Presidente brasileiro fala em
país "ingovernável" e que "a hipótese mais provável é uma
ruptura institucional irreversível com desfecho imprevisível". Analistas
dividem-se na interpretação do texto.
Um texto partilhado por Jair
Bolsonaro num grupo de aliados no aplicativo Whatsapp a que o jornal O
Estado de S. Paulo teve acesso está a levantar rumores no Brasil. Rumores
até de uma eventual renúncia do presidente da República.
No texto, que Bolsonaro diz ser
de um autor anónimo mas que sites atribuem a um analista financeiro,
o presidente chama o país de "ingovernável". Fala em
"conchavos", diz que "o presidente não serve para nada",
que "a hipótese mais provável é o governo morrer de inanição" e que
pode vir aí "uma rutura institucional irreversível com desfecho
imprevisível".
Primeiro nas redes sociais e
depois nos jornais, o texto foi comparado à renúncia do presidente Jânio
Quadros, que em agosto de 1961 abdicou do cargo apenas sete meses depois de
tomar posse.
Para o cientista político Alberto
Carlos Almeida, "é sim uma carta de renúncia". "Mas vinda de
Bolsonaro pode ser qualquer coisa. Ele é muito burro: não conhece a língua
portuguesa, não sabe utilizar símbolos, não entende dos detalhes da política.
Assim, para ele, essa carta pode ser qualquer coisa".
Reinaldo Azevedo, colunista do
jornal Folha de S. Paulo e de outros veículos, disse que depois da
carta "só sobram dois caminhos a Bolsonaro: a renúncia ou o
suicídio". "Eu sugiro o primeiro".
No entanto, outros cientistas
políticos ouvidos pelo jornal O Globo entendem a carta como uma
ameaça de renúncia e não como uma renúncia. Diz o cientista político Oswaldo
Amaral que "parece um balão de ensaio para ver quantas pessoas vai
arregimentar com esse tipo de discurso. Está a colocar a figura dele contra as
instituições democráticas e quer o apoio do povo para isso, o que é típico do
populismo".
Major Olímpio, líder parlamentar
do partido de Bolsonaro no Senado, também entendeu o desabafo como "um
grito de alerta".
Bolsonaro vem enfrentando
dificuldades, com a aprovação ao seu governo a diminuir de sondagem para
sondagem. A sua agenda vem sendo contrariada no Congresso Nacional. E nas
últimas horas o preço do dólar subiu a valores equivalentes aos de antes da
eleição e analistas já preveem encolhimento do PIB em 2019.
João Almeida Moreira, São Paulo |
Diário de Notícias | Foto: Reuters/Adriano Machado
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