quarta-feira, 11 de abril de 2018

NOVO FÔLEGO PARA A BARBÁRIE IMPERIAL


(ALERTA A TODOS OS PROGRESSISTAS DA AMÉRICA)

“Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência europeia”… Mensagem ao Congresso de 2 de dezembro de 1823, do Presidente James Monroe.

Martinho Júnior | Luanda 

1- A aristocracia financeira mundial transatlântica e com praça-forte nos Estados Unidos, onde chegaram instalando as casas bancárias anglo-saxónicas precisamente no período imediatamente anterior à descolonização do continente americano, não larga mão da doutrina Monroe, adaptando-a em pleno século XXI às projecções potenciadas pela via do imperialismo de pendor hegemónico e unipolar para todo o continente americano.

Essa via expansionista é imposta sobre as resistências que surgirem e sobre aqueles que, fugindo ao controlo do poder dominante, procuram vias alternativas para a assunção de facto das independências e das soberanias que de há 200 anos a esta parte se tornaram face à nova submissão durante décadas e décadas, artifícios multicoloridos de bizarras bandeiras.

No essencial a doutrina Monroe está sempre presente, qualquer que seja a administração de turno nos Estados Unidos e se os Democratas conforme Barack Hussein Obama, recorreram aos “filósofos de casa” como Milton Friedman, Gene Sharp, Leo Strauss, ou Francis Fukuyama para reorientar o seu subtil exercício de manipulação “transversal” para com o mundo e a América, os Republicanos que aplicam à letra e a “martelo” um ultra protecionismo eminentemente fundamentalista e anglo-saxónico, recorrem às oligarquias agenciadas a fim de, dum modo brutal e sem equívocos, vocacionar os caminhos das ingerências e manipulações (“As veias abertas da América Latina”, relembrando Eduardo Galeano).

Desse modo num golpe duradouro e persistente para todos os países da América continua perfidamente a doutrina Monroe, recorrendo a todos os meios e insídias para pulverizar qualquer veleidade progressista e moldar os estados reduzindo-os à vassalagem ultra conservadora protagonizada pelas oligarquias agenciadas e afins.


2- Neste ano de 2018 os progressistas americanos, com estados como Cuba, a Venezuela Bolivariana, Bolívia e Nicarágua na charneira da vanguarda da resistência ao domínio anglo-saxónico imposto sobre eles pelo império da hegemonia unipolar, alimentam espectativas favoráveis em relação às 6 eleições que se perfilam no continente, face à brutalidade das ingerências e manipulações que medram sob “novo” impulso, protagonizado pelo “cenário” e “representação” das oligarquias agenciadas e em“terceira bandeira” (social-democrata ou neoliberal).

A grande batalha está a ocorrer por dentro das sociedades latino-americanas e caribenhas, alvos dilectos e ardilosos da continuidade e persistência da doutrina Monroe, ainda que as “ementas” possam ter intensidades distintas e geometrias variáveis na tradução dos propósitos do império da hegemonia unipolar, também em função do carácter e do “peso específico” de cada oligarquia “nacional” agenciada e seu papel útil como factor e elemento “representativo” e ao mesmo tempo “emparceirado”!

Os processos eleitorais mais sensíveis ocorrerão na Venezuela, na Colômbia, no México e no Brasil, dando seguimento às batalhas socio-políticas em curso.

Nos casos do México e do Brasil, crescem as tendências para polarizações capazes de se tornarem pré-avisos até de “guerra civil”!

Em todos os casos os progressistas “na transversalidade” batem-se pela extensão da democracia, tornando-a mais participativa e popular, pressionando as barricadas da “representatividade” tão favorável à “petrificação” das oligarquias agenciadas e aplicando medidas mais abrangentes e socializadoras da redistribuição da riqueza, fazendo cair as máscaras disseminadas pelos impactos do capitalismo neoliberal e da social-democracia que se nutre da arte e engenho dum embuste cada vez mais conservador, ou mesmo ultraconservador, fascistoide!

A natureza do voto está em ruptura por toda a América: ao invés da plataforma “democrática representativa” decadente, os progressistas procuram alcançar a sustentabilidade necessária do voto em plataformas da democracia aberta à participação popular, capazes de reflectir um diálogo constante em busca de consensos entre os povos, a sociedade e o estado, ao mesmo tempo que, animados da lógica com sentido de vida, procuram mobilizar equilíbrios civilizacionais geradores de respeito para com o ambiente, para com a natureza, para com a Mãe Terra.


3- A brutalidade da administração Trump em relação à América está exposta nas suas “origens”, em função e desde o seu recurso à doutrina Monroe, que nem as “cortinas de fumo” do século XXI, os “media de referência”, podem mais escamotar.

A densidade da barbárie cresceu, porque do fermento de dois séculos de doutrina Monroe, as artificialidades são ainda mais adensados processos multiculturais subordinados à “original” cultura anglo-saxónicas ou indexados a ela, disseminando os tentáculos formatadores à disposição do polvo imperador quer por via de “soft power”, quer por via mais “musculada”, em qualquer dos casos capaz de lançar todo o tipo de tintas, alienatórias tintas, como cobertura ao seu movimento oblíquo, à sua insidiosa manobra e aos seus vorazes interesses…

…Há estados como a Flórida ou o Texas, que se foram especializando no “métier”!

O Comando Sul tem pulso livre para, quer por via da tradução militar tentacular, quer por via da inteligência e de expedientes“civis”, fomentar as articulações continentais, regionais e nacionais, jogando com elas para empertigar o domínio e mobilizar contra as resistências legítima e cada vez mais constitucionalmente enquistadas nos processos de independência, soberania e solidariamente identificadas com as aspirações dos povos.

Depois dos períodos eleitorais, os seguidores “sulfurosos” da doutrina Monroe, persistirão em jogar com os factores institucionais continentais (como “tradicionalmente” acontece com a Organização de Estados Americanos, ou mesmo grupos “informais” como o de Lima), em jogar com os ganhos obtidos em plataformas incontornáveis, como por exemplo são os correntes processos do Brasil e do México, de forma a pressionar e tentar isolar, ou mesmo neutralizar, as vanguardas populares mais expressivas e seus processos socialistas de luta, quer nos próprios países, quer em particular os bastiões progressistas constituídos histórica e revolucionariamente em Cuba e na Venezuela.

