sexta-feira, 6 de julho de 2018

Crápula made in EUA | Obama no Porto por duas horas e meio milhão de euros


O ex-presidente dos EUA chega hoje ao Porto por duas horas para falar do clima. Até parece que estamos a delirar com prosa extraída de um anedotário. Não. É do Expresso, mas também constante nos restantes da comunicação social portuguesa e estrangeira. Vem “limpar” meio milhão de euros por… talvez uma hora de “conversa”. 

Depois segue para Espanha e vai fazer o mesmo “trabalho” de parasita de alto gabarito. A seguir viaja para África, para o Quénia, para visitar a terra da avó. Suas origens. Como a senhora deve estar morta falta saber quem lhe vai pagar para se dar ao incómodo de voltar às suas raízes. Até é provável que pela socapa saque alguns diamantes. Já não será mau. Viaja com a família, talvez para os restantes Obamas aprenderem como se sugam milhões sem fazer nada. Num blá-blá estéril e repetitivo.

Tudo o resto pode ler tim-tim por tim-tim no Expresso (que é o que está a dar). Em anexo a estas “estórias” o Expresso e outros deviam juntar uma sala de meditação para avaliarmos estas notícias dignas daqueles tais e tamanhos crápulas palradores. É uma não-notícia, mas fica bem sabermos até que ponto certos personagens são capazes de chular até ao osso milhões e milhões sem fazerem nada, nem dizerem nada de novo. E isso é facto. Obama vale assim tanto exatamente porque não presta. Como outros que o antecederam na Casa Branca e aquele Trump que lhe sucedeu. Haja quem pague... Leia que dá para rir em vez de chorar. (MM | PG)

Obama está esta sexta-feira no Porto em nome do ambiente mas vai dormir a Madrid

Há um ano, Adrian Bridge, presidente executivo do grupo The Fladegate Partnership, quis medir a pegada de carbono da sua empresa. “Foi muito difícil”, diz. E foi assim que nasceu a Climate Change Leadership Porto Summit, que leva esta sexta-feira ao Porto o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

O que pode fazer Barack Obama numa visita relâmpago de duas horas ao Porto? Beber um cálice de vinho do Porto, responder a 15 perguntas pré-selecionadas sobre ambiente e alterações climáticas e tirar fotografias com 100 pessoas escolhidas entre os convidados da Climate Change Leadership Porto Summit 2018.

A sua equipa ainda visitou o multipremiado Yeatman, o hotel vínico do grupo Fladegate, em Vila Nova de Gaia, para escolher quartos e prolongar a jornada no Porto por mais algumas horas, mas Barack Obama preferiu dormir em Madrid, onde participa no mesmo dia numa cimeira sobre economia circular, organizada pela Advanced Leadership Foundation, tal como o encontro do Porto.

A verdade é que Obama, bombardeado com uma média de 30 convites diários para fazer discursos e participar em eventos pelo mundo, terá aceitado seis compromissos este ano, dois dos quais no mesmo dia, no Porto e em Madrid. E a Península Ibérica terá sido, assim, escolhida como escala na viagem que o ex-presidente do EUA está a fazer com a mulher e as duas filhas até ao Quénia, para uma visita a Kogelo, a aldeia da sua avó.

A agenda oficial prevê a chegada ao aeroporto Francisco Sá Carneiro pelas 13h, de forma a estar no Coliseu do Porto às 14h, mesmo a tempo de ter um encontro privado com os organizadores da cimeira, tirar algumas fotos e responder às perguntas que foram previamente apresentadas pela organização. Antes de começar a falar, “poderá limpar a voz com um bom cálice de vinho do Porto”, acrescenta Adrian Bridge, presidente executivo do grupo The Fladegate Partnership e um dos anfitriões deste encontro. Tudo com regras “muito restritas” porque Obama não quer partilhar o palco com políticos, não permite a gravação da sua intervenção nem responde a perguntas dos jornalistas. Pelas 16h já está a partir.

Adrian Bridge não confirma o valor dos honorários de Obama, apesar de o Expresso ter noticiado, na sua edição de 28 de abril, que o ex-presidente norte-americano cobra 500 mil euros pela presença neste encontro. “É um contrato privado”, diz. Refere que parte dos custos de segurança relativos à presença de Barack Obama é suportada pelos EUA por se tratar de um antigo presidente do país, mas não divulga o orçamento envolvido nesta conferência, que juntará 2.200 convidados no Coliseu do Porto, esta sexta-feira, para ouvirem ainda Irina Bokova, ex-diretora-feral da UNESCO, Mohan Munasinghe, prémio nobel da paz e vice-presidente do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas, e Juan Verde, presidente da Advanced Leadership Foundation.

