Bissau, 10 mai 2019 (Lusa) -
Arroz apreendido na Guiné-Bissau no âmbito da operação "Arroz do
Povo" foi recuperado pela Polícia Judiciária, a pedido do primeiro-ministro,
após ter sido retirado do armazém onde estava guardado na quinta-feira pelas
forças de segurança.
PJ já foi buscar o arroz ao
armazém para onde se tinha levado e está a ser reposto no local onde estava
guardado", disse à Lusa fonte da PJ.
As forças de segurança da
Guiné-Bissau retiraram quinta-feira de um armazém em Bissau o arroz doado pela
China e apreendido pela PJ, por suspeita de estar a ser comercializado, na
sequência de um pedido do magistrado do Ministério Público responsável pelo processo.
Hoje, durante a tarde, o
primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, esteve reunido com o ministro do
Interior e com a Polícia Judiciária e pediu a devolução do arroz para começar a
ser distribuído.
"Ontem à noite assistimos a
um acontecimento triste, um dos armazéns foi violado com a presença da polícia
que foi lá para o efeito e alguns camiões de arroz foram levados para um outro
armazém", afirmou à Lusa Aristides Gomes.
Segundo o primeiro-ministro, face
a toda a manipulação a que se tem assistido decidiu "acelerar o processo
de distribuição" do arroz.
"Tem de ser devolvido. Não
foi o Ministério do Interior provavelmente que levou o arroz, mas a operação
foi apoiada por polícias do Ministério do Interior, portanto, é preciso que a
instituição ou pessoa que subtraiu o arroz possa devolver o arroz ao armazém
onde estava", disse.
O primeiro-ministro guineense
explicou também que criou uma comissão composta por representantes de várias
instituições do Governo e da sociedade civil e que estão a ser feitos esforços
para que "dentro de dois a três dias" se possa iniciar a sua
distribuição.
"É um bem perecível, que
está nos armazéns, que está sujeito a variação de temperatura e humidade e para
além disso temos esta situação de dificuldades de controlar o estoque por
razões óbvias", salientou.
A Polícia Judiciária da
Guiné-Bissau apreendeu no âmbito de uma operação, denominada "Arroz do
Povo", várias centenas de toneladas de arroz doado pela China, que segundo
aquela força de investigação criminal, estava a ser preparado para ser vendido
ao público.
O arroz apreendido estava num
armazém em Bafatá, propriedade do antigo ministro do Interior Botché Candé, e
numa quinta do ministro da Agricultura, Nicolau dos Santos.
No âmbito da operação, a PJ
tentou ainda deter o ministro da Agricultura, mas foi impedida pelas forças de
segurança.
No final de abril, o Ministério
Público guineense ordenou à PJ a devolução dos sacos de arroz, doados pela
China, apreendidos na quinta do ministro da Agricultura.
No mesmo despacho, datado de 24
de abril, o Ministério Público ordenou também a abertura de um processo-crime
contra cinco agentes daquela força de investigação criminal.
Segundo o Ministério Público, a
Polícia Judiciária tinha mandados de busca para efetuar diligências na cidade
de Bafatá, nomeadamente nos "armazéns e domicílios dos suspeitos assim
como nos domicílios de quaisquer pessoas na posse do referido produto".
"Sucede, porém, que a PJ
alargou essas diligências para outras localidades não abrangidas no
mandado", acrescenta do Ministério Público.
Em resposta, a PJ guineense disse
que não iria entregar o arroz, que as buscas à quinta do ministro da
Agricultura foram legais e abriu uma investigação contra o magistrado do
Ministério Público responsável pelo processo.
O embaixador da China no país,
Jin Hong Jun, disse à Lusa que está a seguir com muita atenção a investigação
da Polícia Judiciária e salientou que o arroz doado "não é para
venda".
O embaixador explicou que foi
doado um total de 2.638 toneladas de arroz, no valor de três milhões de
dólares, e que o donativo chegou a 26 de janeiro.
Diário de Notícias | Lusa
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