As fronteiras entre a barbárie de séculos e a dignidade progressista, passa pelas “transversais” de todos os estados e nações da América; a consciência dos povos é dissotestemunho.

Muitos exemplos contemporâneos têm sido dados, no Paraguai, nas Honduras, no Brasil, onde uma atmosfera de golpe contínuo pode desembocar numa nova ditadura militar de natureza fascistoide!

Nessa pista há alertas que se devem ser antecipados, pois tendo em conta as potencialidades das alienações existentes quer no Brasil, quer no México, a contracção democrática pode-se realizar abrindo espaço a ditaduras militares, que por seu turno se podem aplicar a fundo em agressões internas e externas persistentes contra os sectores sociais e políticos contraditórios e até contra estados progressistas tornados seus pré-anunciados alvos.

A aristocracia financeira mundial, recorrendo à doutrina Monroe, recorre também à dialética mais contundente para com seus mais contraditórios inimigos de classe, ainda que eles recorram às barricadas e trincheiras populares.

 O domínio avassalador do império da hegemonia unipolar exerce-se assim e desde logo em direcção à superestrutura do poder dos estados tornados vassalos, introduzindo-se ao mesmo tempo no miolo dos instrumentos do poder dos estados tomados ou em vias de tomar até ao miolo e por isso é injectável a tão “necessária” quão “oportuna” dose de fascismo, de que desde a sua nascença em princípios do século XIX, se nutrem os seguidores inveterados da doutrina Monroe (relembre-se a Operação Condor)…

Quem como o império da hegemonia unipolar, ao serviço duma poderosa aristocracia financeira mundial, tem poder para arregimentar as oligarquias americanas, formatando e moldando os processos democráticos e o carácter do poder por toda a América, pode também gerar poder para, em última análise, provocar intervenções de inteligência e militares de seus vassalos, procurando a todo o transe pôr obstáculos, minar, ou neutralizar os esforços progressistas na América.

Um Brasil fascistoide, tomado por uma ditadura militar parida pela extensão do golpe persistente que se está a avolumar, pode vir a assumir uma agressão contra a Venezuela Socialista e Bolivariana, em especial se o estímulo do polvo-imperador assim o determinar: nada melhor que uma guerra para consolidar dentro do Brasil o poder das multinacionais ávidas das riquezas naturais brasileiras que já estão à sua disposição, na Amazónia verde, na Amazónia azul e nos aquíferos subterrâneos mais férteis da América do Sul.

O império da hegemonia unipolar pretende a todo o custo continuar com a barbárie que advém do elemento-chave que deu força ao seu próprio expansionismo, reeditando nos moldes possíveis do século XXI, a doutrina Monroe… vassalos, súbditos e mercenários fascistoides não faltam e por isso o poder do império pode-os mobilizar e “insuflá-los” para se tornarem “carne-para-canhão” nos futuros campos-de-batalha, ainda que persistem simltaneamente os processos de desestabilização “transversais”!

Países como Cuba, a Venezuela, a Bolívia ou a Nicarágua, devem-se preparar antecipadamente para uma eventualidade do género que se vai avolumando nas nuvens que o polvo-imperador vai carregando de tinta nos horizontes próximos, por que em guerra contínua desde os tempos do parto da doutrina Monroe, a meio-extenuada hegemonia unipolar teve recursos para desvirtuar os BRICS e, dada a sua natureza, pode muito bem injectar recursos para a mobilização de mercenários uniformizados e preparados para a guerra, com doutrina, filosofia, ideologia e poder para adensar os expedientes contra todos os progressistas da América!...

Martinho Júnior - Luanda, 9 de Abril de 2018

Imagens:
Continua vigente a doutrina Monroe;
A “VIII CUMBRE DE LAS AMERICAS” está sob controlo do império da hegemonia unipolar;
O “tio Sam” trata a América como seu feudo;
A ALBA é uma das trincheiras dos progressistas da América;
A CELAC, é outra trincheira progressista, prova da resistência latino-americana face à manipulação anglo-saxónica imposta desde o império da aristocracia financeira mundial.

PORTUGAL | Terá Centeno a solução para concretizar a quadratura do círculo?


Jorge Rocha* | opinião

O artigo de Mário Centeno, hoje (9.4) inserido no «Público», ,procura convencer as hostes desconfiadas, quanto à bondade do seu modelo de execução orçamental, que possa comprovar a possibilidade de manter o país na rota do crescimento económico, da melhoria dos rendimentos das famílias e, ao mesmo tempo, da progressiva redução da sua dívida, sem o recurso à sua renegociação quanto aos prazos e juros a satisfazer  em condições conjunturais não tão benignas como as atuais.

O ministro das Finanças começa por reivindicar um conjunto de indicadores, que as direitas não conseguem pôr em causa, e o levam a considerar como constituindo o melhor desempenho económico do país em muitas décadas. Os parágrafos seguintes são citações quase textuais desse artigo, excetuando a alusão a Cristas, que é oportuno inserir, mas que, politicamente, ele se escusa a utilizar.

Em 2017, o PIB cresceu 2,7% e o emprego 3,2%, traduzindo-se num défice público de 0,9% do PIB, o mais baixo da nossa democracia.  O excedente primário fixou-se em 3%. A dívida pública caiu mais de quatro pontos percentuais.

Portugal cresceu mais do que a Europa. O emprego e o investimento cresceram o dobro da média da União Europeia. O desemprego caiu mais do que em qualquer outro país da área do euro.

No SNS, a despesa cresceu 3,5% em 2017. Mas, entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2018, o crescimento da despesa com saúde atingiu os 13%.  Na escola pública, em 2017, a despesa com pessoal cresceu 1,6% e com bens e serviços cresceu 5,3%. Apesar do alarido histérico de Cristas resulta, pois, falsa a  ideia de que o défice tenha sido atingido por reduções do lado da despesa dedicada ao funcionamento dos serviços públicos.

Em 2017, houve mais 430 milhões de euros de contribuições sociais e mais 450 milhões de receitas correntes do que o previsto no Programa de Estabilidade (PE) de 2017, sem que tenha havido lugar a alterações nas taxas dos principais impostos, isto é, sem aumento do esforço fiscal  das famílias e das empresas portuguesas. A redução da fatura com juros face ao orçamentado, menos 455 milhões de euros, explica também a melhor execução orçamental de 2017.

