sexta-feira, 6 de julho de 2018

Que viva México!


País derrota, nas urnas, globalização sem esperança e maré conservadora que varre América Latina. Mas que poderá Lopez Obrador frente à ditadura dos mercados?

Antonio Martins | Outras Palavras | Vídeo: Gabriela Leite

Infeliz no jogo, o México está feliz na política – ou, pelo menos, cheio de esperanças e desafios. Na Rússia, sua seleção de futebol foi eliminada pela brasileira. Mas numa disputa mais crucial – na qual se define o que virá após a crise civilizatória em que estamos mergulhados – o cenário é outro. Quase 25 anos depois de afundarem numa globalização sem democracia, os mexicanos jogaram, no domingo (1º/7), um pequeno grão na máquina. Num pleito presidencial claramente plebiscitário, Lopez Obrador, o candidato do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), foi eleito presidente da República, com mais de 53% dos votos. Criado há apenas quatro anos, o Morena lidera uma coalizão (Juntos faremos História) que parece prestes a obter maioria na Câmara e Senado. Uma mulher – Cláudia Sheinbaum – foi eleita pela primeira vez para governar a capital.

Mas há inúmeras dúvidas. Derrotada, a ditadura dos mercados vinga-se. Como Lopez Obrador enfrentará um sistema que apequenou o poder dos Estados, diante das transnacionais e das instituições financeiras – e que exige dos governantes rendição sem meios termos? Vítima de suas próprias ambiguidades, ele cederá? Será destroçado? Ou se somará a uma busca por alternativas que se espalha pelo mundo, mas para a qual ainda não há projeto claro?

II.

Pouco presente no cenário geopolítico atual – e por isso, pouco notado, pelas novas gerações – o México foi grande centro de turbulências e transformações, num passado relativamente recente. Em 1910, sete anos antes da Rússia, o país abriu a grande série de revoluções anti-oligárquicas do século passado, ao derrotar pelas armas uma longa ditadura e instaurar um governo popular tumultuado e contraditório. Embora traído, o movimento – que teve entre seus heróis Emiliano Zapata – deixou sementes. Em 1934, um de seus herdeiros, o general Lázaro Cárdenas, elegeu-se presidente. Liderou um governo nacionalista e popular, que mudou a face do país. Expropriou os latifúndios, distribuiu terra aos camponeses, estatizou o petróleo – grande riqueza nacional –, assegurou o voto das mulheres, resgatou direitos indígenas e liderou uma reforma educacional que instituiu o ensino laico.

O impacto e popularidade destas transformações asseguraram ao partido de Cárdenas – Partido da Revolução Mexicana (PRM) – hegemonia por 71 anos na vida política do México. Mas o ímpeto transformador do presidente arrefeceu ao longo dos mandatos de seus sucessores, até se transformar em caricatura. O México urbanizou-se e industrializou-se. Mas o próprio PRM trocou seu nome para Partido Revolucionário Institucional (PRI) e filiou-se, embora com ressalvas importantes, à ordem internacional comandada por seu vizinho do norte.

No fim do século, começam os sobressaltos que levarão à encruzilhada atual. Em 1983, uma grande alta das taxas internacionais de juros, comandada pelos Estados Unidos, impede o México de continuar rolando sua dívida externa. O FMI intervém. O PRI, conformado, aceita abrir mão das políticas que o ligavam às maiorias. O presidente Miguel de la Madrid comanda um enorme corte de gastos sociais e uma série de contra-reformas que eliminam direitos. O país também negocia a adesão à “Nafta”, uma zona de “livre” comércio com os Estados Unidos e o Canadá. No dia exato em que ela entra em vigor (1º/1/1994), eclode, em Chiapas, a revolta zapatista. Ela sugerirá que a a História não acabou, ao contrário do que diziam os teóricos do neoliberalism então vitorioso. Também projetará o subcomandante Marcos como portador de uma nova esperança anticapitalista.

III.

Lopez Obrador, o novo presidente, expressa, à sua maneira, uma das vertentes da resistência mexicana ao sistema. Não é um radical: seria tolo compará-lo com Marcos ou os zapatistas. Filho de pequenos comerciantes no estado sulista (e pobre) de Tabasco, estudou Ciência Política na Universidade Nacional Autônomia (a legendária UNAM) onde se formou, em 1976. No mesmo ano, aos 23, ingressou no PRI – a época, a meio caminho entre as grandes reformas de Cárdenas e a deriva neoliberal. Em 89, tornou-se um dissidente. Inconformado com as adesão do partido às políticas duras do capitalismo, foi um dos fundadores do PRD, Partido da Revolução Democrática. Repetirá o mesmo gesto em 2014, quando deixará um PRD adormecido e burocratizado para fundar o Morena. Carismático e impetuoso (um “Messias Tropical”, ao olhar sarcástico da revista britânica Economist), Obrador elege-se prefeito da Cidade do México em 2000.

A partir de então, sua ambiguidade manifesta-se mais claramente. Numa metrópole marcada por desigualdade e precarização, lança um conjunto de programas sociais em favor dos mais pobres, dos idosos, dos descapacitados. Ao mesmo tempo, lidera um programa de “recuperação” do centro histórico da cidade marcado, segundo os críticos, pela gentrificação. Para tocá-lo, estabelece parceria com o grupo empresarial do Carlos Slim, desde então um dos homens mais ricos do mundo. Para enfrentar a violência urbana, sua opção é pedir a Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York um plano baseado nas políticas discriminatórias de “tolerância zero”. Em 2006, quando deixa a prefeitura para disputar a Presidência, tem 84% de aprovação popular – mais do dobro de seu percentual de eleitores.

Em 2006, terminam no México as sete décadas de ambiguidade do PRI. Mas Lopez Obrador (PRD) é derrotado nas eleições presidenciais por Felipe Calderón, do PAN, de direita. As suspeitas de fraude são múltiplas. Obrador não reconhece o resultado e lidera, por meses, a ocupação do Zócalo, a praça mais central e importante da capital. Para alguns, este movimento influenciará, mais tarde, o Occupy Wall Street. A atitude despertará, para sempre, a desconfiança do establishment. Como lidar com um político que pode, a qualquer momento, ser sensível às pressões de sua base e insurgir-se contra as regras da ditadura financeira?

IV.

As duas décadas e meia passadas desde a adesão do México ao Nafta desfiguram o pais. O Norte, onde as empresas estadunidensess instalam maquiladoras para tirar proveito da mão de obra barata, prospera – mas a riqueza concentra-se em cada vez menos mãos. O resto do país patina na pobreza. As contra-reformas desestruturam o mercado de trabalho e empurram milhões de mexicanos – especialmente jovens – para os Estados Unidos, em busca de condições de vida menos miseráveis. A produção camponesa, que marcava por séculos a paisagem do país, declina. Mesmo o milho, produto nacional típico, passa a ser importado do corn belt norte-americano, onde agricultores capitalizados recebem subsídios do Estado.

Os dois últimos governos – de Felipe Calderón (PAN) e de Enrique Peña Nieto (de um PRI já completamente desfigurado) completam as contra-reformas. Em 2013, uma delas permite às transnacionais petroleiras explorar o petróleo mexicano. Junto com a pobreza, vem a violência – e a tentativa fracassada de combatê-la por meios militares. Desde 1995, ordens executivas, sem respaldo na Constituição, convocam o Exército e a Marinha a participar de atividades de segurança pública.

O crime, ao invés de regredir, conquista novos soldados. Tropas de elite das Forças Armadas bandeiam-se e ajudam a formar grupos criminosos – o Cartel do Golfo, Os Zetas. Crimes como a chacina de Ayotzinapa (2014), em que 43 estudantes foram executados, multiplicam-se. Em 2018, após um quarto de século de neoliberalismo e militarização, a sociedade mexicana está esgotada – e o sistema político, exaurido.

