quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

ACORDAR O HOMEM ANGOLANO!


Martinho Júnior | Luanda

DOS TEUS OLHOS DE TERRA,
AMOR,
SEI NÃO SÓ QUE ME CONTEMPLAS,
SEI QUE TUA FORÇA FLUI
E ME PÕE DE PÉ,
PARA TRANSMITIR EM PROFUNDO RESPEITO
PARA COM A MÃE TERRA,
QUÃO FIÁVEL
E DIGNA
E SAUDÁVEL
É A FORÇA E A ENERGIA
QUE EMERGE DA NATUREZA!

Foi bem escolhida a Matala para acolher a comemoração central do 42º aniversário da independência nacional de Angola, pode-se considerar mesmo que foi um simbólico acto de soberania com múltiplas mensagens construtivas, desde logo em função dessa escolha que me parece ter sido criteriosa!

Há mensagens que se reportam ao passado e ao presente, com os olhos postos no futuro, que transmitem uma sensação de coerência, de clarividência, de equilíbrio e de rumo e esta é decididamente uma delas.

A coerência e a clarividência residem sobretudo na escolha se pensarmos as lições que nos chegam dum passado próximo: a Matala, à beira Cunene, é um produto da história de enlaces entre o colonialismo português e o “apartheid” e o expoente mais evidente do plano do Cunene que se iniciou sobre os auspícios do Exercício ALCORA, o Tratado secreto do fascismo na África Austral!

Foi criada para ser um colonato para migrações aferidas aos interesses do colonialismo e do “apartheid”, em reforço das conjunturas típicas do triângulo do litoral e nas proximidades a sul da região central das grandes nascentes e por isso teve uma gestação que corresponde a uma visão geoestratégica em relação à qual o movimento de libertação tem a obrigação ética, moral e cívica de saber resgatar, por que foi em função do movimento de libertação e dos riscos que ele representava para o colonialismo e o“apartheid”, que esses enlaces fascistas foram construídos no passado e derrotados…

…E saber resgatar, não é mais com a força das armas, mas com a frutificação da paz enquanto matriz original de todo o progresso que o homem angolano, livre e independente, pode tornar possível, com a avaliação equilibrada, mas rigorosa, das capacidades instaladas naquele fluxo de vida que é o rio Cunene e ali onde as possibilidades de se dar um salto para a diversificação económica, são por demais evidentes.

O homem angolano e refiro-me agora ao presente, tem a obrigação de conferir à resgatada estrutura do colonato da Matala, o sentido patriótico de sua própria criatividade e responsabilidade em prol da independência e soberania e para esse efeito não deve esconder nem suas limitações, nem suas insuficiências, nem suas incapacidades: deve ser transparente e íntegro e chamar a si capacidades investigativas e científicas para superar o estágio de sabedoria em que se encontra, salvando-se do obscurantismo, da ignorância, do analfabetismo e do “endémico” (?) improviso!

A Matala hoje é mesmo um desafio, pois balancear o passado sem qualquer receio de encarar suas sombras, assumindo humildemente o presente, é perspectivar o futuro como ele nunca foi antes perspectivado pelo povo angolano e assim consolidar-se o rumo que se propicia desde a independência e no âmbito do exercício da própria soberania!

O futuro é por isso ainda mais exigente, se levarmos em consideração o respeito que a Mãe Terra deve merecer ao homem e o amor rigoroso que o homem deve ter para com a natureza numa altura em que as alterações climáticas, em parte provocadas pelo próprio homem, têm enormes implicações de segurança em relação a todas as perspectivas de futuro.

O discurso do camarada Presidente João Lourenço deixou em aberto essa perspectiva, muito embora ela deva ser um fundamento essencial e não subjacente!

Explico: a minha preocupação fundamentada sobre a premente necessidade duma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável, antes de mais implicando o homem angolano no controlo planificado das principais nascentes e recursos de água do país, dos aquíferos subterrâneos e dos fenómenos ambientais decorrentes, tendo em atenção a chave que é a região central das grandes nascentes e a necessidade de se criar uma cultura inteligente, com base na investigação, nas ciências e nas responsabilidades de segurança, têm sido expostas e socorrem o simbolismo deste exercício comemorativo na Matala!

A questão é desprendermo-nos da visão economicista do presente, que deliberadamente tem sido induzida a partir do exterior no âmbito dos impactos da própria terapia neoliberal e passarmos em definitivo para uma alargada plataforma geoestratégica, intimamente integrada na fortificação da identidade nacional, a fim de não se ficar só pelos próximos cinco anos, nem pelo que se realizou desde 2002 até hoje, antes conferir todas as potencialidades de nosso rumo comum de angolanidade, projectando-as para um futuro de séculos, o que nos obriga desde logo a aproximarmo-nos das fontes da água interior e as encararmos com a responsabilidade que merecem as gerações futuras!

Desde o passo da Matala, tenhamos a coragem de subir rio Cunene acima, ir-se até às suas três fontes, cabeças de sua água vital que fazem parte da região central das grandes nascentes e a partir delas, estudando-as, investigando-as, controlando-as sob o ponto de vista ambiental e de gestão saudável de suas águas e produzindo conhecimento científico, fazer brotar a indispensável cultura de inteligência em benefício de todo o povo angolano e sobretudo das futuras gerações!

O homem não pode mais estar à mercê das secas e para isso o conhecimento sobre as fontes dos rios, a água subterrânea, o estudo dos fenómenos ambientais e climáticos, assim como a antropologia de relacionamentos que tem com tudo isso em função do espaço físico geográfico, é todo um enorme conhecimento a resgatar durante os próximos séculos!

No Cunene, na Huila e no Namibe é tanto mais urgente quanto a distracção humana pode levar que o deserto do Namibe alastre cada vez mais para norte e comece um dia a disputar a própria região central das grandes nascentes!

Haverá forma mais segura de se perspectivar identidade nacional, desenvolvimento e um futuro com garantias de segurança para as próximas gerações?

Martinho Júnior - Luanda, 12 de Novembro de 2017.

