José Ramos Horta criticou a
burocracia da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). O diplomata
timorense considera que, como organização pluricontinental, a CPLP não pode
agir como se fosse regional.
“Em relação à CPLP, esta
organização tem de refletir e de se redimensionar. O que tem sido feito, ao
longo da sua existência, é que a CPLP está a replicar, a copiar a burocracia de
organizações regionais, como a União Europeia, a ASEAN, a União Africana e organizações
dos Estados americanos”, disse na terça-feira (30-05), na sua residência em
Metiaut, Díli.
Para o ex-Presidente da República
timorense, a burocracia da CPLP não reflete as condições reais de cada país
membro desta organização lusófona, nomeadamente nas áreas das finanças, turismo
e segurança.
“A CPLP não é uma organização
regional. Não compreendo por que razão tem de ter reuniões de ministros das
Finanças. Nem temos a mesma moeda. Cada um tem a sua moeda diferente. Não há
dois países da CPLP com a mesma moeda. Neste caso, do que esses ministros vão
conversar? Sobre o quê? Não entendo por que é que tem de haver reuniões
ministeriais de turismo. Nem compreendo por que tem de haver reuniões de
polícias. Estamos em realidades completamente diferentes”, referiu.
Horta sugeriu ainda que os
Estados membros não percam tempo e recursos com reuniões que cabem a
organizações regionais, focando-se nas áreas que em podiam trabalhar juntos,
como a educação, a saúde e o combate à pobreza.
“A CPLP deve redimensionar-se e
ver as áreas em que pode trabalhar em conjunto, como a saúde e a educação.
Alguns países têm muita boa experiência no combate à malária, dengue e doenças
tropicais. Por exemplo, Portugal tem grande experiência em medicina tropical.
Por que é que não há programas conjuntos de apoio mútuo na área segurança
alimentar? E deve haver uma forte colaboração na área da educação”, disse.
A CPLP foi criada a 17 de julho
de 1996 para uma concertação político-diplomática entre seus Estados membros,
cooperação em vários domínios e promoção e difusão da língua portuguesa. Inclui
atualmente nove Estados membros – Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste. Oct
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