sexta-feira, 20 de julho de 2018

TOQUE A REUNIR!


Martinho Júnior | Luanda

TÚ LUCHARÁS

Este año nuevo, compatriota, es tuyo.
Ha nacido de ti mas que del tiempo, escoge
lo mejor de tu vida y entrégalo al combate.
Este año que ha caído como un muerto en su tumba
no puede reposar con amor y con miedo.
Este año muerto es año de dolores que acusan.
Y cuando sus raíces amargas en la hora
de la fiesta, en la noche, se desprendan y caigan
y suba otro cristal ignorado al vacío
de un año que tu vida llenara poco a poco,
dale la dignidad que requiere mi patria,
la tuya, esta angostura de volcanes y vinos.
Ya no soy ciudadano de mi país: me escriben
que el payaso indecoroso que gobierna ha borrado
con otro miles de nombres el mio
de las listas que eran la ley de la República.
Mi nombre esta borrado para que yo no exista,
para que el torvo buitre de la mazmorra vote
y voten los bestiales encargados que dan
los golpes y el tormento en los sótanos
del gobierno, para que voten bien garantizados
los mayordomos, caporales, socios
del negociante que entrego la Patria.
Yo estoy errante, vivo la angustia de estar lejos
del preso y de la flor, del hombre y de la tierra,
pero tu lucharás para cambiar la vida.
Tu lucharás para borrar la mancha
de estiércol sobre el mapa, tu lucharás sin duda
para que la vergüenza de este tiempo termine
y se abran las prisiones del pueblo y se levanten
las alas de la victoria traicionada.


… Num momento em que em relação à América, a aristocracia financeira mundial reitora do império da hegemonia unipolar se determina a combinar expedientes tradicionais de domínio, como a Doutrina Monroe, com todo o leque de impactos capitalistas neoliberais e novas tecnologias, reformulando suas artes, engenharias e engenhos de ingerência, manipulação e reforço das oligarquias avassaladas…

… No Foro de São Paulo, o toque a reunir dos progressistas implica uma ampla revisão autocrítica, uma busca criativa de consensos, uma perspectiva de unidade e de coesão integrando articulações inteligentes e um aprofundar das capacidades teóricas e práticas de dialética social em reforço da lógica com sentido de vida que anima a imensa vontade de construir uma democracia, que ao não se esgotar na representatividade envenenada de menos de 1% da humanidade, seja uma salutar democracia popular dos mais de 99% dela! (http://www.granma.cu/xxii-foro-de-sao-paulo/2016-06-16/que-es-el-foro-de-sao-paulo-16-06-2016-18-06-56).


1- A América, sobretudo a América Latina, condensa à escala global os maiores avanços alcançados pelos povos depois do implodir do socialismo que sobreviveu à IIª Guerra Mundial, num ambiente azotado até à saturação pelo poder do império (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/02/civilizacao-e-barbarie-uma-constante.html)!

Essa síntese-analítica histórica e contemporânea de carácter conclusivo, essa tese, é reveladora que está em curso um processo dialético em que a maior disputa obriga a uma longa batalha cultural de ideias e de vontades, que conduzem ao aprofundamento da democracia perseguindo práticas de dignidade, de solidariedade, de internacionalismo, de integração e acima de tudo, duma identidade sincronizada com a paz alimentada de justiça social e o efectivo diluir dos desequilíbrios crónicos que advêm do passado e do presente capitalista, que tanto azotam e afectam a humanidade e o planeta (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/04/a-logica-com-sentido-de-vida-e.html)!

Definidos nesses termos, os processos históricos, antropológicos e sociais em curso são factores do espectro dialético inerente a toda a humanidade, factores que sustentam o que à civilização pertence e faz parte do presente com os olhos postos no futuro, face a face ao que pertence ao passado e ao presente ao dispor da barbárie!

Esse é o sensível balanço do que está em jogo, esbatendo-se entre 15 e 17 de Julho sobre as mesas do Foro de São Paulo em Havana (http://www.granma.cu/foro-sao-paulo)!


2- O aprofundamento da democracia popular com os ingredientes que ela comporta, torna-se assim num processo ético e moral, que define por si a busca incessante da paz inerente à justiça social, que se deve saber defender das brechas que o capitalismo neoliberal tece, procura e procurará abrir em suas “transversalidades”, o que obriga a uma atenção inteligente capaz de garantir os fundamentos seguros de sua afirmação, mantendo sempre vivas as capacidades de aprendizagem, de reflexão e de busca de consensos, assim como a construção das amplas plataformas de unidade e de coesão!

Nesse sentido, com os fundamentos duma lógica com sentido de vida seguida com amor, dedicação, coragem, esmero e respeito para com o seu próprio povo, para com os povos mais deserdados da Terra e para com a natureza do planeta, Cuba torna-se um factor catalisador e inspirador, um autêntico farol para os progressistas da América e de todo o mundo!

De facto em Cuba, não terminaram com a vitória na alfabetização os êxitos humanos da revolução cubana, pois essa vitória, ainda que possa parecer contraditório para muitos, foi o início dum vital processo de sublimação inteligente do seu próprio povo por via das prioridades que se tornaram a educação e a saúde, indispensáveis à transitoriedade que é a vida humana num universo onde tanto se tem a aprender e a fazer em benefício da humanidade e do planeta, da civilização!

Todo o processo histórico da revolução cubana está assim, como exemplo imprescindível, ao serviço dos progressistas da América e de todo o mundo e é com esse vigor que todos os problemas devem ser debatidos pelos progressistas que estarão presentes entre 15 e 17 de Julho em Havana, na criativa busca de consensos capaz de construir integração a partir de cada uma e de todas as articulações (http://www.granma.cu/foro-sao-paulo/2017-07-19/evo-morales-es-el-mejor-momento-para-unirnos-19-07-2017-21-07-51)!

O socialismo inerente à revolução cubana, que não foi vencido enquanto durou a guerra psicológica do período designado de Guerra Fria, nem vencido com o ignóbil bloqueio à ilha, nem com todo o tipo de subversões incitadas ao longo de décadas contra Cuba, inspira-se no que desde o passado é justiça social, é civilização e por isso um vivo catalisador de ideias e de legítimas vontades e aspirações, num património comum ético, estético e moral que se deve ajustar ampliando os benefícios progressistas para com toda a humanidade e o planeta!

A paz só se constrói, nos seus mais robustos alicerces, com a justiça social, mas para que o poder do império não busque na guerra, nas abissais desigualdades, nas ingerências, nas manipulações, no caos, no terrorismo ou na desagregação, um refúgio que propicie a subversão por via dos seus já estafados argumentos contranatura, perante toda a transitoriedade da vida humana há que ganhar uma cultura de consensos que plasme a vontade progressista de sublimação, com toda a sabedoria e democraticidade que isso comporta!


3- As disputas dialéticas alargam-se hoje às prementes radiografias que há a fazer sobre as novas tecnologias e o seu uso, ou abuso, radiografias que também devem estar presentes sobre as mesas de Havana no âmbito do Foro de São Paulo (https://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/345110/Direita-e-esquerda-no-neoliberalismo.htm)..

Em função do seu poder até hoje quase ilimitado de domínio económico, financeiro e material, as novas tecnologias têm servido ao império da hegemonia unipolar como mananciais que são poderosas condutas disponíveis em prol dos processos de opressão, subversão, alienação e vassalagem, ramificadas até aos “rincões mais obscuros do planeta” (parafraseando George W. Bush)!

Há que fazer com que as novas tecnologias sirvam cada vez mais as aspirações, as vontades e a sublimação ética e moral dos povos progressistas de todo o mundo (http://www.cubaperiodistas.cu/index.php/2017/11/la-informacion-es-hoy-el-petroleo-de-antes/)!

As novas tecnologias devem sérum suporte para que os circuitos de informação se alarguem, em tempo real, em benefício da democracia participativa, reforçando assim a capacidade criativa colectiva.

As democracias populares em embrião, ou existindo em processos sujeitos a tanta pressão e vulnerabilidade como o de Cuba revolucionária, devem então, para sua própria segurança e discernimento, com toda a humildade e inteligência, inventariar e avaliar as capacidades do poder dominante e de sua panóplia de instrumentos, conduta a conduta, em todo o espectro de ramificações, sobretudo as conducentes aos ambientes sujeitos a todo o tipo de subversão, de alienação, de ilusão, de alucinação ou de virtualização que vão compondo o persuasivo ramalhete do seu “soft power” (http://cubadebate434.rssing.com/browser.php?indx=42710624&last=1&item=1)!

