terça-feira, 14 de maio de 2019

Joe Merdoso e a crónica com grandes salafrários eleiçoeiros


Recorremos ao Expresso Curto nesta manhã, um diretor da dita publicação lavra as palavras e conduz para onde lhe dá, para o que quer ou talvez não. Não sem que duvidemos. Duvidar porque o Expresso já não é o que era, piorou, rendeu-se ao neoliberalismo que é antecâmara do fascismo que por tantas dezenas de anos conhecemos e sofremos até uma manhã de Abril de 1974. Foi o salazarismo, que agora em tantos aspetos ressuscita mascarado de democrata. A liberdade democrata permite isso, o revivalismo político e social do antigamente, que tem sido exumado por novas gerações - também de jornalistas. Pé ante pé eles lá vão fazendo o caminho da selvajaria capitalista que, desbravada, avança e nos impõe estatuto de esclavagismo moderno.

Como baratas tontas as populações vão na conversa, nos incentivos que os manietam por via de tanta ação pró lavagens cerebrais. É o que temos tido afincadamente nestas últimas décadas. Há os que alinham no processo conscientemente e os que nem por isso, mas uns e outros são responsáveis. Todos nós, cidadãos de Portugal, da Europa, do mundo, pagaremos a alienação com língua de palmo e meio. Nestes últimos anos o processo de avanços na antecâmara do fascismo deu grandes passos muito significativos e até inteligentemente, calculadamente. Veja-se: existe em Portugal um pseudo governo de esquerda que é tantas vezes  de direita acelerada, agora chamada de neoliberal. Muito bem. Os povos têm aquilo que merecem quando votam nas sociedades ditas democráticas. "Levados, levados sim" - como no hino da salazarista Mocidade Portuguesa.

Vimos povos, como em Portugal, a eleger os mesmos de sempre, que roubam (talvez nem meia dúzia contemos desses nas cadeias). Que mentem com todos os dentes que têm. Que manipulam por seu belo prazer e egoístas vantagens. Assenta que nem ginjas o dito popular de “quanto mais me bates mais gosto de ti” na versão roubar e mentir, assim como na versão vigarizar, que é muito mais abrangente para o que na realidade acontece com certos e incertos partidos políticos, assim como seus componentes de listas eleitorais, de direções e de promiscuidades com gentes e grupos económicos que comem tudo. Os tais 'eles' cantados por Zeca Afonso. Vampiros? Pois.


Refere o autor de hoje do Curto do Expresso um tal chico-esperto chamado José mas que para o mundo luso (não só) se conhece por Joe. Um Berardo que caiu de um céu muito nebulado e que com manobra aqui manobra acolá fez fortuna. Ele diz-se remediado e que só tem uma pequena garagem e pouco mais.

Sim, na verdade esse tal escolho da impureza de esgoto luso é um pobre, principalmente de espírito e de carácter. Aquilo a que popularmente se classifica de merdoso. Leiam o que escreve no Curto, a seu modo, João Vieira Pereira.

Mudando de assunto, para as eleições ditas europeias… E aqui excluam-se os “jeitosos” que são nomeados e não eleitos mas que têm prevalência nas suas decisões próneoliberalismo e outras sujidades ou desumanidades da e na UE. Afinal que raio de democracia é esta?

Apesar de tudo, porque sim, a campanha eleitoral está aí. O bláblá é servido até à exaustão nas televisões, nos jornais, nos cartazes… tudo eleitoral. Num faz de conta vil, obviamente falso. Por isso mesmo muito pouco aqui abordaremos sobre o assunto da campanha no PG.

Veja com seus olhos e leia as palavras inseridas no Curto de hoje. Mantenha o olho vivo e use o cérebro. Não dói nada o ato de pensar, de comparar, de recorrer ao passado mais ou menos recente e aquilatar sobre os grandes malandros desta crónica de eleições, destas europeia e das que se aproximam. Não esqueça o Joe merdoso e repare nos políticos e outros mafiosos que o veneram e o promovem mirando o além de vantagens que possam retirar. É o que há. É o que temos. Portugal, um país dominado por salafrários.

Tenha um bom dia, se conseguir. Pois.

Mário Motta | Redação PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Joe, o bobo que nos expõe ao ridículo

João Vieira Pereira | Expresso

Todos contra Berardo. Não há ninguém que acredite numa palavra do que Joe Berardo foi dizer ao Parlamento na passada sexta-feira. Muito provavelmente nem Berardo acredita em Berardo. A vergonha, ou falta dela, foi tanta que as reações de indignação continuam.

Marcelo Rebelo de Sousa foi o mais comedido. Talvez por Berardo ser ‘bicondecorado’, primeiro por Ramalho Eanes e depois por Jorge Sampaio. Mesmo assim, o Presidente da República sempre deixou sair um “…têm de respeitar as instituições, a começar nas instituições do poder político”. O que traduzido deve-se ler: ‘Caro Comendador Joe Berardo pare de gozar com todos nós’.