V.

Em muitos aspectos, Lopez Obrador assemelha-se a um Lula. Ele rejeita conflitos. Sua abordagem dos grandes problemas mexicanos é sempre conciliatória. Por anos crítico do Nafta, ele diz agora que não pretende mais questionar o acordo. Fala em “austeridade fiscal” e em “não aumentar impostos”, num país de sistema tributário tão injusto quanto o brasileiro. Em oposição à “guerra às drogas”, propôs, durante a campanha, anistiar os presos que cometeram pequenos delitos. Diante da reação irada da mídia, recuou.

Ainda assim, este homem propenso à conciliação foi rejeitado e é temido pelo sistema – porque não abre mão de algumas ideias simples. Num país cansado de uma casta política autossuficiente e autista, quer reduzir os vencimentos e vantagens dos ocupantes de postos públicos mais altos (inclusive o seu mesmo), para elevar os salários dos servidores públicos que atuam na ponta. Pretende dobrar o valor das aposentadorias – contrariando toda a lógica que recomenda privatizá-las. Quer abrir as universidades públicas a todos os mexicanos. Fala em submeter a entrega do petróleo a um referendo popular. Vislumbra a chance de reindustrilizar o México, começando pela construção de novas refinarias de petróleo. Talvez a verdade e a simplicidade deste programa, que pode se compreendido por cada mexicano, tenham lhe dado a vitória, num país de 120 milhões de habitantes e PIB entre o da França e o da Itália.

Lopez Obrador será capaz de cumpri-lo? Dias depois de sua eleição, a mídia corporativa das grandes praças do mundo duvida. “Ele terá de atrair capitais estrangeiros, ou tornará a situação do povo ainda mais dura que a atual”, escreveu o New York Times. Em meio à crise civilizatória, nada está assegurado. Oxalá Obrador e sua leve rebeldia sejam capazes de teimar, de resistir e sustentar, de abrir caminhos. Este mínimo será muito, na tempestade que atravessamos.

* Antonio Martins é Editor do Outras Palavras

Londres e Moscovo trocam acusações após novo caso de envenenamento


Ministro britânico do Interior cobra explicações da Rússia por intoxicação de casal com mesma substância usada contra ex-espião Skripal. Já Moscou pede a Londres que não entre em "jogos políticos sujos".

Rússia e Reino Unido voltaram a trocar acusações nesta quinta-feira (05/07) após o novo caso de envenenamento com o agente nervoso Novichok, o mesmo que foi usado para intoxicar há quatro meses o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha.

O governo da Rússia pediu às autoridades britânicas que não entrem em "jogos políticos sujos" ao relacionar o envenenamento de duas pessoas na cidade de Amesbury, no sul da Inglaterra, com o caso Skripal, ocorrido a poucos quilômetros de distância.

O ministro britânico do Interior, Sajid Javid, exigiu que a Rússia explique o ocorrido, depois de ter acusado Moscou pelo envenenamento dos Skripal. "Os olhos do mundo estão na Rússia atualmente, e não só por causa da Copa do Mundo", afirmou o político, ao acusar o governo russo de tentar minar a segurança do Reino Unido e do mundo.

"É completamente inaceitável que nosso povo seja alvo deliberado ou acidental, ou que nossas ruas, nossos parques, nossas cidades sejam lixeiras para veneno", disse Javid no Parlamento britânico.

A porta-voz do Ministério do Exterior da Rússia, Maria Zakharova, se declarou "impressionada" com as declarações de Javid. "Fazemos um pedido às forças de segurança britânicas para que não se deixem levar por jogos políticos sujos promovidos por determinadas forças em Londres e que comecem, finalmente, a colaborar com os órgãos de segurança da Rússia", declarou.

Ela afirmou que, desde que aconteceu o envenenamento do ex-espião e de sua filha Yulia na cidade de Salisbury, em 4 de março, também no sul da Inglaterra, a Rússia ofereceu cooperação para a investigação em várias ocasiões pela via diplomática. "Estou autorizada a dizer que os serviços de segurança russos estão prontos para esse trabalho", ressaltou Zakharova.

A porta-voz garantiu que a Rússia está seriamente preocupada com a situação criada com esse novo caso, que o governo britânico suspeita que esteja relacionado com o anterior, e desejou uma rápida recuperação às vítimas.

O ministro britânico do Interior confirmou nesta quinta-feira as suspeitas de Londres de que os dois incidentes estejam relacionados, embora disse acreditar que o casal britânico não tenha sido um alvo deliberado, mas que a intoxicação seja consequência do caso Skripal.

Entretanto, Javid ressaltou que não foram encontradas evidências de que os novos intoxicados visitaram as zonas de Salisbury onde estiveram os Skripal. O ministro quis, assim, afastar a hipótese, levantada por alguns veículos de imprensa britânicos, de que a intoxicação poderia ser consequência de um trabalho de limpeza insuficiente em Salisbury após o primeiro ataque.

Mais tarde, nesta quinta-feira, a polícia britânica divulgou, após a realização de novos testes, que o casal de vítimas teve contato com o agente nervoso ao "manipular um objeto contaminado", sem especificar qual seria esse item.

Segundo a Polícia Metropolitana de Londres, que ajuda nas investigações com sua unidade antiterrorismo, detetives estão tentando agora identificar a fonte de contaminação em vários locais em Amesbury e Salisbury.

Investigadores estão monitorando também pessoas próximas ao casal em busca de sintomas similares. "Até agora, ninguém apresentou os mesmos sintomas relacionados ao incidente", afirmou a polícia.

Os dois afetados, identificados como Charlie Rowley e Dawn Sturgess, de 45 e 44 anos, respectivamente, foram encontrados inconscientes no sábado passado, após passarem mal, numa residência na cidade de Amesbury, a 13 quilômetros de Salisbury. Eles estão internados em estado crítico num hospital no condado de Wiltshire.

A Rússia sempre negou qualquer relação com o envenenamento de Serguei Skripal e sua filha, Yulia, e o Kremlin tachou de alarmante o novo caso de envenenamento produzido no condado de Wiltshire, no qual, segundo Londres, foi utilizado o mesmo agente tóxico do ataque contra o ex-espião russo.

Skripal, de 67 anos, e sua filha, de 33, foram envenenados em 4 de março com o agente tóxico Novichok, um grupo de substâncias tóxicas fabricado na União Soviética nos anos 1970 e 1980. O governo britânico acusa a Rússia de ter orquestrado o ataque.

Em represália, o Reino Unido e aliados, incluindo Estados Unidos e nações europeias, expulsaram dezenas de diplomatas russos, enquanto Moscou fez o mesmo com diplomatas estrangeiros. Ao todo, as ordens de expulsão atingiram mais de 300 funcionários em vários países.

MD/EK/efe/ap/dpa/lusa | Deutsche Welle

Pequim busca novos caças para seus poderosos porta-aviões do futuro


A China está desenvolvendo um novo caça que substitui seu atual J-15 após uma série de falhas técnicas que causaram a queda de quatro deles. Portanto, é indispensável para a Marinha do gigante asiático obter novos caças mais avançados.

"Para melhorar a eficácia de combate dos grupos de ataque de porta-aviões, é necessário desenvolver um novo caça […] O caça FC-31 poderia ser usado como modelo para substituir o J-15", explica o especialista naval Li Jie ao jornal South China Morning Post.

O FC-31 decolou pela primeira vez em 2012 e é mais leve e menor que o J-15. Não é surpreendente que o design deste avião baseia-se em um dos primeiros protótipos dos caças soviéticos de 4ª geração Su-33, comprado da Ucrânia após a dissolução da URSS.