O investimento público cresceu 25% em 2017. O Estado investiu mais 682 milhões de euros do que em 2016. Em suma, o défice ficou mil milhões de euros abaixo do previsto há um ano no Programa de Estabilidade. Metade deste resultado deveu-se à menor despesa em juros, a outra metade foi possibilitada pelo crescimento económico.

Onde podemos manifestar algum ceticismo relativamente ao que Centeno defende é quando, na parte final do artigo, veste a farda de presidente do Eurogrupo para fazer um silogismo a propósito da queda percentual do peso da dívida soberana, que ainda está por demonstrar: “Se em 2017 cumprimos essa redução com mais despesa na saúde, mais despesa na educação e menos despesa com juros, devemos manter esse equilíbrio no futuro. Para o conseguir, temos de manter a trajetória de redução da dívida, manter o esforço de racionalização e de eficiência da despesa pública.”

Compreende-se então o objetivo do texto: confrontar os parceiros de maioria parlamentar com a definição de parâmetros, que ele nunca permitirá ver ultrapassados, mesmo que à custa de uma firme contenção das expetativas por eles exigidas. No seu dizer “para que os resultados não sejam efémeros” o governo não se afastará da rota, que até agora confiou a tal homem do leme. Restará esperar pelo que decidirá quem o comanda, se e quando ventos contrários vierem substituir os que por ora parecem só soprar na popa. É que se Centeno já transformou muitos impossíveis em concretizações capazes de surpreenderem os mais céticos, lá virá o tempo em que comprovaremos se descobriu mesmo a panaceia para a quadratura do circulo constituída pela dívida excessiva e pela necessidade de mais e melhor investimento público. A dúvida continua a justificar-se...

jorge rocha | Ventos Semeados

PORTUGAL | Não há governos de minoria absoluta


Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

O Governo decidiu alterar unilateralmente as metas do défice negociadas para o Orçamento do Estado para 2018 e condicionar as negociações para 2019, afastando à partida aumentos salariais na Função Pública. É um mau prelúdio para as negociações do último Orçamento da legislatura.

Esta postura baseia-se em dois equívocos. O primeiro é que a recuperação da economia portuguesa não resulta sobretudo das medidas negociadas à Esquerda, mas unicamente de uma credibilidade assente em brilharetes orçamentais. O segundo equívoco é que o Ministro das Finanças pode dispensar a negociação com a maioria parlamentar.

Quando, em dezembro passado, votamos o Orçamento para 2018, fizemo-lo conscientes das suas limitações, definidas nas metas do défice prometidas pelo Governo a Bruxelas. Foram essas metas que nos impediram de ir mais longe no reforço do investimento, dos serviços públicos e da recuperação de rendimentos. Não se compreende, por isso, que agora o Governo reveja em baixa a meta para o défice, meta que já traduzia um difícil compromisso político, votado na Assembleia da República. Se atingimos o objetivo de, com crescimento económico, criar folga orçamental, essa folga tem de ser investida no país e não permite ir além das metas que formaram o quadro orçamental acordado.

Com a mesma incompreensão se lê outro anúncio com que Mário Centeno pretende definir à partida um orçamento que ainda não negociou: o de que não haverá aumentos para os trabalhadores do Estado no próximo ano. A Função Pública tem os salários congelados há uma década e não há regresso à normalidade sem atualização salarial. Não é aceitável que as escolhas sobre as prioridades orçamentais do próximo ano sejam objeto de vetos unilaterais antes de qualquer discussão e com os tiques de uma maioria absoluta que não existe.

O Governo do PS faz mal em pôr em causa a estabilidade da atual solução parlamentar, a maioria que impôs mudanças importantes no contexto de um Governo minoritário. Estamos a um ano e meio das eleições e temos um Orçamento para executar e outro para negociar e votar. As expectativas do país são altas, como bem se viu na importante mobilização no setor das artes, e há muito por fazer. Aconselha-se tranquilidade e modéstia quanto baste.

*Deputada do BE

PORTUGAL - ONCOLOGIA | "Problema no S. João tem décadas" e vai ser resolvido em projeto maior


Ministro das Finanças garante que obra vai avançar e acusa Governo anterior de ter anunciado renovação "sem projeto nem dinheiro". Está em causa o serviço de oncologia pediátrica.

Mário Centeno não avança uma data, mas garante que o problema da ala pediátrica do Hospital de S. João, no Porto, que tem dado polémica nos últimos dias, vai ser resolvido.

Escutado no parlamento, esta quarta-feira, o ministro das Finanças afirmou que a obra está englobada num "conjunto de projetos cuja aprovação foi feita, está em processo pelo Governo e vai avançar".

E isso vai acontecer "de forma concreta, não com fotografias de primeiras pedras", ironizou, acusando o Governo anterior de ter feito anúncios mediáticos sobre o tema, que não tinham sustento financeiro.

"Em março de 2015, o então primeiro-ministro foi ao S. João lançar a primeira pedra do investimento que hoje falta. Mas aquela pedra não tinha por trás um financiamento. O mesmo primeiro-ministro foi outra vez e voltou sem dinheiro. No final de 2015, depois de dois lançamentos falhados, a obra não podia ser feita e o problema da ala pediátrica mantinha-se", acusou.

Centeno recordou que o problema na ala pediátrica daquela unidade não é de agora. "Está identificado há quase uma década", assegurou, tendo passado "por muitos governos, muitos ministros da Saúde e das Finanças, e a verdade é que nada foi feito", lamentou.

Hugo Neutel | TSF | Foto: Manuel de Almeida/Lusa

Síria | Rússia responde aos EUA e insinua: querem “apagar vestígios” com ataques


Numa mensagem publicada na rede social Facebook, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, questionou se a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) foi avisada que os mísseis vão destruir “todas as evidências” do ataque químico.

A Rússia insinuou hoje que os ataques norte-americanos com mísseis contra o regime sírio prometidos por Donald Trump poderão servir para “apagar vestígios” do alegado ataque químico denunciado pelo Ocidente em Douma, nos arredores de Damasco.

Numa mensagem publicada na rede social Facebook, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, questionou se a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) foi avisada que os mísseis vão destruir “todas as evidências” do ataque químico.

