terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Brasil | A democracia há de morrer sem um tiro


A democracia há de morrer sem um tiro, pelo voto livre do povo e o silêncio cúmplice dos democratas

Daniel Oliveira considera que a presença dos chefes de Estado de democracias na cerimónia de possa de Bolsonaro é uma validação do fascismo.

No espaço de comentário que ocupa semanalmente na TSF, "A Opinião", Daniel Oliveira afirmou que o fascismo está bem vivo, em pleno século XXI.

"O ano de 2019 começa com a posse de um fascista", começa por afirmar Daniel Oliveira. O comentador afirma que o novo presidente brasileiro segue a linha de "todos os tiranos que chegaram ao poder pelo voto: disseram ao que vinham, mas poucos acreditaram".

Bolsonaro, que prometeu, durante a campanha, "expulsar e prender os seus adversários políticos". Que defendeu "a tortura, o fuzilamento de opositores e a execução sumária de bandidos". Que "disse que, se batermos nos nossos filhos, eles não se tornarão homossexuais".

"Foi eleito contra a corrupção, apesar de ter assumido que o partido de que fez parte recebia subornos e que ele próprio fugia a todos os impostos que podia. Foi eleito contra o clientelismo, apesar de ter dito que se quisesse contratar a sua mãe para o seu gabinete, ninguém tinha nada a ver com isso. Foi eleito pela sua fé, apesar de citar a Bíblia para defender a pena de morte. Venceu democraticamente as eleições, apesar de ter dito que nada mudaria no Brasil através do voto", constatou Daniel Oliveira.

"Os cegos dizem que Bolsonaro não é um fascista e os fascistas dizem que ele é um herói", declara. Ao homem a quem os seus apoiantes chamam de "mito", Daniel Oliveira chama "inútil fanfarrão, simulacro de macho e de militar".

Na cerimónia de posse de Jair Bolsonaro estarão 12 chefes de Estado e vários primeiros-ministros, incluindo o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. Presenças que são condenadas pelo comentador. "A companhia de democratas não transforma o fascista em democrata, apenas o normaliza", criticou Daniel Oliveira.

"É assim que a democracia há de morrer, sem um tiro: pelo voto livre do povo e o silêncio cúmplice dos democratas", atirou.

Daniel Oliveira alerta que este não é apenas um fenómeno brasileiro. "É o Brasil, é a Hungria, é a Itália, é a Polónia, são as Filipinas, são os Estados Unidos e, mais dia, menos dia, será a França", profetiza. "A maioria acredita que o fascismo não pode acontecer agora, em pleno século XXI. Só que está mesmo a acontecer, lentamente, sem que ninguém resista."

Texto: Rita Carvalho Pereira | TSF | Foto Reuters

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