domingo, 10 de junho de 2018

BILDERBERG | Os filhos da pauta reuniram-se durante três dias em Turim


Terminou hoje (10.6) a reunião da organização secreta Bilderberg, realizada em Turim em ambiente recatado e superprotegido. Desde dia 7 que a organização dos endinheirados e afortunados donos do mundo – os tais 1% da população mundial - à mistura com uns quantos lacaios estiveram reunidos. O que ali se fala e o que realmente acontece é secreto – o que de modo algum pode ter significado positivo para a população mundial.

Pegando na publicação em português do Brasil “Oriente Mídia” e na expressão ali usada “pauta”, estamos em crer ser correto considerar que os filhos da pauta se reuniram para decidir os destinos das políticas do mundo, das suas cobranças coercivas e tão lucrativas  da exploração dos países e dos povos constantes na “pauta” secreta. São assim os filhos da pauta. (PG)


Gato escondido com o rabo de fora

7/6/2018, Coletivo de Tradutores Vila Vudu (distribuído por e-mail)

Valha o que valer, aí vai a parte da ‘pauta’ que o Clube de Bilderberg, que se reúne a partir de hoje, esse ano em Turim, Itália, deseja que você acredite que ele está(ria) discutindo. [A notícia da reunião vem de Pepe Escobar, pelo Facebook. Comentários, em itálicos, são do Gato Filósofo, GF].

[COMENTÁRIO GF] Sinceridade? Essa pauta parece pauta da editoria de internacional d’O Estado de S.Paulo ou da ‘sociologia’ da USP-UDN, sô! Quem mais, além da editoria de internacional d’OESP e da ‘sociologia’ da USP-UDN (além de CIA e MI6 em Bilderberg, claro!), ainda temeria o “populismo” declarado uma das faces mais tenebrosas do povo demoníaco em ação?!

 The 66th Bilderberg Meeting
a realizar-se nos dias 7-10/6/2018 em Turim, Itália.

“A 66ª Reunião de Bilderberg deve acontecer entre os dias 7-10/6/2018 em Turim, Itália. Até o momento, 131 participantes, de 23 países, já confirmaram presença. Como sempre, um grupo diversificado (sic) de líderes políticos e especialistas da indústria, finança, academia e mídia foram convidados. A lista dos participantes está disponível em www.bilderbergmeetings.org.”

[COMENTÁRIO GF]: Na tal lista vê-se que Kissinger e o general Petraeus já confirmaram que lá estarão. Kissinger representa seu próprio escritório de advocacia, claro, e lá estará de pleno direito (vai sempre). Petraeus, já perdoado e reabilitado[1] é hoje empregado do KKR Global Institute, o mesmo fundo de investimentos que “em 2012, ao anunciar a contratação de Henrique Meirelles como conselheiro sênior” apontou o hoje diz-que-candidato a presidente do Brasil como “parceiro tremendamente valioso para a empresa. Um executivo do fundo, Alex Navab, disse que o KKR confiava nos “conselhos e percepções de Meirelles no mundo da governança, finanças e investimentos”(Valor, 10/8/2017).

Assim sendo, o general Petraeus, em 2018, é o mais parecido com o que se pode ver como representante dos interesses da CIA e do governo golpista do Brasil, presente oficialmente em Turim, para o encontro Bilderberg-2018.

A ‘pauta’ que Bilderberg, que se reúne a partir de hoje (7) em Turim, Itália, deseja que você acredite que lá esta(ria) em discussão em 2018 “inclui” (significa que há mais, portanto, no campo do sabido não dito) os seguintes tópicos:

Populismo na Europa
O desafio da desigualdade
O futuro do trabalho
Inteligência artificial
EUA antes das eleições de meio de mandato
Livre comércio
Liderança dos EUA no mundo
Rússia
Computação quântica (for dummies)
Arábia Saudita e Irã
Mundo da “pós-verdade”
Eventos em andamento.

[COMENTÁRIO GF] Dado que essa é apenas uma pauta “incluída” em pauta maior não noticiada, claro que há mais pauta. Mas não se fala da continuação a qual, se não é Rússia e Irã e Arábia Saudita, já ‘pautados’ na parte divulgável, será necessariamente China e talvez até, por que não, Brasil e Índia.

A China, que não é nem EUA nem Europa (quer dizer, nem CIA nem MI6), esteve presente em lugar de honra em Bilderberg 2017. Sumiu em 2018. O Brasil não é nem EUA nem Europa, mas está sob golpe da CIA desde 2016 e está na lista de compra de supermercado de todos os reunidos em Bilderberg 2018. E a Índia também é problema não dito. Ganhou de presente dos EUA um “Comando do Pacífico Asiático”, mas, com comando de presente e tudo, a Índia continua sem dar bola para sanções dos EUA, e mantém-se parceira comercial ativíssima de Irã e Venezuela, atropelando sanções.

Todos os presentes à reunião de Bilderberg 2018 têm interesses investidos no golpe em curso no Brasil. TODOS.

Israel não aparece como ‘tema’, nem como ‘eventos em andamento’, porque, como se sabe, Israel, potência ocupante de terra palestina, não é tema nem evento: para CIA e MI6, organizadores de Bilderberg, Israel é projeto].

“Fundada em 1954, a Bilderberg Meeting é uma conferência anual que visa a promover o diálogo entre Europa e América do Norte. Todos os anos, entre 120 e 140 líderes políticos e especialistas em indústria, finança, academia e a mídia (sic) são convidados a participar da conferência. Cerca de 2/3 dos participantes vêm da Europa; aproximadamente ¼ são políticos ou membros de governos, e os demais vêm de outros campos.

A conferência é um fórum para discussão informal sobre grandes questões que o mundo enfrenta (sic). As reuniões acontecem sob a “Regra de Chatham House”, pela qual os participantes são livres para usar informação que recebam, mas comprometem-se a não revelar nem a identidade nem a afiliação de quem fale, nem de qualquer outro participante.

Graças à natureza privada (Hellloou!) da reunião, os participantes não são limitados pelas convenções dos respectivos cargos (públicos? Privados? Como assim?!), nem por posições assumidas previamente. Assim, todos podem ouvir, refletir e coletar insights. Não há resultado esperado, não há tempo delimitado para qualquer intervenção e não se emitem relatórios por escrito. Além disso, não há propostas de resoluções, nem votações, nem se estabelecem normas internas [ing. policy statements]” [da página internet do ‘grupo’, aqui traduzida].

[COMENTÁRIO GF] As condições são as de sempre, quando os reunidos não temem que haja povo ouvindo pelos cantos. É conferência de quem ainda insiste em fazer-crer que não teria de dar NENHUMA satisfação ao mundo real. PORÉÉÉM, reúne-se secretamente para discutir a parte do mundo real que, até junho de 2018, continue a resistir contra as decisões de Bilderberg de junho de 2017.