“Ou a ideia original é usar mísseis inteligentes para varrer os vestígios da provocação para debaixo do tapete?”, acrescentou a representante, afirmando que perante tal ação os peritos (da OPAQ) não vão encontrar quaisquer provas.

A mensagem de Maria Zakharova surgiu momentos depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter avisado a Rússia, através da rede social Twitter, que mísseis “vão começar a chegar” ao território sírio.

“A Rússia prometeu destruir todos e quaisquer mísseis disparados contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles vão começar a chegar, bons, novos e inteligentes!”, escreveu Trump.

A porta-voz da diplomacia da Rússia, aliada tradicional do regime sírio, frisou ainda na mesma mensagem no Facebook que os mísseis norte-americanos que Trump promete enviar para a Síria devem ter como alvo “os terroristas” e não “o governo legítimo” de Damasco.

“Os mísseis inteligentes devem voar em direção aos terroristas e não em direção do governo legítimo, que luta contra o terrorismo internacional há vários anos no seu território”, disse Maria Zakharova.

Na segunda-feira, Trump afirmou que iria responder de forma vigorosa ao alegado ataque químico cometido no sábado contra a cidade rebelde de Douma, na Síria, e prometeu então que a decisão dos Estados Unidos seria conhecida dentro de 24 a 48 horas.

Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado norte-americano referiu ainda na mesma ocasião que não existiam opções fora da mesa.

Já na terça-feira, os Estados Unidos, apoiados por aliados como França e o Reino Unido, admitiram uma resposta militar para eliminar a ameaça de ataques químicos pelas forças do regime de Bashar al-Assad.

Organizações apoiadas pelos Estados Unidos denunciaram que pelo menos 42 pessoas, entre as quais várias crianças, morreram em Douma, o último bastião rebelde em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, com sintomas associados a um ataque com armas químicas.

A Síria nega qualquer utilização de armas químicas, assim como a Rússia, principal aliado do regime sírio, que afirmou que eventuais ataques ocidentais teriam “graves consequências”.

A OPAQ anunciou na terça-feira que vai enviar “em breve” uma equipa de peritos para a Síria para investigar o alegado ataque químico contra Douma.

A organização, que recebeu um convite oficial do regime sírio para investigar no terreno, “pediu à República Árabe Síria para desencadear os procedimentos necessários para a deslocação”, anunciou a OPAQ em comunicado.

EUA usam 'invenções e mentiras' como pretexto para atingir Síria, diz Damasco


O ministro das Relações Exteriores sírio reagiu ao recente tweet de Donald Trump sobre "mísseis inteligentes", afirmando não se surpreender com escalação "imponderada" dos EUA em torno do alegado ataque químico em Douma, segundo a agência síria SANA.

"Não estamos surpreendidos com escalação tão imponderada de um regime como o dos Estados Unidos, que financiou e continua financiando o terrorismo na Síria", informou a SANA, citando fontes oficiais na chancelaria da Síria.

Mais cedo, uma opinião semelhante foi expressa pelo representante permanente da Síria na ONU, Bashar Jaafari. Ele sublinhou que as ameaças dos Estados ocidentais de lançar um ataque contra a Síria não impedirão que o país preserve sua soberania e integridade territorial, estando a Síria preparada para enfrentar qualquer agressão de onde quer que venha.

"A representante dos EUA disse haver um único monstro hoje em dia que enfrenta todo o mundo, trata-se do monstro que tem armado e financiado terroristas por mais de sete anos na Síria, e eu afirmo que este monstro são os EUA, o Reino Unido e a França que patrocinaram o terrorismo na Síria e antes no Iraque, no Afeganistão e na Líbia", declarou Jaafari.

Nesta quarta-feira (11), o líder norte-americano publicou uma postagem provocativa no Twitter, avisando que a Rússia se prepare para um ataque com mísseis à Síria, afirmando que estes "estão chegando, bons, novos e 'inteligentes'!".

Sputnik

General russo garante: Rússia pode responder militarmente se EUA atacarem a Síria


O chefe do Comitê de Defesa da Duma (Parlamento russo) e ex-comandante das tropas aerotransportadas russas disse que Moscou tomará todas as medidas, incluindo as militares, em resposta a um possível ataque dos EUA às forças do governo na Síria.

"A política de duplo padrão ultrapassou todos os limites possíveis. Neste momento, o partido [Rússia pró-Putin] Rússia Unida deve declarar responsavelmente que vamos tomar todas as medidas políticas e diplomáticas, e também medidas militares se tal necessidade surgir", disse Vladimir Shamanov nesta terça-feira antes da plenária da Duma.

Durante a sessão, o militar acrescentou: "Nenhuma ação ilegal será deixada sem resposta".

O general russo observou que os americanos "não devem ter esperança em seus grupos da Marinha e em suas falsificações". "Somos um país soberano, temos aliados e garantidores dos eventos que estão ocorrendo na Síria", disse ele.

Shamanov estava reagindo a uma declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, quando se encontrou com autoridades militares e de segurança na segunda-feira. Trump afirmou que uma "decisão importante" sobre a Síria seria tomada dentro de 24 a 48 horas.

"Se são os russos, se é a Síria, se é o Irã, se são todos juntos, vamos descobrir", afirmou Trump. "Nós temos muitas opções militares, e nós o informaremos em breve".

Os governos sírio e russo negaram qualquer envolvimento no suposto ataque químico contra a cidade síria de Douma, controlada pelos rebeldes. O líder sírio Bashar Assad disse na terça-feira que seu governo havia convidado uma missão de uma agência internacional de defesa de armas químicas para ir até Douma e investigar o suposto ataque.

A Rússia propôs a criação de um mecanismo de investigação independente em relação ao incidente, prometendo, juntamente com o Exército sírio, garantir o pronto acesso de especialistas à área.

O enviado da Rússia para a ONU, Vassily Nebenzia, enfatizou em seu discurso que Moscou está pronta para servir como garantia de segurança para especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que inspecionariam o local do suposto ataque. A opção acabou rechaçada.

Sputnik | Na imagem: Sergey Subbotin

Que armas podem EUA e Rússia usar em caso de confrontação na Síria?


A tensão em torno a Síria cresce diariamente. Os Estados Unidos enviam navios de guerra para o Mediterrâneo, ao mesmo tempo que a mídia alerta sobre possíveis ataques aéreos na área.