Desde que a Força Aérea Chinesa confirmou ao South China Morning Post que o país está de fato trabalhando em um substituto, a edição presta atenção às principais razões dessa decisão.

O jornal ressalta que as falhas técnicas do J-15 e suas 33 toneladas de peso, causaram a morte de um piloto e feriram outro. No total, o J-15 acabou se quebrando quatro vezes.
Além disso, uma fonte militar apontou para o jornal, que "o J-15 é um caça problemático", com seu sistema de controle de voo instável.

Os acidentes a bordo do J-15 acabaram minando a moral da Marinha e de seus pilotos e, além disso, no início "os especialistas em aviação se recusaram a reconhecer que o J-15 tinha problemas de design", reconhece uma das fontes consultadas pelo jornal.

Enquanto a China avança rapidamente no campo de porta-aviões, incluindo o desenvolvimento da catapulta eletromagnética moderna — semelhante à desenvolvida para os porta-aviões dos EUA — a necessidade de renovar a frota de seus caças, que estão a bordo desses navios, se torna cada vez mais evidente, dado que os EUA planejam adquirir o F-35B e o F-35C para seus grandes navios de guerra.

Sputnik |  REUTERS / Tim Hephe

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Trump explica por que EUA precisam de arsenal nuclear mais poderoso no mundo


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou a verdadeira razão que leva os EUA a desenvolverem o arsenal nuclear mais poderoso no mundo.

De acordo com o mandatário estadunidense, EUA estão desenvolvendo o maior arsenal de armas nucleares não com objetivo de usá-lo contra qualquer país, mas, sim, para que ninguém se atreva brincar com os Estados Unidos.

"Vocês sabem por que é preciso ter o arsenal nuclear mais poderoso? Não para usá-lo. Para que ninguém queira brincar com os EUA", declarou.

A afirmação foi feita durante um pronunciamento no estado de Montana, transmitido pelo canal de TV Fox News.

Ao mesmo tempo, o presidente apontou que é vital criar a Força Espacial. Segundo ele, a ordem correspondente já foi dada ao Pentágono e é considerada uma "necessidade militar".

"A Rússia acredita que isso é muito perigoso, os outros [países] também. Mas, lamento muito, lamento muito. Se você tem a Força Aérea, deve ter a Força Espacial", adicionou Trump.

Sputnik | Foto: CC0 / Pixabay

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Portugal | Um sonho: o fim da geringonça


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

O fim da tão famigerada "geringonça" é um sonho que continua bem vivo, sobretudo por estes dias e sobretudo desde a eleição de Rui Rio. 

É bem verdade que António Costa aprecia brincar com o fogo, caindo amiúde nas medidas típicas de um bloco central, mas daí a pensar-se que a geringonça chegará ao fim ainda antes das próximas legislativas pode parecer exagerado.

Na verdade, Costa arriscará muito se, por mera hipótese, comprometer a actual solução governativa com a intenção de se coligar a um PSD cuja liderança é anódina e que está verdadeiramente partido em dois, com os herdeiros de Passos Coelho ainda à espera de alguém, sendo que esse alguém não é Rui Rio. Deixar cair esta solução política para encontrar soluções junto de um partido falido constituiria um erro colossal.

No entanto, a esquerda à esquerda do PS tem de assumir posições substancialmente diferentes das adoptadas pelo PS - existe toda uma identidade ideológica a manter e fundamentalmente a fazer valer numa altura em que as legislativas se aproximam.

É evidente que Costa tem vindo a testar a paciência e ninguém pode dar como garantido que os partidos à esquerda do PS não possam efectivamente colocar um ponto final na coligação - jogada que, no meu entender, até devido à proximidade das legislativas, pode ser particularmente arriscada. Certezas são poucas, mas sublinho uma: há muita gente a sonhar por estes dias.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão | Cartoon no Expresso

António Costa passou a ser um tipo banal?


Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Quando o primeiro-ministro António Costa decide ir cortar uma fita, para publicitar o início das obras de melhoria do IP3, não está a fazer nada de original na história da governação deste país: afinal não há fontanário, estatueta ou passeio público, construídos dentro destes 92.212 quilómetros quadrados de terreno a que chamamos Portugal, que não tenham merecido cerimoniais inaugurativos com a presença das mais altas e prestigiadas individualidades. É uma tradição.

Quando o primeiro-ministro António Costa fica a saber por um dos autarcas presentes no evento, o presidente da Câmara Municipal de Viseu e social-democrata Almeida Henriques, que aquela era já a quarta vez que se fazia uma cerimónia a anunciar o início das obras de melhoria do IP3, não está a ser confrontado com algo de anormal: de certeza que, daqui até ao final de 2022, quando as obras ficarem concluídas, vários grupos de governantes, de hoje e de amanhã, regressarão a essa estrada para cortar outras fitas a um ritmo de, pelo menos, uma dúzia de cada um dos 75 quilómetros de intervenção - e assim tratarão de glorificar para a lente de TV mais próxima a sua proverbial sabedoria na gestão dos bens públicos. Sempre foi assim. É uma tradição.

Quando o primeiro-ministro António Costa garante que os 134 milhões de euros para pagar este arranjo, essencial, são um investimento que serve para o Estado "salvar vidas" ao "assegurar a segurança rodoviária" numa parte da longa tira de alcatrão que leva as pessoas da Figueira da Foz, na costa atlântica, até Vila Verde da Raia, na fronteira com Espanha, não está a ser original: são incontáveis, na história desta nação, os casos de governantes capazes de cobrar à opinião pública medidas capazes de poupar portugueses a um confronto inesperado com a morte. Esta ocasião até nem era das mais disparatadas para o fazer, dado o trágico registo de acidentes dos troços em causa. Os políticos não perdem uma ocasião para mostrarem que se preocupam connosco, é uma tradição.

Quando o primeiro-ministro António Costa afirma que a decisão de avançar com este investimento implica "que estamos, simultaneamente, a decidir não fazer outra obra", para acrescentar que "quando estamos a decidir fazer esta obra, estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos" está a seguir uma velha tendência do breviário político luso, capaz de misturar alhos com bugalhos para obter, nas audiências, um efeito sonante. É uma tradição.

Acontece, porém, que a discursata do líder do executivo liga diretamente os 134 milhões de euros a gastar pelo Estado numa via rodoviária com a limitação da despesa com funcionários públicos. Esta comparação legitima todas as outras comparações equivalentes anteriormente feitas por sindicatos, grevistas, militantes da oposição, dirigentes partidários, adversários, colunistas de cadastro diverso, tantas vezes apelidados pelos governantes de "populistas", "demagógicas", "irresponsáveis" ou, pretensiosamente, "tecnicamente erradas".

Gostaria, portanto, de perguntar ao primeiro-ministro, depois de colocar nos dois pratos da balança a reparação de uma pequena parte dos 279 quilómetros totais do percurso do IP3, precisamente a zona que não é autoestrada (e continuará a não ser) e, no outro prato da balança, os aumentos salariais reivindicados por cenetans de milhares de trabalhadores, o que acha se nessa balança colocássemos outros ingredientes? Dou só três exemplos:
1 - O custo anual de 400 a 600 milhões de euros com a contagem total de tempo de carreira dos professores num prato e, no outro prato, o gasto de 768 milhões de euros, no último ano, mais mil milhões de euros a gastar pelo Estado este ano (e não se sabe o que se segue daí para a frente) com bancos falidos.

2 - O perda pelo Estado de 700 milhões de euros na arbitragem de conflitos com a Parcerias Público-Privadas num lado com a recusa ou adiamento das obras que tornem decente o hospital pediátrico de São João no outro lado dessa balança.