Ilustrações:
Barragem de Calueque (para produção de energia para a Namíbia);

A consultar:
Discurso do camarada Presidente João Lourenço, na Matala, a 11 de Novembro de 2017, durante o acto comemorativo do 42º aniversário da independência nacional – http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2017/10/45/Integra-discurso-Presidente-Republica,d759edde-4e6c-4118-b510-75c011adea44.html

ANGOLA | O Dia dos Mártires e as instituições de ensino


Jornal de Angola | editorial

Sob o lema “4 de Janeiro de 1961- fonte de inspiração política para a independência nacional”, comemora-se hoje o Dia dos Mártires da Baixa de Cassanje, data de celebração nacional que lembra o massacre perpetrado pelas autoridades coloniais portuguesas contra as populações da referida região, localizada entre Malanje e Lunda Norte.


A cidade de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, acolhe hoje o acto central alusivo às comemorações do 57.º aniversário da repressão colonial portuguesa, que marcou o início da luta de libertação nacional.

Hoje, passados 57 anos, podemos dizer que valeu a pena o levantamento popular que deu origem ao dia 4 de Janeiro de 1961, um acto histórico que deve ser preservado e ensinado às gerações mais novas. 

Na verdade, as actividades para honrar os feitos dos pioneiros do nacionalismo angolano dos tempos modernos e a memória dos que perderam a vida, legar às gerações mais novas e futuras informação e conhecimento, começaram em Dezembro do ano passado. 

Tal como defendem numerosas sensibilidades e com alguma razão, vale a pena comemorar com a realização de palestras, acções músico-culturais, mesa-redonda sobre o massacre da Baixa de Cassanje, as causas e consequências, não apenas na véspera e durante a referida data. 

Tratando-se de um marco importante na vida dos povos de Angola e do Estado soberano e independente, o dia 4 de Janeiro, Dia dos Mártires da Baixa de Cassanje, assume-se como um facto histórico de lição obrigatória nas instituições de ensino do país, públicas e privadas. 

É recomendável e patriótico que os manuais escolares contenham descrição completa sobre esse acontecimento histórico, que nos honra a todos. 

Na verdade, os acontecimentos que tiveram lugar na Baixa de Cassanje e outros que levaram à Independência Nacional devem servir para que as gerações actuais e em particular as mais novas encarem os desafios actuais de Angola com a mesma determinação e coragem. 

Tal como foi possível às gerações de bravos nacionalistas levantarem-se com sucesso contra o poder colonial, deve ser igualmente possível vencermos desafios para a construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social.

Atendendo que fomos capazes de ultrapassar desafios mais ingentes como o fim da colonização, a manutenção da unidade e integridade territorial de Angola, a guerra, temos de estar determinados a vencer também o actual momento de crise económica e financeira.

Com o mesmo espírito e bravura dos mártires, devemos ser capazes de ultrapassar numerosos desafios que persistem ainda na nossa sociedade e, não raras vezes, perante os quais parecemos resignados. 

Desafios da gestão e recolha do lixo, dedicação ao trabalho e aos estudos, cumprimento de horários e de compromissos, entre outros desafios do dia-a-dia, devem ser enfrentados com a mesma determinação e espírito que moveu os nacionalistas contra as autoridades coloniais.

É verdade que, em muitas esferas da vida, temos conseguido ser bem sucedidos, honrando muito bem a memória daqueles que se bateram para que os angolanos conquistassem a Independência Nacional. Mas precisamos de fazer mais para que, através de acções concretas consigamos fazer desta importante data de celebração uma inspiração para novas conquistas, sobretudo no âmbito económico e social.

Acreditamos que a maioria dos angolanos pode encarar as celebrações do Dia dos Mártires da Baixa de Cassanje como verdadeira fonte de inspiração para a materialização das acções que levarão à construção de um país bom para todos.

MLSTP: Evaristo rasgou a Constituição Política e lançou para o lixo

O maior partido político da oposição em São Tomé e Príncipe reuniu-se nesta quarta – feira com o Presidente da República Evaristo Carvalho.

O encontro no Palácio do Povo deveria segundo o MLSTP, ter sido realizado em finais Dezembro de 2017. Só agora no ínicio do ano 2018, o Presidente da República pôde receber o MLSTP. «O presidente da República é o garante da constituição e do bom funcionamento das instituições, constatamos que existe uma violação flagrante da nossa constituição que tem como base a forma como o Presidente tem agido», declarou Jorge Amado, porta voz do MLSTP.

A saida do encontro com Evaristo Caravalho, o MLSTP explicou que solicitou o encontro, para apresentar ao Chefe de Estado as suas preocupações sobre os aspectos relacionados com a violação da constituição política.

MLSTP diz que o diálogo com Evaristo Carvalho, tirou todas as dúvidas ao partido, sobre quem afinal de contas está no Palácio do Povo, alegadamente na qualidade de Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe. «Chegamos a conclusão que não estamos perante um Presidente da República de São Tomé e Príncipe. Mas sim perante o vice-Presidente do partido ADI. Ele continua com as vestes de vice-Presidente do ADI, e tem vindo a atropelar as leias e a constituição política», afirmou o porta voz do MLSTP.

Antes de candidatar-se ao cargo de Presidente da República, Evaristo Carvalho foi vice-Presidente do partido ADI. MLSTP diz que descobriu hoje no Palácio do Povo, que a personalidade é a mesma. «O Presidente rasgou a nossa Constituição Política e lançou para o lixo. Disse-nos que estamos na mudança e na mudança tudo é possível. Para nós isso não é mudança. Não convivemos com essa forma de governar o país. Queremos um país para todos e não um país com um vice-Presiente de um partido na liderança», reforçou o MLSTP.

No átrio do Palácio Presidencial, o MLSTP anunciou que nunca esteve contra a instalação do Tribunal Constitucional. «Estamos contra alguns articulados da lei que violam a constituição da república. E se o Presidente da República é o garante da constituição ele é o único que não deveria deixar uma lei desta passar», pontuou Jorge Amado.

Questionado pela imprensa sobre a reacção do Presidente da República, a propósito de ter promulgado um diploma alegadamente cheio de normas que violam a constituição política, o porta voz do MLSTP descreveu a resposta de Evaristo Carvalho. «Ele disse que estamos na mudança e por estarmos na mudança toda lei pode ser atropelada», concluiu.