São esse tipo de tentáculos que perfazem a sensibilidade apensa ao império, para o poder dominante da aristocracia financeira mundial encontrar as brechas e se preparar os caminhos para as ofensivas “transversais” para dentro das comunidades, das sociedades, quaisquer que elas sejam e exemplos disso é o que mais abunda mundo fora!

As “revoluções coloridas” que vão ocorrendo por todo o mundo, os enredos fomentadores de caos, de terrorismo e de desagregação, assim como a guerra psicológica e económica aplicadas à Venezuela e à Nicarágua, bem como a “transversalidade” de processos judiciais como os que têm sido experimentados em laboratórios como o do Brasil, devem ser estudadas nesse tipo de abrasivos contextos e global conjuntura, confrontando-as com as pequenas ou grandes vitórias alcançadas!

Desse modo as reinterpretações progressistas, inventariando e avaliando, implicam que a inteligência das comunidades e dos povos seja animada duma atenção dialética constante, inscrevendo-se como uma filosofia de resistência essencial para as culturas fomentadoras de civilização face à barbárie, por muito fragilizada ou vulnerabilizada que, à partida, esteja essa capacidade de resistência lúcida, resoluta e imprescindível (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/02/21/el-liberalismo-oligarquico-latinoamericano/#.WsH8_SbA9jo)!

A lógica com sentido de vida, aplicada à crítica sobre os processos instrumentalizados pela globalização que o império tece com todos os ingredientes duma avassaladora guerra psicológica do abuso de motivações bárbaras recorrendo a novas tecnologias, deve animar a criatividade progressista e alimentá-la na longa batalha de ideias e de acções que há que continuar a travar em nome da humanidade e do planeta, mobilizando cada vez mais  os actores progressistas dos percursos (http://www.granma.cu/foro-sao-paulo/2017-07-19/nuestra-america-en-pie-de-lucha-19-07-2017-13-07-01)!...

A vida, nada tem a ver com o que o império tece (http://www.granma.cu/foro-sao-paulo/2018-07-08/la-peligrosidad-del-foro-de-sao-paulo-08-07-2018-20-07-51), nem com a avalanche de acções catapultadas pela sua guerra psicológica contra toda a humanidade (http://kaosenlared.net/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/), pelo que no Foro de São Paulo, entre 15 e 17 de Julho em Havana, há toda a possibilidade de, antes de tudo o mais, a humanidade o perceber, para saber distinguir, para saber optar e, face à avassaladora barbárie, para saber saudavelmente resistir!

Martinho Júnior - Luanda, 11 de Julho de 2018

Imagens:
- A XXIVª Encontro do Foro de São Paulo, de 15 a 17 de Julho em Havana, Cuba;
- Os dois fundadores do Foro de São Paulo – o Comandante-em-Chefe Fidel e o companheiro Lula;
- “A unidade faz-nos grandes” , mas a integração de articulações exige inteligência, consensos, vontades orientadas para objectivos comuns, diálogo permanente e lógica com sentido de vida;
- Ignatio Ramonet e o Comandante-em-Chefe Fidel, um debate constante sobre 2ª informação de hoje que é o petróleo de antes”;
- Andrés Manuel López Obrador, o presidente progressista eleito no México – um novo fôlego para a América progressista? – http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/07/05/amlo-y-nuestra-america/#.W0D52SbZBjo

Países europeus de olhos abertos à corrupção em Angola


Justiça espanhola indiciou 27 pessoas por venda ilegal de armas à polícia angolana. Para jurista Rui Verde, combate internacional à corrupção em Angola é um "movimento imparável".

Na semana passada, a Justiça espanhola indiciou 27 pessoas envolvidas no "caso Defex" de venda irregular de armas a Angola. O material originário de Espanha, no valor de 152 milhões de euros, terá sido vendido à Polícia Nacional angolana com sobrefaturação. Mais de 40 milhões de euros em comissões de contratos de fornecimento terão sido desviados em 2008.

Em despacho, um juiz espanhol declarou não haver dúvidas quanto à ocorrência de pagamentos ilícitos feitos pela empresa público-privada espanhola Defex a funcionários angolanos. Entre eles, segundo a imprensa, estariam figuras importantes, como o ex-comissário chefe da Polícia, Ambrósio de Lemos, e o antigo embaixador de Angola em Espanha, Armando da Cruz Neto.

Em entrevista à DW África, o jurista português Rui Verde considera que o combate a esquemas ilegais entre o Governo angolano e empresas estrangeiras é um "movimento imparável".

Antes do caso em Espanha, o recente encontro oficial entre o Presidente angolano, João Lourenço, e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, em França, foi visto como uma forma de ultrapassar o escândalo Angolagate sobre alegadas vendas de armas ilícitas durante a guerra civil e como um caminho para o estabelecimento de acordos mais transparentes entre os dois países. No Reino Unido, uma agência britânica de combate ao crime anunciou em março a devolução de 500 milhões de dólares ao Banco Nacional de Angola, que teriam sido transferidos ilicitamente.

Para Rui Verde, este recente posicionamento de países europeus deve estimular a redução da corrupção doméstica em Angola.

DW África: Acha que os países europeus estão a abrir os olhos em relação a negócios corruptos em Angola?

Rui Verde (RV): Há uma primeira consciência em vários países relativamente à necessidade de punir os negócios corruptos com Angola. Lembro que já houve em Nova Iorque, a propósito da Odebrecht em 2017, a confissão de que tinha corrompido vários dirigentes importantes em Angola. E, portanto, este é um movimento imparável, que é agregado ao discurso habitual do novo Presidente de Angola, João Lourenço, contra a corrupção. Se é um discurso verdadeiro ou não, nós não sabemos. O que sabemos é que está a ter o chamado efeito Gorbachev. As pessoas estão a acreditar e estão empenhadas efetivamente em combater a corrupção em Angola.

DW África: Esse posicionamento demonstrado por países como Espanha, França e Reino Unido tem um impacto significativo no combate a esquemas de corrupção entre o Governo angolano e empresas estrangeiras?

RV: Por um lado, amedrontam as empresas estrangeiras, que sabem agora que, ao contrário do que era praticado, podem ser punidas se corromperem os angolanos. E, por outro lado, no mínimo, começa a assustar as entidades angolanas que são corrompidas. Lembre-se, por exemplo, na Alemanha. Antigamente, os valores da corrupção que as empresas alemãs faziam em outros países eram deduzidos dos impostos. Portanto, era uma espécie de vantagem. Hoje em dia, é o contrário. É proibido que empresas alemãs corrompam pessoas no estrangeiro. Há esta mudança de mentalidade muito grande também na Europa. Se essa mudança de mentalidade corresponder a uma mudança semelhante em Angola, então aí, digamos, há um efeito-pinça, juntando forças para combater a corrupção.

DW África: Qual seria o impacto na corrupção doméstica em Angola? 

RV: Começa a iluminar uma das partes da corrupção, o chamado corruptor ativo, o que paga. Pelo menos, as empresas ficam com pouca vontade de pagar aos angolanos, porque arriscam ir para a prisão.

DW África: Políticos da oposição angolana desafiam o Ministério Público a levar à Justiça figuras públicas acusadas de envolvimento nesses desvios. A oposição está, assim, a desempenhar um papel-chave?

RV: A oposição angolana tem sido um pouco ambígua. Em relação ao caso da Odebrecht, não houve qualquer investigação da então Procuradoria-Geral da República. Atualmente, é um teste, porque a partir do momento em que o juiz de Espanha declara que há corrupção em Angola, obrigatoriamente, a Procuradoria-Geral angolana devia iniciar uma investigação criminal para saber quem foi corrompido em Angola. Fala-se do comissário da polícia angolana, Ambrósio de Lemos, fala-se do antigo embaixador de Angola em Madrid, mas obrigatoriamente este será o teste à verdadeira vontade angolana de combater a corrupção. Tem de se abrir inquéritos-"gémeos" em Angola relativamente às descobertas nos outros países.

Karina Gomes | Deutsche Welle

Ex-ministro moçambicano e antigo presidente da transportadora LAM acusados de corrupção


O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo acusou o ex-ministro dos Transportes e Comunicações Paulo Zucula e o ex-presidente da transportadora Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) José Viegas num processo por corrupção na compra de aviões "Embraer".

O Notícias, diário de maior circulação no país, escreve hoje que o tribunal pronunciou ainda o ex-diretor da General Electrics em Moçambique, Mateus Zimba, no mesmo caso.

O tribunal decidiu levar o ministro dos Transportes e Comunicações a julgamento, aceitando a acusação que o Ministério Público imputa ao antigo governante por participação económica em negócio e branqueamento de capitais.