3 - O aumento da dívida do Estado que, ao contrário das promessas, subiu para um recorde de 250,3 mil milhões de euros comparado com a falta de equipamentos de proteção e combate aos fogos florestais também anteriormente prometidos a bombeiros e militares.

É demagógico fazer estas comparações? Talvez, mas estão ao mesmo nível das comparações que o primeiro-ministro fez ao cortar as fitas das obras do Itinerário Principal 3.

António Costa, no entanto, tem razão numa coisa: governar um orçamento do Estado é fazer escolhas, é decidir onde se pode ou não gastar o dinheiro dos contribuintes.

Infelizmente, pelo que tem dito e feito nos últimos tempos, António Costa optou pela banalidade e faz o mesmo tipo de escolhas de outros senhores de outros tempos, que consumiram imensos recursos do Estado numa visão desfocada do bem comum. Vi isso nos tempos de Sócrates. Vi isso nos tempos da troika. Vi isso nos tempos de Vítor Gaspar. Vi isso nos tempos de Maria de Lurdes Albuquerque. Vi isso nos tempos de Pedro Passos Coelho. Oiço agora isso das bocas de Mário Centeno e de António Costa. É uma tradição.

Crápula made in EUA | Obama no Porto por duas horas e meio milhão de euros


O ex-presidente dos EUA chega hoje ao Porto por duas horas para falar do clima. Até parece que estamos a delirar com prosa extraída de um anedotário. Não. É do Expresso, mas também constante nos restantes da comunicação social portuguesa e estrangeira. Vem “limpar” meio milhão de euros por… talvez uma hora de “conversa”. 

Depois segue para Espanha e vai fazer o mesmo “trabalho” de parasita de alto gabarito. A seguir viaja para África, para o Quénia, para visitar a terra da avó. Suas origens. Como a senhora deve estar morta falta saber quem lhe vai pagar para se dar ao incómodo de voltar às suas raízes. Até é provável que pela socapa saque alguns diamantes. Já não será mau. Viaja com a família, talvez para os restantes Obamas aprenderem como se sugam milhões sem fazer nada. Num blá-blá estéril e repetitivo.

Tudo o resto pode ler tim-tim por tim-tim no Expresso (que é o que está a dar). Em anexo a estas “estórias” o Expresso e outros deviam juntar uma sala de meditação para avaliarmos estas notícias dignas daqueles tais e tamanhos crápulas palradores. É uma não-notícia, mas fica bem sabermos até que ponto certos personagens são capazes de chular até ao osso milhões e milhões sem fazerem nada, nem dizerem nada de novo. E isso é facto. Obama vale assim tanto exatamente porque não presta. Como outros que o antecederam na Casa Branca e aquele Trump que lhe sucedeu. Haja quem pague... Leia que dá para rir em vez de chorar. (MM | PG)

Obama está esta sexta-feira no Porto em nome do ambiente mas vai dormir a Madrid

Há um ano, Adrian Bridge, presidente executivo do grupo The Fladegate Partnership, quis medir a pegada de carbono da sua empresa. “Foi muito difícil”, diz. E foi assim que nasceu a Climate Change Leadership Porto Summit, que leva esta sexta-feira ao Porto o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

O que pode fazer Barack Obama numa visita relâmpago de duas horas ao Porto? Beber um cálice de vinho do Porto, responder a 15 perguntas pré-selecionadas sobre ambiente e alterações climáticas e tirar fotografias com 100 pessoas escolhidas entre os convidados da Climate Change Leadership Porto Summit 2018.

A sua equipa ainda visitou o multipremiado Yeatman, o hotel vínico do grupo Fladegate, em Vila Nova de Gaia, para escolher quartos e prolongar a jornada no Porto por mais algumas horas, mas Barack Obama preferiu dormir em Madrid, onde participa no mesmo dia numa cimeira sobre economia circular, organizada pela Advanced Leadership Foundation, tal como o encontro do Porto.

A verdade é que Obama, bombardeado com uma média de 30 convites diários para fazer discursos e participar em eventos pelo mundo, terá aceitado seis compromissos este ano, dois dos quais no mesmo dia, no Porto e em Madrid. E a Península Ibérica terá sido, assim, escolhida como escala na viagem que o ex-presidente do EUA está a fazer com a mulher e as duas filhas até ao Quénia, para uma visita a Kogelo, a aldeia da sua avó.

A agenda oficial prevê a chegada ao aeroporto Francisco Sá Carneiro pelas 13h, de forma a estar no Coliseu do Porto às 14h, mesmo a tempo de ter um encontro privado com os organizadores da cimeira, tirar algumas fotos e responder às perguntas que foram previamente apresentadas pela organização. Antes de começar a falar, “poderá limpar a voz com um bom cálice de vinho do Porto”, acrescenta Adrian Bridge, presidente executivo do grupo The Fladegate Partnership e um dos anfitriões deste encontro. Tudo com regras “muito restritas” porque Obama não quer partilhar o palco com políticos, não permite a gravação da sua intervenção nem responde a perguntas dos jornalistas. Pelas 16h já está a partir.

Adrian Bridge não confirma o valor dos honorários de Obama, apesar de o Expresso ter noticiado, na sua edição de 28 de abril, que o ex-presidente norte-americano cobra 500 mil euros pela presença neste encontro. “É um contrato privado”, diz. Refere que parte dos custos de segurança relativos à presença de Barack Obama é suportada pelos EUA por se tratar de um antigo presidente do país, mas não divulga o orçamento envolvido nesta conferência, que juntará 2.200 convidados no Coliseu do Porto, esta sexta-feira, para ouvirem ainda Irina Bokova, ex-diretora-feral da UNESCO, Mohan Munasinghe, prémio nobel da paz e vice-presidente do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas, e Juan Verde, presidente da Advanced Leadership Foundation.

“Temos de contabilizar custos de logística e segurança, a organização, o almoço de duas mil pessoas.... São vários fatores e não tenho um número para dar”, refere apenas Adrian Bridge. Acrescenta que o Coliseu, pelas suas características e pelos anos que já tem, traz desafios especiais à segurança: parte da rua Passos Manuel estará fechada e um núcleo especializado da PSP já está a trabalhar na zona. Quanto a Obama, parece que entrará pela porta das traseiras do recinto.

O segredo para atrair o presidente dos EUA ao Porto foi exatamente o interesse de Barack Obama nas questões ambientais e nas alterações climáticas. “Esta é uma questão muito importante para ele. Está empenhado em apoiar iniciativas de liderança nesta área”, sublinha Adrian Bridge, referindo que a Fundação Obama está já ligada à Advanced Leadership Foundation.

O PORTO E O VINHO NA LIDERANÇA

Mas se o lado mais mediático do encontro será a passagem de Obama pelo Coliseu do Porto, a principal bandeira da iniciativa no terreno é o Porto Protocol. A visita de Obama será uma visita relâmpago. O Porto Protocol “será para durar”, garante Adrian Bridge, empenhado no sucesso deste compromisso escrito e formal que juntará empresas de todas as áreas na partilha de conhecimentos e metas no âmbito das alterações climáticas e contra a inércia empresarial nesta área, até porque “não é preciso ninguém inventar a roda sozinho”.

Entre as primeiras adesões, ao lado do grupo Fladegate estão a Sonae, a BA Vidros, a Corticeira Amorim e a PriceWaterhouseCoopers. “Esta sexta-feira, quando lançarmos o Porto Protocol é que começa verdadeiramente o trabalho de angariação de membros aderentes. A primeira avaliação será feita em março de 2019, numa nova conferência no Porto, em que queremos reunir 600 pessoas do mundo do vinho a nível mundial, para discutir o problema das alterações climáticas no sector”, refere.