A parte divulgada da pauta de Bilderberg 2017 foi a seguinte:

Governo Trump: relatório de andamento
Relações Transatlânticas: opções e cenários
A Aliança de Defesa Transatlântica [conhecida como “OTAN”]: “bullets, bytes and bucks” [dito “item de agenda que recebeu o título mais ridículo da história de Bilderberg“. Naquele momento, a OTAN começava a lutar para aumentar a própria dotação em termos de “balas, bytese grana”, alegadamente para enfrentar a Rússia, mas, naquele momento, também para enfrentar o primeiro presidente Donald Trump.[2] Uma sessão de debates com o mesmo título “o mais ridículo (…)” foi presidida por Jens Stoltenberg, desde 2014 secretário-geral da OTAN.
Rumos da União Europeia
É possível tornar mais lenta a globalização?
Empregos, renda e expectativas não realizadas
Guerra contra a informação (sic) [ing. The war on information]
Por que cresce o populismo?
Rússia na ordem internacional
Oriente Próximo
Proliferação Nuclear

China [“A China será discutida numa reunião da qual participarão o embaixador da China nos EUA, o secretário de comércio dos EUA, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, dois senadores dos EUA, o governador da Virginia, dois ex-diretores da CIA– e quase incontáveis investidores-monstro norte-americanos, incluindo diretores de empresas de serviços financeiros Carlyle Group e KKR. [É a mesma KKR que, em 2012 contratara Meirelles como ‘conselheiro” e em 2018, exibirá em Bilderberg o general Petraeus na diretoria.] Ah, e o patrão de Google” (The Guardian, 1/6/2017).]
Eventos em andamento.

[COMENTÁRIO GF]: De interessante a anotar, para analisar depois, que:
(i) o “populismo” passou de 8º lugar, em 2017, e do estado de pergunta, para 1º lugar, circunscrito à Europa, mas afirmado, sem perguntas retóricas, logo no ano seguinte;
(ii) todas as entradas de pauta em 2018 tornaram-se ‘vagas’: por exemplo, de “Rússia na ordem internacional”, em 2017, para “Rússia”, assim, no ar, em 2018. Da China de corpo presente, em 2017,[3] para “faz-de-conta que a China não existe”, em 2018.
Nem é preciso comentar dois itens da agenda de 2018, que, em 2017, é núncaras que teriam status de item de pauta de Bilderberg:
(iii) a tal “Computação quântica”, WTF; e
(iv) o mundo da rementira, que Bilderberg tenta tolamente (re)pautar como “mundo da pós-verdade”.

Interessante anotar também que:

(v) em 2017, o Oriente era dito Próximo; em 2018, o item de pauta se chama “Arábia Saudita e Irã”. Quando, em Bilderberg, desde 1954, Arábia Saudita e Irã foram um só item de pauta?!

EM TEMPO: Até o fechamento dessa edição, o mundo real não confirmara presença oficial em Bilderberg 2018. Lá não aparecerão oficialmente nem a moeda nem o correspondente lastro-ouro nem chineses nem russos. Lá só aparecerá oficialmente o EUA-dólar, cuja substituição por yuan, rials, rublos et allii, estranhamente, não está pautada para Bilderberg 2018, nem como perguntinha retórica nem, que fosse, como alguma vaga ideia. Bilderberg 2018 já é gato escondido cô rabo de fora. Segue a luta.

Kim Jong-un, a transformação do jovem ditador norte-coreano


Kim Jong-un, que herdou o poder absoluto da hermética Coreia do Norte com menos de 30 anos, passou em pouco tempo de pária da comunidade internacional a hábil estratega capaz de negociar frente-a-frente com os Estados Unidos.

Filho e neto de implacáveis tiranos, o terceiro membro da mediática dinastia chegou ao poder em dezembro de 2011, mas foi este ano que conseguiu mudar a imagem de ditador volúvel que atemoriza o mundo com lançamentos de mísseis e testes nucleares.

O marechal Kim, cujas únicas deslocações foram à China, sua principal aliada, onde se reuniu em março passado com o Presidente chinês, Xi Jinping, e à fronteira intercoreana, onde se encontrou, dois meses depois, com o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, vive agora uma etapa de abertura diplomática enquanto cultiva a imagem de estadista.

Este novo reconhecimento internacional alcançará o auge na próxima terça-feira, 12 de junho, em Singapura, na cimeira com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a primeira da história entre os dois países.

Antes do importante encontro, Kim conseguiu inclusive ser considerado um líder mais fiável que o imprevisível inquilino da Casa Branca.

Como em quase tudo o que rodeia o opaco regime de Pyongyang, não se sabe a data exata do nascimento do filho do "grande líder" Kim Jong-il, e neto do fundador do país, Kim Il-Sung, mas pensa-se que terá entre 34 e 36 anos.

Sabe-se que o jovem líder gosta de basquetebol e de filmes de ação e que fala inglês, francês e alemão, graças à educação num colégio em Berna, capital suíça, que frequentou incógnito e sob o controlo de muitos funcionários norte-coreanos entre 1993 e 1998.

Talvez devido à sua juventude ou à educação ocidental, Kim mostrou uma clara tendência para modernizar a imagem e os costumes do país, com gestos como a criação, assim que chegou ao poder, da banda de raparigas Moranbong, semelhante aos grupos de K-pop da Coreia do Sul.

Em contraste com os seus pais, Kim Jong-un deu um papel público à mulher, Ri Sol-ju, com a qual se crê que tem dois ou três filhos, e que o acompanha em muitos eventos e atividades, como a primeira viagem que fez à China.

O atual líder, responsável por grandes purgas e acusado de ter ordenado o assassínio do seu meio-irmão mais velho, Kim Jong-nam, chegou ao poder como quase um desconhecido para os norte-coreanos, após a morte do pai, a 17 de dezembro de 2011.

Além do visível excesso de peso, o dirigente -- que a princípio se mostrava inseguro nas aparições públicas -- foi adquirindo, com os anos, uma presença mais confiante e uma parecença evidente com o seu venerado avô, que tenta, segundo os especialistas, imitar para conseguir o respeito dos súbditos.

A maioria dos dados sobre a sua vida privada é conhecida através dos serviços secretos de Seul ou pelas extravagantes visitar que recebeu de Dennis Rodman, antigo jogador de basquetebol da NBA que o descreveu como um homem "divertido e sorridente".

Fumador inveterado e de voz rouca, Kim impôs-se na linha sucessória aos irmãos mais velhos, Kim Jong-nam e Kim Jong-chul, depois de ambos terem sido descartados por se considerar que não estavam preparados para o poder, um por ser demasiado ocidental e o outro devido ao seu pouco interesse pela política.

Enquanto as flagrantes violações dos direitos humanos continuaram a ser a tónica no país sob a sua liderança, o comandante supremo do Exército Popular da Coreia e presidente do Partido dos Trabalhadores apostou de forma especial no seu programa de armamento e no desenvolvimento económico.

Embora agora garanta estar disposto a renunciar ao seu arsenal nuclear, o Governo de Kim Jong-un intensificou a aposta no nuclear, uma opção já feita pelo anterior líder, como seguro de vida para o regime.

O aumento de testes nucleares e balísticos não deixa lugar para dúvidas: nos últimos cinco anos, a Coreia do Norte fez muito mais lançamentos de mísseis balísticos e testes nucleares do que nos 17 anos que durou a liderança de Kim Jong-il, entre 1994 e 2011.

