A democracia há de morrer sem um
tiro, pelo voto livre do povo e o silêncio cúmplice dos democratas
Daniel Oliveira considera que a
presença dos chefes de Estado de democracias na cerimónia de possa de Bolsonaro
é uma validação do fascismo.
No espaço de comentário que ocupa
semanalmente na TSF, "A Opinião", Daniel Oliveira afirmou que o
fascismo está bem vivo, em pleno século XXI.
"O ano de 2019 começa com a
posse de um fascista", começa por afirmar Daniel Oliveira. O comentador
afirma que o novo presidente brasileiro segue a linha de "todos os tiranos
que chegaram ao poder pelo voto: disseram ao que vinham, mas poucos
acreditaram".
Bolsonaro, que prometeu, durante
a campanha, "expulsar e prender os seus adversários políticos". Que
defendeu "a tortura, o fuzilamento de opositores e a execução sumária de
bandidos". Que "disse que, se batermos nos nossos filhos, eles não se
tornarão homossexuais".
"Foi eleito contra a
corrupção, apesar de ter assumido que o partido de que fez parte recebia
subornos e que ele próprio fugia a todos os impostos que podia. Foi eleito
contra o clientelismo, apesar de ter dito que se quisesse contratar a sua mãe
para o seu gabinete, ninguém tinha nada a ver com isso. Foi eleito pela sua fé,
apesar de citar a Bíblia para defender a pena de morte. Venceu democraticamente
as eleições, apesar de ter dito que nada mudaria no Brasil através do
voto", constatou Daniel Oliveira.
"Os cegos dizem que
Bolsonaro não é um fascista e os fascistas dizem que ele é um herói",
declara. Ao homem a quem os seus apoiantes chamam de "mito", Daniel
Oliveira chama "inútil fanfarrão, simulacro de macho e de militar".
Na cerimónia de posse de Jair
Bolsonaro estarão 12 chefes de Estado e vários primeiros-ministros, incluindo o
Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. Presenças que são condenadas
pelo comentador. "A companhia de democratas não transforma o fascista em
democrata, apenas o normaliza", criticou Daniel Oliveira.
"É assim que a democracia há
de morrer, sem um tiro: pelo voto livre do povo e o silêncio cúmplice dos
democratas", atirou.
Daniel Oliveira alerta que este
não é apenas um fenómeno brasileiro. "É o Brasil, é a Hungria, é a Itália,
é a Polónia, são as Filipinas, são os Estados Unidos e, mais dia, menos dia,
será a França", profetiza. "A maioria acredita que o fascismo não
pode acontecer agora, em pleno século XXI. Só que está mesmo a acontecer,
lentamente, sem que ninguém resista."
Texto: Rita Carvalho Pereira |
TSF | Foto Reuters
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