terça-feira, 16 de julho de 2019

Primeiro centro cultural de um país africano na Europa: Cabo Verde em Lisboa


Cabo Verde é o primeiro país africano a lançar oficialmente um Centro Cultural na Europa. Com a abertura de uma estrutura do género em Lisboa, inverte-se a lógica de centros culturais de países estrangeiros em África.

Fica situado na antiga sede da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), o Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), que ocupa o edifício requalificado pelo arquiteto cabo-verdiano, Ricardo Barbosa Vicente. O CCCV abre as portas ao público esta semana com uma exposição coletiva de artistas distribuída por dois pisos. Este é o primeiro centro de um pequeno país africano na Europa, aberto a outras culturas, não só de África.

Em declarações à DW-África, Adilson Gomes, diretor geral das Artes e das Indústrias Criativas de Cabo Verde afirma que "para um país que completou há poucos dias 44 anos de independência (05 e julho) é um feito estar a fazer um Centro Cultural do próprio país e não um centro cultural feito pelo governo do país onde o centro está localizado. E acho que é uma boa oportunidade também para os outros se inspirarem".

Abertura de outros centros culturais

De acordo com os planos do Ministério da Cultura de Cabo Verde, outros centros culturais serão abertos nos países onde há uma forte presença da comunidade cabo-verdiana, entre os quais os Estados Unidos da América, França, Holanda e Luxemburgo, destaca Adilson Gomes.

"O senhor ministro da Cultura fez referência a isso no dia da abertura de que há planos de ter um centro cultural lá onde a diáspora cabo-verdiana é mais expressiva. E esperamos que se consiga mesmo levar avante esse plano e se consiga projetar mais centros noutros locais onde a nossa diáspora está presente".

Programação abrangente

A programação será abrangente, a começar pela exposição coletiva temporária designada "Estórias de Dentro de Casa", que tem a curadoria da portuguesa Adelaide Ginga, do Museu do Chiado. No piso zero, está a mostra "Voz de Cabo Verde", estando a infraestrutura dotada de um espaço multiuso também para a apresentação de livros, de discos, pequenos concertos, abarcando a gastronomia das ilhas, diz Gomes.

"Tem o primeiro piso que é o piso das exposições rotativas e tem o último piso que é onde terá uma exposição permanente. Será um espaço que também dará muita visibilidade ao que se lança lá em Cabo Verde, principalmente livros e CDs. Mas isso também dependerá depois da direção de como gerir esse espaço".

Segundo Adilson Gomes, a partir de setembro, com a rentrée em Portugal, o Centro ganha outra dinâmica para cumprir os objetivos para o qual foi criado.

"Acredito que mais virão e na rentrée certamente com a direção já consolidada terá também uma boa mostra para dar seguimento ao que se quer fazer no Centro".

O Centro Cultural foi inaugurado este sábado (06.07) pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, no âmbito das comemorações do 44º aniversário da independência do arquipélago.

No seu discurso, Correia e Silva destacou que "não podíamos ter o Centro Cultural Cabo Verde na Europa a começar noutro sítio. A fusão entre a morna e o fado, mas esta fusão cultural natural dos cidadãos dos dois países que têm laços de história, laços de cultura, na música, nas artes, na escultura, na pintura, na dança, no teatro. Lisboa é aquela cidade [onde] pulsa o multiculturalismo".

Participaram no evento governantes cabo-verdianos e responsáveis da autarquia de Lisboa.

João Carlos (Lisboa) | Deutsche Welle

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