José Cutileiro | TSF | opinião
Para crítico perspicaz Theresa
May e os seus sucessivos negociadores queriam que acordo comercial perfeito com
a União Europeia, soberania nacional pura e nenhuma fronteira com a Irlanda
fizessem parte do contrato de saída da União a assinar pelo Reino Unido e os 27
estados membros restantes. Quando, a pouco e pouco, foram percebendo que tal
vontade não era realizável sem ajustes que ajeitassem as contradições, já May
tomara medidas e fizera declarações desastrosas (exemplos: assim que escolhida
para chefe do partido promover eleições que perdeu e, com elas, a maioria
absoluta; declarar, repetidamente, que no dealera preferível a um bad dealsem
ter percebido que esta negociação não era como as outras; marcar linhas
vermelhas exactamente onde precisava de espaço para negociar) que a revelaram
incompetente e incapaz de resistir aos Brexiters extremos que, desde Thatcher,
atormentam quem mande no partido Tory.
Um fraco rei faz fraca a forte
gente e a podridão da cabeça chegou ao corpo todo. Colaboradores directos
foram-se demitindo e contradizendo, até mesmo na última semana, à qual se chega
em estado da maior confusão graças a inépcia de governo de Londres (exemplo: o
homem que provavelmente media melhor o que estava em jogo, o embaixador do
Reino Unido junto da União à data do referendo, foi expeditamente pesquisar OK
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diplomacia efeméride ensaio escultura espanha estados unidos europa europa
central exílio fotografia Retrovisor levado à demissão). O desejo de May de
aplacar os Brexiters nunca abrandou: mesmo agora quando um prazo longo de
adiamento da data de Brexit faria todo o sentido, limitou-se a pedir 30 de
Junho - Brexiters receavam que mais tempo animasse mais compatriotas seus a
afinal ficarem na União.
A incapacidade política abissal
de May não explica tudo. Por um lado, em Ocidente que perdeu o comando do mundo
e onde o fosso entre poucos ricos cada vez mais ricos e muitos pobres cada vez
mais pobres aumenta dia a dia e com ele o mau viver, os governados estão fartos
dos governantes, protofascistas ganham votos e, no Reino Unido, campanha pela
saída da União entusiástica e descaradamente aldrabona, levou a melhor de
defesa honesta e tíbia do statu quo. (The best lack all conviction while the
worst/Are full of passionate intensity).
Por outro lado, a percepção do
mundo dos ingleses é especial. Não têm Constituição escrita. Lords, o mais
célébre terreno de cricket do mundo, conta 5 portas: East Gate, South Gate,
North Gate, Grace Gate e Gate Number 6. Universitários desorientam-se para cá
da Mancha por ignorarem o comprimento de 1 quilómetro .
Antiquário do sul de Inglaterra entrevistado pelo New York Times não sabia há
dias que com no deal os móveis que compra em França para vender mais caros em
Inglaterra passariam a pagar direitos. Em 1955, quando o mano João andava na
Slade School of Fine Arts, pediu num Workers Cafe (os restaurantes mais baratos
da altura) bacon and eggs. Resposta: You can have the bacon, you can have the
eggs but you can"t have bacon and eggs because it"s Wednesday. Etc.
NB: Se a leitora achar que o
Conselho de Ministros de May é parecido com um Workers Cafe talvez tenha razão.
Dez anos depois do fim da guerra, regras de racionamento de comida estavam
ainda nas memórias (e algumas em vigor) recorda o meu amigo Fernando. Em país
sem Constituição escrita memórias de precedentes fazem lei e às vezes não são
bem lembradas.
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