No dia 23 de janeiro, o
presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se autoproclamou
como presidente interino da Venezuela. Entretanto, passadas três semanas, o
poder real no país permanece nas mãos de Nicolás Maduro.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o
vice-diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia,
Boris Martynov, comentou por que o líder da oposição venezuelana dificilmente
poderia conseguir o reconhecimento da maioria do país.
"Por enquanto, o tempo
beneficia Maduro. Os golpes de Estado deste tipo ou são organizados logo da
primeira vez, e são bem-sucedidos, caso todos se envolvam com todas
as forças disponíveis, senão, eles gradualmente vão se reduzindo a
nada", afirmou o analista.
Martynov frisou que Guaidó falhou
em atrair para o seu lado uma força tão importante como o exército da Venezuela.
"Durante a primeira semana,
em primeiro lugar [Juan Guaidó] não conseguiu atrair o exército. Pois na
América Latina o exército é uma força particular, com seu papel particular",
disse.
Segundo o analista,
independentemente de como se encare Maduro e sua política econômica, ele é o
presidente legítimo, enquanto Guaidó levou a cabo uma "tentativa descarada
de golpe de Estado".
O especialista analisou
as opções que o governo de Nicolás Maduro tem sobre a mesa para lidar com
a crise no país.
"Acredito que não tem como
evitar as eleições. [Nicolás] Maduro já sugeriu a realização de eleições
parlamentares, o que no momento seria a melhor opção [para saída da crise]. Além disso, é provável que não tenha como evitar as eleições presidenciais
também. Não em breve, já que Maduro também não pode 'perder a face', não pode
ceder tudo de uma vez. A opção ideal seria realizar as eleições parlamentares
agora e depois de um ano – as presidenciais", ressaltou Boris
Martynov.
Depois de se autoproclamar como
chefe de Estado interino, Juan Guaidó foi apoiado pelo governo dos Estados
Unidos e também pelo Brasil, Argentina e Colômbia, entre outros países. Já
Maduro, reeleito em 2018, é considerado o presidente legítimo da Venezuela por
tais países como a Rússia, Turquia, México, Uruguai e China.
Anastasiya Petrushina
| Sputnik
Imagem: Reuters / Carlos
Garcia Rawlins
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