O silêncio por parte das autoridades
timorenses persiste e nem chega à comunicação social ou redes sociais algum eco.
O bebé timorense Akai, que sofre de hidrocefalia, não está a beneficiar do
tratamento especializado que lhe foi oferecido por uma ONG, Tropas da Paz.
Aquela ONG propõe tratar
adequadamente o pequeno Akai e operá-lo gratuitamente em clínica especializada
em Angola, tendo o governo timorense ou beneméritos, de suportar as viagens de
ida e volta de Timor-Leste para Angola, Luanda, de Akai e decerto de familiar
que o acompanhe.
Quer no Facebook, quer no Timor Agora, a situação tem sido divulgada nestes últimos dias sem que seja conhecida
reação positiva ou negativa – ou qualquer alegação plausível - por parte das
autoridades timorenses. O silêncio prevalece e dá nota de que a situação de
Akai está a ser ignorada por quem tem o poder de decidir para que o bebé Akai
se salve e venha a ter uma vida normal futuramente.
A seguir, exatamente do Timor
Agora transcrevemos o imaginário e muito provável pedido de Akai para que não o
ignorem e que o salvem de morte certa, depois da curta existência de sofrimento
a que está sujeito presentemente.
Redação PG
AKAI | Salvem-me, interessem-se
por mim. Muito obrigado
O que diria Akai...
Olá. Aqui estou de novo, sou o
Akai, pequeno cidadão timorense. Estou doente, padeço de hodrocefalia e por
isso a morte ameaça a minha existência, posso morrer num prazo muito curto.
Porque em Timor-Leste não existe
modo de me operarem, estou à espera que os políticos do meu país autorizem que
possa ser devidamente tratado e operado no estrangeiro. Para isso têm de
libertar verba suficiente para que me desloque a países com quem tem acordos
para o efeito e pagar a intervenção cirúrgica. Ou somente libertar verba para
viajar para Angola e depois de tratado e operado - gratuitamente - regressar a
Timor-Leste, o meu país.
Em Angola, em clínica
especializada na doença de hidrocefalia, os tratamentos e a operação serão
gratuitos, como já me afirmaram e ofereceram. Graças a uma ONG, Tropas
da Paz, que tem experiência com meninos(as) com o mesmo problema de saúde.
A custo de Tropas da Paz poderei vir a ser um menino normal. Viverei, em vez de
morrer prematuramente, porque é sabido que é o que acontece aos que sofrem de
hidrocefalia.
Mas em Timor-Leste o silêncio e
talvez até a indiferença sobre o meu problema de saúde é aquilo que persiste,
independentemente de já ter sido visitado pela esposa do senhor
primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, muito simpática e muito carinhosa - como
podem ver (em cima) na fotografia retirada da sua página
no Facebook.
Já alimentei a esperança que seja
ela a poder ajudar-me a viver e angariar a atenção dos políticos que poderão
autorizar que rume à salvação da minha vida noutro país. Gratuitamente em
Angola ou noutro país que me trate convenientemente. Para assim olhar para o
futuro sabendo que muitos anos serão a perspetiva da minha esperança de vida e
não a morte que esta doença de hidrocefalia, se não for tratada, me garante.
Tenho sido muito paciente a
esperar que os políticos e pessoas de boa vontade sejam solidários e olhem para
mim e me ajudem a viver normalmente. Enquanto há vida há esperança… Dizem, e eu
também o quero dizer quando aprender a falar. Assim como agradecer com um
grande muito obrigado aos que têm o poder e a condução das decisões em
Timor-Leste.
Este silêncio e o temor de não me
tratar e morrer é que eu não quero… Salvem-me. Interessem-se por mim, por
favor. Muito obrigado!
O sonho
Junto aqui a este meu
"desabafo" a fotografia da Sónia, uma menina que, como eu, padeceu de
hidrofobia. Que, como desejo para mim, foi referenciada e ajudada pelas Tropas
da Paz e tratada em Luanda, numa clínica especializada neste tipo
de doença.
Esse convite, para ir para lá e
tratarem-me, já foi feito. É só preciso pagar a viagem de ida e volta. Ao menos
isso, que é o que imploro.
E então sim, a concretizar-se,
posso vir a ser como a Sónia e outros meninos que já foram salvos pelas Tropas
da Paz e pela referida clínica. Como ela poder mostrar uma fotografia
de mim "antes e depois".
Esse é o meu sonho. O sonho de
todos que têm esta doença ou outras que os ameaçam de anormalidade,
padecimento e morte.
António Veríssimo | Timor Agora
Nota: Sem pretender ser
abusivo mas somente não ignorar a urgente e imperiosa necessidade de alertar e
tornar público o caso do bebé timorense Akai, o autor transcreve aquilo que
qualquer imaginação saudável considera plausível que um condenado à
morte por hidrocefalia escreveria na situação deplorável em que se
encontra o bebé Akai. Deste modo pretende-se esperançosamente captar a
atenção de responsáveis timorenses que possam rapidamente contribuir para a sua
salvação e conquista de uma vida saudável.
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