José Viegas foi pronunciado por branqueamento de capitais e Mateus Zimba por participação económica em negócio e branqueamento de capitais.

Os três réus aguardam a marcação da data do julgamento, permanecendo em liberdade após o pagamento de caução.

Paulo Zucula, José Viegas e Mateus Zimba são acusados de terem recebido subornos no valor de 800 mil dólares (686 mil euros) da fabricante brasileira "Embraer" na venda de aviões à LAM, entre 2008 e 2010.

PMA // PJA | Lusa

Timor-Leste apela aos países lusófonos que apoiem IILP


Santa Maria, Cabo Verde, 17 jul (Lusa) -- O chefe da diplomacia timorense, Dionísio Babo, pediu hoje, em Cabo Verde, aos países lusófonos para que apoiem o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) como órgão responsável pela afirmação do português como língua global.

"É a língua portuguesa que em primeiro lugar define a cidadania na comunidade e merece estar no mesmo patamar que as restantes línguas internacionais", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, na abertura da XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorre entre hoje e quarta-feira em Santa Maria, ilha do Sal.

"Saibamos dar-lhe o crédito e o valor que tem e sem dúvida merece", sustentou Dionísio Babo, que começou a sua intervenção afirmando que o Presidente de Timor-Leste, Francisco Guterres Lu-Olo, não pôde estar presente na cimeira "devido à situação de mudança de Governo".

Timor-Leste, acrescentou, "não poderia deixar de mencionar a importância vital que o IILP tem tido na consolidação da visibilidade da língua nos fóruns internacionais e da construção da própria língua".

O governante timorense recordou que são "muitos milhões" os falantes da língua portuguesa "e nada justifica o seu abandono".

"Esses milhões são uma característica, entre muitas outras, que confere à língua portuguesa uma dimensão global", salientou.

"Estou certo da consciência comum de que o IILP é a instituição que, devidamente capacitada a nível humano e financeiro, poderá e deverá ser o principal instrumento no que à língua diz respeito na sua difusão, expansão e internacionalização", disse ainda.

O IILP vive um subfinanciamento crónico e há dúvidas, nesta altura, sobre a sucessão da atual diretora-executiva, a moçambicana Marisa Mendonça, já que a Guiné-Bissau, país a quem compete indicar um nome, remeteu essa decisão para setembro.

A nomeação do próximo responsável do IILP deveria ser aprovada na cimeira do Sal.

Durante a XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, com o lema "Cultura, Pessoas e Oceanos", Cabo Verde vai assumir o exercício da presidência desta organização, durante o período de dois anos.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP.

JH // PJA

Sobre a realização da cimeira da CPLP em Cabo Verde. Leia, da Agência Lusa, o manancial de notícias relacionadas em SAPO TL (siga os links):


Timor-Leste | Xanana Gusmão: Um ídolo com pés de barro?


Xanana Gusmão: A construção enganosa de um herói que nunca o foi. Pelo menos nunca foi herói mais que outros timorenses chamados comuns que também lutaram pela libertação da Pátria do Povo por mais de duas décadas, e ainda hoje.

Caído o pano da boca do palco o ator Xanana Gusmão vem mostrando que afinal constitui uma desilusão e que na realidade não é o personagem que enganosamente veio sendo construído para consumo dos timorenses e dos que por todo o mundo o chegaram a venerar. Afinal Xanana é só um simples mortal, com defeitos e virtudes, com ganância e maldade quanto baste, similar a outros "estadistas", a políticos que mais não fazem que enganar os que governam. Acontece sempre, salvo raras e honrosas exceções. Ao longo das décadas das nossas vidas é o que vimos e tantas vezes sentimos na pele, no estômago, no coração e na alma por via da ansiedade de sofrimentos e carências do quotidiano que cai sobre os povos mais injustiçados. E dessas vítimas também existem em Timor-Leste. Assim como roubos e corrupção, jogos de interesses e etc. Sem se saber quantos milhões foram ou são o total do que foi roubado aos povos. São assim as elites, eleitas ou não eleitas. É indiferente.

De Reflexão sobre Timor extraímos parte de prosa sobre Xanana Gusmão. Dele muito pouco ou nada abonatória. Cai-nos em cima como pedras aguçadas pela desilusão e engano causados. Mas a vida é mesmo assim. Um ídolo é um ídolo, quase sempre fabricado por segundas intenções, em busca de vantagens que uns quantos vislumbram mas que quase sempre redundam para os povos numa amálgama de sentimentos sofridos e numa quebra de confiança legitima. Há anos e anos que Xanana vem sendo referenciado como corrupto e corruptor, pelo menos isso. Mas nem todos os timorenses, nem os cidadãos do mundo acreditam, por enquanto. Talvez um dia os pés de barro não suportem o peso das mentiras, das falsidades, das maldades e causem a queda do falso ídolo. Até lá o aconselhável é esperar.

Do que vem sendo afirmado aqui e ali acerca de Xanana Gusmão, a ser correto e correspondente a verdades, também aquele falso ídolo cairá. Ainda mais porque parece não controlar a sua arrogância e o convencimento de que é dono do país e do povo. A acontecer, se as "histórias" forem mesmo verdades, cairá o pano e o ídolo mostrará que somente possui uns singelos pés de barro. Muito inferiores aos pés dos imensos timorenses carenciados, com "apetite", que calcorreiam os caminhos de Timor-Leste em busca não se sabe bem de quê. Talvez de uma vida digna que lhes foi prometida mas que tarda em lhes ser entregue. Merecem. E muito. Tudo é uma questão de tempo. 

Segue-se a tradução Google do original no já citado "Reflexão". (BG | MM | PG)

Novo livro para expor a corrupção e o favoritismo de Xanana

Um oficial português que foi expulso de Timor-Leste pelo governo de Xanana promete contar tudo num livro que ele diz estar prestes a publicar.

O oficial do PSP, José Fernando Brito, costumava trabalhar para o CAC, o órgão anticorrupção de Timor-Leste, ou a Comissão Anti-Corrupção. Escrevendo em português para um post no Facebook em meio à tensão política entre Xanana e FRETILIN, Brito deixou uma série de "pistas" para seus leitores.

No projeto de eletricidade, ele afirma ter entregue documentos ao então comissário da CAC, José Neves. Brito alega que todos os projectos de energia em Timor-Leste foram contaminados pela corrupção. Pelo menos Brito sustenta que alguém está lucrando três vezes mais com o custo de administrar o setor.

No caso de Bobby B. Boye, Brito afirma que as autoridades de Timor-Leste sempre foram alertadas sobre as suas actividades. O governo deveria ter detido Boye, em vez disso, os avisos foram ignorados e, pior de tudo, Boye foi premiado em reconhecimento por seus excelentes serviços.

Investigações sobre alegações de corrupção no setor de saúde começaram em novembro de 2010 pela CAC. Mas, devido à falta de disposição dentro do CAC e do Ministério Público, a investigação continuou na Holanda, na Inglaterra, nos Estados Unidos e na Austrália. Como resultado disso, US $ 240 milhões foram recuperados e um número de indivíduos foram detidos, incluindo funcionários do Banco Mundial.

Brito foi expulso de Timor-Leste, juntamente com um grupo de procuradores portugueses que investigavam membros do governo de Xanana em 2014. Após o incidente, Brito alegou em Portugal que Xanana está ligada a contratos para comprar arroz através da filha, bem como contratos fornecer combustível para a central de Timor-Leste através do seu sobrinho Nilton Gusmão. Brito alegou ainda que a Xanana também tem participação na exploração de petróleo, onshore e offshore. 

Hoje, dia da liberdade de pensamento, estou aqui para satisfazer todos os meus amigos de Timor-Leste e aqueles que estão preocupados com o destino dos cada vez mais excluídos timorenses, que insistem em procurar-me para ajudar a expor a tragédia que grassa naquele país. corrupção. Eu sou um policial de profissão desde o momento em que decidi abraçar essa causa, por isso sou guiado por princípios que visam a satisfação do bem público. Eu não estou disponível para alimentar a mídia na mídia e na agora muito badalada "mídia social", que, como o que aconteceu depois de 5 de novembro de 2014, é a cena das armas costumeiras dos covardes: insulto fácil e tentativas de descrença a ataques ao caráter da minha pessoa.

Sendo de "aplicação da lei", acredito em princípio e estou e sempre estarei disponível para apoiar a Justiça. A justiça em Timor-Leste, no entanto, não inclui equilíbrio e imparcialidade e está paralisada e incapaz de continuar no seu caminho para uma sociedade justa e livre. Seria exaustivo aqui e agora enumerar as situações do passado e do presente!