Luta…, é a palavra que o MLSTP mais utilisou no átrio do palácio presidencial, para caracterizar o momento político e as acções políticas que vai desencadear, ao que tudo indica, durante todo o ano 2018, para impedir que a Constituição Política e o sistema democrático são-tomense, se apodreçam no lixo, onde alegadamente e segundo o MLSTP, foram atirados a partir do Palácio Presidencial.

Abel  Veiga | Téla Nón

Oposição cabo-verdiana espera "ações concretas" do Governo em 2018

País assumirá este ano a liderança da CPLP e quer avançar com políticas no âmbito dos negócios estrangeiros e da economia. Entretanto, o PAICV quer a concretização de "promessas" do Governo.

Cabo Verde assume este ano a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirma que o país está preparado para assumir a liderança do grupo, mas a oposição diz esperar que as promessas e os compromissos do Governo comecem a traduzir-se em ações concretas a favor da população.

"Nós vamos assumir a presidência no mês de julho, estamos a preparar todas as condições para Cabo Verde ter uma presidência marcante, que permita com que a CPLP se afirme cada vez mais, particularmente com algumas agendas que nós temos em mente", diz Correia e Silva, mencionando a XII conferência de Chefes de Estado e de Governos lusófonos, que vai ocorrer na cidade da Praia em julho.

O primeiro-ministro destaca que "a questão da livre circulação no espaço da comunidade, a agenda da promoção cultural, da criação de um mercado único de circulação de bens, da arte e da cultura são as grandes preocupações a nível dos países da comunidade".

Mobilidade

No passado mês de novembro, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, propôs em Lisboa, que Portugal e Cabo Verde adotem a livre circulação de pessoas entre os dois países lusófonos alargando assim o campo da mobilidade no seio da CPLP. "Nestas coisas é bom fazer propostas ousadas e ambiciosas para podermos chegar lá através de etapas e fases de uma forma progressiva".

Naquela mesma altura, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que Cabo Verde e Portugal estão a trabalhar para alargar o campo da mobilidade no seio da CPLP.

"Aceleração dos compromissos"

Além de assumir a CPLP, neste ano de 2018 o Governo cabo-verdiano deverá avançar com a privatização de algumas empresas, incluindo os TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde), e a concretização do "hub" aéreo na ilha do Sal.

A implementação de uma solução para o transporte marítimo entre ilhas é outra das apostas para este ano. Por isso, o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirma que  "2018 vai ser o ano de aceleração de todos os nossos grandes compromissos".

Na mesma linha, Miguel Monteiro, o Secretário-Geral do Movimento para a Democracia (MpD), partido que sustenta o Governo, diz que "2018 vai ser o melhor ano desde há muito tempo para os cabo-verdianos".

Segundo Monteiro, tem-se "a garantia pela forma como o Governo está a trabalhar que efetivamente 2018 vai melhorar a condições de vida dos cabo-verdianos". "Isto é uma garantia que eu posso aqui deixar", enfatiza.

"Ações concretas"

Ao tomar conhecimento destas declarações, a líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal partido da oposição, Janira Hopffer, afirma que é preciso mais ação e menos conversa.

"O PAICV espera francamente que 2018 seja um ano melhor que 2017 que foi um ano difícil. É preciso que o Governo dialogue e ausculte mais, mas para nós é fundamental que em 2018 as promessas e os compromissos comecem a traduzir-se em ações concretas que propiciem a melhoria de vida dos cabo-verdianos e das cabo-verdianas", declara Hopffer.

O ano 2017 foi difícil para muitos cabo-verdianos. O país registou níveis muito baixos de chuva, o que comprometeu quase na totalidade a campanha agrícola, com os produtos a escassearem e os preços nos mercados a aumentarem.

2018 começou com o Estado a isentar de vistos de entrada no arquipélago os turistas provenientes da União Europeia e do Reino Unido. Na sexta-feira, dia 5 de janeiro, o Governo remodelado antes do Natal vai tomar posse.

Nélio dos Santos (Praia) | Deutsche Welle

Imagem: 1 - Ulisses Correia e Silva afirma que país está pronto para avançar em diversas áreas em 2018 (foto de arquivo DW/2016) | 2 - Janira Hopffer: "É preciso menos conversa e mais ação por parte do Governo"

GUINÉ-BISSAU | Ainda sobre o Roteiro da S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV

 Abdulai Keita* | opinião 

A versão do texto do Roteiro para a saída da atual situação de crise bissau-guineense, da autoria da S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV, divulgada nas Mídias como tal, apresentada por este na 52ª Cimeira da CEDEAO de Abuja, do dia 16 de Dezembro de 2017 (Cif., http://www.odemocratagb.com/?p=14990, acessado, 17.12.2017), está mal. Muito mal mesmo.  

Esta afirmação é uma constatação e, um facto. Porque mesmo analisada por uma observação muito pontual, como é caso do exercício tendo-se desembocado na redação deste presente trabalho (versão ampliada; cif. a 1ª versão in: http://notabanca.blogspot.ch/2017/12/opiniao-sobre-roteiro-para-saida-da.html; acessado, 17.12.2017), constata-se é isso mesmo. Pois marcada largamente por uma série de CONTRADIÇÕES, ALGUMA CONFUSÃO, DÚVIDA e ADULTERAÇÃO EXTRAVASANTE sérias e, será por isso, muito mais difícil, senão mesmo impossível a implementar o conjunto das medidas nela traçadas na atual conjuntura e situação política bissau-guineense. Implementa-las, tal como sugerido, ao “abrigo” do Acordo de Conakry (ponto 1., item ‘e’ deste Roteiro; e sabe-se, trata-se lá de uma das medidas chaves consagrada neste referido Acordo).

Nas claras, quer-se é, servir-se do conjunto das medidas traçadas neste texto do Roteiro (é a pretensão declarada; na realidade, conversa de tentar enganar os menos cautos), em como instrumento indicador da rota, ou seja, da melhor maneira de proceder para poder conseguir mais facilmente a implementação (aplicação integral), à letra e harmoniosamente (exigência da CEDEAO e outros parceiros internacionais), dos compromissos assumidos com a assinatura do Acordo de Conakry no dia 14 de Outubro de 2016.

Segue em baixo a descrição e explicação dos elementos (pontos e itens) contendo estes aspetos faltosos enchidos na versão aqui criticada do texto deste Roteiro.    