Para Adrian Bridge, não há dúvida de que o sector do vinho “pode ter uma posição de liderança neste tema e o Vale do Douro, património mundial, suportado pelo sector do vinho, também”. Por isso, este deverá ser o pontapé de saída para dar ao Porto e ao Douro notoriedade nesta área.

E se há uma história para contar sobre “como tudo começou” , neste caso é mesmo preciso falar do Vale do Douro, onde o grupo Fladegate tem as suas quintas dedicadas à produção de vinho do Porto.

“No ano passado quis medir a pegada de carbono na minha empresa. Foi muito difícil”, conta Adrian Bridge, sem esconder que ficou surpreendido quando percebeu que isso era um problema.

Além do mais, a Fladegate também tem sentido diretamente no Vale do Douro o efeito das alterações climáticas. E sabe que há coisas que é possível mudar e melhorar quando todos trabalham juntos.

Um exemplo? A Associação de Lavradores do Douro (Prodouro) já está a tentar replicar uma técnica que existe na Borgonha, de forma a “semear nuvens com iodeto de prata, para forçar a queda de chuva e evitar a formação de granizo”. “Podemos aprender com o que os outros fazem e também ajudar agricultores de outros países com o que descobrimos”, argumenta. Neste caso, a ideia é lançar ar quente para as nuvens quando a meteorologia indicar que vai cair granizo. Pode parecer complicado, mas é possível. “Basta apenas juntar algumas quintas porque é preciso trabalhar numa banda de 20 quilómetros”, explica.

E se este processo que já está a funcionar na Borgonha estivesse ativo no Douro a 28 de maio, talvez tivesse sido possível o grupo Fladegate evitar a queda de granizo que destruiu 40% da produção da sua Quinta do Junco, onde faz habitualmente 200 pipas de vinho, provocando um prejuízo de 400 mil euros.

Ao lado do grupo The Fladegate Partnership e da Advanced Leadership Foundation na organização desta cimeira estão a Câmara do Porto, a Associação Comercial do Porto, o Instituto da Vinha e Vinho e o American College de Espanha.

A representação do governo estará a cargo dos ministros da Agricultura, Floresta e Desenvolvimento Rural, Capoulas dos Santos, e do Ambiente, Matos Fernandes. A presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não foi confirmada, mas é uma possibilidade. Marcelo tinha dito que não poderia estar presente, mas nessa altura havia a possibilidade de Portugal jogar os quartos de final do Mundial de futebol. Agora que a equipa foi afastada e a agenda de Marcelo Rebelo de Sousa prevê a presença do presidente da República no Porto às 18h00 para inaugurar a exposição “Boa Viagem Senhor Presidente”, na Alfândega, tudo é possível.

Margarida Cardoso | Expresso

Obama hoje no Porto. Prevêem-se por lá odores nauseabundos e hipocrisia


Curto com Costa, da SIC, no Expresso. Coutadas do senhor Bilderberg Balsemão. Mas o Curto vale. Atualizamo-nos sobre o que acontece ou é pura ficção ou manipulação. Acontece sempre assim e compete-nos ter a “Liberdade para pensar”, que é o slogan do Expresso. Muito bem aplicado.

Hoje há Trump e Obama. Olha que dois. Que na Venezuela a “situação caótica” continua. Claro, os Obamas e os Trump & Associados não abandonam a senda do crime contra os países e povos que só querem ser livres e decidir os seus presentes e futuros. Disso já sabemos como é. Basta olharmos para o mundo e seus imensos focos de desestabilização provocados pelos criminosos das elites do grande capital dos EUA e de mais uns quantos do mundo. Imensos da anglofonia, mas não só.

Por hoje chega de nós para vós. Pensem com a vossa massa encefálica. O tal cérebro. Ficção pode ser giro. Manipulação nem por isso.

Obama chega hoje ao Porto e vai-se logo. Com um cheque de valor inaudito. Vejam se lhe dão uns marteladas à São João, mas sem “amortecedores”. Bem as merece, por toda a trampa que fez e que atualmente ainda está a sobrar ao Trump. Por aquele seu sucessor ainda aproveita para escavar mais na fossa de desgraçar outros povos e países. Afinal o que é que se pode esperar de criminosos de guerra e de outros crimes contra a humanidade?

Bom dia, bom fim-de-semana e boas festas aos animais de quatro patas que passem por vós. Os de somente duas patas nem sempre são de fiar. Cuidado. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

A guerra de Trump começa em dia de Obama Vintage Port

Ricardo Costa | Expresso

Hoje vamos ouvir falar muito de dois presidentes americanos. O atual, que lançou esta madrugada uma verdadeira guerra comercial à China, aumentando o número de produtos a taxar, com a resposta de Pequim já a caminho. E o anterior, que aterra por umas horas no Porto para uma conferência, que vai parar a cidade e trazer níveis de segurança inéditos ao Coliseu e redondezas.

Ainda bem que Obama não mora cá ou Rui Moreira estaria em muito maiores apuros para lhe estacionar a frota e responder às excentricidades da segurança do que Fernando Medina tem com a, essa sim, moradora Madonna.

É um toca e foge, mas o suficiente para colocar o Porto, o Douro e o Vinho do Porto na rota noticiosa do dia e com grade aparato. A coisa terá custado uma pipa (metáfora acertada ao caso) de massa (esta parte da metáfora não correu bem) aos organizadores, mas o propósito é mais do que nobre: os efeitos das alterações cimáticas no vinho. O que nos reserva esse Obama LBV? Só depois de tirarmos a rolha é que vamos saber.

A Climate Change Leadership Porto Summit 2018 é o ponto de partida para um tema que os organizadores, com Adrian Bridge, do grupo Fladegate, à cabeça, pretendem tenha o Porto como centro da discussão. A ideia é que a cidade lidere o debate sobre as alterações climáticas e os efeitos no vinho. Não há, de facto, melhor maneira de começar do que com um Obama Vintage Port. É certo que o ex-Presidente dos EUA vai logo de seguida para Madrid, onde esperemos que não estrague o dia com um xerez, e logo de seguida para o Quénia, mas a sua marca ficará indelevelmente ligada ao tema e, esperemos, ao vinho do Porto.

Está provado que o vinho é uma das nossas mais poderosas armas diplomáticas. Quem não se lembra da curta lição de história que Marcelo deu a Trump sobre o vinho da Madeira a fundação dos EUA? Poucos dias depois aí está o vinho do douro a trazer Obama ao burgo. À nossa.

Enquanto bebericamos as notícias, convém manter os olhos numa guerra mais que anunciada e que teve disparos violentos esta noite. É uma guerra comercial, daquelas que não faz mortos nem feridos, mas que provoca tumultos nas economias de todo o mundo. Trump tinha-a fisgada há muito tempo e ela aí está. Não fiquem à espera de ver o Albarran no deserto do Arizona ou imagens de raios verdes a cruzar a noite de Pequim, mas preparem-se para choques económicos grandes a que a UE não vai escapar. Mais um motivo para acabar o dia com um vinho do Porto. Como ainda estamos longe dessa hora, bebamos... outras notícias.

OUTRAS NOTÍCIAS

Um mergulhador e antigo membro da marinha tailandesa morreu hoje, por falta de oxigénio, depois de ter levado uma reserva de ar aos jovens presos numa gruta inundada no norte da Tailândia. O acidente ocorreu quando as equipas de socorro e busca dos 12 rapazes e do seu treinador de futebol, presos na gruta há 13 dias, aceleravam os preparativos para a sua retirada, antes do regresso anunciado da chuva.

Foi um rude golpe na esperança de salvar os rapazes e o treinador, quando as autoridades estão numa corrida contra o tempo a tentar bombear água para fora das grutas, os dias de chuva torrencial se aproximam e a o estado de saúde de alguns dos jovens se tem agravado.