Você não precisa me questionar sobre a evidência de atos de corrupção perpetrados por uma elite corrupta e faminta por poder. A evidência está em Timor-Leste, basta querer e poder seguir o seu rastro .... o dinheiro deixa vestígios e marcas e pode facilmente identificar os agentes e beneficiários da corrupção .. Pegue os projectos, estude os momentos da sua a concepção, os atores de todos os lados, e ver a disparidade entre objetivos e resultados, que invariavelmente se concentram em enriquecer essa elite, sempre na bênção real da liderança infame. Deixo algumas pistas:

Projecto de electricidade (cujos documentos e provas foram entregues em mão ao Sr. José Neves, então Comissário no CAC, por um consultor ... que mais tarde obteve um contrato no CAC como um "prémio" pelo silêncio). Todo o projeto de energia em Timor-Leste é danificado por atos de corrupção, que consumiram e consumiram enormes recursos financeiros que quase triplicaram seu custo real. O emaranhado de relações na lama que se constituiu em torno do desenvolvimento das infraestruturas do projeto, bem investigado, expõe toda uma elite que, como a lapa, se perpetua no poder desenvolvendo os tentáculos ao estilo de organização criminosa da máfia, com sua padrinho e acólitos que não se limitam a Timor-Leste, estendendo-se a glutões em vários países que sugam tudo à sua volta. Ao expurgar esse lixo tóxico e corrupto,

Obter o caso de Bobby B. Boye. Porque em Timor-Leste, em vez de ser preso quando deveriam, ignorou os avisos oportunos e recompensou-o com prémios de reconhecimento pelos altos serviços prestados! Mas isso não impediu que a justiça fosse feita, Bobby B. Boye foi preso ... mas muita coisa não ficou clara!

A maior pesquisa já realizada no campo da saúde começou em novembro de 2010 no CAC. Na ausência da vontade do CAC e MP, a investigação continuou na Holanda, Inglaterra, Estados Unidos e Austrália. Resultado: US $ 240 milhões em ativos recuperados e vários indivíduos detidos, de funcionários do Banco Mundial e de uma empresa de distribuição de equipamentos hospitalares. Nada aconteceu em Timor-Leste ... Mas eu poderia e deveria ter liderado este trabalho, dando ao mundo e especialmente aos timorenses um sinal positivo de que estava comprometido com a luta contra a corrupção!

Que triste destino ... Os timorenses seguem os seus heróis que hoje são os seus governantes, eleitos, pelo que insistem em chamar democracia. Apesar da dor que causam e até excluem, sem acesso justo e equitativo, à distribuição de riqueza que o país possui, negando-lhes acesso à educação, saúde, moradia, segurança e dignidade da condição humana, continuam do lado das ruas esperando pelos atos magnânimos de seus heróis, contentes com as migalhas e sacos de arroz ...

Dito isto, não quero dizer que não abandonei nem deixei os timorenses, especialmente aqueles que confiaram em mim e com quem tenho laços eternos de amizade e gratidão. No entanto, eles não estão disponíveis para entrar na lama ou contribuir para desencadear situações de ataques pessoais que não pretendem desqualificar a mim e a causa anticorrupção como forma de desviar a atenção dos problemas gerados pela corrupção. A minha contribuição para a luta necessária dos timorenses será brevemente disponibilizada em forma de livro, onde tudo é exposto, desnudado de forma transparente.

Cabe aos timorenses reflectir e criar condições para que a Justiça actue através dos seus instrumentos, para que a sociedade se torne mais justa e equitativa! É na Justiça e na Justiça que conheço e posso contribuir para que todos os timorenses possam beneficiar do que merecem! Cabe à comunidade internacional, em particular àqueles.

Reflesaun: uma reflexão sobre Timor Leste | Segunda-feira, 16 de julho de 2018

Angola, Brasil e Moçambique têm total de 720.000 "escravos modernos" - relatório


Redação, 19 jul (Lusa) - Angola, Brasil e Moçambique são os países lusófonos com maior número de "escravos modernos", totalizando 720.000 habitantes nestas condições, segundo um relatório da fundação australiana Walk Free apresentado hoje nas Nações Unidas.

O relatório, denominado "Índice de Escravatura Global 2018" e que analisou 167 países, estima que o Brasil tenha 369.000 "escravos modernos", seguindo-se Angola com 199.000 e Moçambique com 152.000.

No 'ranking' dos países lusófonos seguem-se Portugal, com 26.000, Guiné-Bissau, com 13.000, Timor-Leste, com 10.000, Guiné Equatorial, com 7.000 e Cabo Verde, com 2.000 "escravos modernos". São Tomé e Príncipe não foi reportado.

O relatório revela ainda que, embora tenha o maior número de "escravos modernos", o Brasil é o país lusófono que apresenta menor percentagem de habitantes nesta situação, com 0,18%.

Timor-Leste, com 0,77%, é o país lusófono que apresenta mais "escravos modernos" por habitante, ocupando o 31.º lugar do 'ranking' presente no relatório.

O 'ranking', que ordena os países por ordem decrescente da taxa de "escravos", coloca a Guiné-Bissau, com 0,72%, na 36.ª posição, à frente de Angola que, com 0,75%, se encontra no 39.º lugar.

A Guiné Equatorial, com 0,64%, é a 50.ª da tabela, seguindo-se Cabo Verde em 86.º, com 0,41%.

Brasil, com os já mencionados 0,18%, e Portugal, com 0,25%, são os países de língua portuguesa melhor classificados, ocupando, respetivamente, as posições 142 e 120.

No contexto do relatório, a "escravatura moderna" abrange um conjunto de conceitos jurídicos específicos, incluindo trabalho forçado, servidão por dívida, casamento forçado, tráfico de seres humanos, escravidão e práticas semelhantes à escravidão.

No número absoluto de pessoas consideradas como integrantes da "escravatura moderna", a Índia (7,99 milhões de indivíduos estimados), China (3,86 milhões), Paquistão (3,19 milhões), Coreia do Norte (2,64 milhões), Nigéria (1,39 milhões), Irão (1,29 milhões), Indonésia (1,22 milhões) e República Democrática do Congo (1,05 milhões) são os oito países acima do milhão de "escravos", embora tal resulte do facto de serem dos países mais populosos do mundo.

Por outro lado, Mauritânia, Luxemburgo, Suriname e Barbados são os quatro países com um número de casos estimados igual ou inferior a mil.

JYO (JSD) // EL

Obiang quer "comprar" realização da Cimeira CPLP2022 na Guiné Equatorial


O ditador da Guiné Equatorial, Obiang, “eleito” por quase 100% dos “eleitores” para a presidência do país, está cada vez mais saído da casca – como se diz em bom português (que por aquele país CPLP não usam). Agora acha-se no direito e normalidade de acolher a cimeira da CPLP 2022 no país que domina, rouba e reprime. 

É isso mesmo que vai ler em pormenor a seguir em prosa da Lusa e até é bem possível que os seus parceiros da organização lhe façam a vontade. Afinal é tudo uma questão de cadáveres e de dinheiro. Enquanto Obiang oculta os cadáveres e o dinheiro que rouba, os parceiros esperam poder contar os títulos e cifrões - ou outros valores - que Obiang lhes entregue por compra das suas vontades em parecer um “reconhecido” humanista, um bom governante, um democrata. “Democratas” daqueles conhecem os lusófonos e o mundo. São farinha do mesmo saco. Estamos cansados de sermos vítimas deles. (PG)

Guiné Equatorial quer acolher reunião máxima em 2022

Lisboa, 19 jul (Lusa) -- A Guiné Equatorial quer acolher a cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2022, após a presidência angolana da organização, disse hoje à Lusa o assessor do Presidente equato-guineense.

Em declarações à Lusa, Murade Murargy, assessor de Teodoro Obiang Nguema para as questões da comunidade lusófona, afirmou que Malabo quer receber a conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP em 2022, assumindo a presidência da organização no biénio seguinte.

As autoridades da Guiné Equatorial já tinham afirmado a sua disponibilidade para organizar a cimeira de 2020, mas não chegaram a formalizar uma candidatura nesse sentido, na XII conferência da CPLP, que decorreu esta terça e quarta-feira em Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde.

Angola foi o país escolhido, "por unanimidade e aclamação", para suceder à presidência de Cabo Verde, entre 2020 e 2022, após sugestão do presidente em exercício da CPLP, o chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

À Lusa, o também antigo secretário-executivo da comunidade lusófona (2012-206), que acompanhou Teodoro Obiang à reunião na ilha cabo-veridana do Sal, relatou que o Presidente da Guiné Equatorial considerou "muito positiva a sua participação nesta cimeira, pois contribuiu para um sentimento de confiança entre os líderes da organização".