CONTRADIÇÃO 1: Não se pode: (i) reintegrar incondicionalmente os integrantes do “grupo dos 15" no seu Partido de origem, o PAIGC (se assim vir acontecer; ponto 1., item ‘a’ do Roteiro); (ii) entabulando ao mesmo tempo com a participação destes mesmos em paralelo, com as consultas com vista à escolha consensual (proposta) de um novo Primeiro-Ministro (idem, ponto 1., item ‘d’) e ainda, à formação de um “novo governo consensual e inclusivo”; (iii) que tenha em conta também estes mesmos integrantes do “grupo dos 15” (ponto 2.), continuando este a existir e a funcionar como tal e tal e qual, como antes.

Não se pode. Pois, isso é assim em todo o mundo. Um DISSIDENTE reintegrado na sua estrutura de origem, neste caso, no seu Partido político de origem, seja por que via e razão for, deixa de ser imperativa e imediatamente, naquele segundo mesmo da sua reintegração, o DISSIDENTE que até lá fora. Pois, DISSIDENTE (Mulher ou Homem), é aquela ou aquele “que sai [ou que é levada/levado a sair] de um determinado grupo ou organização (P.ex. política, religiosa etc.), por se divergir de maneira séria e fundamental dos princípios, ideias, doutrinas, métodos etc. deste ou desta”; quer dizer, por uma causa justa de um ou outro género, testável dianta das Leis (Cif., 2004, p. 1059, DICIONÁRIO HOUAISS da língua portuguesa). Assim sendo, a regra geral é, sem exceção, ou alguém é ou não é DISSIDENTE.

O que significa que ser DISSIDENTE de um lado e, de outro, militante, membro ou sócio de um Partido ou de uma Organização qualquer ao par e em paralelo, não existe. Não pode ser.

CONTRADIÇÃO 2: Portanto, agindo segundo esta fórmula do ‘abandono dos/continuação com os estatutos do dissidente ao par e em paralelo’; “coisa” nunca vista em parte nenhuma do mundo moderno dos nossos dias, proposta na presente versão do texto deste Roteiro, é ignorado secamente o estabelecido no Acordo de Conakry nesse aspeto (ponto II, item 10. deste Acordo), tudo pondo-se a agir assim contra o mesmo. O aspeto respeitante à medida ordenada neste Acordo pela exigência à reintegração, “sem condições”, “dos 15” no seu Partido de origem, o PAIGC, mas sob o respeito irrestrito do ordenado nos Estatutos deste Partido.

Mas é que ainda, agindo à maneira desta fórmula de ‘abandono dos/continuação com os estatutos do dissidente’, pelo tudo que se viu até aqui, vai-se criar uma situação e condições institucionalizadas de provocação continua a qualquer momento e a bel-prazer, precisamente, pelos “militantes” reintegrados, de mais outros atos de indisciplina neste Partido e nas suas estruturas afins (sua Bancada Parlamentar na ANP por exemplo) e por conseguinte, gerando desde então, uma situação ainda pior de instabilidade incontrolável e prejudicial a este mesmo Partido e ao país inteiro.

Porque as consequências imediatas serão: não apenas o enfraquecimento da unidade e coesão interna deste Partido, o PAIGC, agora em pleno restabelecimento; desenvolvimento verificado no seio deste mesmo neste sentido nos últimos 2 anos no decorrer desta atual situação de crise; mas sim, também, o enfraquecimento ainda mais, das condições do funcionamento na estabilidade, da ANP e além (outros Órgãos centrais, Instituições e Estruturas afins do nosso Aparelho de Estado).

A criação de uma outra situação e outras condições contrárias a estas descritas nestes dois parágrafos precedentes, que, com toda evidência virão gerar ainda mais esta aí referida onda de enfraquecimento do nosso Aparelho de Estado, entre outros, neste evocado nível dos elementos centrais da organização do seu fundamento, os Partidos políticos, é um dos caminhos desenhados, objetivos visados e devendo ser alcançados pelo devido e consequente engajamento de todos no processo de implementação à letra e harmoniosamente, dos compromissos assumidos com a assinatura do Acordo de Conakry na sua versão original. Realização que a proposta (adotada?!) agora da versão do texto deste presente Roteiro (caso que se venha a confirmar que terá sido, de facto, esta versão, a decisão final da Cimeira) tudo pode vir atrapalhar e mesmo impedir; tudo, tudo, definitivamente.

Eis um outro aspeto faltoso, inaceitável nesta versão do texto deste dito Roteiro do nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV. Onde, e repito, com efeito, propõe, ao fim ao cabo e na prática, o abandono dos estatutos do dissidente pelos integrantes do “grupo dos 15” (ponto 1., item ‘a’ do Roteiro, op. cit), mantendo (promovendo) todavia ao mesmo tempo a sua continuação neste estado estatutário (idem; ponto 1., item ‘d’ e ponto 2., op. cit). Não pode ser!

CONTRADIÇÃO 3: pelo engajamento de um novo processo de uma nova “escolha consensual” (proposta) de um outro nome para o cargo do Primeiro-Ministro, este próprio Roteiro sai do seu próprio declarado dito “abrigo” do Acordo de Conakry, que pretende respeitar (ponto 1., item ’e’ op. cit).

Porque abandona, agindo assim, o imperativo da implementação do compromisso assumido por todos com a assinatura deste Acordo. O compromisso referente à execução, pela nossa S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV ele mesmo, sem hesitações, dos atos da nomeação e investidura (empossamento) no cargo do Primeiro-Ministro, de Sr. AUGUSTO OLIVAIS e, o respeito irrestrito do PRINCÍPIO DE INAMOVIBILIDADE ligado à execução destes atos. Inamovibilidade desta figura, a observar, após a sua nomeação e investidura (empossamento), até a realização das eleições legislativas previstas constitucionalmente, ao mais tardar, até 18 de Junho 2018.