A Rússia, por sua vez, não pretende usar a força, mas Moscou está pronta a considerar várias respostas, inclusive militares, caso a parte norte-americana decida atacar. O colunista do The National Interest Dave Majumdar faz uma previsão quanto às armas que cada lado pode usar se a situação atingir um ponto crítico.

Os EUA, em caso do ataque contra a Síria, podem usar mísseis de cruzeiro Tomahawk e AGM-86 que, como destaca o autor, seriam capazes de superar os sistemas de defesa antimíssil russos S-300 e S-400 implantados na Síria.

Além disso, o Pentágono tem à sua disposição bombardeiros B-2 Spirit e caças furtivos F-22 Raptor que, no entanto, podem ser detectados pelos meios de defesa antiaérea russos.

A Rússia, por sua vez, pode responder atacando bases dos EUA e seus aliados. Para isso, poderia usar mísseis de cruzeiro Kh-101 transportados por bombardeiros estratégicos Tu-95 e Tu-160, bem como mísseis Kalibr de baseamento marítimo.

Antes, a mídia havia informado sobre o envio de um grupo aeronaval norte-americano ao mar Mediterrâneo, cujos navios estão equipados com dezenas de mísseis Tomahawk.

As informações sobre o envio de navios de guerra para a costa síriacomeçaram a aparecer depois do suposto uso de armas químicas na cidade síria de Douma. Os países ocidentais acusaram Damasco de usar estas armas, as autoridades sírias negam estas acusações.

Os EUA declararam que estudam a possibilidade de uma "resposta militar" às ações das autoridades sírias. Na segunda-feira (9) Donald Trump disse que precisaria de 48 horas para tomar a decisão quanto às medidas de resposta contra a Síria. A Rússia advertiu Washington sobre possíveis ações militares, dizendo que isto pode levar "às consequências mais graves".

Sputnik | Imagem: AP Photo/ Kenneth Moll

TRUMP AMEAÇA RÚSSIA | "Mísseis estão a chegar" à Síria


Presidente norte-americano crítica a posição russa relativamente a Bashar al-Assad, a quem chama "animal" que "gosta" de matar o seu povo

Donald Trump avisou esta quarta-feira a Rússia que os mísseis "estão para chegar" à Síria, na sequência do alegado ataque químico que aconteceu na cidade de Douma. O Presidente dos EUA criticou ainda os russos por estarem do lado do regime de Bashar al-Assad.

"A Rússia prometeu destruir todo e qualquer míssil disparado para a Síria. Preparem-se, porque os mísseis estão a chegar. Bons, novos e 'espertos'. Não deviam ser parceiros com um animal que mata o seu povo e gosta", escreveu Trump no Twitter.

A Eurocontrol, organização europeia de segurança na navegação aérea, divulgou inclusivamente uma "advertência rápida" às companhias aéreas do leste do Mediterrâneo contra possíveis ataques aéreos contra a Síria com mísseis nas próximas 72 horas.

"Devido ao possível lançamento de ataques aéreos na Síria com mísseis ar-terra e/ou de cruzeiro, nas próximas 72 horas, e a possibilidade de interrupção intermitente de equipamentos de radionavegação, este aviso deve ser levado em conta ao planear operações de voo na área do Mediterrâneo Oriental-Nicósia", divulgou a organização europeia, no seu sítio na internet.

Na segunda-feira, Donald Trump, prometeu "responder abruptamente" ao alegado ataque químico na cidade síria de Douma, perto de Damasco, que causou dezenas de mortes e centenas de feridos, de acordo com várias organizações não-governamentais (ONG) no terreno. Algo que parece concretizar novamente em palavras com a sua última publicação nas redes sociais.

Mais de 40 pessoas morreram - outras fontes falam em 70 vítimas - , no sábado, num ataque contra a cidade rebelde de Douma, que segundo organizações não-governamentais no terreno foi realizado com armas químicas.

A oposição síria e vários países acusaram o regime de Bashar al-Assad da autoria do ataque, mas Damasco negou e o seu principal aliado, a Rússia, afirmou que peritos russos que se deslocaram ao local não encontraram "nenhum vestígio" de substâncias químicas.

Na terça-feira à noite, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou um projeto de resolução da Rússia para criar um novo mecanismo de investigação sobre o uso de armas químicas na Síria.

A Síria, que entrou no oitavo ano de guerra, vive um drama humanitário perante um conflito que já fez pelo menos 511 mil mortos, incluindo 350 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.

500 pessoas com "sinais de exposição a químicos". OMS quer entrar em Douma

A Organização Mundial da Saúde (OMS) exigiu esta quarta-feira "acesso livre" a Douma, nos arredores de Damasco (Síria), para confirmar os relatos de que cerca de 500 pessoas foram afetadas por um ataque químico no local, no sábado, e prestar assistência médica. O Governo sírio nega o uso de armas químicas.

A agência disse que recebeu informações de que centenas apresentaram sintomas consistentes com exposição a produtos químicos tóxicos, como dificuldade para respirar, irritação das membranas mucosas e falha do sistema nervoso central.

"Duas instalações de saúde também foram supostamente afetadas por esses ataques", lê-se na declaração da OMS, citada pela BBC.

Aviso da Eurocontrol sobre a Síria não terá influência nas operações da TAP

O aviso lançado pela Eurocontrol para as companhias áreas que voam na área do Mediterrâneo Oriental-Nicósia não terá qualquer efeito nas operações da TAP pois a companhia não sobrevoa esta zona, disse fonte da empresa.

A mesma fonte indicou que a TAP Air Portugal não sobrevoa esta área nas suas rotas nem tem destinos na área em questão.

Diário de Notícias

CUIDADO | Estamos à beira de uma guerra nuclear made in EUA-Reino Unido-França


Os chefes do crime organizado reuniram-se nos Açores para concertar o ataque ao Iraque (2003) sob o pretexto de que existia um arsenal de armas químicas perigosíssimo e de outros tipo de armas de destruição massiva. Ver aquele grupo de quatro dirigentes de quatro países ocidentais – EUA, Reino Unido, Espanha e Portugal – foi uma encenação para reunir alguma credibilidade para a mentira que os EUA e Reino Unido pretextavam para atacarem o Iraque e se instalarem ainda mais no médio-oriente em ebulição, para além de saquearem o máximo possível o país invadido. A operação nunca foi aprovada pela ONU. Mas EUA e o RU queriam muito desencadear aquela guerra sob uma mentira que já se sabia sê-lo e que posteriormente tomou maior dimensão. Como vimos, pela instabilidade existente na região propagada via terrorismo pela Europa e por quase todos os países dos vários continentes do planeta.

