O CDS-PP fez uma
interpelação para falar dos «falhanços» do Governo na Saúde mas destapou o
estrago feito no SNS pelo último executivo e o seu apetite pelo
negócio. Na boa sabedoria popular: foi à lã e saiu tosquiado.
Abril Abril | editorial
Na abertura do debate com a
ministra da Saúde, esta quinta-feira, a deputada do CDS-PP, Galriça Neto,
deixou escapar o verdadeiro constrangimento identificado pelos centristas ao
criticar as alterações realizadas à proposta de Lei de Bases da Saúde concebida
por Maria de Belém Roseira, dizendo que «não se deitam para o caixote».
A possibilidade de contratar
profissionais em exclusividade para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a
fixação de um tecto máximo para as taxas moderadoras e o carácter supletivo dos
privados foram algumas das alterações que não agradaram à consultora do grupo
Luz Saúde, e por certo não correspondem aos anseios dos centristas.
Tal como admitiu a deputada do
CDS-PP Ana Rita Bessa, é importante «salvaguardar um sistema que vá para além
do SNS» porque, acrescentou, «é demagógico» e «financeiramente inviável».
As contas do CDS-PP, aliado dos
grupos económicos na chantagem exercida sobre os beneficiários da ADSE, a quem
roubaram 38 milhões de euros em apenas dois anos, omitem as avultadas somas que
anualmente saem do orçamento do SNS (quase metade) para o sector privado, e que os centristas
desejarão aumentar.
No discurso de resposta à
interpelação do CDS-PP, que acusou o Governo de ter falhado na Saúde, a
ministra reiterou alguns dos avanços conseguidos desde o início da legislatura,
tais como o acréscimo de 9000 profissionais, a abertura de unidades de saúde
familiares e o aumento de consultas hospitalares dadas no SNS.
Como dizia o deputado do PEV José
Luís Ferreira, o estado da Saúde é ainda «pouco recomendável». Mas estará pior
do que nos quatro anos de desgoverno público do PSD e do CDS-PP? Não está.
Apesar de a obediência do Governo
do PS aos ditames de Bruxelas (indo além destes na redução do défice) ter
impedido a concretização de mais e melhor serviço público, com a solução
política saída das últimas legislativas, a que se juntou a luta dos
trabalhadores e das populações, foram dados passos que contrariam o
caminho de destruição trilhado pelo anterior executivo.
Tal como foi demonstrado ontem no
hemiciclo, trabalhadores e utentes assistiram à reposição de direitos e
rendimentos roubados, das 35 horas semanais e das isenções nas taxas
moderadoras, bem como à redução do custo com os medicamentos através da
promoção dos genéricos. Foram alteradas algumas das condições do transporte de
doentes não urgentes, travou-se o encerramento e concentração de serviços, e
aumentou-se o investimento em edifícios e equipamentos de saúde.
O caminho seguido na Saúde ao
longo dos últimos quatro anos ainda está aquém das necessidades da população,
mas está longe do discurso catastrofista da direita que, nas palavras da
deputada Ana Rita Bessa, «defende o SNS porque não abdica da liberdade de
escolha dos cidadãos, independentemente da carteira». Ou seja, um SNS para
pobrezinhos e o tal «sistema» para quem tem carteira para o pagar.
Assim ficamos esclarecidos.
Na imagem: Nuno Melo, Assunção Cristas e Pedro Mota Soares, à chegada à Estação de
Coimbra-B | Créditos: Paulo Novais / Agência Lusa
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