O imperativo da execução efetiva destes dois atos, evidentemente, pelo nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV, porque tendo sido o nome desta figura, aquele escolhido consensualmente (proposto) em Conakry, para ser nomeado neste cargo. Esta escolha consensual (proposta) então procedida lá, dentre os três nomes da escolha (proposta) inicial operada à partida por este nosso S. Exa. So Presi ele mesmo, em pessoa, via INSTRUMENTO DA DIPLOMACIA SILENCIOSA. Para a implementação em seguida, por parte dos participantes da Mesa Redonda e no decorrer dos trabalhos destes, do compromisso assumido por todos neste sentido, antes; compromisso esse, decorrente das medidas consagradas nos Acordos (Roteiro) de Bissau (ponto 2.) e no decorrer do processo de realização deste próprio Acordo de Conakry (parte II., item 1., 1ª e 2ª frases).

Tendo tudo decorrido exatamente tal como descrito nestas linhas precedentes, a execução do ato da escolha consensual (proposta) do nome de Sr. AUGUSTO OLIVAIS pelos então reunidos em Conakry, é evidentemente e em definitivo uma veracidade, a propósito da qual, só alguém despido a 100% do bom senso e embebido na mesma proporcionalidade do espírito de má-fé ainda pode negar e pode continuar a negar. Porque já entretanto vastamente esclarecido em definitivo e testemunhado sem mais margens de dúvidas, pelo próprio então Moderador daquele ato de escolha consensual, a S. Exa. Sr. PR da Guiné, Prof. Alpha Condé, igualmente, Mediador desta nossa crise bissau-guineense, nomeado nesta função pela CEDEAO e, também pela S. Exa. Sr. Marcel Alain de Souza, um outro alto dirigente desta Organização atualmente no posto do Presidente da sua Comissão (Cif., https://www.rtp.pt/play/p3050/e273887/ reporter-africa-2-edicao; acessado, 20.04.2017).

Eis portanto o problema. Pelo engajamento agora de um novo processo de uma nova “escolha consensual” (proposta), é ignorado secamente na versão do texto deste Roteiro tudo isso. Os compromissos então assumidos antes em Bissau e depois em Conakry. Assumidos, com a tomada desta antes descrita medida chave da escolha consensual (proposta) do nome de Sr. AUGUSTO OLIVAIS para o posto do Primeiro-Ministro e, a CLÁUSULA DE INAMOVIBILIDADE integrada nesta medida. Desrespeitando logo agindo assim, a essência, quer dizer, todo o espírito deste Acordo no seu todo, constituído pelas medidas consagradas neste, em 10 pontos. Medidas, cuja implementação à letra e harmoniosamente, essas outras aí traçadas agora na presente versão do texto deste dito Roteiro aqui em pauta (é o declarado pelo seu autor), são efetivamente chamadas a “concretizar”.  

Género de procedimento bem estranho que logo impõe esta seguinte interrogação. Então, como é que um Roteiro feito para se estabelecer a melhor (rota) maneira de proceder para poder conseguir mais facilmente a implementação dos compromissos “contratualmente” assumidos local e internacionalmente, pode ignorar ou agir contra algumas medidas chaves constituindo a parte integrante e central do mesmo compromisso. Resposta. Não pode! Se assim se tentar é porque está-se, ou seja na diversão, ou seja na trapaçaria total. Portanto, não pode ser. Pois, inadmissível para quem queira e esteja a agir com muita seriedade, na serenidade e na legalidade.

CONFUSÃO: Deverá ser imediatamente esclarecido, da qual “maioria parlamentar” é questão nesta versão do presente texto deste Roteiro (ponto 1., item ‘d’, op. cit). Antes da qualquer mexida num ou outro sentido. Fala-se da “maioria parlamentar SAÍDA DAS URNAS”, detida pelo PAIGC (+ PCD + UM) até a este momento na ANP, ou, a “maioria parlamentar EX POST ELEIÇÃO, ARRANJADA”, sem causa justa do género nenhum, detida pelo “grupo dos 56” (So Presi + PRS + “os 15” e + talvez um Nado Mandinga do algures).

Porque sabe-se. A primeira existe e funciona em todos os níveis dos Órgãos da Estrutura Orgânica e do Funcionamento da ANP exceto no nível do Órgão da Plenária; e a segunda existe apenas neste nível do Órgão da Plenária. Ignorando esta nuance, tudo ir-se-á manter-se sem mexida nenhuma no sentido positivo. Portanto, na mesma situação do bloqueio do funcionamento desta instituição neste seu nível do Órgão da Plenária, realidade que é o caso atual. Tendo sido instalada praticamente desde o dia 23 de Dezembro de 2015 até a presente data. Isso, porque tendo-se intrometido o elemento de obstrução, ou seja, de dissintonia (essa tal dita “maioria parlamentar ex post eleição, arranjada”, sem causa justa) no processo em cadeia sequencial transitiva de tomada de decisões de e por todos os Órgãos da Estrutura Orgânica e do Funcionamento, efetivamente, desta instituição; segundo as funções ditadas e cabendo a cada Órgão, pelas Normas e Procedimentos Regimentais em vigor. Eis, tecnicamente falando, a causa real e fundamental deste bloqueio.

Portanto, continuando com esta tal dita “maioria parlamentar EX POST ELEIÇÃO, ARRANJADA”, sem causa justa do género nenhum, evidentemente, continuará também este bloqueio tal e qual. Um desfecho totalmente oposto ao visado pela implementação à letra e harmoniosamente, dos compromissos assumidos pelas partes com a assinatura do Acordo de Conakry.     

DÚVIDA: Como definir o conceito de “reabertura da plenária da ANP” (ponto 1., item ‘b’) utilizado nesta versão do texto deste Roteiro? Marimbando-se doravante pura e simplesmente nas Normas e Regras procedimentais em relação ao agendamento de todos os assuntos da importância e interesse nacional, pelos Órgãos competentes da ANP (Presidente da ANP; Mesa da ANP; Conferência dos Líderes das Bancadas, e; a Comissão Permanente da ANP) para o seu debate e aprovação (ou não), no nível do Órgão da Plenária da ANP. Ir-se-á agir assim? Marimbando-se em tudo? Para a consolidação do quê? Das instituições democráticas e da Democracia na Guiné-Bissau? Não, não creio. Portanto, se a “reabertura da plenária da ANP” deve significar isso, então, está mal. Muito mal mesmo.