Hoje estamos na mesma situação com a Síria. No Expresso Curto é Luísa Meireles que faz a abertura sobre o tema. A situação assemelha-se à do Iraque sobre o ataque químico do regime Assad. Vamos descobrir posteriormente que é uma mentira e pretexto dos EUA, do Reino Unido e da França para atacarem a Síria como o fizeram no Iraque.

Poucas semanas antes o Reino Unido criou a mentira do ataque químico do kremlin a um ex-espião russo, secundado pelos EUA. Estas nações do ocidente provocam, mentem às populações porque querem a guerra a todo o custo – uma guerra que poderá ser nuclear. Como a mentira do ataque químico ao espião russo  e filha, radicados em Inglaterra, foi sobejamente desmascarada, avançaram com o ataque químico à Síria. A complexidade da atual situação e o envolvimento/apoio da Rússia no terreno Sírio deixa antever que um dos objetivos é  também prosseguir com o ataque desejado à Rússia. Trump, Theresa May e o imberbe presidente francês Macron (ao estilo de Durão Barroso), estão desesperados para iniciarem uma guerra contra a Rússia. Uma guerra que pode redundar de um momento para o outro em ataques nucleares. As maiores potências ocidentais estão a brincar com o fogo. Obviamente que são os povos a sofrerem gravosamente as consequência. Isso já sabemos desde sempre.

Fiquem com o Curto do Expresso que habitualmente aqui trazemos. Cuide-se e saiba o que lê… Há muitos modos de matar pulgas e os jornalistas são falíveis ou até tendenciosos, além de que nem sempre se podem dissociar dos interesses dos que lhes pagam os ordenados. Daí, muitas vezes, não serem devidamente objetivos, nem verdadeiros investigadores do que realmente abordam. Nem sempre assim é, mas é muito assim. Por isso todo o cuidado é pouco. Neste Curto Luísa Meireles, a jornalista, diz muito só com o título. É caso para nos tirar o sono... e a vida. A vida de muitos milhões de seres humanos.

Muito bom dia, se a guerra não rebentar de um momento para o outro. Se tal acontecer… salve-se quem puder. Faça por isso. Podem crer que estamos à beira de uma guerra nuclear made in EUA-Reino Unido-França. (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

E se não acordarmos amanhã?

Luísa Meireles | Expresso

Há dias em que parece que as coisas correm mal. Colhem-se notícias aqui e ali e não se gosta do que se lê. Hoje, por exemplo, com o tempo a (des)contar para o ultimato do Presidente americano de que daria até 48h uma resposta ao bombardeamento com armas químicas na Síria alegadamente pelo regime de Assad (este e os seus aliados russo e iraniano negam-no veementemente), não se sabe se se chega até ao fim do dia sem que aconteça o pior: a queda num perigoso precipício. As 48h já passaram. E a Eurocontrol, o organismo que regula o espaço aéreo europeu, anda a avisar desde ontem as companhias de aviação para que sejam cautelosas a programar voos no leste do Mediterrâneo, devido à possibilidade de ataques aéreos na Síria nas próximas 72h (agora já são menos).

A queda no precipício foram palavras da embaixadora americana na ONU, Nikki Hailey, antes de se saber que o seu Presidente tinha suspendido uma viagem à América Latina para lidar com o assunto e concertar-se com os aliados. Ao mesmo tempo, o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, avisou o Conselho de Segurança que a guerra na Síria já vai para além de uma crise nacional ou regional e é agora “uma ameaça à segurança internacional”. Todos nós o intuíamos, mas os grandes deste mundo deixaram andar. Há quanto tempo, lembra-se? Nem eu.

Agora, aqui estamos. O Presidente francês Macron reclama uma “resposta forte e conjunta”, ouve-se o Irão dizer que o ataque aéreo a uma base síria (que matou sete iranianos e que é atribuído a Israel) “não ficará sem resposta”. O Governo português pede "firmeza" mas também respeito". Pensa-se: estamos mesmo a pensar no fim do mundo? Trump versus Putin? Time to be scared! Quer dizer, é a altura de ficar assustado.

Bem sei que ao pé desta, todas as outras noticias parecem pequenas. Mas como gostar de saber que há crianças no Hospital de S. João do Porto que fazem quimioterapia no corredor, sendo que o próprio presidente do hospital admite que as condições do atendimento pediátrico são “indignas” e “miseráveis”? Ou que doentes oncológicas em Viseu também não podem fazer mamografias porque o aparelho está obsoleto? Ou ainda que enfermeiros em bloco pediram transferência das urgências do hospital de Abrantes? Ou que os profissionais de saúde iam passar a vestir-se de luto às sextas-feiras “pela agonia do SNS” (e “contra o discurso cor-de-rosa do Governo”)?

Os bastonários da Ordem dos Médicos e dos Enfermeiros não deixam o ministro Adalberto Campos Fernandes descansar, ao ponto de este dizer que no Governo “somos todos Centeno”, que é outra maneira de dizer que a verba é curta. O ministro sabe que os titulares da sua pasta costumam ser “o bombo da festa político” (disse ele), mas perante o fogo das críticas de parceiros e oposição vai alastrando a convicção desta que “o ministro da Saúde em funções” é o Mário Centeno. Esta é a nova arena do combate político et pour cause. Não é por acaso que o BE exige a libertação de verbas imediatas para o S. João. A verdade é que o SNS está a colocar Centeno sob fogo cerrado. Na saúde, só mesmo o PS é Centeno.

É, aliás, por isso, que o “Super-Mário” vai hoje prestar esclarecimentos logo pela manhã ao Parlamento sobre – e cito - “os sucessivos bloqueios que degradam a qualidade do Serviço Nacional de Saúde”. Vai fazê-lo perante os deputados das comissões do Orçamento e da Saúde, a requerimento do PSD. O ministro já veio a terreiro dizer que a despesa na Saúde até aumentou, no artigo que publicou na segunda-feira e que já foi muito glosado por comentadores e políticos. Pois é, mas não chega.

