Os abutres também voltam sempre ao seu poleiro |
Hunter DeRensis [*]
Os pecados, tal como as galinhas,
voltam sempre aos seus poleiros. É só uma questão de tempo.
Herbert Stein foi presidente do
Conselho de Assessores Económicos sob os presidentes Richard Nixon e Gerald
Ford e é pai do mais conhecido Ben Stein. Em 1976, propôs o que ele chamou de
"Lei de Stein": se algo não pode continuar para sempre, irá parar”. Stein
estava a referir-se às tendências económicas, mas a mesma lei aplica-se
perfeitamente à política externa e ao conceito de império.
A lei de Stein à primeira vista pode parecer uma trivialidade banal. Mas devemos estar plenamente conscientes das suas implicações: um sistema insustentável deve ter um fim. O império americano tem falhas internas, um facto que os anti-imperialistas, tanto de esquerda quanto de direita, deveriam apreciar.
A dívida nacional dos Estados Unidos está a aproximar-se de 22 milhões de milhões de dólares, com um défice orçamental federal de mais de 800 mil milhões. Como costuma apontar o senador Rand Paul, a falência é a Espada de Damocles que oscila perigosamente perto do pescoço do Tio Sam. Para alem de um punhado de persistentes críticos no Congresso, como Rand Paul, não há nenhum movimento político sério para conter os gastos descontrolados do país. Alterar este curso levaria a perturbações de amplitude muitas vezes maior do que a vitória de Donald Trump em 2016.
Os Estados Unidos detêm a maior dívida de qualquer país na história do mundo. Para ser justo, quando o nosso rácio da dívida em relação ao PIB é calculado, há muitos países em situações económicas muito mais perigosas do que os EUA. Mas haverá um ponto de inflexão. Quanta dívida o sistema pode suportar? Quando as falhas se tornarão grandes demais para serem escondidas? Quando os alicerces se desmoronarem? Há muita ruína numa nação, disse Adam Smith, e a nossa ruína deve por fim aparecer.
É a bancarrota possível? Como alguns economistas da Beltway [NT] nos lembram, não. Tecnicamente, o governo tem o poder de criar artificialmente tantos dólares quantos necessitar para pagar suas dívidas. Mas este tipo de hiperinflação privaria o dólar dos EUA de qualquer valor e abateria a economia global que negoceia com ele. A simples falha em pagar a dívida pode até ser um cenário melhor do que uma situação inflacionária infernal.
Quando o mundo perder a confiança na capacidade de o governo americano pagar sua dívida ou a taxa de juros sobre nossa dívida se tornar insustentavelmente alta, as escolhas terão de ser feitas. Não mais varrendo para debaixo do tapete, não mais projecções de 10 anos para equilibrar o orçamento. O Congresso, em estado de emergência, terá que efectuar um corte decisivo nas suas verbas. E o império será a primeira coisa a ir.
Assim como o seu "estado de guerra", o "estado social" está cheio de calamidades internas. Porém, embora alguns globalistas megalómanos possam preferir deixar os proletários passarem fome enquanto preservam as suas propriedades no estrangeiro, isso não vai acontecer. O que aconteceria se os cheques da Previdência Social deixassem de aparecer nas caixas de correio e os benefícios do Medicare fossem cortados? Quando confrontado com essa escolha, o americano médio escolherá a sua rede de segurança social ou continuará a financiar bases distantes em Stuttgart, Okinawa e Djibuti? Até mesmo o congressista mais militarista saberá qual a maneira de votar, para não se deparerem manifestações fora dos seus castelos em Washington D.C.
Os neoconservadores insistem constantemente no perigo dos vazios. Sem uma presença dos EUA, a sua lógica iria perder-se, forças mais sinistras irão assumir-se. O que irá acontecer quando as tropas americanas precisarem de ser evacuadas de todo o mundo por não podermos mais mantê-las lá? Não há debate, nem ponderação de opções, e não há escolha. Se o dinheiro não estiver disponível, o dinheiro não existe. Nada poderia amarrar mais as mãos dos militares americanos do que uma crise de dívida. E se acontecer, será em parte porque esses mesmos intelectuais neoconservadores pregaram uma guerra global multibilionária para refazer a humanidade à sua imagem. O orgulho exagerado, a presunção e arrogância levam à ruína.
Este é o tipo de perigo sobre o qual Rand Paul e outros alertam. Não só as nossas guerras não declaradas são ilegais, contraproducentes e desestabilizadoras para as regiões estrangeiras, mas são também financeiramente desestabilizadoras para nós.
Um reexame radical dos ativos e obrigações dos Estados Unidos no exterior deve ocorrer. Guerras ideologicamente motivadas levaram-nos ao precipício do desastre financeiro. A política externa americana deve adotar uma visão limitada e altamente estratégica do seu interesse nacional e usar sua riqueza remanescente com parcimónia e somente quando necessário. O realismo pode evitar a ruína nacional. Fechar as bases na Alemanha e levar o dinheiro para casa, em vez de forçar as tropas a evacuarem na calada da noite depois de ser tarde demais. Entrar em negociações com os Taliban e planear uma retirada do Afeganistão, para não acabar em helicópteros fugindo de Cabul como fizeramem Saigão. Façam as escolhas
difíceis antes de as circunstâncias os fazerem por vós.
Os líderes dos EUA ignoram a Lei de Stein por sua própria conta e risco. Não importa porquê, as tropas dos EUA a regressarão à casa. Melhor que seja por nossa decisão do que dos cobradores de dívidas.
