A direita venezuelana acusou o
presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, de encenação com o regime a
troco de espaços de sobrevivência, ao aceitar negociar com o Governo do
Presidente Nicolás Maduro.
Guaidó está sob o escrutínio da
direita venezuelana, por, aparentemente, aceitar negociar com Maduro.
"Já vivemos este episódio
várias vezes, de traições, de manipulação, de que pensamos que são opositores,
que estão contra o regime mas que às escondidas fazem negociações com o regime,
a troco de espaços de subsistência", disse o diretor do Movimento da
Direita Liberal Autonomista da Venezuela, Marcos Polesel.
O dirigente de direita falava à
Agência Lusa em Caracas, durante uma concentração nas proximidades da embaixada
da Rússia na Venezuela, para pedir que aquele país deixe de apoiar e dar
assessoria ao Governo de Nicolas Maduro.
Representantes do Governo e da
oposição venezuelana viajaram até à Noruega na última quinta-feira para participarem
em conversas exploratórias sobre uma solução para a crise política no país, uma
informação confirmada pelo Governo norueguês e também por Juan Guiado.
"Uns 80% dos venezuelanos
estamos fartos, cansados destas manipulações, porque duram há muitos
anos", frisou.
Polesel, que também é criador da
Frente Nacional das Direitas Unidas na Venezuela sustentou que atualmente o
Governo venezuelano e o seguidores de Juan Guaidó "são duas minorias, dois
setores mínimos que estão em pugna e que apenas os militantes vão às manifestações".
"Mas 80% dos venezuelanos
não está aí, milhões de venezuelanos que deixaram o país e outros milhões de
venezuelanos não vão a essas manifestações. É uma militância que está a favor
de um ou do outro", frisou.
Por outro lado explicou que
"ontem" a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática dizia que era
possível uma mudança de regime se os venezuelanos votassem "em massa,
quando isso não era verdade".
"A festa eleitoral terminou.
Agora há que inventar outros mecanismos para que esse pacto de colaboracionistas
funcione. Elegeram uma nova figura que ninguém conhecia como (Juan) Guaidó, mas
detrás (apoiando) estão os mesmos políticos que simpatizam com este regime e
por isso este regime tem durado mais de vinte anos", explicou.
Marcos Polesel frisou ainda que
"na Europa diziam que havia eleições" [na Venezuela], o que considera
não ser verdade, e afirmou que o que se passa é o "agora eu chego a
um acordo contigo para enganar a um terceiro, que é o povo" e assim
poderem "conviver e partilhar a riqueza do país".
Para a direita, a Assembleia
Nacional, dirigida por Juan Guaidó, "é tão ilegítima como o regime"
porque foi eleita com o mesmo Conselho Nacional Eleitoral, nas legislativas de
dezembro de 2015.
"Tudo isto é uma armação
imoral, centrada numa manipulação. Eles não têm moral para reclamar nada porque
foram eleitos por um organismo eleitoral controlado pelo mesmo regime",
frisou.
Por outro lado, alertou que "se
não ocorrer uma intervenção militar internacional, o país passará a ser uma
Cuba, uma Síria, uma Coreia do Norte para toda a vida, e se perderá
definitivamente".
"Nós não temos poder para
dizer ao Presidente dos Estados Unidos (Donald Trump) que intervenha. Guaidó
tem o Presidente dos EUA à disposição e não lhe diz que intervenha. Algo há de
estranho aí", sublinhou, insistindo que "os venezuelanos sabem que
não há uma saída interna nem eleitoral".
"Por detrás do regime está
Cuba, a Rússia e a China, que sabem bem como matar as pessoas à fome. Um
exemplo [disso] é a Ucrânia. A única maneira de controlar um povo violento foi
matando-o à fome", disse.
No protesto, que reuniu pouco
mais de uma centena de pessoas, esteve também Nelson Ramírez Zabala, porta-voz
do Movimento Nacionalista Ordem, organismo que tem como objetivo, disse,
"consciencializar a Venezuela e o mundo, as organizações internacionais
como a ONU e a Organização de Estados Americanos sobre as farsas destas nações
que apoiam o regime".
"E também exercer o direito
de reclamar a nossa soberania, porque a Rússia, entre outras nações, não apenas
está a levar o petróleo, mas também carregamentos de ouro que pertence à nação
venezuelana, a troco de dar assessoria ao regime", acusou, sem deixar de
lembrar que "a Venezuela quer ordem".
TSF com Lusa | Foto: Rayner
Pena/EPA
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