Entretanto, a OMS revela o que já se sabe, que os profissionais do setor estão mal pagos e que o país precisa de novas estratégias e de longo prazo (pois). E ficamos a saber que o tempo com saúde depois da reforma está a encurtar, (cinco anos para os homens, quatro anos para as mulheres) porque as pessoas se vão reformando mais tarde (uma inevitabilidade). Isto lembra-nos um outro assunto: é que o mercado, desde já, está a preferir os seniores.

OUTRAS NOTÍCIAS

Centeno está, pois, na berlinda. Não por acaso, o Bloco de Esquerda decidiu altear a voz em vésperas da discussão do Plano de Estabilidade no Parlamento e a preparar já o tempo eleitoral: deu o prazo de sexta-feira par o ministro mudar de opinião. Ameaça com instabilidade governativa (é mesmo?). O BE também não gostou do artigo do ministro que punha os pontos nos "iis" sobre a contenção orçamental. Aliás, Paulo Trigo Pereira, deputado do PS, juntamente com outros economistas, publicou um livro em que acha que há vias alternativas mais moderadas para conter o défice. Tem razão, há sempre.

No Parlamento também hoje se vai discutir no Parlamento algo relacionado com isto: o Bloco de Esquerda leva a votos as reformas sem corte aos 63 anos. O PS vai chumbar, soube-se já adiantada a noite, e a notícia está aqui. Seriam mais de 31.600 pessoas abrangidas. O PS já fez novas propostas sobre estas reformas e até já as fez chegar aos parceiros. Já agora, lembre-se que dentro de 30 anos, devido ao envelhecimento da população, só metade da população em Portugal terá capacidade para trabalhar o que, obviamente, trará problemas para o bem-estar e o crescimento. Não estamos sozinhos, o mesmo problema afeta a França, Itália e Espanha. Trata-se de um estudo Panorama Económico Mundial (World Economic Outlook – é longo e está em inglês).

António Costa está em Londres, onde participa hoje num fórum económico (o investimento britânico em Portugal quintuplicou em 2017 relativamente a 2016). Ontem, foi recebido pela primeira-ministra Theresa May, onde falaram sobretudo sobre o futuro das relações bilaterais. O PM fez questão de dizer à imprensa que a sua homóloga britânica lhe tinha agradecido a solidariedade perante o caso Skripal (ainda bastante mal explicado, digo eu, mas não sou a única). Quanto à comunidade portuguesa, deixou o recado que são bem vindos se quiserem regressar, mas que terão também a vida mais facilitada se decidirem continuar.

Uma notícia simpática nunca vem só. Há logo outra antipática que se segue. É assim que se ficamos a saber que o orçamento está a dar folga (os números com que o Governo está a trabalhar como metas orçamentais sugerem um alívio dos esforços para cortar o défice), o mesmo não se passará com a carga dos impostos. Mas não conte com isso antes de 2021.

Está cada vez mais difícil de viver em casa arrendada (eu não lhe disse que há dias em que não se gosta das notícias?) Disse o DN que há 100 mil famílias em risco de ver as suas rendas triplicarem a partir de 2020. A esquerda admite alterações à lei das rendas, que foi feita pelo anterior governo, mas a direita quer vê-la cumprida. Curiosamente, o CDS (foi o Ministério de Assunção Cristas que a elaborou) propõe também agora alterações, nomeadamente incentivos ao arrendamento de longo prazo.

Se teve de viajar nestes últimos dias, de certeza que não ficou impassível perante a catadupa de voos cancelados, talvez até o seu. É isso mesmo, há uma greve de zelo dos pilotos que obriga a TAP a fazê-lo. Em março, os cancelamentos quase triplicaram. Os deputados já pediram explicações ao ministro, que disse que sim, está disposto a ir lá, mas que quem deve responder é a administração da companhia. Por sua vez, a TAP diz que vai contratar este ano 170 pilotos e 300 tripulantes de cabine (apresente-se, se for esse o seu caso!) Na Alemanha, também houve greve mas dadas as dimensões do país, o choque foi bem maior: foram 800 os voos cancelados pela Lufthansa.

Hoje é Dia Mundial da Doença de Parkinson. Por isso, por favor, leia este artigo. Fala da descoberta de uma equipa portuguesa, que poderá tornar mais fácil a sua deteção, com uma simples e rotineira análise ao sangue. A doença não tem cura, mas se for detetada a tempo, quem sabe? A chave poderá estar na diabetes. Ou aqui.

Na Justiça, é sempre notícia quando fala a procuradora-geral da República. Joana Marques Vidal escreveu um artigo de opinião onde alerta para qualquer eventual e velada tentação de “subtis” alterações que ponham em causa a autonomia do Ministério Público. A ler.

O escândalo do roubo de contas no facebook também chegou a Portugal. Na União Europeia, calcula-se que tenham sido 2,5 milhões de utilizadores a ver os seus dados violados, em Portugal, pode verificar aqui se também foi o seu caso. A DECO está a exigir respostas. (A propósito, Mark Zuckerberg foi ontem depor ao Congresso americano e pediu desculpa, além de mostrar uma forma de estar no mundo. Aqui estão as suas melhores tiradas).

And last, but not the least, SPORTING! Não pense que me esqueci, mas com tanto que se tem falado, os contributos para o enriquecimento cultural do leitor tinham que ser cuidadosamente escolhidos. Por isso, apresento-lhe estas sugestões: O filme de 72 horas que empurrou Bruno para o exílio começou há quatro anos; o burnout de Bruno de Carvalho (o que é?); e a SAD do Sporting que diz que a turbulência no clube pode por em causa a próxima emissão obrigacionista (30 milhões de euros, coisa pouca). E depois tem destas coisas: um português nunca se rende nisto de fazer humor. O presidente do Sporting saiu das redes, mas entrou na paródia. Nas redes, claro. Ahahahahah!

LÁ FORA

BRASIL. Lula cumpriu já quatro noites na cadeia em Curitiba e o PT transferiu os protestos para esta cidade do Paraná. A Christiana Martins está lá e viu o povo de Lula da Silva no acampamento em Curitiba. Merece a pena: “Muitas rugas, pele curtida pelo sol e chinelo no pé, sorriso no rosto e esperança de ver o companheiro Lula sair”. E vão ficar até quando? O historiador Lincoln Secco não está otimista e prevê uma eleição presidencial muito violenta e um Presidente eleito com pouca legitimidade: “Nem Lula conseguiria hoje reconciliar o país!” O professor de Filosofia Renato Lessa também adverte para o pior: “há um sério risco da próxima eleição ser disputada entre um candidato da direita e da extrema-direita”, sendo que as teses da direita têm pouco apoio, alerta na Folha de S. Paulo.