ADULTERAÇÃO EXTRAVASANTE: Esta expressão é entendida aqui no sentido da ‘modificação das propriedades iniciais de algo pela desnaturação e/ou acréscimo, a este, de outras propriedades, com o fim de se conseguir a alteração da sua essência natural vigente’. Esta artimanha é operada mais claramente na versão do texto deste aqui apreciado Roteiro e mais uma vez, entre outros, no seu ponto 1., Item ‘a’, já indicado mais acima, mas lá, evocando outros aspetos das falhas inseridas neste mesmo ponto e item.  

Quer dizer, enquanto o compromisso assumido consensualmente pelos assinantes do Acordo de Conakry, já foi exposto mais acima, referindo-se a esta já referida medida, assim: citação, “reintegração efetiva dos 15 deputados dissidentes no seio do PAIGC, sem condições mas tendo em consideração os textos em vigor no seio do PAIGC”, fim da citação (ponto II, item 10. do Acordo de Conakry). Noutro, no Roteiro, evidentemente neste seu tal ponto 1., item ‘a’, lê-se esta seguinte fórmula: citação: a “reintegração imediata e incondicional dos militantes, responsáveis e dirigentes do partido [PAIGC] desde a base até aos órgãos nacionais, passando obrigatoriamente pela anulação das conferências, levantamento das sanções e expulsões”, fim da citação.

Eis aí, o gesto de uma tentativa de ADULTERAÇÃO EXTRAVASANTE desta medida do Acordo de Conakry, preto sobre branco, sem ambiguidade nenhuma.

Lá, naquele Acordo, como a leitora/o leitor acaba de constatar, está é, a “reintegração dos 15 deputados dissidentes […] sem condições mas tendo em consideração os textos em vigor …”. Portanto, fala-se apenas de uma e esta categoria da gente: “deputados dissidentes”. Enquanto cá no Roteiro, que deve apenas traçar a melhor maneira (rota) de proceder para a execução desta medida, fala-se é, da “reintegração imediata e incondicional dos militantes, responsáveis e dirigentes do partido […]”. Portanto, neste fala-se de diferentes categorias de militantes tudo confundido. E essas todas a serem reintegradas no “partido”, sem indicação de condicionalidade disciplinar nenhuma a respeitar irrestritamente com e após a sua reintegração. E ainda por cima, continuar-se-á negociar tudo com elas, com e após a sua reintegração, em como os integrantes do “grupo dos 15 deputados dissidentes”. Constituindo logo assim, uma entidade institucionalizada, política, à parte, no seio de um Partido responsável pela organização e governação de um país.

Eis o que ressalta de tudo. Uma monstruosa forma aberrada de precisão das medidas com vista a implementação à letra e harmoniosamente, dos compromissos assumidos por todos com a assinatura do Acordo de Conakry. Traçada neste Roteiro.

Afinal, tudo isso para que!? Para a criação de mais confusão ainda no sio do PAIGC e à volta de tudo, no país?

Em todo o caso, eis em suma o Problema. Se tudo enchido neste Roteiro, com efeito, se mantiver assim tal como desenhado e for implementado tal como traçado pelo nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV, atos políticos no terreno, bem cedo, trar-nos-ão, para todos os engajados, séria e honestamente neste processo, e a toda gente do povo bissau-guineense, a resposta e/ou respostas bem feias a estas duas interrogações precedentes. De agrado, com certeza, apenas para esse nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV e seus apoiantes. Para assim poderem continuar a governar o país inteiro a seu bel-prazer, tal como têm vindo a fazer, praticamente, mais patentemente, desde 12 de Maio de 2016 até à presente data.

MINHA CONCLUSÃO: Com efeito, tendo em conta esses uns elementos contendo todos estes aspetos faltosos, destacados neste trabalho (há mais; P.ex. a proposta fora de ordem sobre a realização das eleições gerais em 2019, apresentada no ponto 5., item ‘c’, cá ignorada em favor da limitação do volume deste exercício);

portanto, tendo em conta, todos esses elementos, a presente versão do texto deste Roteiro aqui na liça não parece ser virada à procura de uma solução real e possível de saída justa e legal nenhuma; com uma visão duradoura virada ao futuro. Não está virada à saída nenhuma neste sentido; à saída desta maldita atual situação de crise. E por isso, repito. Esta versão está mal! Está tudo mal. Muito, muito mal mesmo. O que impõe a necessidade da sua revisão, reformulação total, ou senão mesmo, a sua pura e simples rejeição em bloco sem mais perda de tempo.  

Aliás, a elaboração inicial deste texto (se enfim necessário) não devia ter sido confiada a nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV (porque sendo a parte integrante e muito relevante de toda esta atual situação da confusão). Mas sim, ao Mediador da equipe da mediação da CEDEAO, a S. Exa. Sr. PR da Guiné, Prof. Alpha Condé.

Mas ora, se assim foi, eis aqui está. Caso que tudo venha a confirmar-se de, de facto, ter sido isso a decisão final desta 52ª Cimeira finda, do dia 16 de Dezembro de 2017, desta nossa Organização Sub-regional que é a CEDEAO; aqui estaria portanto, logo, a primeira grande e muito grave falha da Mediação desta, cometida até aqui neste affaire.

Primeira e grande e muito grave falha devendo ser revisada urgente, imediata e imperativamente, antes que seja tarde.

Bom, seja qual terá sido o acontecido desta ou de outra maneira em Abuja e, agindo agora tal como antes sugerido ou não, esta presente versão do texto do Roteiro, viu-se neste presente trabalho, não trará resultados positivos nenhuns para a organização e governação contínua deste nosso país do POVO BOM, a Guiné-Bissau. Porque, repito mais uma vez e com toda a voz gritante, está mal! Está tudo mal! Muito, muito mal mesmo.   

Obrigado.   
Por uma Guiné-Bissau de HOMEM NOVO (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria cabeça.
Que reine o bom senso.
Amizade.

A. Keita 

GUINÉ-BISSAU | Soluções propostas por José Mário Vaz dividem guineenses

A mensagem à nação feita no final do ano pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, na qual indicava que os próximos dias seriam "decisivos" para o futuro do país, está a suscitar reações por parte dos cidadãos.

Na sua mensagem de Ano Novo, José Mário Vaz apontou o ano de 2018 como o da reconciliação nacional e apelou a todos os cidadãos para unirem aos esforços para a saída da crise política. Disse também serem válidas todas as propostas de saída da crise apresentadas até aqui, nomeadamente, o Acordo de Conacri e o roteiro que o próprio elaborou.