Para quem tem acompanhado menos a evolução da situação caótica na Venezuela, vale a pena espreitar este trabalho do El País, sobre os efeitos da hiper inflação. As consequências são tão dramáticos como absurdas: o salário mínimo permite comprar milhares e milhares de litros de gasolina mas não chega para uma lata de atum!

Espantado? Então talvez não tenha visto o que o governo italiano decidiu ontem. No próximo ano letivo, os pais já não precisam de mostrar o boletim de vacinas dos seus filhos, basta garantirem que estão vacinados. Tanto o Movimento 5 Estrelas como uma parte dos dirigentes da Liga adoram o movimento anti-vacinas e acham um exagero que as crianças italianas tenham que ser vacinadas contra tantas coisas. Enfim… O artigo do New York Times mostra bem a loucura que por ali vai e está visto que não é só na imigração.

O governo japonês anunciou que Shoko Asahara, o líder de uma seita que lançou um ataque com Gás Sarín no metro de Tóquio em março de 1995, foi executado na passada sexta-feira. As autoridades japonesas acrescentaram que outros seis dirigentes da seita também foram enforcados nesse dia, numa prisão japonesa.

Hoje é dia de ter um olho no Parlamento. É certo que com tanta coisa a acontecer, vai ser difícil seguir o tema, mas há dois casos que lhe interessam. Um, pelo debate que lança e que, apesar de não ter probabilidade de sucesso imediato, vai, como se costuma dizer, andar por aí: o fim das touradas, ideia defendida pelo PAN e que provocaria uma pequena revolução em boa parte do país.

O outro, bem mais relevante, é o das alterações às leis laborais, recentemente decididas em sede de concertação social. O tema está a provocar profundas divisões entre PS, PCP e Bloco.

Há 30 cursos superiores a garantir emprego a recém-diplomados. A análise à oferta de cursos superiores está hoje plasmada na imprensa e fica disponível a partir de hoje no portal infocursos (onde estão todos os dados e estatísticas do ensino superior). É seguir este link e ver o que lhe interessa que o concurso nacional de acesso ao ensino superior público arranca no dia 18 deste mês.

Hoje é dia de Mundial e de dois grandes jogos. Chegámos finalmente aos quartos-de-final e temos um França-Uruguai às 15h e um promissor Brasil-Bélgica pelas 19h. O Brasil acaba de saber que o lateral direito Danilo (ex-F.C. Porto) está fora do torneio por lesão, mas parece suficientemente motivado para enfrentar uma promissora equipa belga.

Nos desportivos é época de vai e de vem, e também de muito desejo que não se materializa. É o chamado mercado de verão, onde a bomba é Ronaldo.

Os jornais espanhóis e italianos dão como quase fechada a transferência surpresa do craque português para a Juventus de Turim, numa jogada que é considerada em Itália o “golpe do século” dos Agnelli, os patrões da FIAT que também mandam no clube e em muito do que se passa e pensa Turim.

A apresentação de CR7 nos estádio da Vecchia Signora estará prevista para amanha

Ao lado de CR7 tudo parece pequeno. E nessa frente parece que:

Gelson pode sair do Sporting para o Atlético de Madrid

Nani pode estar de volta a Alvalade saindo do Valência

O F.C. Porto deu nega ao Bayern e a Juve sobre Alex Telles, o Rei das assistências no Dragão

FRASES

“CR7 alla Juve? Il calcio italiano vincerebbe alla lotteria” (CR7 na Juve? O futebol italiano ganharia a lotaria). Christian Vieiri, ex-jogador italiano e agora comentador na BeIN Sports

“CR7 ya há dado su palabra a Agnelli” (CR7 já deu a sua palavra ao patrão da Juventus). Manchete da Marca, jornal desportivo de Madrid

“Não quero que ele fique sem emprego, mas quero que ele não volte a exercer funções destas”. Nicol Quinayas, a jovem agredida por um vigilante ao serviço da STCP, que participou ontem num protesto, no Porto, contra o racismo

“A chegada dos turistas correspondeu quase a um momento de libertação”. José Luis Carrilho da Graça, arquiteto, no Jornal de Negócios

O QUE EU ANDO A LER

Os Ricos, de Maria Filomena Mónica. Um livro partido em três épocas e em três tipos de ricos: os fidalgos antigos, os milionários do liberalismo e os capitães da indústria do século XX. À primeira vista pode parecer redutor, mas o resultado é um olhar completamente diferente para três séculos da história de Portugal através dos (nossos) ricos.

Talvez a entrada do texto que José Cutileiro publicou na Revista E do Expresso seja a recomendação mais simples e consistente sobre este livro:

“O último livro de Maria Filomena Mónica, admiravelmente bem escrito, é uma profunda reflexão sobre a criação e a distribuição de riqueza em Portugal”.

E talvez a última frase da obra resuma bem uma ideia que perpassa todo o trabalho:

“Aos ricos tudo lhes é dado, incluindo a possibilidade de serem independentes. É pena que não aproveitem.”

Esta visão crítica dos ricos portugueses cruza o livro. Quase sempre fechados sobre si mesmo, com uma extrema dependência do Estado, iniciativa limitada, pergaminhos a mais, várias coisas menos. Não foram todos assim, longe disso, mas muito do atraso do país em várias épocas fica bem explicado neste excelente livro.

O Expresso Curto fica por aqui. Amanhã há Expresso nas bancas e, num dia em que o calor vai apertar, o jornal vem com o primeiro dos GUIAS DO EXPRESSO – À descoberta de Portugal, que é melhor colecionar e ter por perto nas próximas oito semanas. O primeiro tem a curadoria de Tiago Pires (Saca) e é, claro, sobre as melhores praias do país. É pegar no jornal e no guia e aproveitar. Depois não digam que eu não avisei… Bom fim de semana.

António Costa termina visita de dois dias a Maputo


O primeiro-ministro português, António Costa, termina hoje uma visita oficial de dois dias a Moçambique, que incluiu a realização, na quinta-feira, da III Cimeira bilateral entre os dois países.

Hoje de manhã, o primeiro-ministro visitará o Museu de História Natural, onde o Instituto Camões apoiou a conservação e restauro do mural "O Homem e Natureza" do artista Malangatana, sendo depois recebido no parlamento moçambicano, onde terá um encontro com a presidente da Assembleia da República de Moçambique, Verónima Macamo.

Antes de encerrar o seminário empresarial entre os dois países, onde deverão ser assinados acordos de âmbito económico, está previsto um passeio a pé de António Costa pelo centro da cidade, passando pelo Mercado Municipal e pela Fortaleza de Maputo, um dos principais monumentos históricos da cidade.

Lusa

Costa diz que países não podem ficar "paralisados" por causa das dívidas ocultas

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, defendeu hoje que as relações com Moçambique não podem ficar paralisadas por causa de ainda não estar concluída a investigação às dívidas ocultas do Estado moçambicano.

"São temas da Justiça moçambicana, não me compete estar aqui a comentar", referiu António Costa, acrescentando que os dois países não podem ficar "paralisados num passado".

"O futuro está aí e é para o futuro que temos de olhar", disse António Costa, questionado pelos jornalistas após um cocktail com cerca de 200 empresários portugueses em Maputo, no âmbito de uma visita oficial de dois dias.

O chefe do Governo português conversou com representantes de empresas de várias áreas de atividade, que, segundo referiu, têm "resistido" à crise em Moçambique, de 2016 para cá, agravada pelas dívidas não declaradas do Estado de cerca de dois mil milhões de dólares.

O destino do dinheiro continua por apurar, num escândalo que levou os principais doadores estrangeiros (entre os quais, o Estado português) a abandonarem o apoio direto ao Orçamento do Estado há dois anos.