A lei de Stein à primeira vista pode parecer uma trivialidade banal. Mas devemos estar plenamente conscientes das suas implicações: um sistema insustentável deve ter um fim. O império americano tem falhas internas, um facto que os anti-imperialistas, tanto de esquerda quanto de direita, deveriam apreciar.
A dívida nacional dos Estados Unidos está a aproximar-se de 22 milhões de milhões de dólares, com um défice orçamental federal de mais de 800 mil milhões. Como costuma apontar o senador Rand Paul, a falência é a Espada de Damocles que oscila perigosamente perto do pescoço do Tio Sam. Para alem de um punhado de persistentes críticos no Congresso, como Rand Paul, não há nenhum movimento político sério para conter os gastos descontrolados do país. Alterar este curso levaria a perturbações de amplitude muitas vezes maior do que a vitória de Donald Trump em 2016.
Os Estados Unidos detêm a maior dívida de qualquer país na história do mundo. Para ser justo, quando o nosso rácio da dívida em relação ao PIB é calculado, há muitos países em situações económicas muito mais perigosas do que os EUA. Mas haverá um ponto de inflexão. Quanta dívida o sistema pode suportar? Quando as falhas se tornarão grandes demais para serem escondidas? Quando os alicerces se desmoronarem? Há muita ruína numa nação, disse Adam Smith, e a nossa ruína deve por fim aparecer.
É a bancarrota possível? Como alguns economistas da Beltway [NT] nos lembram, não. Tecnicamente, o governo tem o poder de criar artificialmente tantos dólares quantos necessitar para pagar suas dívidas. Mas este tipo de hiperinflação privaria o dólar dos EUA de qualquer valor e abateria a economia global que negoceia com ele. A simples falha em pagar a dívida pode até ser um cenário melhor do que uma situação inflacionária infernal.
Quando o mundo perder a confiança na capacidade de o governo americano pagar sua dívida ou a taxa de juros sobre nossa dívida se tornar insustentavelmente alta, as escolhas terão de ser feitas. Não mais varrendo para debaixo do tapete, não mais projecções de 10 anos para equilibrar o orçamento. O Congresso, em estado de emergência, terá que efectuar um corte decisivo nas suas verbas. E o império será a primeira coisa a ir.
Assim como o seu "estado de guerra", o "estado social" está cheio de calamidades internas. Porém, embora alguns globalistas megalómanos possam preferir deixar os proletários passarem fome enquanto preservam as suas propriedades no estrangeiro, isso não vai acontecer. O que aconteceria se os cheques da Previdência Social deixassem de aparecer nas caixas de correio e os benefícios do Medicare fossem cortados? Quando confrontado com essa escolha, o americano médio escolherá a sua rede de segurança social ou continuará a financiar bases distantes em Stuttgart, Okinawa e Djibuti? Até mesmo o congressista mais militarista saberá qual a maneira de votar, para não se deparerem manifestações fora dos seus castelos em Washington D.C.
Os neoconservadores insistem constantemente no perigo dos vazios. Sem uma presença dos EUA, a sua lógica iria perder-se, forças mais sinistras irão assumir-se. O que irá acontecer quando as tropas americanas precisarem de ser evacuadas de todo o mundo por não podermos mais mantê-las lá? Não há debate, nem ponderação de opções, e não há escolha. Se o dinheiro não estiver disponível, o dinheiro não existe. Nada poderia amarrar mais as mãos dos militares americanos do que uma crise de dívida. E se acontecer, será em parte porque esses mesmos intelectuais neoconservadores pregaram uma guerra global multibilionária para refazer a humanidade à sua imagem. O orgulho exagerado, a presunção e arrogância levam à ruína.
Este é o tipo de perigo sobre o qual Rand Paul e outros alertam. Não só as nossas guerras não declaradas são ilegais, contraproducentes e desestabilizadoras para as regiões estrangeiras, mas são também financeiramente desestabilizadoras para nós.
Um reexame radical dos ativos e obrigações dos Estados Unidos no exterior deve ocorrer. Guerras ideologicamente motivadas levaram-nos ao precipício do desastre financeiro. A política externa americana deve adotar uma visão limitada e altamente estratégica do seu interesse nacional e usar sua riqueza remanescente com parcimónia e somente quando necessário. O realismo pode evitar a ruína nacional. Fechar as bases na Alemanha e levar o dinheiro para casa, em vez de forçar as tropas a evacuarem na calada da noite depois de ser tarde demais. Entrar em negociações com os Taliban e planear uma retirada do Afeganistão, para não acabar em helicópteros fugindo de Cabul como fizeram
Os líderes dos EUA ignoram a Lei de Stein por sua própria conta e risco. Não importa porquê, as tropas dos EUA a regressarão à casa. Melhor que seja por nossa decisão do que dos cobradores de dívidas.
21/Novembro/2018
[NT] Beltway: anel
rodoviário que rodeia Washington D.C. Também caracteriza os assuntos
importantes para funcionários do governo, para os seus contratados e lobistas,
e para os media que lhes dão cobertura, ao contrário dos interesses e
prioridades da maioria da população dos EUA.
[*] Assistente editorial de The American Conservative e aluno da George Mason University. Siga-o no Twitter: @HunterDeRensis.
O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/50650.htm . Tradução de VC.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
[*] Assistente editorial de The American Conservative e aluno da George Mason University. Siga-o no Twitter: @HunterDeRensis.
O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/50650.htm . Tradução de VC.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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