O primeiro-ministro português,
António Costa, termina hoje uma visita oficial de dois dias a Moçambique, que
incluiu a realização, na quinta-feira, da III Cimeira bilateral entre os dois
países.
Hoje de manhã, o
primeiro-ministro visitará o Museu de História Natural, onde o Instituto Camões
apoiou a conservação e restauro do mural "O Homem e Natureza" do
artista Malangatana, sendo depois recebido no parlamento moçambicano, onde terá
um encontro com a presidente da Assembleia da República de Moçambique, Verónima
Macamo.
Antes de encerrar o seminário
empresarial entre os dois países, onde deverão ser assinados acordos de âmbito
económico, está previsto um passeio a pé de António Costa pelo centro da
cidade, passando pelo Mercado Municipal e pela Fortaleza de Maputo, um dos
principais monumentos históricos da cidade.
Lusa
Costa diz que países não podem
ficar "paralisados" por causa das dívidas ocultas
O primeiro-ministro de Portugal,
António Costa, defendeu hoje que as relações com Moçambique não podem ficar
paralisadas por causa de ainda não estar concluída a investigação às dívidas
ocultas do Estado moçambicano.
"São temas da Justiça
moçambicana, não me compete estar aqui a comentar", referiu António Costa,
acrescentando que os dois países não podem ficar "paralisados num
passado".
"O futuro está aí e é para o
futuro que temos de olhar", disse António Costa, questionado pelos
jornalistas após um cocktail com cerca de 200 empresários portugueses em
Maputo, no âmbito de uma visita oficial de dois dias.
O chefe do Governo português
conversou com representantes de empresas de várias áreas de atividade, que,
segundo referiu, têm "resistido" à crise em Moçambique, de 2016 para
cá, agravada pelas dívidas não declaradas do Estado de cerca de dois mil
milhões de dólares.
O destino do dinheiro continua
por apurar, num escândalo que levou os principais doadores estrangeiros (entre
os quais, o Estado português) a abandonarem o apoio direto ao Orçamento do
Estado há dois anos.
Hoje, pegando no exemplo das
empresas portuguesas naquele país africano, António Costa defendeu como
"absolutamente essencial" que Portugal tenha com Moçambique "uma
relação com o nível de confiança que estas empresas têm tido".
"É isso que permite
ultrapassar de forma saudável situações anteriores, de forma a que elas não se
repitam, mas também para garantir que não ficamos paralisados num
passado", referiu.
Olhando para o futuro e sobre
estímulos à atividade empresarial portuguesa, António Costa destacou a ativação
de instrumentos financeiros, tais como linhas de crédito, "que ajudam a
desbloquear algumas situações" de investimento.
Destacou ainda um "reforço
do plano estratégico para a cooperação, de 64 para 202 milhões de euros: é uma
contribuição importante e temos que trabalhar com as empresas e autoridades
para que se encontrem soluções" para a cooperação económica luso-moçambicana.
"A mensagem de Moçambique
foi clara: tem apreço pelas empresas portuguesas, pela forma como têm
conseguido resistir" e revela "ambição de virar a página, de se
lançar a um conjunto de infraestruturas absolutamente estruturais para uma economia
mais sustentável e menos dependente de crises externas", sublinhou.
No cocktail, uma das presenças
foi a do vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento, que afastou, contudo,
quaisquer razões político-partidárias para a sua presença no evento com o
primeiro-ministro português.
Sarmento salientou que tem
negócios em Moçambique há 15 anos, por via do seu escritório de advogados, e
mais recentemente com uma participação num pequeno projeto hoteleiro.
Políticas à parte, o
vice-presidente do PSD elogiou a visita de António Costa, que considerou ter,
tal como o ministro Augusto Santos Silva, "uma leitura da realidade africana" e
saudou que não haja em relação a Moçambique "qualquer irritante",
como aconteceu no caso de Angola.
Antes do 'cocktail' com cerca de
duas centenas de empresários, no hotel de Maputo onde ficou alojado, Costa
visitou durante a tarde o Porto de Maputo e a Sociedade Industrial de Pescas,
onde teve oportunidade de ver como são conservados e embalados alguns tipos de
marisco, uma das principais exportações do país.
"A próxima vez que estiver
num supermercado, já sei", afirmou o primeiro-ministro, no final da
visita, onde até teve de vestir um anoraque para resistir às baixas
temperaturas da arca frigorífica onde são guardados os crustáceos.
LFO/SMA // ARA | Lusa
Costa faz voto de confiança nas
autoridades sobre rapto de empresário português
O primeiro-ministro português,
António Costa, fez hoje um voto de confiança nas autoridades moçambicanas
depois de terem anunciado a reabertura da investigação ao desaparecimento do
empresário português Américo Sebastião.
"Como esta semana foi
noticiado, as autoridades moçambicanas reabriram o processo, de acordo com as
diligências solicitadas pelo advogado da família. É um caso que está entregue
às autoridades judiciais", referiu Costa, questionado pelos jornalistas à
margem de um encontro com empresários, em Maputo.
António Costa encontra-se em
visita oficial a Moçambique durante dois dias.
O primeiro-ministro considerou
que o facto de o desaparecimento já ter acontecido há dois anos, "naturalmente
preocupa a todas as pessoas, do ponto de vista humano".
"Temos de confiar que as
autoridades desenvolvam o seu trabalho", declarou.
O advogado Vicente Manjate disse
na passada segunda-feira à agência Lusa que a instrução do processo, instaurado
contra desconhecidos, foi reaberta após "a Procuradoria ter deferido a
reclamação" da família de Américo Sebastião, para revogação do despacho de
arquivamento de 23 de fevereiro último.
"A reclamação foi deferida,
pois a defesa demonstrou que algumas diligências teriam sido,
inexplicavelmente, preteridas e outras negligenciadas e abandonadas a
meio", afirmou Manjate.
Américo Sebastião foi raptado
numa estação de abastecimento de combustíveis, em 29 de julho de 2016, em
Nhamapadza, distrito de Maringué, província de Sofala, no centro do Moçambique.
LFO (JOP) // ARA | Lusa
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