O Presidente em exercício da
comunidade lusófona e chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca,
considera legítima a reivindicação de devolução de bens culturais a países
africanos, mas adiantou que o tema não está na agenda da organização.
O Presidente em exercício da
comunidade lusófona e chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca,
considera legítima a reivindicação de devolução de bens culturais a países
africanos, mas adiantou que o tema não está na agenda da organização.
“A nível da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP) não é uma questão que esteja na agenda ou no
debate, pelo menos ao nível das lideranças”, disse Jorge Carlos Fonseca aos
jornalistas, no âmbito da sua visita a Portugal, que hoje termina.
Segundo a Lusa, o chefe de Estado
cabo-verdiano, que assume a presidência rotativa da organização lusófona,
adiantou que tem acompanhado, sobretudo pela comunicação social, mas também em
conversa com alguns chefes de Estado, o debate em torno desta questão.
“Pode ser legítima a
reivindicação, mas também como homem de cultura, além de chefe de Estado,
espero que, a realizar-se esse tipo de transferência, se traduza em benefícios
para a Humanidade e para os países e povos que querem legitimamente receber o
que é seu”, disse.
O debate sobre a devolução de
bens culturais, obras etnográficas, de valor artístico ou documental pela
Europa aos países de origem ganhou força, no final do ano passado, quando o
Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou a decisão de devolver ao Benim
uma coleção de bronzes, retirados do país no final do século XIX no âmbito de
uma expedição militar na África Ocidental.
Entre as antigas colónias
portuguesas, Angola anunciou a intenção de trabalhar com Portugal no
levantamento e possível recuperação dos objetos culturais angolanos que
integram o acervo dos museus portugueses.
Questionado sobre se Cabo Verde
irá seguir o mesmo caminho, o chefe de Estado cabo-verdiano adiantou que, de
momento, este assunto tão pouco “está em cima da mesa” no país.
“Somos um país feito de bocados,
de pedaços do mundo, de culturas, de partilha e temos um modo de diálogo e
concertação um pouco diferenciado. Privilegiamos sempre o diálogo, o consenso,
a concertação e só faríamos uma reivindicação deste tipo através de processos
negociados e que não sejam conflituais”, disse.
O Presidente da República de Cabo
Verde termina hoje, na Póvoa do Varzim, uma visita oficial de três dias a
Portugal.
O chefe de Estado vai proferir a
conferência inaugural no evento literário Correntes d’Escritas, durante o qual
será lançado oficialmente o seu novo livro de poesia “A sedutora tinta das
minhas noites”, conclui a Lusa.
Sem comentários:
Enviar um comentário