quarta-feira, 10 de julho de 2019

África | Zona de Livre Comércio continental


Jornal de Angola | editorial

Depois da assinatura do Tratado de adesão à Zona de Livre Comércio continental, aos 21 de Março de 2018, na Cimeira de Kigali, Ruanda, a União Africana deu mais um passo em frente com o lançamento da fase operacional da referida zona, com o acto protagonizado em Niamey, capital do Níger, durante a 12 ª Cimeira Extraordinária da União Africana. A perspectiva do continente africano tornar-se num mercado único é o culminar do sonho dos pais-fundadores da unidade africana que fizeram da agenda política uma via para alcançar o referido desiderato.

O que hoje sucede, com uma agenda mais económica, constitui uma excelente iniciativa cujos frutos são visíveis, a julgar pelo papel dos blocos regionais. Tal como numerosas vozes sempre defenderam, as organizações regionais que pugnam pela integração das economias de África têm servido como exemplo inequívoco da viabilidade da Zona de Livre Comércio continental. O que pais-fundadores da unidade africana pretendiam com uma agenda política está a efectivar-se, hoje, com programas e estratégias económicas. 

Por isso, a efectivar-se a Zona de Livre Comércio continental representa também uma homenagem a figuras como Nkrumah, Nasser, Azikiwe, Touré, Lumumba, Neto, apenas para mencionar estes nomes cintilantes do nacionalismo pan-africanista. 

Vale dizer que o Tratado de adesão à Zona de Livre Comércio continental tinha entrado em vigor no dia 30 de Maio, deste ano, passando para a fase de ratificação por parte dos países africanos. 

Na Cimeira de Niamey, em que o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, representa o Chefe de Estado, João Lourenço, o chefe de diplomacia angolana confirmou que o país ratifica em breve o referido documento. 

Na verdade, há uma grande expectativa relacionada com a ratificação do Tratado, sobretudo no que a abertura das fronteiras e a assumpção de outros compromissos dizem respeito. Estamos a falar de um mercado com cerca de um bilião de consumidores, uma realidade que a se efectivar vai representar uma oportunidade brutal para todos os intervenientes no mercado. 

As vantagens comparativas e absolutas das várias regiões africanas poderão servir como base para os investimentos, para a competitividade, para reforçar e diversificar a oferta de bens e serviços. 

A forma gradual como as elites políticas africanas, em coordenação com os comissários da União Africana, vislumbram a implementação do Tratado que permitirá a livre circulação de pessoas e bens em todo o continente, constitui também um exemplo de humildade, paciência e esperança. 

Esperemos que da cimeira de Niamey, capital do Níger, saiam importantes resoluções e recomendações que sirvam como janela de oportunidades a todos os níveis. Encontramo-nos numa fase histórica do ponto de vista da interacção e integração envolvendo todas as economias de África.

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