Contactada pela Lusa, fonte diplomática portuguesa disse apenas que o local da cimeira de 2022 será escolhido na XIII conferência, em Luanda. As decisões na CPLP são tomadas por consenso.

O embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa e junto da CPLP, Tito Mba Ada, confirmou esta intenção das autoridades de Malabo.

"A Guiné Equatorial esteve disponível, está disponível e estará sempre disponível para organizar a cimeira da CPLP", afirmou o diplomata à Lusa.

Tito Mba Ada sublinhou que o país já acolheu uma cimeira da União Africana, que reúne mais de 50 Estados, garantindo ter capacidade para realizar a reunião da organização lusófona, com nove membros.

A Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola, aderiu à CPLP em 2014 mediante um roteiro de adesão, que incluía os compromissos de promover e difundir a língua portuguesa e a abolição definitiva da pena de morte.

Na cimeira em Cabo Verde, Teodoro Obiang informou, na cimeira de Cabo Verde, que o país está a seguir "de forma paulatina e segura" o roteiro da integração na comunidade, mas apenas deu conta dos progressos da difusão do português e não se referiu à pena de morte.

As autoridades de Malabo impuseram uma moratória sobre a pena máxima em 2014, aquando da adesão, e garantem que desde então não houve mais execuções, mas a justiça da Guiné Equatorial continua a ter prevista a pena de morte no seu quadro legal.

Em declarações à imprensa, o presidente da CPLP, Jorge Carlos Fonseca, assumiu-se como "um acérrimo defensor da abolição da pena de morte" e disse que gostaria que isso acontecesse na Guiné Equatorial durante o mandato cabo-verdiano, ou seja, nos próximos dois anos.

O chefe de Estado cabo-verdiano relatou, no final da cimeira do Sal, que foi ele quem propôs que Angola assuma a próxima presidência da comunidade, em 2020, algo que mereceu o apoio dos restantes líderes, incluindo de Teodoro Obiang.

Durante a XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorreu entre terça e quarta-feira, Cabo Verde assumiu a presidência rotativa da organização, por um período de dois anos, e com o lema "Cultura, Pessoas e Oceanos.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP.

JH // PJA

Portugal | Sobre Tancos exige-se mais a Marcelo


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

O assalto a Tancos foi desde o início uma história mal contada. Para começar, quando foi dado conhecimento público deste roubo, os militares "esqueceram-se" de colocar na lista do material desaparecido umas dezenas de lança-granadas e uma grande quantidade de explosivos. A mostrar que confiar neles para resolver este assunto não era grande ideia, quando o material apareceu, depois de uma denúncia anónima, estava lá material de guerra que não se sabia desviado. Hoje ninguém pode garantir que material foi roubado e que material foi devolvido.

O assalto a Tancos foi há mais de um ano e a entrevista que fiz ao presidente da República, em que entre muitos temas se falou do assalto aos paióis, está também a fazer um ano. O comandante supremo das Forças Armadas estava visivelmente preocupado com o que acontecera, insistindo que não desdramatizava, garantindo que determinadas as responsabilidades tinham de ser punidos os responsáveis. Marcelo Rebelo de Sousa exigia uma "investigação cabal", que ainda decorre, "de alto a baixo doa a quem doer". O presidente tinha ido com o ministro da Defesa visitar as instalações militares enquanto decorriam as investigações, deixando mensagem clara sobre a necessidade de dar conta a todos os portugueses sobre o que realmente aconteceu naqueles paióis.

O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas mas sem os poderes que existem num regime presidencialista. Marcelo queria tudo explicado e, um ano depois, o Ministério Público diz que ainda há 30 cargas explosivas que estão desaparecidas. A ser verdade esta tese do MP, ela confirma que há uma grande mentira dos militares desde o primeiro minuto. E, se toda a mentira tem perna curta, parece que no caso dos militares ela se esconde bem entre os receios dos políticos.

Da desvalorização que foi feita pelo ministro da Defesa desde a primeira hora, ao faz-de-conta dos grupos parlamentares, é a Marcelo que se exige mais do que dizer que "o presidente da República reafirma, de modo ainda mais incisivo e preocupado, a exigência de esclarecimento cabal do ocorrido". Das duas uma, ou é verdade o que diz o Ministério Público e tem de haver uma "limpeza" no Exército ou é mentira e há na investigação quem tenha de ser posto no lugar. Não, não estamos a falar de uma guerra de egos entre polícias judiciárias. É a segurança pública que está em causa.

O comandante supremo das Forças Armadas, que assumiu a gravidade do assunto desde a primeira hora, não pode estar repetidamente a colocar paninhos quentes no tema. E é isso que acontece, sempre que há dados novos e se mantém o grau de exigência presidencial. Por mais que cresça a mentira, não há forma de serem outras as consequências.

Acresce que há muito tempo que já não é apenas a questão do assalto, é também a forma como o poder político (Azeredo Lopes) e o poder militar (Rovisco Duarte) geriram este dossiê. Um e outro foram um desastre na forma como comunicaram o que aconteceu, um e outro assumiram como verdade que o material tinha sido todo recuperado. Em fim de ciclo político, pode já não importar muito se o ministro se mantém em funções, damos como certo que não estará num futuro Governo. Mas em relação ao chefe do Estado-Maior do Exército, numa instituição onde o rigor e a disciplina são o alfa e o ómega, pode permanecer na liderança quem se deixou expor a tão flagrante delito? Só mesmo por mero taticismo político, em defesa de um alegado bem superior chamado estabilidade, se pode pactuar com esta mentira.

*Jornalista

Fim de semana está aí. Saiba o que pode ver à borla em Lisboa e no Porto


É hora de preparar a agenda, que há boas ofertas no Grande Porto e na Grande Lisboa para estes dias 20, 21 e 22 de julho.

Como já é tradição, o Notícias ao Minuto esteve à procura de eventos de entrada gratuita para aproveitar no Grande Porto e na Grande Lisboa nestes dias 20, 21 e 22 de julho.

Há oportunidades para ver cinema ao ar livre, para ouvir música para todos os gostos num ambiente convidativo, há propostas para pequenos e graúdos mas também exposições e espectáculos a não perder, em lugares privilegiados de Lisboa e Porto.

Antes de passarmos à agenda propriamente dita, lembramos que por esse belo país fora há monumentos e museus que podem ser visitados ao domingo gratuitamente.

Vamos então ver que ofertas nos reservam por estes dias a Grande Lisboa e o Grande Porto.

Grande Lisboa

João Berhan na Fnac

O rapaz com 'Cara de Aladino' tem 'Roupa Nova', álbum novo, de voz, guitarra e companhia e rimas em fuga. Depois de um périplo pelas Fnac a Sul e a Norte, esta sexta-feira e sábado João Berhan está de volta a Lisboa para se fazer ouvir. 

Onde
Fnac do Colombo
Fnac do CascaiShopping
Quando
Sexta-feira, 20 de julho, às 18h
Sábado, 21 de julho, às 22h

Lena d’Água e a Banda Xita > Coruchéus

Em Janeiro deste ano, na Galeria Zé dos Bois, acompanhados por músicos recrutados ao colectivo Xita Records, Primeira Dama e Lena d'Água revisitaram o cancioneiro um do outro, juntando aos clássicos da cantora o ainda fresco repertório de 'Histórias por Contar' e 'Primeira Dama', discos editados pelo músico em 2016 e 2017. Para os lados de Alvalade, na Rua Alberto de Oliveira, 11, há espectáculo com entrada livre para ouvir.

Cinema ao ar livre

O Cineconchas já se despediu deste verão mas por Oeiras ainda há boas oportunidades para ver cinema ao ar livre. Este sábado à noite há 'De Braços Abertos', uma comédia de Philippe de Chauvero. Encontro marcado na Fábrica da Pólvora, em Barcarena. Saiba tudo aqui.

Roy Liechtenstein no Colombo

Uma exposição com 41 obras do pintor norte-americano Roy Lichtenstein, desde pop art, paisagens e cartazes, está a dar cor e vida ao Centro Comercial Colombo. Saiba mais sobre este artista e esta iniciativa louvável do Colombo aqui. Uma oportunidade tão simples quanto imperdível, para ver até dia 23 de setembro.