SÍRIA. Retomo o tema do princípio. A Rússia e os Estados Unidos chocaram no Conselho de Segurança a propósito do ataque com armas químicas em Douma, enquanto parece começar a emergir uma coligação no ocidente. Mas nada será simples. O Congresso americano já vai avisando que se Trump quiser partir para uma ação militar, vai ter de ouvi-lo antes. As relações entre os EUA e a Rússia nunca estiveram tão más. Vem na newsletter do Politico de hoje.

RÚSSIA. Entre uma coisa e outra, será de atentar no que será a posição do grande país do Leste. Diz um assessor de Putin que o seu país está a entrar numa nova era de isolamento geopolítico, depois de séculos de esperança de integração no Oeste. Vale a pena refletir no que diz Vladislav Surkov: “a épica jornada da Rússia em direção ao Ocidente acabou!”. Um outro conselheiro, Igor Yurgens, pensa que o mundo voltou aos velhos tempos da confrontação bipolar, mas com novos líderes e novos métodos.

HUNGRIA. Ganhou Viktor Órban de novo e arrasou pela terceira vez em maioria absoluta, a caminho do seu quarto mandato. Com 133 deputados em 199, tornou-se o maior partido do PPE. Por essa razão, o representante da democracia agora chamada de iliberal já é considerado o “protegido da direita europeia”. A Der Spiegel reflete sobre o que isto significa para a Europa (em inglês, previno, mas se é fluente vale a pena)

A propósito, já agora, a ajuda europeia aos REFUGIADOS está em declínio. Não é de espantar. São os últimos números da OCDE.

Na EUROPA ainda, vale a pena dar uma olhada ao último relatório do Banco Central Europeu, que acaba de reconhecer o impacto neutro ou mesmo negativo das suas políticas aplicadas depois de 2014. Foi o próprio Vítor Constâncio que o disse aos eurodeputados. E esta? Isto da economia europeia é sempre a aprender. Baixa de taxas de juro? Nope. Taxas negativas? Nope. Programas de compra de obrigações? Nope.

EUA. O Cantinho de Trump está de volta. Já se sabe que o Presidente americano ficou furioso com a busca do FBI ao escritório do seu advogado, Michael Cohen. Agora, admite a possibilidade de demitir o procurador especial Robert Mueller(que foi diretor do FBI). Quem se demitiu mesmo foi o assessor para a Segurança Interna, Tom Bossert. Será substituído por John Bolton (um falcão que já foi embaixador na ONU), cuja chegada à Casa Branca como conselheiro para a Segurança Nacional já tinha provocado a saída do porta-voz do Conselho. Quem já leu o "Fogo e Fúria", percebe.

GUERRA COMERCIAL. Vai-se desenvolvendo. Depois dos anúncios de retaliação da China sobre os EUA da semana passada, eis que o líder chinês Xi Jinping estuda a possibilidade de desvalorizar o yuan como “arma” para anular o impacto de qualquer disputa que penalize as exportações, ao mesmo tempo que pede diálogo em vez de confrontação. Uma no cravo, outra na ferradura. Em português, está aqui.

FRASES

"Esta operação [da compra da Media Capital pela Altice] não pode ser em qualquer circunstância permitida... os danos são irreparáveis e irreversíveis", Miguel Almeida, presidente executivo da NOS, no Parlamento, no Jornal de Negócios

"Que mais provas são precisas para o PS perceber que a lei [do arrendamento] tem de ser revogada?", Rita Rato, do PCP, no I

"Há sempre alternativas e aquilo que é necessário discutir é qual o objetivo de médio prazo para o saldo orçamental e qual ritmo para a melhoria das contas públicas", Paulo Trigo Pereira, deputado do PS, ao D.N.

"Trabalhamos imenso para parecer que é tudo um acaso", Pedro Tochas, ator, ao D.N.

Senador: Estaria confortável em partilhar o nome do hotel onde passou a última noite?

Zuckerberg: Não.

Senador: Estaria confortável em partilhar o nome das pessoas com que trocou mensagens na última semana?

Zuckerberg: Não.

Senador: Acho que isto nos leva à questão que importa, a privacidade, na audição do criador do Facebook no Senado americano

O QUE ANDO A LER

O tempo não dá para tudo, já se sabe. Ainda estou a digerir os meus livros de cabeceira. Entre uma coisa e outra vou lendo os temas europeus, que sempre me interessam. Desta vez, escolhi um da Fundação Robert Schumann, A European Momentum. Argumenta que agora que o crescimento voltou ao velho continente, é tempo da Europa voltar a jogar na cena internacional. Há ilusões que fazem sentido.

Chegou-me entretanto às mãos um livro da jornalista Rosário Lira, uma biografia de um português quase desconhecido, o Cardeal Monteiro de Castro, “O Núncio Português” (Principia), um diplomata do Vaticano e “soldado do Senhor” que nos idos dos sessenta apanhou o Sud-Express em Pampilhosa da Serra e a partir daí correu mundo desde o Panamá e El Salvador, ao Vietname e Cambodja, passando pela África do Sul e Austrália, entre muitos outros países. Eu fazia parte do lote dos portugueses que nada sabia dele até a minha amiga Rosário me por o livro nas mãos. Se se interessa pelo tema, não tem nada a perder.

Quando li isto – a possibilidade de um aparelho poder escutar os pensamentos de uma pessoa (a voz interior?) - achei que, primeiro, era uma notícia do 1º de abril desfasada e, depois, um texto de ficção científica. Pelos vistos, nem uma coisa nem outra. Parece que é verdade. Medo! Quando Ursula Le Guin escreveu sobre uma civilização invasora que o fazia, não imaginava que antecipava a realidade. Mas ela também mostrou que era possível vencê-los.

Na despedida, divirta-se um pouco, sobretudo se se confronta com o problema das crianças e dos telemóveis. Demora exatos 15s.

Tenha um Bom Dia. Fique connosco.

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