Lusa | em Notícias ao Minuto

Depois de Kim | Trump também já chegou a Singapura para encontro histórico


Líder da Coreia do Norte foi o primeiro a chegar a Singapura. Após meses de avanços e recuos, Trump e Kim Jong-un estão prestes a encontrar-se.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, também já aterrou em Singapura onde vai decorrer a cimeira histórica com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte.

O aeroporto, tal como toda a cidade de Singapura, está rodeado de medidas de segurança.

A organização do encontro entre Trump e Kim Jong-un foi uma corrida contra o tempo - com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes. 

Kim Jong-un aterrou hoje no aeroporto de Changi, Singapura, pouco depois das 15:00 locais (08:00 de Lisboa).

Melissa Lopes | Notícias ao Minuto

Trump e países do G7 se distanciam após cúpula crispada pelo comércio


Aliados chegam a comunicado genérico contra o protecionismo, mas se mantêm as tensões.

“Somos o cofrinho de que todo mundo rouba”, afirma o presidente dos EUA

cúpula do G7 terminou em chamas neste sábado no Canadá. O grupo de países mais industrializados do mundo anunciou que tinha acordado em comunicado conjunto tratar de evitar uma escalada protecionista, depois de dois dias de reuniões muito difíceis pelo giro isolacionista dos Estados Unidos. A tensão estourou pouco depois. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, criticou a política de Trump em sua coletiva de imprensa de fechamento e o presidente se revoltou via Twitter pouco momento depois. Fiel a seu desejo, vulcânico, imprevisível, anunciou que ordenava a seus representantes que não subscrevessem o texto.

"Baseado nas falsas declarações de Justin em sua coletiva de imprensa, e no fato de que Canadá está cobrando tarifas massivas de nossos fazendeiros, trabalhadores e empresas, instruí nossos representantes para que não apoiem o comunicado enquanto olhamos nossas tarifas sobre os automóveis que inundam o mercado norte-americano", escreveu em sua conta da rede social.

A cúpula fracassou estrondosamente no objetivo de reduzir as tensões, começando como começou, já crispada, com censuras públicas de Trump à União Europeia e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e a réplica do presidente francês, Emmanuel Macron, que advertiu ao nova-iorquino que ninguém é eterno e que o mercado dos seis países restantes superava o dos EUA. Na coletiva de imprensa de fechamento, Trudeau considerou "um sucesso" as conversas "francas" entre os países, mas seu enfado era evidente: "Os canadenses somos amáveis e razoáveis, mas não nos vão avassalar", enfatizou. De novo, qualificou como "insultante" que Washington use o argumento da segurança nacional para subir as tarifas de seus produtos, tendo em conta, ressaltou, que soldados de ambos países "lutaram ombro a ombro em terras longínquas em conflito desde a primeira guerra mundial".

O passo de Trump por Quebec foi turbulento e ciclotímico. Chegou tarde, se foi cedo, e durante sua estância combinou os elogios com ameaças de ruptura e frases grosseiras, marca da casa. “Somos o cofrinho de que todo mundo rouba”, lamentou em uma declaração diante da imprensa, logo antes de abandonar a cúpula. Contra prognóstico, EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão foram capazes de acordar um comunicado em que concordam em reduzir impostos, de forma genérica, e se comprometem a modernizar a Organização Mundial do Comércio (OMC), organismo que os Estados Unidos ajudaram a criar em 1995, mas que a nova ordem de Washington critica com dureza. 

Os EUA não subscreveu as referências do texto à luta contra a mudança climática, como ocorreu na última cúpula, já que deixou o Acordo de Paris. Mas o principal cavalo de batalha agora é o comércio. Trump declarou a guerra ao déficit comercial. Os EUA, a primeira potência econômica mundial, importam de outros países muito mais do que exportam, e este desequilíbrio, que somou 556 bilhões de dólares (472,5 bilhões de euros) no ano passado, foi sua fixação desde que começou sua caminhada para a Casa Branca. Ele o atribui a acordos comerciais injustos e lhe culpa pela perda de pujança fabril da economia. Neste contexto, ativou em junho uns tarifas ao aço (25%) e ao alumínio (10%) procedente do Canadá, México e a UE. Os afetados responderam com represálias equivalentes, alimentando uma escalada de tensão diplomática que marcou esta cúpula.

Na sexta-feira, surpreendeu pondo sobre a mesa a possibilidade de criar um espaço comercial comum. “Nem impostos nem barreiras, é assim que deveria ser. E sem subsídios”, resumiu neste sábado, sem ficar muito claro se tratava-se de uma posição meditada ou um rompante. Trump assegurou que “a relação com Angela [Merkel] e Emmanuel [Macron] é 10”. “Não lhes culpo, senão a meus predecessores, não só Barack Obama, isto leva 50 anos”, assegurou, mas ressaltou que terá de haver mudanças em material comercial. “Não têm alternativa, devem o fazer”, disse, porque, de outro modo, “não faremos comércio”. Ato contínuo, deu como exemplo o setor lácteo do Canadá e criticou o encargo de 270% que seu vizinho do norte aplica ao leite dos EUA.

A Administração de Trump abriu três frentes comerciais a um tempo: uma com Pequim, outra com a UE e o do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLC) com Canadá e México. A China representa o grosso do desequilíbrio comercial norte-americano (375 bilhões de dólares), seguida da Europa (151 bilhões), mas Washington não distinguiu entre rivais e aliados.

Fontes do Governo francês citadas pela Bloomberg assinalaram que as conversas entre europeus e norte-americanos poderiam ser retomadas nos próximos dias. O chanceler Merkel propôs a criação de um mecanismo de avaliação para canalizar as negociações comerciais com a primeira potência.

Seu líder ausentou-se antes de tempo. Trump deicidiu encurtar sua estadia alegando a necessidade de preparar sua histórica cúpula com o líder norte-coreano Kim Jong-un, com quem espera pactuar a desnuclearização da península. Quanto lhe leva a crer que esse compromisso é crível?, perguntou-lhe um jornalista. “Vou sabê-lo no primeiro minuto”, respondeu. “É meu toque, minha sensação, é o que faço”. E partiu rumo a Cingapura.

Amanda Mars, em Quebec | El País, em português do Brasil

Foto: Imagem disponibilizada pelo Governo alemão, a chanceler Angela Merkel fala com o presidente Donald Trump. JESCO DENZEL AP

A pressão para privatizar bancos


Prabhat Patnaik [*]

Desde o primeiro instante, sempre houve uma exigência para desfazer a nacionalização da banca na Índia. Esta exigência, naturalmente, ganhou impulso com a adopção das políticas neoliberais. Para o capital financeiro transnacional era completamente inaceitável que o grosso do sector bancário num país como a Índia permanecesse sob propriedade pública. Consequentemente, "amigos" da Wall Street que trabalhavam na administração dos EUA, como Tim Geithner e Larry Summers, visitaram a Índia e exigiram ao nosso governo que, mesmo se não pudesse privatizar todo o sector bancário, pelo menos enviasse um "sinal" privatizando o Banco do Estado da Índia.

