O presidente do MPLA, João
Lourenço, declarou hoje que a dívida pública, em especial a externa, atingiu
níveis muito altos porque serviu, também, para financiar o enriquecimento
ilícito de uma elite restrita seleccionada na base no parentesco, amiguismo e compadrio.
O líder do MPLA indicou que, com
essa situação de injustiça, que urge corrigir, por cada dólar que se despende
para amortizar o serviço da dívida, o Estado está, também, a pagar o
investimento dito privado na banca, na telefonia móvel, nos medias, diamantes,
entre outros, “que uns poucos fizeram com dinheiros públicos”.
Ao discursar na sessão de abertura do VII congresso extraordinário do MPLA, João Lourenço disse não ser aceitável “e nem podemos nos conformar com o facto de se ter chegado ao ponto de colocar empresas públicas, com destaque para a Sonangol e a Sodiam, a financiar também alguns desses negócios privados, como se de instituições de crédito se tratassem”.
João Lourenço lembrou que foi feito um grande esforço de reconstrução nacional, que obrigou o país a recorrer ao endividamento externo, situado hoje nos 63 por cento da dívida pública que, por sua vez, representa 84% do Produto Interno Bruto (PIB).
Indicou que, o com o fim do conflito armado que destruiu grande parte de infra-estruturas, o país teve necessidade de se endividar bastante para realizar investimentos em estradas e pontes, portos, aeroportos e caminhos-de-ferro, centrais hidro e termo-eléctricas e respectivas linhas de transmissão, centrais de captação e tratamento de água, entre outros.
“A dívida pública e, particularmente, a dívida externa, atingiu níveis tão altos, comparado ao que realmente se investiu nas infra-estruturas, porque ela serviu também para financiar o enriquecimento ilícito de uma elite restrita muito bem seleccionada na base do parentesco, do amiguismo e do compadrio, que constituíram conglomerados empresariais com esses dinheiros públicos”, observou.
Informou que o maior desafio, agora, é aumentar a produção interna e a diversificação da economia, tornando-a cada vez menos dependente das receitas da exportação do crude.
Adiantou que constitui, igualmente, desafio das autoridades a implementação do poder autárquico para o resgate da vida dos municípios de forma a estancar o êxodo crescente das populações, através da criação de melhores condições sociais.
Com este propósito, disse que o Executivo lançará este mês o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Jornal de Angola
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