O presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, ordenou hoje a expulsão de 55 militares, entre eles o ex-chefe
dos serviços secretos, por alegadamente estarem envolvidos nos acontecimentos
de 30 de abril último.
Nesta data um grupo de militares
declararam apoiar o presidente do parlamento e autoproclamado presidente
do país, o opositor Juan Guaidó, e apelaram à população para sair às ruas para
forçar uma mudança de regime.
Segundo o Decreto 3.839,
publicado na Gazeta Oficial (equivalente ao Diário da República), que hoje
circulou com data de 3 de maio, a expulsão visa ser "uma medida exemplar,
para garantir o equilíbrio" das Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela
(FAV) "e a proteção dos seus pilares fundamentais".
"Decreto (...) expulsar o
cidadão general de divisão Manuel Ricardo Cristopher Figuera por ser indigno de
pertencer às FAB, em proteção do vigor e plena eficácia da Constituição, por
ter violado, com a sua conduta, os valores e princípios que representam a
instituição militar, preceitos sociais e o decoro da profissão", lê-se no
decreto.
Além de Manuel Ricardo Cristopher
Figuera, que até 30 de abril foi diretor dos Serviços Bolivarianos de
Inteligência da Venezuela (serviços secretos), o decreto abrange cinco
tenentes-coronéis, quatro majores, quatro capitães, seis primeiros-tenentes e
tenentes e 35 sargentos.
Estes militares são expulsos
"por serem indignos de pertencer" às FAB e a expulsão tem ainda como
propósito "garantir o funcionamento eficiente, uso útil e
moralidades" das instituições militares venezuelanas e não como uma
condenação que, "em todo o caso, "deve ser consequência de um
processo penal".
Um dos militares expulsos é o
tenente-coronel da Guarda Nacional (polícia militar) Ilich Sánchez, responsável
pela proteção do Palácio Federal Legislativo, onde funciona a Assembleia
Nacional (parlamento, no qual a oposição detém a maioria).
A crise política na Venezuela
agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder do parlamento, Juan Guaidó, jurou
como Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes
executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de
imediato com o apoio da maioria da comunidade internacional e prometeu formar
um Governo de transição e organizar eleições livres.
Mais de 50 países, incluindo os
Estados Unidos da América, o Canadá e a maioria dos países da União Europeia,
entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino
encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder
desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente
do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados
Unidos.
Esta crise política soma-se a uma
grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a
fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Lusa | Notícias ao Minuto | Foto:
Reuters
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