terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

PR Cabo Verde: Devolução de bens culturais não está na agenda da CPLP


O Presidente em exercício da comunidade lusófona e chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, considera legítima a reivindicação de devolução de bens culturais a países africanos, mas adiantou que o tema não está na agenda da organização.

O Presidente em exercício da comunidade lusófona e chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, considera legítima a reivindicação de devolução de bens culturais a países africanos, mas adiantou que o tema não está na agenda da organização.

“A nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não é uma questão que esteja na agenda ou no debate, pelo menos ao nível das lideranças”, disse Jorge Carlos Fonseca aos jornalistas, no âmbito da sua visita a Portugal, que hoje termina.

Segundo a Lusa, o chefe de Estado cabo-verdiano, que assume a presidência rotativa da organização lusófona, adiantou que tem acompanhado, sobretudo pela comunicação social, mas também em conversa com alguns chefes de Estado, o debate em torno desta questão.

“Pode ser legítima a reivindicação, mas também como homem de cultura, além de chefe de Estado, espero que, a realizar-se esse tipo de transferência, se traduza em benefícios para a Humanidade e para os países e povos que querem legitimamente receber o que é seu”, disse.

O debate sobre a devolução de bens culturais, obras etnográficas, de valor artístico ou documental pela Europa aos países de origem ganhou força, no final do ano passado, quando o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou a decisão de devolver ao Benim uma coleção de bronzes, retirados do país no final do século XIX no âmbito de uma expedição militar na África Ocidental.

Entre as antigas colónias portuguesas, Angola anunciou a intenção de trabalhar com Portugal no levantamento e possível recuperação dos objetos culturais angolanos que integram o acervo dos museus portugueses.

Questionado sobre se Cabo Verde irá seguir o mesmo caminho, o chefe de Estado cabo-verdiano adiantou que, de momento, este assunto tão pouco “está em cima da mesa” no país.

“Somos um país feito de bocados, de pedaços do mundo, de culturas, de partilha e temos um modo de diálogo e concertação um pouco diferenciado. Privilegiamos sempre o diálogo, o consenso, a concertação e só faríamos uma reivindicação deste tipo através de processos negociados e que não sejam conflituais”, disse.

O Presidente da República de Cabo Verde termina hoje, na Póvoa do Varzim, uma visita oficial de três dias a Portugal.

O chefe de Estado vai proferir a conferência inaugural no evento literário Correntes d’Escritas, durante o qual será lançado oficialmente o seu novo livro de poesia “A sedutora tinta das minhas noites”, conclui a Lusa.

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