Porque foi de facto isso que Berardo fez. Acompanhado do seu advogado, a quem se permitiu tudo, inclusive responder sempre que ‘o Joe’ não queria, passou por pobre, homem impoluto, e vítima dos bancos, a quem acusa de serem incompetentes, para logo depois deixar avisos em tom de ameaça: "Vamos ver o que acontece".

Entende-se por isso a irritação de António Costa que afirmou, em dia de debate quinzenal, “o país está chocado pelo desplante com que o senhor Berardo respondeu nesta Assembleia da República”, assumindo que não há razão para que a CGD lhe perdoe as dívidas.

O país está é chocado com a forma com que os políticos, principalmente os do PS, lidaram com Joe Berardo. Em certos países quem deixa buracos de milhões em bancos que têm de ser pagos pelos contribuintes saem algemados. Em Portugal saem pela porta dos fundos para fugir a três agentes de execução que, estando lá à sua espera, não o conseguiram sequer notificar.

Quando o PS não sabe resolver um problema tem três procedimentos padrão. Esconde-o numa gaveta e espera que ele passe. Pede um estudo a um grupo de trabalho formado por ‘independentes’, ou pede a nacionalização. É o caso dos CTT (que têm agora um novo CEO) ou do SIRESP (tal como Costa defende).

Deixo aqui então uma proposta para o PS, que tanta culpa tem na criação do problema Berardo, resolver o caso. Nacionalize a coleção de arte. Assim. Direto. Deixem que Berardo esperneie, diga ‘no babe, no’ e recorra à justiça. E se o Estado tiver de pagar uma indemnização use o próprio veneno de Berardo e pague a nacionalização com os créditos que ele ficou a dever à Caixa Geral de Depósitos.

É populismo? Talvez. Por isso vale a pena voltar à terra (injusta) e ler Henrique Raposo que explica porque é Berardo uma máquina de populistas.

Uma nota final para o debate quinzenal no qual a crise não existiu. Para nenhum dos partidos. Vitor Matos, editor de política do Expresso, conta-lhe este episódio orwelliano da política à portuguesa.

Especial as Europeias Aí está a campanha. Cheia de vídeos hilariantes que correm pelas redes sociais (uma análise de Bernardo Mendonça a não perder) e de imagens que levará algum tempo a esquecer, como a bicicleta de Paulo Rangel. Mas o que importa é mesmo a mensagem, não é?

Comecemos pelo princípio. Há 28 países em eleições e as regras não são iguais para todos. Há países onde o voto é obrigatório e há cidadãos que só podem ser eleitos a partir dos 25 anos. Um número de votos pode não chegar para eleger um deputado num país, mas ser o suficiente noutro. Um guia para se compreender como se vota em cada país da União Europeia.

Pedro Marques chega pontualíssimo. Corre o pequeno grupo a beijinhos e bacalhaus. Diz, “sabe, o meu trabalho foi apoiar institutos como estes. Agora, quero apoiar na Europa”. Ouve-se: “Pedro Martins… errr, Pedro Marques” — correção soprada ao ouvido de quem discursava. A primeira gafe da campanha. Afinal Pedro é um perfeito desconhecido, como diz Rangel? “Não tenho sentido nem falta de notoriedade nem falta de simpatia das pessoas para comigo. (….) Vão ver o meu Facebook de campanha”.

E contra-ataca: “Paulo Rangel passa o tempo a dizer mal de tudo. Peço ao PSD e ao CDS um pouco mais de elevação nesta campanha. Apresentem lá umas propostas concretas para a Europa”, seguindo-se o rol de méritos do Governo na reprogramação de fundos comunitários, criação de emprego, reforma da floresta e criação de infraestruturas. Propostas? Talvez amanhã. Pois como escreve Miguel Carrapatoso, começou devagar, devagarinho a campanha de Pedro Marques.

Paulo Rangel Disputa o título ‘de rei da rua’? O candidato do PSD acusa Pedro Marques de fazer uma campanha em circuito fechado, em empresas ou instituições. Marques responde com a "falta de empatia" do social-democrata. "Não vou estar agora a reagir a todas as erupções de irritação, irritabilidade, do candidato socialista. Vamos deixá-lo irritar-se, é um direito fundamental”. Vamos é de bicicleta. Os mais de trinta graus que se faziam sentir no distrito de Aveiro não o impediram de passear de bicicleta ou passear pelas rochas na praia de Ovar. Está boa a campanha, não está? “O mar está flat! (…) mas a campanha picadinha”. Até deu para Montenegro aparecer para roubar o palco.

Nuno já não é Melo É Melinho das feiras. Entre roupa e sapatos em Ponte de Lima não se importa com o novo rótulo. Marisa Matias nem quer ouvir a política de ataques pessoais. Está ali, em Lisboa, para a defesa do Estado Social, o combate às alterações climáticas e a proteção dos direitos laborais. Fora com a Europa ‘off shore’. Por pouco não se cruza na Autoeuropa com João Ferreira. O candidato do PCP cerrou fileiras junto dos trabalhadores que mudavam de turno para "defender o povo e o país” para seguir para uma arruada na Morais Soares.

