobretudo moral.
Mas acredito mais que ele irá quebrar os laços desses Barões agora sem armas e
desgastados. Terá que incluir mais membros n seu Governo do sexo feminino. As
Mulheres – dentro e fora da diáspora – querem reconstruir um País, a sério.
Potenciar quilo que são as fraquezas em potencialidades. Relembro
o exemplo do micro país Singapura. Chave de Ouro: Educação. Acredito e vamos
mudar. Chega de www.maisdomesmo.st.
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