A passagem do Kenneth pelo norte
de Moçambique fez pelo menos um morto na cidade de Pemba e há outra vítima por
confirmar em Macomia.
Apesar de ciclone ter perdido força, chuvas intensas continuam
e há risco de cheias.
Até ao momento registou-se uma
vítima mortal na cidade de Pemba devido à queda de um coqueiro e ainda há outra
vítima por confirmar na vila de Macomia. As regiões mais afetadas por
este ciclone
de categoria quatro estão a ser as províncias de Cabo
Delgado e Nampula.
Os ventos fortes - a chegarem aos
270km por hora - e as chuvas intensas começaram no início da noite passada
(25.04). Informações preliminares apontam para elevados estragos nas
províncias referidas anteriormente, com casas destruídas e famílias ao relento
no arquipélago das Quirimbas, nomeadamente na ilha do Ibo, e ainda nos
distritos do continente de Quissanga, Mucojo, junto à costa, e Macomia.
Primeiros relatos
Ao princípio da noite, a situação
era relativamente calma em Mocímboa da Praia e Palma, a norte do corredor de
passagem prevista do ciclone, assim como na capital provincial, Pemba, a sul do
trajeto previsto, disseram várias fontes contactadas pela Lusa.
"Os efeitos do ciclone
tropical Kenneth ainda não se fizeram sentir como se previa ontem primeiro dia,
talvez hoje até às 12h00. Mas o mesmo não se pode falar de Cabo Delgado, onde
os danos continuam aumentar. Há corte de comunicação com alguns distritos,
casas e outras infraestruturas danificadas", relata Sitoi Lutxeque,
correspondente da DW em Nampula.
O jornalista Delfim Anacleto
também presente no terreno descreve a situação na cidade de Pemba. "Desde
das 20h00 de quarta-feira, em Pemba, em particular, temos registado chuvas
intercalares e ventos fortes. Há registo de queda de árvores. Neste momento a
cidade de Pemba está sem corrente eléctrica. Outro destaque é a tendência de
subida das ondas."
As autoridades moçambicanas
anunciaram ter evacuado as zonas de risco de cheias desde a ativação do alerta
vermelho, na quarta-feira (24.04), transferindo cerca de 30 mil pessoas para
mais de 30 centros de acolhimento, a maioria instalados em escolas. Anacleto
testemunhou também esse trabalho de prevenção e aviso das populações.
"As pessoas foram alertadas,
inclusive numa ronda que efectuamos ontem. Conseguimos cruzar com a viatura do
Instituto de Comunicação Social com um megafone que informava todos os
bairros sobre as medidas que podiam tomar para poderem dirigir-se para locais
previamente indicados. Estamos a falar de escolas e outros centros de
acolhimento", precisou.
ONU pronta para ajudar
As Nações Unidas estimaram hoje a
necessidade de uma nova operação humanitária em larga escala para responder à
passagem do ciclone Kenneth por Moçambique, numa altura em que a ajuda aos
afetados pelo ciclone
Idai permanece "criticamente subfinanciada". "O ciclone
Kenneth pode requerer uma nova operação humanitária em larga escala ao mesmo
tempo que a resposta ao ciclone Idai, que visa 3 milhões de pessoas em três
países, se mantém criticamente subfinanciada", afirmou hoje o
sub-secretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários e
coordenador da Ajuda de Emergência, Mark Lowcock.
O coordenador Humanitário das
Nações Unidas em Moçambique, Marcoluigi Corsi, disse que a organização já tomou
medidas e está de prevenção para responder ao ciclone Kenneth. "A ONU
mobilizou uma equipa que já está em Pemba, capital da província de Cabo Delgado,
e colocou bens de ajuda para assistir a população dos distritos que poderão ser
afectados”.
Um representante do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) anunciou na rede social Twitter que,
apesar das precauções que estão a ser tomadas, "não há muito que se possa
fazer para evitar que este desastre aconteça". Segundo Daniel Timme, na
quarta-feira foram enviados para o terreno especialistas da área da saúde,
nutrição, água, saneamento e proteção de crianças.
"Será crucial que estas
pessoas estejam lá para trabalhar com as organizações de emergência do país
para organizar a primeira resposta", afirmou o representante,
acrescentando que é muito importante "preparar bens que serão
transportados da Beira para o norte, mas também de Maputo para o norte."
Prevê-se que a intempérie diminua
de intensidade no continente, logo depois de deixar de ser alimentada pelas
águas quentes do oceano Índico, mas que, ainda assim, produza elevada
precipitação, suficiente para causar cheias repentinas que podem ser violentas
nalguns locais.
rvp, Delfim Anacleto Uatanle
(Pemba), Sitoi Lutxeque (Nampula), Agência Lusa | Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário