Pequim, 04 jun 2019 (Lusa) - A
China apresentou hoje uma queixa formal aos Estados Unidos após o secretário de
Estado norte-americano, Mike Pompeo, ter recordado o 30.º aniversário desde a
sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen.
"Alguns nos Estados Unidos
estão muito acostumados a criticar os outros, e sob o pretexto da democracia e
dos Direitos Humanos interferem nos assuntos internos de outros países,
enquanto fecham os olhos aos seus próprios problemas", afirmou em
conferência de imprensa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios
Estrangeiros, Geng Shuang.
Pompeo recordou os "heróis
do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça
Tiananmen" para exigir reformas políticas, e pediu a Pequim que publique
um balanço dos mortos e dos desaparecidos, para "proporcionar conforto para
as muitas vítimas desse capítulo sombrio da história".
Iniciado por estudantes da
Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen acabou
quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de
protestos.
O número exato de pessoas mortas
continua a ser segredo de Estado, mas as "Mães de Tiananmen",
associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos
naquela altura, já identificaram mais de 200.
"Exortamos a China a
libertar todos aqueles que procuram exercer os seus direitos e liberdades,
parar com prisões arbitrárias e reverter políticas contraproducentes que
misturam o terrorismo com expressão religiosa e política", apontou.
Geng considerou o texto um
"ataque malicioso" ao sistema político da China, que "denigre as
condições religiosas e os direitos humanos" no país, "prejudicando a
confiança mútua entre a China e os Estados Unidos".
"Essas pessoas não têm
autoridade para nos criticar, e qualquer tentativa de interferir nos assuntos
domésticos da China ou minar a sua estabilidade está condenada ao
fracasso", disse o porta-voz.
"Pedimos aos Estados Unidos
que parem de cometer erros, um atrás do outro", afirmou.
O porta-voz referiu ainda a
declaração emitida pela União Europeia (UE), na qual a Alta Representante da UE
para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, pediu à China para libertar
os detidos e ativistas condenados pela sua participação nos protestos de 4 de
junho.
Geng considerou que o texto
"carece de fundamentos e interfere nos assuntos internos da China".
Questionado sobre se é possível
que os distúrbios de 1989 se voltem a repetir no país, Geng disse que
"ninguém se preocupa mais com o futuro da China e com a felicidade do povo
chinês do que o governo e o Partido Comunista".
"Rumo ao rejuvenescimento
nacional, a China continuará a fazer novos progressos", afirmou.
JPI // FPA
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