Festival Ao Largo

O verão por Lisboa tem contado com excelentes iniciativas. Uma que já tem estado a ganhar atenção é a do Festival Ao Largo, com iniciativas a darem cor e música ao Largo de São Carlos. O Festival Ao Largo é de entrada livre e decorre até dia 28 de julho. Espreite aqui para saber tudo o que há para ver.

Somersby Out Jazz continua

Já foi novidade mas, a cada ano que passa, é cada vez mais tradição. E uma que vale muito bem a pena manter. O Out Jazz junta música ao vivo em fins de tarde nos espaços verdes mais nobres de Lisboa. No mês de julho é o Parque Eduardo VII que vai receber os concertos do Somersby Out Jazz. 

Quando e Onde
Domingo, 22 de julho, a partir das 17h - Parque Eduardo VII
Quem
Innerville | Tiago Fonseca (Musikum)

Grande Porto

Há verão na Casa da Música

A Casa da Música, espaço privilegiado não apenas na Invicta mas em todo o país, também não esquece o verão. Até 11 de setembro há um programa variado que incluiu algumas oportunidades a não perder. Aproveite!

Há Vampiros no MAR Shopping

'Os Vampiros' é um livro de banda desenhada escrito por Filipe Melo e ilustrado por Juan Cavia, a dupla responsável pela publicação da trilogia 'As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy', um estrondoso best-seller da BD nacional. Há ilustrações para espreitar até 3 de setembro na Fnac do MAR Shopping.

Há aulas abertas ACTION Performing Arts Center

Piano, guitarra, dança contemporânea, violino, trombone... são bem diferentes as oportunidades que o ACTION Performing Arts Center nos está a dar na Rua de Costa Cabral, 290. Há aulas abertas esta sexta-feira e sábado para aproveitar. Saiba mais aqui

Dominguinhos para a pequenada no MAR Shopping

O MAR Shopping continua a dar-nos Dominguinhos, sempre às 11h. Tratam-se de eventos a pensar nos mais novos, em que todas as semanas muda o programa. Esta semana há Teatro de Fantoches - Procura-se um amigo. Para inscrições e mais informações clique aqui.

Karla da Silva na Fnac

Karla da Silva fala-nos de liberdade, de amor e força, num álbum cuja sonoridade 'dança' algures entre a bossa nova e o rock.

Onde
Fnac de Santa Catarina
Fnac do MAR Shopping
Quando
Sexta-feira, 20 de julho, às 18h30

Sábado, 20 de julho, às 22h

O Lobo Mau no Hospital

O NorteShopping dá-nos contos a pensar nos mais pequenos. Este domingo, pelas 17h, na Fnac, há 'O Lobo Mau no Hospital', um livro de Augusto Baptista, com desenhos de Z.L. Darocha e design de João Bicker. O  conto será apresentado por António Augusto Barros, Augusto Baptista e Francisco Duarte Mangas e é para uma boa causa: ajudar o Hospital de São João dos pequeninos.

Bom fim de semana e boas ofertas culturais!

Pedro Filipe Pina | em Notícias ao Minuto

Homenagem | João Sem Medo, curador, solidário e antifascista


Não nos passou ao lado a morte de João Semedo. Curtimos a mágoa e hoje é dia de deixar aqui algo singelo mas que marque a falta que a todos nos faz aquele homem, solidário, sempre com o desejo e ações de contribuir para o melhor para os portugueses, para Portugal. A discrição com que o fazia merece nunca ser esquecida. Ele rir-se-ia de uma homenagem póstuma… mas até a merece.

Bem, mas essas homenagens estão para os vivos e para o devaneio dos saldos com que Marcelo as entrega por dá cá aquela palha. Sorte que nenhum português venceu um campeonato mundial de traques…  Só por isso o campeão não foi chamado a Belém, para a medalha e a homenagem em saldos. Enfim. É o que temos. Foi o que escolheram os portugueses. Pelo visto assim vamos continuar. Porque com papas e bolos se enganam os tolos. Marcelo sabe que essas coisas 'caem bem'. Certo é que é um inteligente malipulador, ao contrário de Cavaco, pior que calhau. Estamos bem, felizes. Não se sabe muito bem porquê, mas estamos. Pois.

Esta hora é do João Sem Medo. Pessoa excecional, curador, médico de tantas maleitas que afetam os portugueses. Maleitas físicas e de sociedade injusta. Por isso lá esteve até poder o João a defender a solução da cura, como tantos outros. Mas muito dedicado, como poucos.

Muito obrigado, João Semedo. (PG)

João Semedo foi recordado com música, poesia e cravos

O ex-coordenador do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo, que morreu na terça-feira com 67 anos, foi recordado no Porto por familiares, amigos e bloquistas numa evocação com música, poesia, relato de histórias e cravos vermelhos.

Asala do Teatro Municipal Rivoli, onde decorreu na quinta-feira à noite a sessão de homenagem, foi 'pequena' para acolher os que quiseram contar, mas também ouvir histórias ligadas a João Semedo.

Brindados com cravos vermelhos, símbolo do 25 de Abril, aqueles que assistiram à cerimónia podiam ver em palco uma imagem do bloquista acompanhado da frase: "Tive a vida que escolhi, a vida que quis, não tenho nada de que me arrependa. Sim, fui muito feliz".

Com mais de 16 testemunhos, a abertura coube ao deputado José Manuel Pureza que contou ter sido "incrível" ter sido companheiro do João na viagem da vida, ter ido ao seu lado na mesma carruagem e ter partilhado com ele a escolha do destino.

"A viagem da vida do João não foi cómoda, nem deu direito a 'glamour'. Sabendo isso, o João escolheu o destino, os prontos principais do trajeto e os companheiros de viagem", relatou.

Revelando que se tratavam por irmãos, José Manuel Pureza recordou o "irmão" como um homem que gostava de conhecer "ferozmente para mudar tenazmente".

"Comoveu-me o número de pessoas que ao longo do velório do João quiseram estar presentes porque ele as ajudou a resolver problemas na sua vida", referiu.

Contando o processo de escolha de João Semedo a candidato à Câmara Municipal do Porto, candidatura que teve de abandonar em virtude da sua saúde, o deputado José Soeiro falou na "imensa lição de coragem" que o bloquista deu.

"Por todas as razões do mundo o João podia ter ficado confortável, mas decidiu ir à luta porque dava uma profunda atenção ao outro", considerou.

José Soeiro vincou que o antigo coordenador "semeou" até ao fim da sua vida, numa profunda preocupação com o outro.

A ex-eurodeputada Alda Sousa disse que os amigos do João Semedo vão ter "muitas saudades" da sua generosidade, "olhar maroto" e sentido de humor.

"Este é o início do não esquecimento, não é uma cerimónia de dizer adeus, mas sim a cerimónia do começo de um outro caminho que se fará com ele", considerou o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Henrique Barros.

Já o médico Viriato Moura frisou que o melhor legado do antigo coordenador é a sua intervenção política, cultural e social, sublinhando como uma amizade subtil evoluiu para uma amizade cúmplice.

O diretor do Hospital Joaquim Urbano, Rui Sarmento, descreveu um homem exigente e rigoroso, e salientou que, mesmo doente, João Semedo deu um "grande exemplo" ao marcar presença nas campanhas e nas palestras.

João Semedo morreu na terça-feira, aos 67 anos, depois de anos de batalha contra o cancro.

O ex-coordenador do BE e médico teve uma vida marcada pela política e participação cívica, tendo as duas últimas lutas sido a despenalização da eutanásia e a defesa do Serviço Nacional de Saúde.

Depois de 30 anos de militância no PCP, João Semedo aderiu oficialmente ao BE em 04 de abril de 2007, apesar da aproximação ao partido ter acontecido três anos antes, quando fez parte, enquanto independente, das listas do partido às eleições europeias de 2004, a convite de um dos fundadores bloquistas, Miguel Portas.

Após a saída de Francisco Louçã de líder do partido, João Semedo assumiu a coordenação, em conjunto com Catarina Martins, entre 2012 e 2014, numa solução de liderança bicéfala que os bloquistas viriam a abandonar.

A batalha de João Semedo contra o cancro começou em 2015. Na altura renunciou ao mandato de deputado da Assembleia da República que exercia desde 2006.