Hoje, pegando no exemplo das empresas portuguesas naquele país africano, António Costa defendeu como "absolutamente essencial" que Portugal tenha com Moçambique "uma relação com o nível de confiança que estas empresas têm tido".

"É isso que permite ultrapassar de forma saudável situações anteriores, de forma a que elas não se repitam, mas também para garantir que não ficamos paralisados num passado", referiu.

Olhando para o futuro e sobre estímulos à atividade empresarial portuguesa, António Costa destacou a ativação de instrumentos financeiros, tais como linhas de crédito, "que ajudam a desbloquear algumas situações" de investimento.

Destacou ainda um "reforço do plano estratégico para a cooperação, de 64 para 202 milhões de euros: é uma contribuição importante e temos que trabalhar com as empresas e autoridades para que se encontrem soluções" para a cooperação económica luso-moçambicana.

"A mensagem de Moçambique foi clara: tem apreço pelas empresas portuguesas, pela forma como têm conseguido resistir" e revela "ambição de virar a página, de se lançar a um conjunto de infraestruturas absolutamente estruturais para uma economia mais sustentável e menos dependente de crises externas", sublinhou.

No cocktail, uma das presenças foi a do vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento, que afastou, contudo, quaisquer razões político-partidárias para a sua presença no evento com o primeiro-ministro português.

Sarmento salientou que tem negócios em Moçambique há 15 anos, por via do seu escritório de advogados, e mais recentemente com uma participação num pequeno projeto hoteleiro.

Políticas à parte, o vice-presidente do PSD elogiou a visita de António Costa, que considerou ter, tal como o ministro Augusto Santos Silva, "uma leitura da realidade africana" e saudou que não haja em relação a Moçambique "qualquer irritante", como aconteceu no caso de Angola.

Antes do 'cocktail' com cerca de duas centenas de empresários, no hotel de Maputo onde ficou alojado, Costa visitou durante a tarde o Porto de Maputo e a Sociedade Industrial de Pescas, onde teve oportunidade de ver como são conservados e embalados alguns tipos de marisco, uma das principais exportações do país.

"A próxima vez que estiver num supermercado, já sei", afirmou o primeiro-ministro, no final da visita, onde até teve de vestir um anoraque para resistir às baixas temperaturas da arca frigorífica onde são guardados os crustáceos.

LFO/SMA // ARA | Lusa

Costa faz voto de confiança nas autoridades sobre rapto de empresário português

O primeiro-ministro português, António Costa, fez hoje um voto de confiança nas autoridades moçambicanas depois de terem anunciado a reabertura da investigação ao desaparecimento do empresário português Américo Sebastião.

"Como esta semana foi noticiado, as autoridades moçambicanas reabriram o processo, de acordo com as diligências solicitadas pelo advogado da família. É um caso que está entregue às autoridades judiciais", referiu Costa, questionado pelos jornalistas à margem de um encontro com empresários, em Maputo.

António Costa encontra-se em visita oficial a Moçambique durante dois dias.

O primeiro-ministro considerou que o facto de o desaparecimento já ter acontecido há dois anos, "naturalmente preocupa a todas as pessoas, do ponto de vista humano".

"Temos de confiar que as autoridades desenvolvam o seu trabalho", declarou.

O advogado Vicente Manjate disse na passada segunda-feira à agência Lusa que a instrução do processo, instaurado contra desconhecidos, foi reaberta após "a Procuradoria ter deferido a reclamação" da família de Américo Sebastião, para revogação do despacho de arquivamento de 23 de fevereiro último.

"A reclamação foi deferida, pois a defesa demonstrou que algumas diligências teriam sido, inexplicavelmente, preteridas e outras negligenciadas e abandonadas a meio", afirmou Manjate.

Américo Sebastião foi raptado numa estação de abastecimento de combustíveis, em 29 de julho de 2016, em Nhamapadza, distrito de Maringué, província de Sofala, no centro do Moçambique.

LFO (JOP) // ARA | Lusa

PR timorense cancela participação na cimeira da CPLP, em dúvida visita a Portugal


O Presidente da República timorense cancelou a sua participação na cimeira da CPLP em Cabo Verde, este mês, mantendo a intenção de visitar Portugal ainda que esta deslocação não esteja ainda totalmente confirmada, segundo fonte da Presidência.

A fonte confirmou que a decisão foi comunicada na quarta-feira numa carta que Francisco Guterres Lu-Olo enviou ao Parlamento Nacional - que tem que aprovar as deslocações do chefe de Estado ao estrangeiro - que altera um pedido anterior.

Nesse novo texto, Lu-Olo mantém o pedido para a visita de Estado a Portugal - a sua partida está prevista para terça-feira - e cancela o pedido para a visita a Cabo Verde.

"A decisão foi tomada porque, no atual contexto, ficaria muito tempo fora do país", disse a fonte do gabinete de Lu-Olo.

A carta foi avaliada hoje na conferência de líderes das bancadas do parlamento que aprovaram o seu agendamento para debate e votação na sessão de segunda-feira do parlamento.

No entanto, fontes da oposição, admitem que essa autorização pode não ser dada devido ao impasse que permanece entre Lu-Olo e o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, sobre um grupo de membros do executivo, excluídos da tomada de posse do VIII Governo, no mês passado.

"Veremos na segunda-feira", disse um deputado da oposição.

Fonte da Presidência confirmou à Lusa que uma reunião de hoje entre o chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, e o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak para resolver o impasse sobre a tomada de posse de 11 elementos do executivo "terminou sem acordo".

Taur Matan Ruak recusou-se a fazer qualquer declaração aos jornalistas depois do encontro.

A mesma fonte explicou que não há marcada, para já, nova reunião entre os dois para sexta-feira, desconhecendo-se, para já, se haverá na segunda-feira a tomada de posse de algum dos membros que faltam da lista entregue em junho por Taur Matan Ruak.

O único avanço no impasse ocorreu hoje de manhã quando o Conselho Superior de Defesa e Segurança aprovou a proposta do Governo de exoneração do brigadeiro-general Filomeno Paixão de Jesus do cargo de vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, antes de este ocupar o cargo de ministro da Defesa.

"A decisão foi aprovada por unanimidade de todos os presentes e o Presidente vai agora assinar o decreto presidencial para essa exoneração", disse, escusando-se a dizer quando Paixão tomará posse.

"O diálogo [entre o Presidente e o primeiro-ministro] continua. Não posso falar nem em nome do PR nem do PM", comentou.

Recorde-se que o VIII Governo começou a trabalhar quando ainda não estava completo e depois de o Presidente não ter dado posse a 11 dos 41 membros propostos pelo primeiro-ministro, Taur Matan Ruak.

Desde aí, tem-se mantido o impasse com o Presidente da República a não ceder na posição do primeiro-ministro que mantém a intenção de que todos os 11 tomem posse.

Entre os nomes excluídos contam-se elementos centrais dos partidos da AMP e do organigrama do executivo, incluindo o ministro de Estado e Coordenador dos Assuntos Económicos e o ministro das Finanças.

A decisão de Lu-Olo levou Xanana Gusmão, líder da AMP, a informar que não tomava posse como ministro de Estado e conselheiro do primeiro-ministro, tendo estado também ausente da cerimónia o ministro do Petróleo e Minerais, Alfredo Pires.

ASP // VM | Lusa

Morre mergulhador depois de ajudar crianças presas em gruta na Tailândia


Um antigo membro da marinha tailandesa morreu, por falta de oxigénio, depois de ter entregado uma reserva de ar às crianças presas numa gruta inundada no norte da Tailândia, disseram hoje as autoridades.

Depois de ter entregado uma reserva de oxigénio, ficou sem oxigénio para regressar" à superfície, anunciou o vice-governador da província de Chiang Rai, Passakorn Boonyaluck.