O governo indiano no entanto objectou porque temia uma reacção de ira popular. Mais recentemente, contudo, com o aumento de activos não rentáveis (non performing assets, NPA) de bancos públicos, tem havido novas pressões pela privatização da banca, com um antigo vice-presidente do Niti Aayog pedindo mesmo a todos os partidos políticos que a inscrevessem na sua agenda para as eleições de 2019.

Infelizmente para estes advogados da privatização, a vida real revelou a vacuidade da sua argumentação – mesmo com base nas suas próprias premissas – quase imediatamente depois de eles a avançarem. Assim, o absurdo da pressão de Summers-Geithner em favor da privatização foi demonstrado pela crise financeira de 2008 nos EUA. Esta crise, embora engolfasse grande parte do mundo capitalista, deixou o sistema bancário indiano – excepto o banco ICICI, do sector privado – virtualmente intacto, uma vez que o sector dos bancos públicos, motivados por um diferente conjunto de objectivos, quase não possuía activos estrangeiros, muito menos activos "tóxicos". Da mesma forma, o recente argumento a favor da privatização dizendo que a vigilância de accionistas privados asseguraria melhor administração de bancos e não permitiria a espécie de acumulação de NPA ocorrido nos bancos do sector público, mostrou-se vazia pelo que aconteceu ao banco ICICI. A sua executiva chefe foi acusada de "compadrio" ao imobilizar um grande empréstimo para o grupo Videocon o qual ajudou os interesses de negócios do seu marido. Ironicamente, os accionistas supostamente "vigilantes" do banco ICICI nem mesmo lhe pediram para ir de férias enquanto as acusações contra ela estavam a ser investigadas. (Informações iniciais de que haviam feito isso foram negadas posteriormente).

Toda esta pressão, embora tenha falhado em desfazer a nacionalização, no entanto teve êxito em forçar uma privatização rastejante dos bancos nacionalizados. Isto tem sido efectuado com base num argumento completamente espúrio, abaixo descrito.

O capital de base dos bancos do sector público tem de ser fortalecido para satisfazer as "normas" Basileia III. Mas uma vez que o governo não tem recursos orçamentais adequados para fortalecer o seu capital de base, e não deveria utilizar recursos orçamentais escassos para esta finalidade mesmo se o tivesse, ele deveria obter capital próprio do sector privado para assim fazer. A fatia accionária do sector público consequentemente tem vindo a cair drasticamente dos seus 100 por cento originais.

Este argumento a favor da tomada de capital próprio privado é completamente espúrio por várias razões: primeiro, o fortalecimento do capital base pode ser exigido no caso de bancos privados, mas dificilmente no caso de bancos do sector público, uma vez que toda a gente tem certeza de que o governo sempre viria em socorro dos bancos se eles enfrentassem uma crise. Vale a pena notar que mesmo recentemente, na esteira do escândalo do Punjab National Bank, em que Nirav Modi fugiu com 130 mil milhões de rupias dos recursos do banco, não houve pânico com retiradas de depósitos do mesmo: os depositantes estavam confiantes em que os seus depósitos estavam seguros no banco possuído pelo governo. Portanto, a normas Basileia III não são de todo relevantes para bancos do sector público.

Segundo, mesmo se o capital de base destes bancos tivesse de ser fortalecido, os fundos não tinham de vir do próprio orçamento. Uma vez que na rotina normal bancos não chegam a ser solicitados a recorrerem ao seu capital de base, e apenas o possuem para um "dia chuvoso" que nunca chega, se o governo pedisse emprestado a montante requerido para capitalizar os seus bancos a partir do Banco de Reserva (RBI), então aquele montante simplesmente permaneceria do RBI. Seria em suma uma pura transacção contabilística do RBI, a qual, muito emboraaparecesse como um défice orçamental no orçamento do governo, seria apenas um défice nocional e teria efeitos adversos zero sobre a economia. Portanto, mais uma vez, não há razão real para ir ao mercado de capitais a fim de fortalecer o capital base de bancos do sector público.

Contudo, estes argumentos têm sido utilizados para efectuar uma privatização rastejante. Mas a privatização rastejante não é suficientemente boa para o capital financeiro internacional. Ele quer a privatização total, não apenas uma que abrasse um vasto montante de recursos financeiros para o seu controle, mas também porque isso sublinharia o ponto ideológico, tão crucial para o modus operandi da finança, de que o interesse social seria melhor servido não pelo controle do Estado sobre a finança e sim pela concessão de liberdade plena à finança, ou, dito de modo diferente, pelo controle da finança sobre o Estado. E para esta finalidade, a crise NPA dos bancos do sector público está a ser utilizada ao máximo.

Mesmo que esta utilização seja marcada por argumentos absolutamente espúrios. Dois pontos em particular devem ser observados aqui. Primeiro, a razão mais importante para a crise NPA é o "saqueio corporativo" dos bancos do sector público, num contexto em que o governo tem aplicado pressão sobre estes bancos para a concessão de grandes empréstimos ao sector privado destinados a investimento em "infraestrutura".

A razão para o governo aplicar esta pressão é ela própria um argumento espúrio, o qual é como se segue. O governo não pode empreender o próprio investimento em infraestrutura porque isso incharia o défice orçamental. Portanto, este investimento tem de ser feito pelo sector privado e, para isto, o financiamento bancário é essencial. Agora, se o governo empreendesse este investimento então teria de tomar emprestado destes bancos (que é como o seu défice orçamental seria financiado). Portanto, este argumento equivale a dizer que se o governo tomasse emprestado dos bancos para investir em infraestrutura então isso seria mau para a economia, ao passo que se o sector privado toma emprestado dos bancos para investir em infraestrutura então isso seria bom para a economia, o que é uma proposição completamente absurda.

Mas, de qualquer modo, por causa deste argumento absurdo, o governo tem estado a pressionar bancos para emprestarem enormemente ao sector privado corporativo e várias destas corporações estão simplesmente a furtar este dinheiro no que deve ser uma nova forma de acumulação primitiva de capital. Do total de NPAs da ordem dos 8 a 9 milhões de milhões de rupias, acredita-se que tomadores corporativos representam cerca de 75 por cento do total. E 75 por cento destes empréstimos corporativos, por sua vez, acredita-se constituírem puro roubo, isto é, "saqueio corporativo" puro e simples, o qual portanto monta a 56,25 do total de NPAs.

É um absoluto desaforo da parte dos advogados da privatização exigirem que aqueles executaram este saqueio de fundos bancários fossem premiados pelo proprietário dos próprios bancos que eles saquearam, com o argumento de que os bancos estão num estado lamentável (devido a este saqueio). O que é necessário, ao contrário, não é a privatização de bancos, mas a sua continuação como entidades possuídas pelo Estado, argumento que permanece tão válido hoje como o foi em 1969 quando os bancos foram nacionalizados, juntamente com medidas punitivas contra aqueles que executaram este saqueio.

