quarta-feira, 5 de junho de 2019

China apresenta queixa formal contra declarações de Pompeo sobre Tiananmen


Pequim, 04 jun 2019 (Lusa) - A China apresentou hoje uma queixa formal aos Estados Unidos após o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ter recordado o 30.º aniversário desde a sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen.

"Alguns nos Estados Unidos estão muito acostumados a criticar os outros, e sob o pretexto da democracia e dos Direitos Humanos interferem nos assuntos internos de outros países, enquanto fecham os olhos aos seus próprios problemas", afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.

Pompeo recordou os "heróis do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça Tiananmen" para exigir reformas políticas, e pediu a Pequim que publique um balanço dos mortos e dos desaparecidos, para "proporcionar conforto para as muitas vítimas desse capítulo sombrio da história".

Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen acabou quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos.



O número exato de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as "Mães de Tiananmen", associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200.

"Exortamos a China a libertar todos aqueles que procuram exercer os seus direitos e liberdades, parar com prisões arbitrárias e reverter políticas contraproducentes que misturam o terrorismo com expressão religiosa e política", apontou.

Geng considerou o texto um "ataque malicioso" ao sistema político da China, que "denigre as condições religiosas e os direitos humanos" no país, "prejudicando a confiança mútua entre a China e os Estados Unidos".

"Essas pessoas não têm autoridade para nos criticar, e qualquer tentativa de interferir nos assuntos domésticos da China ou minar a sua estabilidade está condenada ao fracasso", disse o porta-voz.

"Pedimos aos Estados Unidos que parem de cometer erros, um atrás do outro", afirmou.

O porta-voz referiu ainda a declaração emitida pela União Europeia (UE), na qual a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, pediu à China para libertar os detidos e ativistas condenados pela sua participação nos protestos de 4 de junho.

Geng considerou que o texto "carece de fundamentos e interfere nos assuntos internos da China".

Questionado sobre se é possível que os distúrbios de 1989 se voltem a repetir no país, Geng disse que "ninguém se preocupa mais com o futuro da China e com a felicidade do povo chinês do que o governo e o Partido Comunista".

"Rumo ao rejuvenescimento nacional, a China continuará a fazer novos progressos", afirmou.

JPI // FPA

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