A DW África saiu às ruas de Bissau para ouvir os cidadãos. Algumas das opiniões são diferentes das soluções apontadas pelo chefe de Estado guineense para pôr termo à crise política atual. Apesar de uns acreditarem na solução dos problemas do país em 2018, há quem já não confie nas capacidades do Presidente José Mário Vaz para resolver esta crise político-institucional guineense que já dura há mais de dois anos.

"Eu não acredito piamente nesse Presidente. Ele diz uma coisa hoje e amanhã faz outra. O Governo era para cair antes do Natal. Até esta data não aconteceu nada", diz um cidadão.

Outra guineense ouvida em Bissau mostra-se mais otimista e acredita numa saída para a crise. "Somos todos guineenses, somos irmãos, é só sentarmo-nos à volta de uma mesa para encontrarmos um entendimento. Num país pequeno não faz sentido existir problemas entre nós. Tenho fé e passo todos os dias a orar para o futuro do nosso país", diz.

"Como qualquer cidadão e amante da sua pátria espero que a Guiné-Bissau conheça dias melhores e que haja estabilidade. Por outro lado, quero que melhorias das condições de vida se reflitam no dia-a-dia das populações", afirma outro habitante na capital.

Outra guineense ouvida pela DW África tem esperança que 2018 seja crucial para sair da crise que se instalou no país há muito tempo. "Qualquer instabilidade política cria enormes dificuldades para o desenvolvimento do país. Por exemplo, a agricultura familiar é um dos ramos principais da economia do país e devido à crise está a provocar inúmeras dificuldades principalmente no seio das famílias, com particular destaque para as mulheres e crianças que estão a sofrer", explica.

"Solução nas mãos do Presidente"

Face ao impasse em que se encontra a Guiné-Bissau, o presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil voltou a responsabilizar o Presidente da República pela crise no país. Jorge Gomes entende que, a solução do problema continua nas mãos de José Mário Vaz.

"Porque ele é que criou esta situação e ele é quem deve acabar com ela. O Presidente deve usar as suas prerrogativas constitucionais junto dos 15 expulsos do PAIGC para que estes possam regressar a casa", defende o presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil.

"Assim o PAIGC retoma a governação e o país torna-se estável. Só assim poderá por exemplo haver mais investimentos e o país poderá viver melhor do que no ano 2017", afirma o Presidente do Movimento Nacional da Sociedade civil guineense.

Legislativas em maio

O secretário executivo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, José Pedro Sambú, afirmou esta quarta-feira (03.01) que a instituição "está tecnicamente preparada" para realizar as legislativas no mês de maio, se assim for a decisão do Presidente guineense.

O responsável reuniu-se em audiência de trabalho com José Mário Vaz para fazer o ponto de situação da preparação para as eleições, as quais dependem de uma data exata a ser marcada por decreto presidencial.

No passado dia 16 de dezembro, numa cimeira de líderes da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada na Nigéria, o chefe de Estado defendeu a possibilidade de as eleições serem organizadas em 2019, isto é as legislativas e as presidenciais. No calendário normal, as legislativas devem ter lugar este ano e as presidenciais no próximo.

José Pedro Sambú acredita que José Mário Vaz "está a aguardar pela melhor altura" para anunciar a data da realização das legislativas.

Fátima Tchumá Camará (Bissau), Agência Lusa | em Deutsche Welle

Na foto: José Mário Vaz, Presidente da Guiné-Bissau

PORTUGAL | Emendar a mão

Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Tal como esperado, o Presidente da República vetou a famigerada lei do financiamento dos partidos políticos. Assim, Marcelo Rebelo de Sousa devolve ao Parlamento aquilo que havia sido cozinhado na penumbra. De resto, o Presidente justifica a sua decisão com o facto de estar em causa a "ausência de fundamentação publicamente escrutinável quanto à mudança introduzida".

O Parlamento, designadamente os partidos que estão por detrás destas mudanças têm agora a oportunidade de emendar a mão, melhorando substancialmente a lei - o que existe agora acabou por morrer. Na verdade, e mesmo que as hipotéticas alterações fossem genericamente positivas - para além do espectro político-partidário -, o secretismo e agora a ausência de explicações e a fuga para a frente de quem  à revelia dos cidadãos tomou decisões resultam numa ideia indelével: a de que os partidos políticos envolvidos procuraram legislar longe do escrutínio dos cidadãos e em benefício próprio.

Partidos como o PSD, à espera de um líder que seja qual for é contra estas alterações à lei, e Bloco de Esquerda, pouco claro neste particular, dificilmente se manterão próximos da lei que é agora devolvida.

O CDS aparece agora como o partido impoluto, longe de submarinos e figuras proeminentes como Jacinto Leito Capelo Rego - famoso por ser tão generoso com o partido - e que agora, se existisse, estaria a dar uma forte gargalhada.

A lei morreu. Seja como for, os custos de se cozinhar repastos (mesmo que não o fosse, é o que parece) para proveito próprio e às escondidas dos cidadãos tem custos: a imagem dos partidos, a sua credibilidade e, por inerência, a própria democracia,

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

PORTUGAL | Após saga, é hoje o primeiro duelo laranja entre Rui Rio e Santana Lopes

Depois de muita polémica, acontece esta quinta-feira o primeiro debate televisivo entre os candidatos que disputam a liderança no Partido Social Democrata (PSD). As eleições diretas no partido realizam-se no próximo dia 13 deste mês.

Realiza-se esta quinta-feira, a menos de 10 dias das eleições diretas no PSD, o primeiro debate televisivo entre os candidatos a suceder a Pedro Passos Coelho. Rui Rio e Pedro Santana Lopes vão estar frente a rente na estação pública, às 21h00.

Este será o primeiro de dois debates televisivos, o segundo será na TVI, no próximo dia 10. No dia 11, segue-se um terceiro debate radiofónico: na Antena 1 e na TSF em simultâneo. Se houve tema que marcou o caminho até aqui foi precisamente a polémica em torno dos debates, apelida por Santana como a "a saga dos debates que não se realizam", com os dois candidatos a discordarem sempre.