Incrivelmente, além de não tomar medidas punitivas, o governo nem sequer revelou os nomes dos grandes incumpridores de empréstimos de bancos do sector público [NR] . Ele não revelou estes nomes mesmo depois de os empréstimos destes grandes incumpridores terem sido cancelados (write off), o que significa que os mesmos ficaram livres para contrair empréstimos de outros bancos, mesmo quando se declaram impotentes quanto ao reembolso e, dessa forma, obtêm prorrogações de alguns bancos.

Na verdade todas as medidas governamentais nesta esfera basearam-se em considerar a firma como o ponto de referência. Mas em todos os casos de incumprimento deliberado, isto é, em que é estabelecido através de investigação que o incumprimento é um caso de "saqueio corporativo", a propriedade dos promotores deve ser preservada, incluindo o que eles possuem através de outras firmas no seu império. Este expediente muito simples seria um grande dissuasor contra o saqueio corporativo e também recuperaria um montante substancial dos empréstimos incumpridos.

Mas, pode-se perguntar, já teremos passado o ponto de não retorno no que se refere à poupança dos bancos do sector público? A resposta simples é "não". Não só a crise do NPA é um resultado em grande medida do "saqueio corporativo" como a própria crise está a ser exagerada a fim de pressionar a agenda da privatização.

Por que digo isto? Quando Narendra Modi empreendeu sua absurda medida da desmonetização, os bancos subitamente ficaram repletos de fundos, uma vez que o povo apressou-se a depositar seus haveres em dinheiro. Mas este enorme aumento nos recursos dos bancos não levou a qualquer crédito mais amplo. Ao invés disso, os bancos optaram por manter estes fundos em títulos governamentais, para o que tiveram de ser criados novos títulos do governo cujas receitas de vendas não podiam sequer serem gastas pelo governo (uma vez que isto teria aumentado o défice orçamental com grande aborrecimento do capital financeiro).

Assim, o que o exercício da desmonetização mostrou é que o desembolso de crédito na Índia não está constrangido pela oferta mas sim pela procura (no sentido de ser constrangido pela procura de crédito de tomadores que os bancos considerem como dignos de crédito). Portanto, a existência de NPAs não é um estrangulamento de crédito do lado da oferta, de onde se segue que se o governo realmente capitalizasse os bancos do sector público através de tomadas de empréstimos do RBI, então o montante de tais empréstimos seria simplesmente mantido pelo próprio RBI (como capital dos bancos). Isto seria apenas uma transacção contabilística do RBI sem efeitos adversos sobre seja o que for da economia.

Segue-se portanto que mesmo se a injecção de capital fresco em bancos do sector público tivesse de ser feita devido aos seus grandes NPAs, ainda assim não há necessidade de confiar no capital do sector privado para uma tal injecção. A afirmação actual em contrário é destinada meramente a ludibriar o povo levando-o a acreditar que, devido aos NPAs, não há alternativa à privatização de bancos do sector público. Este bluff tem de ser chamado pelo seu nome. 

10/Junho/2018

[NR] Também em Portugal o governo PS recusa-se a revelar a lista completa dos grandes devedores faltosos que provocaram graves prejuízos ao último banco público que resta no país, a CGD. 

[*] Economista, indiano, ver Wikipedia 

O original encontra-se em peoplesdemocracy.in/2018/0610_pd/push-privatising-banks . Tradução de JF. 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Onomatopeia


Em Portugal, soam agora os sinos da velha Roma. Um desespero lancinante percorre a comunicação social. O desatino é total. Nada era como imaginaram. 

Agostinho Lopes | AbrilAbril | opinião

Como é fácil pôr uma venda nos olhos, para não ver. Difícil mesmo é ir à raiz dos problemas. São estonteantes as circunvoluções, os volteios e rodeios, com que se pretende explicar a situação política em Itália, o Brexit, a eleição de Trump, e tutti quanti apareça que bata de frente com as certezas axiomáticas do neoliberalismo e do fim da história, com o capitalismo, doxa para uns, santo graal para outros!

São os populismos. É a subida da extrema-direita, dos (neo)fascismos. São as derrocadas da social-democracia e dos seus partidos. É a desadequação, não aggiornamento dos partidos tradicionais.

É a «maluqueira» do Trump. São (novamente) os russos (parece que sem «comunismo») e às vezes os chineses. É esta coisa esquisita de que os Estados, as grandes potências, da «Civilização Ocidental», santos sepulcros da democracia, observadores natos e NATO da legitimidade das eleições nos países atrasados e suspeitos de infidelidades democráticas, terem agora as suas próprias eleições perturbadas, violadas, decididas pelos russos, via o instrumental de poderosas multinacionais nascidas e mantidas nos EUA!

Escândalo! Foi assim que terá acontecido o Brexit, a eleição do Trump, as perdas da democracia cristã de Merkel, o tufão do Macron, varrendo PSF e a direita gaullista, de Chirac e Sarkozy, e etc.. É a globalização. São as novas tecnologias. É pau, é pedra, são as águas (sujas) da crise do capitalismo, atrapalhando o caminho…

Navegar na crista da onda, navegar à vista da costa dá jeito, mas pode não permitir sondar os leixões ou enxergar o icebergue. Repare-se onde isto chegou. Depois de décadas de Consenso de Washington, de que a liberalização do comércio mundial era um pilar; da difícil imposição da OMC, que era a salvação dos aflitos, dos ricos e dos pobres; da inscrição desse santo princípio do livre mercado e pura concorrência nos Tratados da União Europeia (UE), que nenhuma soberania devia afrontar; do massacre imperialista dos acordos de livre comércio, até convencendo quem não devia ser convencido, eis que da pioneira e primeiro violino do comércio livre surge esta coisa inominável a pôr em causa o santo princípio: taxas aduaneiras e quotas e diferenciações de países, este sim e aquele não! Blasfémia! Este mundo está perdido.

E quando tudo parecia estar a ser resolvido na UE e na Zona Euro, Brexit quase digerido, com ingleses fora, muito cá por dentro; depois da digestão difícil da Grécia; de Portugal com uma estranha governança, suportada por radicais de esquerda; ultrapassada a histérica da Le Pen por um fiel europeísta; vencidas (mas não convencidas com mais uma cambalhota social-democrata e subida ao céu da extrema-direita) as eleições alemãs; os refugiados entregues aos turcos e uma rasteira animação económica, os italianos resolvem estragar tudo (e os espanhóis também a causar alguma «instabilidade», que é coisa de que os mercados não gostam).

É pá, os italianos a estragar tudo. É certo que há umas complicaçõesitas lá para leste, Hungria, Polónia, Áustria, etc., mas é tudo gente amiga da UE. Mas agora esta dos italianos darem a maioria a italianos que estão contra o euro e a Europa, não lembra ao diabo!

Até querem descontos na dívida ao BCE, calcule-se. Logo depois de termos tido tanta fé naquele jovem Renzi, que era do Partido Democrático, mas moderno, amigo da Europa, ideias arejadas. Mas teve a infeliz ideia de fazer um referendo, que é a pior coisa que se pode fazer na UE, pois como diz o nosso Presidente Juncker, os votos nada podem contra as regras europeias… ou contra os mercados, como diz outro, o Comissário europeu do Orçamento, o alemão Gunther Oettinger: «Os mercados vão ensinar a Itália a votar correctamente»1.

