Defesa de Amade Abubacar continua
à espera de uma resposta ao segundo pedido de liberdade provisória, feito na
semana passada. Jornalista está detido há mais de um mês na província de Cabo
Delgado, norte de Moçambique.
Há uma semana que a defesa
do jornalista
Amade Abubacar espera uma resposta a um pedido de liberdade
provisória, sob pagamento de caução. Este já é o segundo pedido desde que o
jornalista foi detido
a 5 de janeiro na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, quando
fotografava famílias que fugiam da região com medo de ataques. O primeiro não
foi respondido atempadamente.
Amade Abubacar é acusado de
crimes de violação do segredo de Estado e incitação à desobediência com recurso
a meios informáticos.
Sem gravar entrevista, Jonas
Wazir, presidente do núcleo em
Cabo Delgado da organização de defesa da liberdade de
imprensa MISA-Moçambique diz, no entanto, que, desta vez, espera uma resposta
favorável.
A DW África tentou falar com o
Tribunal Judicial Provincial de Cabo Delgado acerca do andamento do processo,
mas foi-nos informado que o porta-voz do tribunal encontra-se ausente.
Jornalista escrevia para o jornal
"Carta de Moçambique"
Na segunda-feira (11.02), o
jornal "Carta de Moçambique" publicou no seu portal um artigo em que
assume que, na altura da detenção, Amade Abubacar trabalhava como seu correspondente em
Macomia e escrevia sobre os ataques armados que ocorrem em alguns distritos de
Cabo Delgado.
"Contrariando uma narrativa
das autoridades oficiais, segundo a qual o Amade Abubacar não estava a
trabalhar para nenhum outro jornal no dia em que foi detido, o que nós fizemos
foi desmentir isso, provando que ele estava a trabalhar para a Carta",
explica o diretor do jornal, Marcelo Mosse.
"Achámos que era útil
publicar esta informação para mostrar que qualquer suspeita de que ele não
estava a trabalhar para nenhum outro órgão é infundada", sublinha o
jornalista.
Amade Abubacar assinava na
"Carta de Moçambique" com o pseudónimo Saíde Abibo. Com a colaboração
do jornalista, a "Carta tornou-se numa das principais fontes de informação
sobre a insurgência em
Cabo Delgado ", revelou o jornal.
Em entrevista à DW África, o
diretor Marcelo Mosse refere que as acusações do Ministério Público sobre Amade
Abubacar são um equívoco, apelando por isso à classe jornalística a não cruzar
os braços para defender o colega. Disse ainda que a "Carta de
Moçambique" está disponível para testemunhar a favor de Abubacar em
tribunal. "Ele é nosso colega e estamos dispostos a ir até às últimas
consequências, para que se prove que, pelo menos, ele era nosso
colaborador", diz Marcelo Mosse.
Amade Abubacar denunciou, no mês
passado, à Ordem dos Advogados de Moçambique que foi torturado
por militares, depois da sua detenção a 5 de janeiro. Várias organizações
de defesa dos direitos humanos têm
pedido a libertação imediata do jornalista. Abubacar não vê a esposa, os
filhos e o irmão desde que foi detido.
Delfim Anacleto Uatanle (Pemba) |
Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário