O Sindicato Nacional de
Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) entregou hoje o pré-aviso de greve que
começa a 23 de maio por tempo indeterminado.
"Não há qualquer fim à vista
para a greve, depende das negociações", afirmou à Lusa o presidente do
SNMMP, Francisco São Bento.
Até terça-feira, corriam bem as
negociações entre o sindicato dos motoristas e a Associação Nacional de
Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), tendo nesse dia o
sindicato anunciado que as partes tinham chegado a um pré-acordo e estava
afastada até ao final do mês a possibilidade de greve.
"Mas a ANTRAM fez um
comunicado oficial na sua página onde menciona que o salário teria 700 euros de
valor base a assentar nos trâmites em vigor no atual contrato coletivo de
trabalho. Não foi isso que ficou em cima da mesa e considerámos que há aqui uma
quebra de confiança negocial, e decidimos avançar com a greve", explicou
Francisco São Bento.
O pré-acordo entre patrões e
sindicato dos motoristas, segundo Francisco São Bento, era de um salário de
1.200 euros, a atingir de forma gradual no prazo de três anos, e não de 700
euros.
Hoje, fonte oficial do Ministério
das Infraestruturas e da Habitação disse o Governo português vai continuar os
esforços para que os motoristas de transporte de matérias perigosas e a ANTRAM
se entendam e a greve marcada para dia 23 seja desconvocada.
Questionada pela Lusa, fonte
oficial do ministério liderado por Pedro Nuno Santos assegurou que o
"Governo está em contacto" com as partes envolvidas na negociação,
destacando que o executivo "continuará os esforços para que as partes se
entendam e a greve seja desconvocada".
Na quarta-feira, ao final do dia,
o SNMMP anunciou a intenção de marcar uma nova greve com efeitos a partir do
dia 23 de maio.
"O presidente do sindicato
[Francisco São Bento] vai enviar um pré-aviso de greve com efeitos a partir do
dia 23 de maio à meia noite e um minuto até que se resolva a situação",
afirmou Pedro Pardal Henriques à RTP, vice-presidente da estrutura sindical.
O sindicalista considerava que a
ANTRAM violou "os princípios da boa fé negocial", acrescentando que a
estrutura sindical não vai conceder mais tempo aos patrões.
Na terça-feira, após uma ronda
negocial, a ANTRAM tinha anunciado que a associação patronal e o sindicato
tinham acordado um pacto de paz social pelo prazo de 30 dias.
Em cima da mesa, segundo o
sindicato, esteve uma nova proposta salarial "muito próxima" dos
1.200 euros.
Já o vice-presidente da ANTRAM,
Pedro Polónio, socorreu-se na altura do "dever de sigilo" para não
avançar valores, mas salientou que a proposta era "substancialmente
diferente" da que tinha sido apresentada inicialmente.
Na quarta-feira, a ANTRAM
considerou que o sindicato dos motoristas de matérias perigosas teve uma
"clara mudança de postura", após ter apresentado uma contraproposta
de 700 euros de salário base, inferior aos 1.200 reivindicados inicialmente por
estes trabalhadores.
Em comunicado, a ANTRAM referiu
que não vai comentar mais as negociações com o sindicato dos motoristas de
matérias perigosas e que "não teve o intuito de obstaculizar ou prejudicar
as negociações que estão a decorrer com este sindicato num clima de boa-fé
negocial".
"A ANTRAM apenas voltará a
comunicar sobre a proposta que lhe foi apresentada, de forma presencial, aos
seus associados, nas reuniões que irão decorrer já na próxima semana, bem como
ao SNMMP nas reuniões que vierem a ter lugar posteriormente", adianta.
O caderno reivindicativo dos
motoristas incluí, além de uma remuneração base de 1.200 euros, um subsídio de
240 euros e a redução da idade de reforma.
O SNMMP foi criado no final de
2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o
Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes
a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem do executivo fez com
que representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18,
definindo um calendário para o início das negociações, sendo a paralisação
desconvocada de imediato.
Jornal de Notícias | Foto: Tiago
Petinga / EPA
Sem comentários:
Enviar um comentário