Aliás, é obrigatório, consta da tradição comunitária, repetir as votações até acertar os votos com o que eles dizem ser a Europa. Isto está mesmo complicado.

Em Portugal, soam agora os sinos da velha Roma. Um desespero lancinante percorre a comunicação social. O desatino é total. Nada era como imaginaram. «Tempestade perfeita em Itália» (J. Brandão de Brito, Jornal de Negócios, 12MAI18).

«Uma Itália à moda de Putin e Trump» (J. Almeida Fernandes, 19MAI18). «Finalmente um tiro no porta-aviões» (Teresa de Sousa, Público 20MAI18). «Não vale a pena ter ilusões» (Teresa de Sousa 22MAI18). «Mercados e UE em modo pânico», titula o Público (30MAI18). «Itália é a maior ameaça ao Euro desde a sua criação» (Seixas da Costa, Jornal Económico, 29MAI18).

«Pobre Europa! (…) E agora para acabar, a Itália entregue a um louco fascista e a um partido "anti-sistema" e ambos anti-Europa. Mas qual sistema? E anti-Europa? Mas qual Europa? Restará pedra sobre pedra do que outrora chamámos sistema democrático e União Europeia? Chora Angela Merkel.» (Miguel Sousa Tavares, Expresso, 2JUN18).

«A crise da UE é a das democracias nacionais» (David Dinis, Editorial, Público, 2JUN18). «Itália – parece um filme de Fellini»; «Tudo isto é kafkiano»; «Outro pesadelo para a Europa» (Marques Mendes, Jornal de Negócios, 4JUN18). Personalidades estrangeiras invocam na imprensa portuguesa Weimar («10 lições de Weimar» – Harold James, Jornal de Negócios, 22MAI18; «A Itália mostra o caminho para a morte da democracia liberal» (Wolfgang Münchau, Diário de Notícias, 21MAI18). Um sufoco! 

«Como salvar a Europa», perora pesaroso George Soros (Jornal de Negócios, 29MAI18)! «A situação política italiana revela os custos do adiamento da conclusão da UEM e as fragilidades a que a zona euro se expõe» (António Costa, aquando da recente visita de Merkel a Portugal). «A União Europeia foi deixada a meio» (Francesco Franco, Prof UNL, Expresso 26MAI). «O que vai desagregar a zona euro é a falta de reformas, não a Itália» (Wolfgang Münchau, Diário de Notícias, 4JUN18).

Há os que se apegam a S. Macron e à St.ª Merkel. Assim o espera Teresa de Sousa, para quem «A chanceler não quer que a Alemanha seja olhada como o mau da fita», e por isso «Os dois líderes têm um encontro marcado no dia 19 para finalizar uma proposta comum», para impor ao Conselho Europeu de 28 e 29 de Junho (Público, 5JUN18).

Acha que sim Maria João Rodrigues (vice-presidente do grupo dos Socialistas e Sociais-Democratas do PE, Público 30MAI18), a chanceler «Ou aceita concretizar um compromisso com a família socialista e social-democrata, visando uma reforma que permita relançar a zona euro com perspectiva de futuro e coesão, ou corre o risco de ver deflagrar forças anti-zona euro e anti-europeias como as que vemos emergir em Itália – e por toda a Europa – e que se têm reforçado».

E, naturalmente, o primeiro-ministro António Costa, passeando no país de braço dado com Angela Merkel para ajudar «a construir consensos que permitam à UE vencer os desafios com que se confronta, da política de migrações à conclusão da UEM» (Público, 30MAI18).

Mas o mais esdrúxulo disto tudo é que, em Portugal, o PS e seu Secretário-Geral tenham conseguido fazer o 22.º Congresso no recente fim-de-semana 25/26/27 de Maio, e não tenham abordado nenhuma destas questões. Nem crise italiana, nem euro, nem União Europeia. Grande mistério!

Ainda não deram por nada. Há uma crise sistémica profunda do sistema capitalista, roído pelas contradições e antagonismos do movimento do capital. Pelas guerras e disputas imperialistas. Pela competição aguda e brutal do capital transnacional e financeiro. Que estrebucham e não gostam de quem lhes faz frente.

Com expressão no movimento das placas tectónicas da geopolítica, onde as principais potências capitalistas fazem torções e movimentos como o funâmbulo na corda. Procuram a salvação no seu equilíbrio e no desequilíbrio das potências opositoras. Isto é, só não as atiram abaixo da corda se não puderem… sacudindo-as para o vazio.

Uma crise na UE (e na Zona Euro), cantada construção do sistema capitalista, que agora é sacudida por erupções e abalos telúricos político-económicos, sociais e culturais. A crise italiana (como o Brexit, e etc…) é só mais um epifenómeno da crise da UE e da Zona Euro! 
E não vai lá com aspirina…    

Esta gente é tal e qual cinema de animação! O herói ou o vilão, já não tem terreno, solo, soalho, degrau debaixo dos pés. Só quando olha para o abismo é que se precipita…fiuuuuuuuuuuuuu…Puum! Som onomatopeico à escolha. O pequeno problema é que costumam arrastar-nos com eles… para o abismo.   

Foto: Giuseppe Conte, primeiro-ministro de Itália, ladeado pelos ministros com Alfonso Bonafede e Riccardo Fraccaro CréditosEttore Ferrari / EPA

Ontem em Lisboa | Intersindical marca presença no combate às propostas do Governo


A CGTP-IN apelou à intensificação da luta contra as propostas que o Governo acertou com o patronato e a UGT. Arménio Carlos anunciou uma concentração para o dia em que são discutidas no Parlamento.

«Esta é uma luta que justifica e exige a participação de todos», afirmou o secretário-geral da Intersindical, no final da manifestação que partiu do Campo Pequeno, pelas 15h30, e terminou junto ao Marquês de Pombal, em Lisboa.

A CGTP-IN anunciou a convocatória para uma concentração no dia 6 de Julho, na Assembleia da República, coincidindo com a discussão das propostas de alteração da legislação laboral que resultam do acordo de concertação social, assinada entre o Governo e as confederações patronais e a UGT.

Arménio Carlos criticou o acordo que deixou de fora as principais reivindicações em torno da contratação colectiva: a revogação da caducidade, que permite eliminar, na prática, os direitos que constam dos contratos colectivos; e a reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador.

O secretário-geral da CGTP-IN considerou ainda que, «por mais forte que seja a operação de maquilhagem e a propaganda usada pelo Governo do PS», as propostas não dão as respostas necessárias no combate à precariedade. «o combate sério à precariedade passa pela efectivação do princípio que a um posto de trabalho permanente corresponde um vínculo efectivo», afirmou, criticando a criação de uma «taxinha» sobre as empresas que tenham um nível de precariedade laboral acima da média.

A CGTP-IN mantém na agenda a sua proposta de aumento do salário mínimo nacional para 650 euros em Janeiro de 2019, assim como a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais para todos, a valorização das carreiras profissionais, o aumento das pensões e a reposição da idade da reforma para os 65 anos.

