Cabo Verde é o primeiro país
africano a lançar oficialmente um Centro Cultural na Europa. Com a abertura de
uma estrutura do género em Lisboa, inverte-se a lógica de centros culturais de
países estrangeiros em África.
Fica situado na antiga sede da
União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), o Centro Cultural Cabo
Verde (CCCV), que ocupa o edifício requalificado pelo arquiteto cabo-verdiano,
Ricardo Barbosa Vicente. O CCCV abre as portas ao público esta semana com
uma exposição coletiva de artistas distribuída por dois pisos. Este é o
primeiro centro de um pequeno país africano na Europa, aberto a outras
culturas, não só de África.
Em declarações à DW-África,
Adilson Gomes, diretor geral das Artes e das Indústrias Criativas de Cabo Verde
afirma que "para um país que completou há poucos dias 44 anos de
independência (05 e julho) é um feito estar a fazer um Centro Cultural do
próprio país e não um centro cultural feito pelo governo do país onde o centro
está localizado. E acho que é uma boa oportunidade também para os outros se
inspirarem".
De acordo com os planos do
Ministério da Cultura de Cabo Verde, outros centros culturais serão abertos nos
países onde há uma forte presença da comunidade cabo-verdiana, entre os quais
os Estados Unidos da América, França, Holanda e Luxemburgo, destaca Adilson
Gomes.
"O senhor ministro da
Cultura fez referência a isso no dia da abertura de que há planos de ter um
centro cultural lá onde a diáspora cabo-verdiana é mais expressiva. E esperamos
que se consiga mesmo levar avante esse plano e se consiga projetar mais centros
noutros locais onde a nossa diáspora está presente".
Programação abrangente
A programação será abrangente, a
começar pela exposição coletiva temporária designada "Estórias de Dentro
de Casa", que tem a curadoria da portuguesa Adelaide Ginga, do Museu do
Chiado. No piso zero, está a mostra "Voz de Cabo Verde", estando a
infraestrutura dotada de um espaço multiuso também para a apresentação de
livros, de discos, pequenos concertos, abarcando a gastronomia das ilhas, diz
Gomes.
"Tem o primeiro piso que é o
piso das exposições rotativas e tem o último piso que é onde terá uma exposição
permanente. Será um espaço que também dará muita visibilidade ao que se lança
lá em Cabo Verde, principalmente livros e CDs. Mas isso também dependerá depois
da direção de como gerir esse espaço".
Segundo Adilson Gomes, a partir
de setembro, com a rentrée em Portugal, o Centro ganha outra dinâmica
para cumprir os objetivos para o qual foi criado.
"Acredito que mais virão e
na rentrée certamente com a direção já consolidada terá também uma
boa mostra para dar seguimento ao que se quer fazer no Centro".
O Centro Cultural foi inaugurado
este sábado (06.07) pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e
Silva, no âmbito das comemorações do 44º aniversário da independência do
arquipélago.
No seu discurso, Correia e Silva
destacou que "não podíamos ter o Centro Cultural Cabo Verde na Europa a
começar noutro sítio. A fusão entre a morna e o fado, mas esta fusão cultural
natural dos cidadãos dos dois países que têm laços de história, laços de
cultura, na música, nas artes, na escultura, na pintura, na dança, no teatro.
Lisboa é aquela cidade [onde] pulsa o multiculturalismo".
Participaram no evento
governantes cabo-verdianos e responsáveis da autarquia de Lisboa.
João Carlos (Lisboa) | Deutsche
Welle
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