quarta-feira, 27 de março de 2019

Sahara Ocidental é um problema de todo o continente


Jornal de Angola | editorial

Os Estados-membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) discutem, desde segunda-feira, na cidade de Pretória, África do Sul, estratégias para o fortalecimento da solidariedade para com o Sahara Ocidental.

Como se sabe, a República Árabe Saharaui Democrática (RASD) continua praticamente como o único país africano por descolonizar ou o último por efectivar a sua completa soberania e independência. Na segunda-feira, decorreu o encontro ministerial, em que os chefes da diplomacia dos Estados-membros da SADC abordaram, entre outros, o papel da comunidade internacional para garantir a execução de todas as resoluções e decisões da ONU sobre o Sahara Ocidental. Angola esteve representada pelo secretário de Estado das Relações Exteriores, Tete António, num encontro que serviu também para preparar a cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, em que o Presidente da República, João Lourenço, vai ser representado pelo Vice-Presidente, Bornito de Sousa. 

A República de Angola, ao lado dos seus parceiros da SADC, não tem poupado esforços, fundamentalmente diplomáticos, para ajudar nos esforços para assegurar o direito à autodeterminação da RASD.


A SADC está interessada na busca de soluções duradouras, preferencialmente que engajem todas as partes envolvidas no actual diferendo que opõe directamente a RASD e o Reino do Marrocos que ocupa, controla e administra partes daquele território. A intenção de incluir todas as partes faz todo o sentido, numa altura em que a aproximação do Reino do Marrocos para com a União Africana, da qual se tinha auto-excluído há mais de 20 anos, pode constituir-se como um sinal de viragem importante. 


Ocupada desde 1975, pouco depois da retirada da Espanha, então potência colonial, partes do território na fronteira norte com o Reino do Marrocos, acabou invadido e ocupado ao ponto de colocar o primeiro de costas viradas para com a organização continental. Para a ONU, ontem para então Organização da Unidade Africana e hoje para a União Africana, o espaço ocupado da RASD continua como o território por descolonizar. E não é sem fundamento que para muitas vozes em África o processo de descolonização em África não efectivou por completo enquanto o Sahara Ocidental continuar ocupado e colonizado. 

Com a presença do Chefe de Estado anfitrião, Cyril Raphosa, do líder em exercício da SADC, e Presidente da Namíbia, Hage Geingob, do responsável da União Africana e estadista egípcio, Abdel-fatah Al-Sisi, e da sua Comissão Executiva, Moussa Faki Mahamat, esperamos que saia deste encontro decisões e recomendações relevantes. Se as organizações regionais e continentais forem bem sucedidas junto do Reino do Marrocos e da RASD no sentido de uma saída pacífica e que dignifique o continente nos esforços para a transformação de África num território integrado, com livre circulação de pessoas e bens, quem sai a ganhar são os africanos porque o Sahara Ocidental é um problema de todo o continente.

Sem comentários:

Mais lidas da semana