«A questão de fundo não é a falta de dinheiro»

Arménio Carlos contrariou as recentes afirmações do primeiro-ministro a propósito das reivindicações dos professores e outras carreiras da Administração Pública em torno do descongelamento das progressões. Ao «não há dinheiro» de António Costa, a CGTP-IN responde que este «nunca falta para acudir à banca privada ou para pagar as rendas das PPP´s e os milhares de milhões contabilizados e sem cativações, que voam dos nossos bolsos para o offshore do accionista».

O secretário-geral da CGTP-IN lembrou ainda as carências que permanecem nos serviços públicos, seja na Saúde ou na Educação, assim como a manutenção de situações de precariedade na Administração Pública – para além da ausência de compromissos em tornos de aumentos salariais, que há uma década que não existem.

As críticas da confederação sindical estenderam-se ainda à União Europeia e às prioridades inscritas na proposta de orçamento da Comissão Europeia. Arménio Carlos que esta é «um espelho das prioridades, objectivos das suas opções de classe». A CGTP-IN alertou que os cortes nos fundos acentuam as desigualdades dentro e entre os estados, enquanto são canalizados recursos para a indústria militar e «a repressão nas fronteiras».

AbrilAbril

Na foto: Milhares de pessoas gritam palavras de ordem durante a manifestação nacional da CGTP-IN, entre o Campo Pequeno e o Marquês de Pombal, em Lisboa. 9 de Junho de 2018CréditosJosé Sena Goulão / Agência LUSA

Hoje é Dia de Portugal… Mas também mais um Dia das Mentiras?


Os que se sentam nos poderes têm hoje a obrigação de desempenharem outra vez uma forte campanha de ação psicosocial à lai do que faziam também nas ex-colónias. Falam de Portugal e enaltecem as virtudes de ser português incluindo, por exemplo, a “diversidade identitária”. 

Marcelo fez hoje também o seu discurso alusivo às comemorações do Dia de Portugal. Foi aos Açores e voa seguidamente para os EUA, juntando aos portugueses que tiveram de fugir desta Pátria Madrasta devido a gentes como Marcelo e elites que dominam o país por via de uma democracia bacoca em que uns quantos se instalam e corporativamente prosseguem “democraticamente” o esbulho e a institucionalização das diferenças negativas reservadas à maioria dos portugueses. É assim como que uma máfia “respeitável” de palavras maviosas repletas de mentiras e vestidas com as cores de partidos políticos e cifrões que se miscigenam com os muito mais ricos que nos permitem sobrevivermos no quotidiano; mal, mas sempre alimentados por esperança – o que não deixa de ser um fado desgraçado até que uma população de muitos milhões perceba que está a ser enganada, espoliada, se organize e se revolte. Será possível? Com o povo tudo é possível, para o bem e para o mal.

Hoje é Dia de Portugal, muito do país temos para nos orgulhar. Hoje é Dia de Portugal, muito do país temos para nos envergonhar. Hoje é Dia de Portugal, muitos no país sofrem discriminações desenhadas por uma elite corrupta, mentirosa, desonesta, gananciosa, avara, tendencialmente hipócrita, que vai embalando milhões de portugueses em loas que lhes facultam sustentar-se nos poderes que nos reservam a triste sina de sobrevivermos nas misérias e lhes garantir as opulências em que se instalaram há séculos e em que nem o 25 de Abril de 1974 os derrubou efetivamente. Nem por sombras.

Hoje é Dia de Portugal… Mas também das mentiras e do fausto só de uns quantos?

Assim acontecerá até um dia? Ou será 'ad eternum per secula seculorum'?

PG

Marcelo enaltece os "muitos Portugais" que não podem ser discriminados

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teceu hoje elogios aos "muitos Portugais" que garantem "riqueza" ao país e frisou que não pode ser tolerada discriminação nesta diversidade identitária.

No discurso do 10 de Junho, nos Açores, o chefe de Estado valorizou "um só Portugal" que existe, mas que é "feito de muitos Portugais, que podem e devem ser diversos".

"Não toleraremos que [os vários Portugais] sejam discriminados naquilo que de essencial assinala o estatuto da nossa cidadania cívica, económica, social e cultural", sublinhou.

As comemorações do Dia de Portugal, que se iniciaram no sábado, continuam hoje em Ponta Delgada, nos Açores, estendendo-se a Boston e Providence, nos Estados Unidos da América, ao final do dia.

A habitual Cerimónia Militar, que decorreu no centro da maior cidade açoriana, contou com a participação de mais de mil militares dos três ramos das Forças Armadas.
O Presidente da República e o primeiro-ministro, António Costa, partem esta tarde para os Estados Unidos da América.

Lusa| em Notícias ao Minuto | Na foto: Marcelo, o PR nos Açores.

10 DE JUNHO | Hoje é o Dia de Portugal, um dos 10 países mais antigos do mundo


Sabia que Portugal fez em maio 839 anos? Pelo menos aos olhos da Igreja, pois não nos referimos ao Tratado de Zamora – existe outro documento que foi igualmente importante para a História do nosso país.

O manifestis probatum foi uma bula emitida pelo Papa Alexandre III a 23 de maio de 1179. Esta declarava o Condado Portucalense independente do Reino de Leão e D. Afonso Henriques o seu soberano.

Este documento veio assim reconhecer a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143, através do qual o rei de Leão reconheceu a independência do Condado, que passou a denominar-se Portugal.

No entanto, só 35 anos depois é que a Igreja Católica, através do Papa Alexandre III, reconheceu o reino de Portugal como território independente e D. Afonso Henriques como monarca.  

Hoje, Dia de Portugal, celebramos um dos países mais antigos do mundo - sim, Portugal é um dos 10 países que conquistaram a independência mais cedo. Veja abaixo a lista:

Japão - Unificação dá-se em 660 a.C.
China - Unificação dá-se em 221 a.C.
França - Independente desde 843
Inglaterra - Independente desde 927
Dinamarca - Independente desde 958
Áustria - Independente desde 976
Hungria - Independente desde 1000
Portugal - Independente desde 1139
Mongólia - Independente desde 1206
Tailândia - Independente desde 1238

Sol

Na imagem: Estátua de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal que de norte para sul veio conquistando território. A paz com os leoneses permitiu ao novo Rei prosseguir a cruzada contra os mouros. Em 1147 liberta Santarém e Lisboa.