Para lá de décadas de intervenção política, a atividade cívica de João Semedo foi multifacetada e incluiu, entre muitas outras, a participação nas campanhas de alfabetização pós-25 de Abril, a intervenção na Cooperativa Árvore, na direção do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), na Universidade Popular e na fundação do Sindicato dos Médicos do Norte.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto Global Imagens

Criminosos | Dos assimilados linguísticos ao Israel racista e nazi-fascista


Este Curto, do Expresso, mais parece uma "cruz" disfarçada em "estrela" mas com o símbolo nazi sempre a assomar-se. Só não vê nem toma conhecimento quem não quer olhar e entender o estado de Israel, as suas políticas, as suas matanças,  o seu permanente rasto terrorista. Israel é uma cruz nefasta para a humanidade, principalmente para os seus vizinhos e para os israelitas que são exceção e discordam das políticas e ações tenebrosas dos governos do país. É uma cruz que tem saído cara à humanidade, principalmente àqueles povos que não assimilaram o nazi-fascismo, o racismo e desprezo pela vida dos que com tais criminosos estafermos têm de coabitar este planeta terráqueo. E nisso incluem-se imensos israelitas. Os governantes e lideres israelitas, na sua maior percentagem, são dos maiores criminosos da história da humanidade. Talvez tenham aprendido com Hitler - de que milhões foram vítimas - se bem que aquele tipo de ADN venha de antes, dos primórdios. Desses há imensos não só em Israel mas principalmente espalhados pelo mundo, quase sempre das elites assassinas, esclavagistas, racistas. Enfim, de um cardápio extenso de crimes contra a humanidade.

Cruz, Anselmo Cruz, autor de hoje do Curto do Expresso, traz em linha esse tal Israel terrorista por opção das elites políticas e militares. Usa o idioma inglês para escrever "Israel, você tem um problema" (Israel, You have a problem). Este jeitinho que os da praça lusa, da escrita e ramificações comunicacionais, têm para serem colonizados e desprezar a língua portuguesa causa arrepios. Disso já 'faladrámos' aqui bastas vezes, mas os assimilados do planeta devem achar "chique" mostrarem o seu inglês. Os antigos chamavam a isso uma cagança dos cagões, dos vaidosos e manientos (era a interpretação). Pois. Sou antigo. Mas português. Da pátria de Afonso Henriques e dos que depois deram brilho e imponência a Portugal e à sua língua.

Que se lixe. Parece que o slogan atual e colonizador é " somos todos ingleses!" Nanja a mim! Adiante, até porque é com asco que a abordagem acima foi feita, após a constatação da porcaria que por aí vai nos valores de caca das assimilações que nos despersonalizam e deterioram pátrias. A língua portuguesa é pátria, Israel é pátria. De modo diferentes há sempre os que estão prontos a fazer delas vergonhas que expõem ao mundo de modo imbecil, quando não até criminoso.

Esta "fala" vai longa na prosa. Afinal este principio e fim é só para "abrir" o Curto. Porque há quem tenha acordado com os pés de fora e cheio de razão. Tudo de bom para vós. Sem cagões nem racistas e xenófobos (fascistas) israelitas e outros.

Lá por isso, o Expresso Curto vale. Siga. Bom fim-de-semana. Saúde e pachorra democrática mas de pôr a boca no trombone quando se justifica. (MM | PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Israel, You have a problem

Valdemar Cruz | Expresso

Ainda no mundo ecoavam os festejos do centenário do nascimento de Nelson Mandela, e já Israel concretizava no Parlamento – Knesset – a ameaça esboçada ao longo dos últimos tempos de aprovar a lei do Estado Nação do povo judeu, através da qual legaliza, de facto e de jure, um regime comparável ao “apartheid”, como afirmaram alguns deputados da oposição. Ao reservar em exclusivo para os judeus o direito à autodeterminação e ao estabelecer o hebreu como única língua oficial, Israel institucionaliza a discriminação em relação aos palestinianos, uma situação muito bem documentada, mesmo antes desta lei, pelo Departamento de Estado dos EUA e outras organizações independentes de âmbito internacional, como estruturas da ONU.

Aprovado com oito votos a favor e sete contra, o novo texto, que torna legaliza a discriminação de quem não é judeu, reconhece o direito à autodeterminação, mas apenas a uma parte da população constituinte do estado de Israel. Tal como está escrito, “o direito a exercer a autodeterminação nacional no Estado de Israel é um exclusivo do povo judeu”. A importância e o significado da nova lei, na qual tanto apostou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, resulta da circunstância de passar a formar parte das chamadas leis básicas, que regem o sistema legal como se fossem a Constituição que Israel não tem. Logo, são mais difíceis de revogar e só podem ser alteradas por uma norma do mesmo nível.

Israel sempre se definiu como um Estado judaico. Alguns deputados contrários à aprovação da lei sublinharam o facto de, tal como acontece, de resto, na declaração de independência de Israel, em nenhum momento se mencionar a palavra “democracia”, nem a palavra “igualdade”. Desse ponto de vista, o texto é coerente com a prática quotidiana de uma política de Estado assente na discriminação das minorias não judias, com destaque para os quase 20% de cidadãos que constituem a população de árabes israelitas.

Observadores internacionais têm sublinhado que esta é uma forma de cilindrar a ideia de que Israel possa ser o país de todos os seus cidadãos, como se confirmou no mês passado, quando uma proposta naquele sentido nem sequer foi admitida a discussão na Knesset.

A caminho de se tornar cada vez mais um estado étnico, Israel está a fazer tudo para tornar irreversível a impossibilidade de concretização da ideia de dois estados com uma única capital. Num dos pontos da nova lei sublinha-se que a capital de Israel “é Jerusalém completa e una”. Esta é uma longa batalha que tem vindo a ser travada por Netanyah, ao ponto de, no jornal inglês The Independent, o colunista Ben White perguntar “Porquê agora?”. Responde dizendo que um dos fatores passa por Netnyahu estar a pensar em prováveis eleições ainda este ano e querer assegurar o pleno dos votos à direita.

As condenações internacionais têm-se sucedido. Em linha com a posição da União Europeia, Augusto Santos Silva, Ministro dos negócios Estrangeiros, reprovou a aprovação da nova lei, que considerou “muito pouco compreensível” à luz da história do povo judeu.

Uma das questões que agora se coloca passa por saber se pode um estado, escudado na circunstância de cumprir algumas formalidades da democracia, persistir na concretização de todo um conjunto de políticas de cariz antidemocrático sem uma condenação firme e eficaz da comunidade internacional. É a diferença que vai entre murmurar-se que há um problema chamado Israel, e dizer frontalmente a Israel que tem um problema: com a democracia, com os direitos humanos, com o respeito pelas minorias. Ora, isto na verdade não é um problema. É um oceano de problemas, do qual é indispensável tirar as devidas ilações e desencadear as inevitáveis consequências.

OUTRAS NOTÍCIAS

Uns chamam-lhe caça à multa, outros resignam-se à constatação de que a lei é dura, mas é a lei. Todos poderão ter alguma razão e os números aí estão para o comprovar. Desde que oSistema Nacional de Controlo de Velocidade (SINCRO) entrou em funcionamento há um ano, registou quase 400.500 infrações na totalidade dos 30 radares móveis existentes. Instalados em 50 locais considerados críticos, os novos radares estão a funcionar desde 6 de julho de 2016. .

Afinal o que se passou com a reconstrução das casasafetadas pelos incêndios no verão passado? Depois da história lançada pela revista Visão sobre alegadas fraudes cometidas nos processos de reconstrução, a Procuradoria-geral da República decidiu abrir um inquérito. A população de Pedrógão está revoltada com a reconstrução de casas devolutas e o presidente da Câmara Municipal, Valdemar Alves, diz que não tudo não passa de má fé e inveja. No “Auto da Feira”, Gil Vicente abordava a degradação moral reinante no Renascimento. Porém, a serem verdade as suspeitas existentes, bem se percebe como infinita e intemporal é a miséria humana, como bem dizia mestre Gil.

Vamos cruzar uma notícia do JN com outra do Expresso Diário. O matutino portuense assegura que as famílias portuguesas estão a pagar 100 euros a mais na fatura do gás pela taxa de ocupação do subsolo, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos. No Expresso Diário (acesso exclusivo a assinantes) aparece uma informação preocupante a partir de um relatório da Direção Geral de Energia que, após a realização de testes de stress, concluiu que o país corre o risco de ficar sem gás.

O eterno dilema de saber se haverá ou não hipótese de existir um novo acordo entre os partidos que conferem uma maioria parlamentar ao atual governo do PS tem hoje um novo desenvolvimento no Público. O jornal, a partir de uma entrevista a João Oliveira, líder parlamentar do PCP, assegura que está aberta a porta para um novo acordo com o PS, mas sem papel assinado. O deputado do PCP alerta, porém, que a progressão nas carreiras está por resolver, pergunta se foi por falta do PCP “que não se foi mais longe” e sublinha que o seu partido quer um salário mínimo de 650 euros.

