Singapura, 18 abr 2019 (Lusa) --
O presidente da petrolífera timorense Timor Gap mostrou-se hoje confiante na
capacidade da a empresa responder aos novos desafios que se abrem com a
concretização da compra de uma participação maioritária no consórcio do Greater
Sunrise.
"O trabalho que nos espera é
um grande desafio. Mas estamos confiantes que com o apoio que temos tido, que
tivemos no reforço institucional, preparação dos recursos humanos, estudos
feitos, conhecimento do setor a experiência a que temos estado expostos,
conseguiremos ultrapassar estes desafios e tornar este projeto uma realidade
dando receitas ao país", afirmou Francisco Monteiro.
O presidente e diretor executivo
da Timor Gap falava à Lusa depois da concretização, em Singapura, da compra
pela petrolífera timorense de uma participação de 56,56% no consórcio do
Greater Sunrise.
Em entrevista à margem da compra
por Timor-Leste de uma participação maioritária no consórcio do Greater
Sunrise, no mar de Timor, o regulador adiantou que o acordo com a Austrália
permitirá às autoridades dos dois países aprovar os diplomas legislativos necessários,
abrindo a porta à ratificação do tratado permanente de fronteiras marítimas.
"Foi um grande dia para
Timor-Leste, mas foi também um grande dia para a Timor Gap e um dos maiores
marcos na história da empresa", disse O presidente e diretor executivo da
Timor Gap.
"Pela primeira vez comprámos
uma participação num recurso muito ativo. Os nossos colegas da Conoco e da
Shell [que venderam as participações], apesar da saírem, reconhecem que este é
um recurso de grande qualidade", observou.
Francisco Monteiro explicou que
nas próximas semanas é necessário resolver várias questões administrativas com
o consórcio, nomeadamente a transferência de dados e informação, e depois um
diálogo com os parceiros Woodside (operadora) e Osaka Gas para definir o plano
de desenvolvimento.
"Precisamos de trabalhar nos
PSC [contratos de partilha de produção] e, ao mesmo tempo, trabalhar no
conceito de desenvolvimento dos campos que queremos ver aprovado antes do final
do ano", adiantou.
"Isso permitirá avançar um
plano de desenvolvimento no próximo ano. E com isso aprovado, poderemos chegar
a uma decisão final de investimento em 2021", acrescentou.
Questionado sobre se a Woodside
poderá ser um obstáculo, Monteiro disse que desde a assinatura do tratado de
fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália se entrou "num novo
capítulo" na relação, tanto entre os dois governos como com o setor
privado.
"Tivemos diferenças no
passado sobre desenvolvimento do campo, mas agora é do interesse do Governo e
do setor privado de que este campo seja desenvolvido", garantiu.
"Está parado há 40 anos, não
queremos perder mais 10 ou 20 anos sem fazer nada. Não é do interesse de
ninguém ficar parado. Este campo é reconhecido como um dos melhores do mundo,
por isso não faz sentido não o desenvolver", sustentou.
Por isso, a Timor Gap quer
trabalhar "com uma postura colaborativa, de cooperação" em que a
Woodside "será um parceiro com quem trabalhamos de mãos dadas para
desenvolver o projeto", indicou.
Francisco Monteiro disse, por
outro lado, que ainda não é conhecida a posição do outro parceiro do consórcio,
a Osaca Gás, sobre o modelo de desenvolvimento.
Numa entrevista anterior,
Francisco Monteiro, disse que Timor-Leste quer evitar recorrer ao Fundo
Petrolífero para financiar os custos de capital de até 12 mil milhões de
dólares norte-americanos (cerca de 11 mil milhões de euros) para o
desenvolvimento do projeto do gasoduto para Timor-Leste e processamento na
costa sul.
Após o início da produção, é
esperado um retorno financeiro que pode alcançar os 28 mil milhões de dólares
(24,7 mil milhões de euros), explicou.
Globalmente, incluindo o Greater
Sunrise, a Timor Gap diz que o país tem um potencial equivalente a mais de 6,3
mil milhões de barris de petróleo por explorar nos próximos 50 anos, com um
valor de 378 mil milhões de dólares (cerca de 334 mil milhões de euros.
Esse
potencial de exploração poderá representar uma injeção de 223 mil milhões de
dólares (197 mil milhões de euros) na economia, em serviços como engenharia,
desenvolvimento, manutenção e operações, e benefícios fiscais e rendimentos
públicos de mais de 47 mil milhões (41 mil milhões de euros).
ASP // SR
Na imagem: Francisco Monteiro / Foto Jornal Independente TL
Na imagem: Francisco Monteiro / Foto Jornal Independente TL
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