Assim foi um dia de campanha, morno. Hoje há mais. Pedro Marques ruma ao sul. Primeiro Évora e depois os distritos de Beja e Faro, dois destinos partilhados com Marisa Matias. Rangel vai ao distrito de Coimbra. Já o PCP fica pela zona de Lisboa.

OUTRAS NOTÍCIAS

Adeus urso O jovem urso-pardo, imigrado da Cordilheira Cantábrica, que passeou por terras transmontanas, entre finais de abril e meados da semana passada, já regressou a casa.

Um novo código para o seu telemóvel Quer mudar de operadora e manter o seu número? A portabilidade dos números de telefone passou a exigir a apresentação de um código por parte do cliente. Saiba aqui como funciona.

Venha ele A construção do novo aeroporto de Lisboa e a ampliação do existente podem fazer crescer o PIB em 5 pontos percentuais e gerar 400 mil postos de trabalho. As contas são da Associação da Hotelaria de Portugal.

Investigação SIC O Hospital de Cascais é acusado de alterar resultados clínicos e algoritmos da triagem da urgência para aumentar as receitas que o Estado paga à parceria público-privada do grupo Lusíadas Saúde.

Ai os mercados A guerra comercial entre os EUA e a China atingiu novo pico e os mercados nova baixa. O índice norte-americano teve a maior queda desde janeiro depois do anúncio de que Pequim vai avançar com tarifas de 60 mil milhões de dólares sobre os produtos norte americanos. É uma resposta ao plano de Trump de taxar cada par de sapatilhas, computadores, vestidos e malas importados da China.

10 mil dólares para se despedirem A Amazon anunciou que vai dar 10 mil dólares e três meses de salário a todos os trabalhadores que se despedirem para abrirem o seu próprio negócio de distribuição. É a estratégia da empresa para reduzir o tempo de entrega de encomendas para apenas um dia.

Assange acusado outra vez As autoridades suecas vão reabrir o caso no qual Julian Assange, fundador do WikiLeaks é acusado de violação.

Perigoso Ormuz A Arábia Saudita anunciou que petroleiros seus foram sabotados ao largo dos Emirados Árabes Unidos. Ao todo são já quatro as embarcações danificadas num escalar da tensão no Estreito de Ormuz. Estes ataques surgem depois dos EUA terem deslocado meios militares para a zona num crescente aumento da tensão com o Irão.

Sri Lanka Novos distúrbios e pelo menos um morto na sequência das manifestações contra muçulmanos. São represálias pelo atentado da Páscoa. Para tentar controlar a situação, foi declarado recolher obrigatório em todo o país.

City fora dos milhões O novo campeão inglês enfrenta um ano de suspensão das competições europeias. A UEFA está a investigaralegadas acusações de infração de regras financeiras.

FRASES

“Eu sei que ele é um durão, mas é homem respeitado. Provavelmente, como eu, um pouco controverso, mas tudo bem. Tudo bem. [Viktor Orbán] fez o que era certo, de acordo com muitas pessoas que avaliam a questão da imigração” – Donald Trump na visita do primeiro-ministro Húngaro à Casa Branca.

“Os portugueses percebem o meu silêncio, percebem que tudo o que dissesse limitava a liberdade.” (…) “O que dissesse nesse período de tempo acabava por condicionar o Presidente, não o deixar com as mãos livres para as decisões que tivesse de tomar. Não intervir significa não se pronunciar, não receber partidos políticos ou convocar partidos” – Marcelo Rebelo de Sousasobre o silêncio que manteve desde o início da ameaça de crise política.

“Os portugueses trabalham muitas horas mas não estão nos primeiros lugares nos rankings de produtividade. Se olharmos para as economias europeias que têm maiores níveis de bem-estar e felicidade, são também essas que têm maiores índices de produtividade.” – Carl Honoré, investigador e defensor do slow living, em entrevista ao Público.

O QUE EU ANDO A LER

O conservadorismo tem uma enorme desvantagem junto da opinião pública. Não é de agora. É assim há dezenas de anos. “A sua posição é verdadeira mas enfadonha; a dos seus opositores, excitante mas falsa”. A partir daqui é fácil perceber porque ser um conservador se tornou algo quase marginal. As palavras de Roger Scruton, o famoso filósofo britânico, evidenciam o que é ser conservador nos dias de hoje: “nós, os que supostamente excluímos, estamos, portanto, sujeitos à pressão de escondermos o que somos, por medo de sermos excluídos”. Foi a recusa dessa pressão que serviu de fio à sua história. A história de uma vida que “tem sido muito mais interessante do que alguma vez imaginei”.

‘Como ser um conservador’ não é um livro autobiográfico mas bem que podia ser uma autobiografia do conservadorismo. Um visão única de Scruton, sempre polémico, sempre desafiador e sempre inconformado na defesa das “coisas virtuosas” que herdámos.

Esta minha escolha não é ingénua. Não que me identifique com Scruton, mas porque a poucos dias das eleições europeias este livro tem um sabor diferente. E já agora leia também este artigo do mesmo autor, publicado em 2012, mas que ajuda a perceber o que se passa hoje na Europa.

Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima terça-feira e não se esqueça de ir acompanhando todas as novidades sobre a campanha eleitoral em www.expresso.pt.

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