Se não, vejamos. Pedro Santana Lopes deu o tiro de partida na polémica ao sugerir, quando se apresentou como candidato, debates em todas as distritais, o que resultaria, portanto, em 22 frente a frente. A proposta, ambiciosa, foi imediatamente rejeitada por Rui Rio. Defendeu nessa altura que a campanha não deveria "ser transformada num espetáculo ambulante pelo país fora”.

Rejeitada a proposta inicial, os dois candidatos procuraram entender-se. Rui Rio mostrou-se disponível para a realização de dois debates televisivos, de onde a SIC era excluída. Santana insistiu em debates nas três estações generalistas. O meio caminho encontrado foi, não a realização de três debates na caixinha mágica, mas de dois frente a frente televisivos, um na RTP outro na TVI, e um terceiro radiofónico.

Os dois candidatos já formalizaram a candidatura à liderança do PSD e ambos entregaram as respetivas moções de estratégia global com vista às eleições diretas de 13 de janeiro e ao Congresso, que se realiza entre 16 e 18 de fevereiro em Lisboa.

Entre os dois candidatos existem visões distintas, a mais relevante reside na ideia que cada um tem de futuros acordos de governo e de regime. Rui Rio defende que "o PSD não pode fechar-se a entendimentos" sempre que estejam em causa o interesse nacional e a defesa do bem comum, lembrando que o partido tem na sua cultura política e na sua história "a busca do compromisso como expressão de responsabilidade democrática".

Santana, por seu turno, fecha a porta a um possível bloco central. Aceita "pactos de regime sobre matérias estruturantes" dos sistemas político, económico e social" mas apenas na próxima legislatura, considerando não ser "adequado negociar pactos de regime enquanto se constrói a alternativa de governo". Assegura ainda que o PSD não dará apoio ao PS para constituição de um bloco central "nem antes nem depois" das eleições legislativas.

As eleições para eleger o novo líder do PSD estão marcadas para o próximo dia 13. Importa relembrar quem está com quem nesta batalha interna. Se do lado de Santana Lopes está o líder parlamentar do partido, Hugo Soares, Carlos Abreu Amorim, Miguel Relvas, António Pinto Leite, André Ventura ou o ex-ministro Rui Machete; o ex-autarca do Porto conta com o apoio de 'pesos pesados' como Pinto Balsemão, Nuno Morais Sarmento, Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Silva Peneda, Miguel Cadilhe e Alberto João Jardim, por exemplo.

Melissa Lopes | Notícias ao Minuto

BENFICA - SPORTING | Emoção e 'polémica' num dérbi que terminou em 'tons de azul'


Gelson Martins marcou o primeiro golo, aos 19 minutos, e Jonas carimbou o empate, aos 89 minutos, fixando o 1-1 final entre Benfica e Sporting. Um resultado que 'ofereceu' a liderança isolada ao FC Porto, após vitória dos portistas sobre o Feirense.

"Sangue, suor e lágrimas". O dérbi de Lisboa é, historicamente, um dos mais emocionantes do futebol português, tanto pela rivalidade vivida entre ambos os clubes, como pela qualidade que, regra geral, as duas equipas exibem.

Esta quarta-feira, o Sporting visitou o 'inferno' da Luz e até começou por 'gelar' as bancadas - com um golo de Gelson Martins - mas a superioridade demonstrada pela equipa da casa valeu, ao cair do pano, um ponto para cada lado, com Jonas a selar o 1-1, na sequência de uma grande penalidade. 

Minutos 'loucos' e um 'menino atrevido'

Na luta pelo título nacional e separados, apenas, por três pontos, águias e leões entraram em campo com apenas um objetivo: vencer. No entanto, foi um objetivo que, com o avançar do relógio, foi perdendo 'força', pelo menos para um dos lados.

Um cabeceamento certeiro de Gelson Martins fez as alegrias dos cerca de três mil adeptos que 'viajaram' até ao outro lado da 2.ª Circular, para apoiar os verde e brancos, aos 19 minutos. Mas pouco mais se viu da equipa leonina.

Sem grande clarividência no meio-campo, William Carvalho não esteve nos seus melhores dias, com pouca capacidade de ligação e construção de jogo. Com o Benfica a aumentar a pressão, e com um bloco cada vez mais subido, o 'sufoco' chegava à defesa leonina, onde ia valendo Rui Patrício, com Coates e Piccini a contribuírem para os batimentos acelerados de quem assistia. 

Com muito pouco - ou nada - de Bas Dost e William com dificuldades em encontrar o passo certo de Battaglia, Bruno Fernandes servia de bombeiro no 'incêndio' prestes a 'deflagrar'. Sempre que possível, contrariava, não só o meio-campo das águias, como transportava o esférico até ao último terço do terreno adversário. 

Da insistência à 'arte do engenho'

Mas o Benfica não 'dava o flanco'. A competir apenas numa competição e com o pentacampeonato na mira, a equipa de Rui Vitória não descansou enquanto não conseguiu levantar as bancadas do Estádio da Luz, com o 'pistoleiro' Jonas a 'disparar' para o empate, com uma grande penalidade a trair Rui Patrício. 

Apesar de só ter marcado um golo, as águias voaram bem perto da baliza do guardião campeão europeu, principalmente por Krovinovic. Agil e inteligente a ler o jogo, o croata dinamizou o caudal ofensivo da equipa, encontrando - quase sempre - espaço para progredir no campo. 

Cervi e Grimaldo também não pouparam a defesa leonina, com cruzamentos venenosos e lances de bola parada capazes de fazer 'parar' o coração de qualquer adepto, naquele que foi um dos dérbis mais 'renhido' dos últimos tempos. 

O resultado não espelha a superioridade exibida pelo Benfica em campo. No entanto, os dados estatísticos mostram que a águia foi 'dona' da sua casa, diante de um leão que não passou de 'convidado', num dérbi que ficou ainda marcado por alguns lances polémicos, com o Benfica a pedir mais do que uma grande penalidade a seu favor. 

Com este empate, o Sporting soma 40 pontos, mais três do que o Benfica, que ocupa o terceiro lugar. Na liderança está o FC Porto, com 42 pontos, que venceu o Feirense por 2-1. 

Andreia Brites Dias | Notícias ao Minuto

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