Despeço-me da componente nacional com sugestões musicais, porque - e veja bem, apenas na agenda de hoje - temos o início em Gaia do Festival Marés Vivas; em Amarante arranca o MIMO, de acesso livre; abre mais uma edição do Festival Internacional de Música do Marvão; no Funchal, Madeira, inicia-se o Summer Opening; abre no Porto a 1ª edição do Elétrico Music Experience; em Belmonte, Castelo Branco, é inagurado o 1º Festival Zeca Afonso; em Coimbra prossegue, no Jardim Botânico, o Ciclo Hortus Musicalis; na Figueira da Foz continua o Woodrock Festival; em Lisboa prossegue o Ao Largo; em Cascais tem o Cool Jazz Festival, termina em Matosinhos o Tributo a Nelson Mandela, continua em Lisboa o Super Rock e entra em velocidade de cruzeiro o Festival Músicas do Mundo, em Sines. E… Ufff!! Fico-me por aqui, que nem isto é tudo,.. nem tudo isto é fado.

LÁ FORA

Das notícias valorizadas na imprensa portuguesa com origem internacional temos uma razoável variedade entre Putin e Trump, alternada com abordagens às relações entre Trump e Putin. Confuso? Vai dar no mesmo? Parece ser essa a sugestão da revista Time ao fazer uma capa com um rosto que é o somatório de um conjunto de características dos presidentes dos EUA e da Rússia. Apenas um fait divers, ou algo de mais profundo, que se pode virar contra os próprios americanos? A leitura subliminar é que um e outro são a mesma face de uma mesma moeda. Ora, se tivermos em conta a diabolização feita de Putin em toda a imprensa odidental, em que o menor dos epítetos nem será o de o considerar um ditador, estará a Time a querer sugerir que os EUA estão a ser dirigidos por um autocrata? Como não faltam elementos contraditórios na atuação de Trump ou do sistema que o suporta – é bom não esquecer que continua em alta nas sondagens – talvez seja útil ler este artigo publicado na Social Europe, intitulado “Poderão os EUA tornar-se uma ditadura democrática?”.

Como isto anda tudo ligado e Trump não sai da agenda, eis mais uma informação. Não chegou por twitter. O presidente dos EUA encarregou os serviços da presidência de diligenciarem para Vladimir Putin ser convidado a visitar os EUA ainda este ano. Vai crescer o drama shakespereano à volta de congeminações de traição e outras maldades similares. Não sei porquê, lembrei-me de um antepassado recente de outro homem mediático, pelo menos até a fronteira com Espanha. Recordam-se da célebre tirada “é apenas fumaça”? Foi proferida pelo tio-avô de Bruno de Carvalho. Chamava-se Pinheiro de Azevedo. Estávamos em novembro de 1975 e o almirante clamava que “o povo é sereno”.

E a Síria? Ainda alguém se lembra? Todos os dias enchia páginas de jornais e longos minutos de noticiário. Desapareceu do mapa, mas o conflito não acabou. Terá deixado momentaneamente de interessar, mas soube-se agora que foram evacuados os últimos reféns leais ao Governo cercados pelos grupos oposicionistas armados. “Exaustos, famintos e com medo, assim chegaram a Alepo na madrugada de quinta-feira os cerca de 7 000 civis evacuados de Fua y Kefraya”, relata o El País.

O jornal francês Libération tem uma secção intitulada “Check News”. A ideia é colocar uma pergunta e o jornal vai averiguar a veracidade ou não da afirmação implícita na questão. A última colocada pretendia saber se é verdade que a presidente da Croácia, tornada uma das figuras televisiva do último Mundial de futebol, homenageara soldados pró-nazis. A resposta, depois muito mais desenvolvida, fica resumida numa frase essencial: “Sim, e não foi a primeira política croata a fazê-lo”. Pois, e só isto dava para um outro Curto em que se poderia para falar do significado da vitória da equipa francesa, com a sua variedade de culturas e origens, no atual contexto europeu de crescente xenofobia e políticas restritivas contra os migrantes, comentar a suspeita – devido a antecedentes históricos - uniformidade étnica da Croácia e ainda falar dos caminhos seguidos por Israel rumo à criação de um Estado onde se rejeita a diversidade étnica.

TEMAS DE PRIMEIRA PÁGINA

Ainda estamos a descobrir John Coltrane – Público/ípsilon

Férias esgotam hotéis para animais – JN

Quatro mil casais conservadores discutem vida em Fátima – I

Sonangol vai deixar de produzir petróleo – Negócios

FRASES

“Esse apartheid regressa agora em Israel, só que agora, em vez da separação entre brancos e negros, o segregacionismo é entre judeus e não judeus”. Ana Sá Lopes, jornalista, no I

“Corremos o risco de ter um SNS para pobres e hospitais privados para quem tem seguro de saúde”. Álvaro Beleza, dirigente do PS, em entrevista ao I

O QUE ANDO A LER

Um dia, o pintor Lucian Freud viu-se confrontado com a necessidade de tomar uma decisão tão inesperada quanto inusitados eram os motivos silenciados que a justificavam. Convidado para uma festa de casamento, optou por declinar o convite por se encontrar na invulgar situação de ter já tido relações sexuais com a noiva, com o noivo e com a mãe do noivo. Isto para lá de naquele momento estar casado com uma sobrinha da mãe do noivo e a boda decorrer em casa de Francis Bacon, que ali vivia com o seu amante, Eric Hall.

A estranheza da decisão tem eco em outros momentos tão dissonantes como quando Manet decide apunhalar um quadro pintado por Degas onde avulta a imagem de sua própria mulher. Constatar que o pintor Francis Bacon chegou a oferecer-se como acompanhante de cavalheiros nas colunas de anúncios do Times, de Londres. Perceber como Pollock era um tipo infrequentável, arruaceiro, de um insuportável machismo, com frequência alcoolizado e incapaz de fazer um desenho decente. Ou pressentir que Picasso nunca teria pintado uma obra tão decisiva e de rutura como “Les Demoiselles de Avignon”, nem teria impulsionado o cubismo, juntamente com Braque, sem a pressão e rivalidade que sobre ele exercia Matisse, cuja filha adolescente povoava o imaginário libidinoso do pintor granadino.

Estes e muitos outros episódios aparecem narrados no livro “El arte de la rivalidad”, do crítico de arte e ensaísta australiano Sebastian Smee, vencedor do Prémio Pulitzer. Construído à volta de episódios de amizade e amor, traição e rompimentoprotagonizados por quatro pares de artistas, todos homens e todos eles situados entre os mais importantes da modernidade, o livro faz-nos embarcar numa longa e surpreendente viagem à volta das vidas e dos encontros e desencontros entre Matisse e Picasso, Manet e Degas, Pollock e De Kooning, Freud e Bacon.

A partir das dinâmicas criadas pelas relações entre amigos que chegam em alguns casos a tornar-se quase inimigos, Smee mostra como os temperamentos divergentes destes artistas acabam por desembocar – seja pela rivalidade, pelo espírito de competição, pela vontade de ultrapassar o outro – em avanços estilísticos decisivos para a história de arte. Se é notável o início do capítulo dedicado a De Kooning e Pollock,situado numa noite do início da década de 1950, com os dois pintores completamente bêbedos, sentados no exterior da Cedar Tavern, de Greenwich Village, a partilharem uma garrafa e a brindarem-se mutuamente com o epíteto de melhor pintor dos EUA, não lhe ficam atrás as pulsões ou tensões eróticas e sexuais que podem estar por trás do golpe de Manet no quadro pintado pelo solteiro Degas, pintado num momento em que aquele casamento definhava de um modo que não terá escapado ao mais jovem pintor.

O que torna o livro extraordinário está muito para lá das abundantes “petites histories” sobre a vida de cada um dos protagonistas. O mais relevante é a maestria com que o autor, ensaísta e crítico de arte, nos conduz, a partir daquelas rivalidades por vezes mais intuídas do que reais, através de uma irresistível história da arte centrada em períodos cruciais dos séculos XIX e XX, pela qual passam ainda personagens não tão secundárias como isso. Entre elas estão Peggy Guggnheim, Gertrude Stein, Baudelaire ou Appolinaire, cuja influência sobre Picasso fica aqui exposta em toda a sua dimensão e importância. Picasso de quem Matisse dizia: “Tal como um gato, seja qual for o salto mortal que dês, cairás sempre de pé”.

Como estamos em tempo de férias deixo-lhe outras pistas, a partir dos livros que escritores famosos mais leem e mais recomendam. Talvez tenha alguma surpresa. Ou não.

Tenha um bom dia, com múltiplas e variadas escolhas.

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