"Ficou inconsciente no caminho de regresso, e o companheiro de mergulho tentou ajudar", disse o chefe dos comandos da marinha tailandesa, Apakorn Yookongkaew.

Este acidente ocorreu quando as equipas de socorro e busca dos 12 rapazes e do seu treinador de futebol, presos numa gruta há 13 dias, aceleravam hoje os preparativos para a sua retirada, antes do regresso anunciado da chuva.

Os socorristas esperam conseguir, com a ajuda de bombas, baixar o nível da água, de modo a permitir que as crianças não tenham que mergulhar durante muito tempo.

Até ao momento, um mergulhador experimentado demora cerca de 11 horas a chegar ao local onde se encontram as crianças: seis horas para ir e cinco horas para regressar, graças a corrente.

O percurso estende-se por vários quilómetros através de canais acidentes, com passagens difíceis sob a água.

EJ //MIM | Lusa

Macau | Festival de Cinema China e Países Lusófonos já começou


Festival de Cinema quer ser “plataforma de intercâmbio” entre a China e os países de língua portuguesa

Conta com 24 filmes nas línguas chinesa e portuguesa e estende-se até 13 de Julho o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Na cerimónia de inauguração do evento, que ontem decorreu, Mok Ian Ian, presidente do Instituto Cultural, afirmou que o festival pretende ser uma “plataforma de intercâmbio da cultura cinematográfica entre a China e os países de língua portuguesa”. 

Arrancou ontem a primeira edição do Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, inserido no Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa – Encontro em Macau. “A Ira do Silêncio”, do realizador chinês Xin Yukun, foi o filme escolhido para inaugurar a mostra, no Centro Cultural de Macau. No seu discurso, a presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, afirmou que, com o festival de cinema, “o público vai ter um conhecimento profundo sobre a tendência do desenvolvimento cinematográfico da China e dos países de língua portuguesa”.

O Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa estende-se até ao próximo dia 13 de Julho, com um total de 24 filmes a serem projectados no Centro Cultural de Macau e na Cinemateca Paixão. O evento divide-se em três partes – Filmes em Chinês, Filmes em Português e Imagem Macau – e, segundo afirmou Mok Ian Ian, visa “estabelecer uma plataforma de intercâmbio da cultura cinematográfica entre a China e os países de língua portuguesa”.

Assim, para o segmento das películas em língua chinesa foram escolhidos “Livre e Fácil”, de Geng Jun, “Velho Animal”, de Ziyang Zhou, e “A Feiticeira Viúva”, de Cai Chengjie, entre outros. “Tabu”, de Miguel Gomes, “A Fábrica de Nada”, de Pedro Pinho, e “Aquarius”, de Kleber Mendonça Pinho, compõem a secção em língua portuguesa. Imagens Macau engloba “Cidade Progressiva e Monumental”, de Antunes Amor, “Macau, Jóia do Oriente”, de Miguel Spiguel, e “Cidade do Nome de Deus”, de Ricardo Malheiro. As versões restauradas de “Douro, Faina Fluvial” e “Aniki-Bóbó”, do cineasta português Manoel de Oliveira irão encerrar o festival.

O Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa insere-se no Encontro em Macau, que inclui outros quatro eventos: a exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo, um serão de espectáculos entre a China e os países de língua portuguesa, um fórum cultural entre a China e os países de língua portuguesa e uma exposição anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Mok Ian Ian explicou que o Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi criado “para transmitir as essências culturais seculares entre a China e os países de língua portuguesa”.

Catarina Vila Nova | Ponto Final 

Visita do primeiro-ministro Li impulsionará desenvolvimento de relações China-Europa


Beijing, 5 jul (Xinhua) -- As próximas visitas do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, à Bulgária e Alemanha impulsionarão o desenvolvimento integral das relações China-Europa, assinalaram especialistas de destacados grupos de pesquisa.

Li realizará visitas oficiais à Bulgária e Alemanha e participará da 7ª reunião dos líderes da China e dos países da Europa Central e Oriental em Sófia e realizará a 5ª rodada de consultas intergovernamentais entre a China e a Alemanha de 5 a 10 de julho.

A cooperação 16+1, um mecanismo de cooperação transregional voluntária entre a China e os países da Europa Central e Oriental, foi estabelecida em 2012 e conduziu a um rápido desenvolvimento do comércio e investimento.

O volume comercial entre a China e os 16 países da Europa Central e Oriental subiu para US$ 68 bilhões no ano passado, um aumento anual de 15,9%, segundo o Ministério do Comércio.

Cui Hongjian, diretor do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse que a cooperação 16+1 de nível local tem um grande potencial para ser descoberta durante a visita de Li.

Além de identificar a cooperação 16+1 como uma parte inseparável e benéfica da cooperação China-Europa, Cui propôs que a experiência obtida da cooperação 16+1 seja promovida e aplicada ainda mais na cooperação com outros países europeus.

Liu Zuokui, diretor do Departamento de Estudos da Europa Central e Oriental do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, também concorda que o mecanismo de cooperação 16+1 contribuirá ao desenvolvimento da parceria China-Europa.

Cui também assinalou a crescente atitude positiva para a construção do Cinturão e Rota entre os países europeus e disse que as visitas de Li promoverão ainda mais essa tendência e a cooperação em outros âmbitos.

Enfatizando o importante papel dos países da Europa Central e Oriental na construção conjunta do Cinturão e Rota, Cui pediu a aplicação da experiência da cooperação 16+1 no marco do Cinturão e Rota.

Os especialistas também compartilharam grandes expectativas sobre as visitas oficiais de Li à Bulgária e Alemanha e a influência positiva que terão nas relações China-Europa.

Também ressaltaram o papel pioneiro da Bulgária no desenvolvimento de projetos agrícolas modelo sob o mecanismo 16+1 e o destacado papel da Alemanha no desenvolvimento dos laços China-Europa.

Liu disse que a Bulgária está melhorando atualmente sua infraestrutura, um âmbito em que a China tem muita experiência, o que resulta em um enorme potencial de cooperação.

Os interesses comuns da China e Alemanha garantiram bases sólidas e um futuro brilhante para a cooperação bilateral, disse Cui, acrescentando que se necessitam mais esforços para reforçar a cooperação em inteligência artificial e condução autônoma.

Na última sexta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Wang Chao, destacou que, desde o estabelecimento da parceria estratégica onidirecional em 2014, as relações China-Alemanha mantiveram um impulso de desenvolvimento de alto nível, com frequentes visitas de alto nível e resultados frutíferos em economia, comércio, investimento, tecnologia, inovação e intercâmbios entre pessoas.

Wang também comparou as consultas governamentais entre a China e a Alemanha com um "supermotor" de promoção da cooperação bilateral prática em diversos âmbitos.

Como beneficiários da globalização e mecanismo multilateral, a China e a Europa devem estar mais firmemente unidas em crenças, princípios, políticas e ações para consolidar o sistema de livre comércio e o mecanismo de multilateralismo diante de desafios como o unilateralismo e o protecionismo, disse Cui.

Liu também avaliou que a visita de Li aumentará a confiança mútua entre a China e os países europeus e resultará em mais ações práticas para promover a cooperação China-Europa de multiníveis e amplo alcance, e salvaguardar a globalização. 

Em seu 19º Congresso Nacional em outubro do ano passado, o Partido Comunista da China enfatizou que o país continuará com seus esforços para garantir a paz mundial, contribuir ao desenvolvimento global e defender a ordem internacional.

"A China e a Europa enfrentam os mesmos desafios e compartilham interesses comuns. A visita ajudará as duas partes a aproveitarem as oportunidades para transformar suas iniciativas e visões de cooperação em realidade", disse Cui. 

 XinhuaDiário do Povo

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