“Temos de contabilizar custos de logística e segurança, a organização, o almoço de duas mil pessoas.... São vários fatores e não tenho um número para dar”, refere apenas Adrian Bridge. Acrescenta que o Coliseu, pelas suas características e pelos anos que já tem, traz desafios especiais à segurança: parte da rua Passos Manuel estará fechada e um núcleo especializado da PSP já está a trabalhar na zona. Quanto a Obama, parece que entrará pela porta das traseiras do recinto.

O segredo para atrair o presidente dos EUA ao Porto foi exatamente o interesse de Barack Obama nas questões ambientais e nas alterações climáticas. “Esta é uma questão muito importante para ele. Está empenhado em apoiar iniciativas de liderança nesta área”, sublinha Adrian Bridge, referindo que a Fundação Obama está já ligada à Advanced Leadership Foundation.

O PORTO E O VINHO NA LIDERANÇA

Mas se o lado mais mediático do encontro será a passagem de Obama pelo Coliseu do Porto, a principal bandeira da iniciativa no terreno é o Porto Protocol. A visita de Obama será uma visita relâmpago. O Porto Protocol “será para durar”, garante Adrian Bridge, empenhado no sucesso deste compromisso escrito e formal que juntará empresas de todas as áreas na partilha de conhecimentos e metas no âmbito das alterações climáticas e contra a inércia empresarial nesta área, até porque “não é preciso ninguém inventar a roda sozinho”.

Entre as primeiras adesões, ao lado do grupo Fladegate estão a Sonae, a BA Vidros, a Corticeira Amorim e a PriceWaterhouseCoopers. “Esta sexta-feira, quando lançarmos o Porto Protocol é que começa verdadeiramente o trabalho de angariação de membros aderentes. A primeira avaliação será feita em março de 2019, numa nova conferência no Porto, em que queremos reunir 600 pessoas do mundo do vinho a nível mundial, para discutir o problema das alterações climáticas no sector”, refere.

Para Adrian Bridge, não há dúvida de que o sector do vinho “pode ter uma posição de liderança neste tema e o Vale do Douro, património mundial, suportado pelo sector do vinho, também”. Por isso, este deverá ser o pontapé de saída para dar ao Porto e ao Douro notoriedade nesta área.

E se há uma história para contar sobre “como tudo começou” , neste caso é mesmo preciso falar do Vale do Douro, onde o grupo Fladegate tem as suas quintas dedicadas à produção de vinho do Porto.

“No ano passado quis medir a pegada de carbono na minha empresa. Foi muito difícil”, conta Adrian Bridge, sem esconder que ficou surpreendido quando percebeu que isso era um problema.

Além do mais, a Fladegate também tem sentido diretamente no Vale do Douro o efeito das alterações climáticas. E sabe que há coisas que é possível mudar e melhorar quando todos trabalham juntos.

Um exemplo? A Associação de Lavradores do Douro (Prodouro) já está a tentar replicar uma técnica que existe na Borgonha, de forma a “semear nuvens com iodeto de prata, para forçar a queda de chuva e evitar a formação de granizo”. “Podemos aprender com o que os outros fazem e também ajudar agricultores de outros países com o que descobrimos”, argumenta. Neste caso, a ideia é lançar ar quente para as nuvens quando a meteorologia indicar que vai cair granizo. Pode parecer complicado, mas é possível. “Basta apenas juntar algumas quintas porque é preciso trabalhar numa banda de 20 quilómetros”, explica.

E se este processo que já está a funcionar na Borgonha estivesse ativo no Douro a 28 de maio, talvez tivesse sido possível o grupo Fladegate evitar a queda de granizo que destruiu 40% da produção da sua Quinta do Junco, onde faz habitualmente 200 pipas de vinho, provocando um prejuízo de 400 mil euros.

Ao lado do grupo The Fladegate Partnership e da Advanced Leadership Foundation na organização desta cimeira estão a Câmara do Porto, a Associação Comercial do Porto, o Instituto da Vinha e Vinho e o American College de Espanha.

A representação do governo estará a cargo dos ministros da Agricultura, Floresta e Desenvolvimento Rural, Capoulas dos Santos, e do Ambiente, Matos Fernandes. A presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não foi confirmada, mas é uma possibilidade. Marcelo tinha dito que não poderia estar presente, mas nessa altura havia a possibilidade de Portugal jogar os quartos de final do Mundial de futebol. Agora que a equipa foi afastada e a agenda de Marcelo Rebelo de Sousa prevê a presença do presidente da República no Porto às 18h00 para inaugurar a exposição “Boa Viagem Senhor Presidente”, na Alfândega, tudo é possível.

Margarida Cardoso | Expresso

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