Portugal


Portugal, oficialmente República Portuguesa,[10][nota 9] é um país soberano[nota 10] unitário localizado no sudoeste da Europa, cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. O território português tem uma área total de 92 090 km²,[11] sendo delimitado a norte e leste por Espanha e a sul e oeste pelo oceano Atlântico, compreendendo uma parte continental e duas regiões autónomas: os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal é a nação mais a ocidente do continente europeu. O nome do país provém da sua segunda maior cidade, Porto, cujo nome latino-celta era Portus Cale.[12][13]

O território dentro das fronteiras atuais da República Portuguesa tem sido continuamente povoado desde os tempos pré-históricos: ocupado por celtas, como os galaicos e os lusitanos, foi integrado na República Romana e mais tarde colonizado por povos germânicos, como os suevos e os visigodos. No século VIII, as terras foram conquistadas pelos mouros. Durante a Reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense,  estabelecido no século XI por Vímara Peres, um vassalo do rei das Astúrias.[14] O condado tornou-se parte do Reino de León em 1097, e os condes de Portugal estabeleceram-se como governantes independentes do reino no século XII, após a batalha de São Mamede.[15] Com o estabelecimento do Reino de Portugal em 1139, cuja independência foi reconhecida em 1143. Em 1297 foram definidas as fronteiras no tratado de Alcanizes, tornando Portugal no mais antigo Estado-nação da Europa.[16][17] Nos séculos XV e XVI, como resultado de pioneirismo na Era dos Descobrimentos (ver: descobrimentos portugueses), Portugal expandiu a influência ocidental e estabeleceu um império que incluía possessões na ÁfricaÁsiaOceânia e América do Sul, tornando-se a potência económica, política e militar mais importante de todo o mundo. O Império Português foi o primeiro império global da História[18] e também o mais duradouro dos impérios coloniais europeus, abrangendo quase 600 anos de existência, desde a conquista de Ceuta em 1415,[19] até à transferência de soberania de Macau para a China em 1999. No entanto, a importância internacional do país foi bastante reduzida durante o século XIX, especialmente após a independência do Brasil, a sua maior colónia.

Com a Revolução de 1910, a monarquia terminou, tendo desde 1139 até 1910, 34 monarcas. A Primeira República Portuguesa foi muito instável, devido ao elevado parlamentarismo. O regime deu lugar à ditadura militar devido a um levantamento em 28 de maio de 1926. Em 1933, um novo regime autoritário, o Estado Novo, presidido por Salazar até 1968, geriu o país até 25 de abril de 1974. A democracia representativa foi instaurada após a Revolução dos Cravos, em 1974, que terminou a Guerra Colonial Portuguesa. As províncias ultramarinas de Portugal tornaram-se independentes, sendo as mais proeminentes Angola e Moçambique.

Portugal é um país desenvolvido,[20] com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado como muito elevado. O país foi classificado na 19.ª posição em qualidade de vida (em 2005),[21] tem um dos melhores sistemas de saúde do planeta e é, também, uma das nações mais globalizadas e pacíficas do mundo.[22] É membro da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia (incluindo a Zona Euro e o Espaço Schengen), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portugal também participa em diversas missões de manutenção de paz das Nações Unidas.

Wikipédia

Ser Português é...


Podemos não ter a organização dos Suíços, o rigor dos alemães, a limpeza dos austríacos, a pontualidade dos britânicos, a meticulosidade dos franceses, o orgulho dos espanhóis ou a riqueza dos escandinavos, mas que somos um povo muito mais simpático e caloroso que esta cambada toda disso não tenho dúvidas. E ser português é isso. Ser português é ser muita coisa.

Ser português é pedir um ramo de salsa ao vizinho e ficar lá meia hora a conversar. Ser português é falar alto na rua e nos restaurantes sem notar. Ser Português é ter o melhor jogador de futebol do mundo e não gostar muito dele até vir alguém de fora criticar. Ser português é ter na guelra o sangue quente arrefecido por uma ditadura. Ser português é ter poesia de revolução e fazê-la sem violência e de cravo na mão. Ser português é comer chouriço assado na lareira com mais prazer do que ir ao restaurante gourmet. Ser português é revoltarmo-nos quando nos dizem que o limite passa de 0,5 para 0,2, porque ser português é beber vinho, cerveja e água-ardente.

Ser português é ter orgulho em sê-lo mesmo quando se diz o contrário. É ir lá fora e falar de fado, da comida, da praia, de tudo o que nos orgulhamos quando temos saudades. Ser português é ter saudades. É ter saudades do sol, das sopas da avo, dos cafés e cigarros na esplanada com os amigos. Ser português é ter saudades e não esquecer. É ser nostálgico mas ter amnésia selectiva de 4 em 4 anos e queixar-se que está tudo na mesma.

Ser português é desenrascar. É encontrar caminho sem perguntar. Ser português é pedir indicações e ter logo a ajuda de vários estranhos. Ser português é tentar a borla seja do que for. Ser português é oferecer só porque se simpatizou com alguém. Ser português é ter os melhores lá fora porque é lá fora que se faz o melhor. Ser português é ter o mar no horizonte e nunca olhar para terra, é seguir em frente até o mar acabar, é descobrir, sonhar e inventar. Ser português é conquistar, é dar porrada na mãe, é dizer não e expulsar os mouros e os espanhóis. Ser português é esquecer. Ser português é o vídeo da Bernardina ter mais de 3 milhões de visualizações e a maioria não ter gostado. Ser português é toda a gente ver a casa dos segredos em segredo. Ser português é achar que ser advogado ou doutor é melhor do que ser pasteleiro ou agricultor mas gostar mais de bolos e batatas do que tribunais e hospitais. 

Ser português é dizer bom dia ao vizinho, é dizer bom dia no café, é dizer olá como está ao carteiro, é dizer bem obrigado no elevador. Ser português é dizer vai-se andando, para a frente, nunca para trás. Ser português é ser pessimista quando as coisas estão boas mas optimista quando estão más. Ser português é ser-se humano e por isso ser-se incoerente. É ter poetas nas gentes, é ter Antónios Aleixos semi-analfabetos mas que sabem mais que doutores. É ter bêbedos e drogados no génio de Pessoa. É tudo valer a pena porque a nossa alma não é pequena. Ser português é ter a alma grande mas não ter dinheiro para a manter. Ser português é pedir crédito para o plasma e LCD, para as férias no Brasil e depois ficar sem comer. Ser português é acreditar em tudo o que passa na TV. Ser português é duvidar de tudo o que se lê.

Ser português é ser de brandos e bons costumes até ver. Ser português é andar à porrada por causa de futebol ou lugares de estacionamento. Ser português é acelerar e ficar chateado se se é multado. Ser português é saber as leis e saber que podem ser ignoradas.Ser português é eleger sempre os mesmos filhos da puta. Ser português é ser revoltado. Ser português é esquecer a semana no sábado e sofrer por antecedência no domingo. Ser português é chegar ao trabalho na segunda e falar da bola. Ser português é ser descarado. É dizer à gaja boa do trabalho que temos que ir beber um copo a qualquer lado. Ser português é seduzir sem medo do resultado. É ter lata de cerveja na mão e na outra contar os trocos para mais uma rodada.

Ser português é sentir orgulho na garganta mesmo com a pressão do nó de forca que nos traçaram. Ser português é apertar o cinto mas andar de rego à mostra. Ser português é dizer mal mas ai de quem diga mal e não seja português. Ser português é não ser patriótico mas sentir os olhos aguados ao ouvir o hino. É dizer que é o mais bonito de todos. É meter uma bandeira na janela e deixar a porta aberta a quem quiser entrar.  Ser português é gritar com a selecção mesmo sem nunca se ter ganho nada, só pelo orgulho de se ser de Portugal.

Ser português é escrever este texto à pressa porque estão à minha espera em algum lado. Ser português é chegar atrasado mas de peito levantado.

Texto e imagem em Por falar noutra coisa

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