Quando penso no Senhor Berardo,
não sei nunca se o que me irrita mais é a existência de pessoas como ele ou a
subsistência de um sistema judicial que permite que pessoas como ele vivam
impunemente.
J. A. Nunes
Carneiro, no Porto | Jornal Tornado | opinião
Pessoas que desejem pensar apenas
na sua vidinha e ganhar o mais possível e com o menor risco são muitas e
existirão sempre. Mas, essas mesmas pessoas vangloriem-se dos seus “feitos” em
plena Assembleia da República é muito mais raro.
Apesar de, muitos dos que foram
prestar declarações às recentes Comissões Parlamentares de Inquérito, terem
literalmente gozado com os deputados e, por extensão, com todos os cidadãos.
Enfim…
O Senhor Berardo irrita-me. A sua
história e o que ele representa também. Mas, devo confessar que mais me enojam
os que, em cargos de governo e na banca, apoiaram os seus desvarios e as suas
pretensões. Sem garantias reais e sem cumprimento das regras mais básicas de
avaliação de risco na concessão de crédito.
Se um de nós desejar pedir um
empréstimo de 100 mil euros à banca, tem um longo e complicado processo a
percorrer. Terá de penhorar a casa em questão e ainda de dar garantias pessoais
ou arranjar um fiador.
No caso do Senhor Berardo,tudo
foi muito mais simples e rápido. Responsabilidades? Estão em sucessivas
Administrações de Bancos e na sua incapacidade de dizer “não” e de conduzir o
processo com honestidade, profissionalismo e isenção. Não foi possível.
E também esses responsáveis
ficarão por punir…
Agora, mil milhões de euros
depois, o que se pode fazer? Não conheço em concreto a lei aplicável a este
caso. Mas, certamente, o que ele fez não poderá ser considerado legal… Por
isso, cumpra-se a lei. Se a lei não existir, redija-se uma lei que evite (ou
desincentive) estes comportamentos no futuro. Todos nós temos uma palavra a
dizer sobre isto. A primeira que me ocorre é: basta! A segunda é: justiça!
E, naturalmente, o desejo de que
em Portugal muito rapidamente se criem condições objectivas para evitar estes
casos ou, no mínimo, investigar, julgar e condenar os culpados de uma forma
célere e exemplar.
É o mínimo.
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