A Associação José Afonso (AJA)
vai entregar na sexta-feira no Ministério da Cultura a petição, com mais de
11.000 assinaturas, que apela à salvaguarda e reedição da obra do cantautor, no
dia em que faria 90 anos.
À agência Lusa, Jorgete Teixeira,
da direção da AJA, explicou que a petição, lançada a 11 de junho apelando
à classificação da obra do cantautor como de interesse nacional,
estará aberta a mais assinaturas até ao dia de hoje e será entregue à tutela de
Graça Fonseca na sexta-feira, com as cerca de 11.400 assinaturas reunidas.
"São as suas canções que
queremos disponíveis às novas gerações. Porque é urgente que assim seja! É a
sua obra, de enormíssima e incontestável grandeza, que queremos encontrar
acessível. Porque é inadmissível que não existam no mercado discográfico todos
os álbuns de um artista de tal valor!", exclamou Jorgete Teixeira.
A associação decidiu lançar a
petição com o objetivo de acelerar o processo de classificação da
obra de José Afonso com vista à sua proteção e reedição, porque a
maioria do trabalho do cantor está indisponível no mercado discográfico.
Em junho, quando foi lançada
a petição, o presidente da AJA, Francisco Fanhais, salientava que se
estava perante "um imbróglio jurídico, porque a Movieplay [editora
que detém os direitos comerciais da obra de José Afonso] está em situação de
insolvência e não se sabe do paradeiro dos 'masters' das músicas gravadas pelo
Zeca Afonso", o que compromete a reedição destes trabalhos.
A 19 de julho, o parlamento
aprovou um projeto de resolução do Partido Comunista Português (PCP)
que recomenda ao Governo a classificação da obra de José Afonso como de
interesse nacional, precisamente com vista à sua reedição e divulgação.
Nessa semana, questionado pela
agência Lusa sobre este assunto, o Ministério da Cultura, através de fonte
oficial, afirmou que reconhecia "a importância da obra de Zeca
Afonso" e que estava "a articular e a desenvolver diligências com o
representante dos herdeiros de Zeca Afonso para encontrar formas de localizar e
preservar os 'masters'".
José Afonso nasceu em 02 de agosto de
1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado
os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela
Alvorada, "dos quais não existem hoje exemplares", refere a
associação na biografia oficial do músico.
"Voz de um povo sofrido, voz
de denúncia, voz de inquietude. Voz sinete da revolução de Abril", como
descreve a AJA, José Afonso gravou álbuns como "Cantares do
Andarilho", "Traz Outro Amigo Também", "Cantigas do
Maio", "Venham Mais Cinco" e "Coro dos Tribunais".
Autor de "Grândola, Vila
Morena", uma das canções escolhidas para anunciar a revolução de abril de
1974, José Afonso morreu a 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, de
esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.
Nos próximos dias estão previstas
várias iniciativas culturais para assinalar o aniversário de nascimento de José
Afonso, grande parte delas promovidas pelos diferentes núcleos da Associação
José Afonso.
Entre elas conta-se, por exemplo,
na sexta-feira, o espetáculo "Como se fora seu filho" em Grândola,
com atuações do cantor Francisco Naia e do rapper Xoto,
e um concerto dos Cais da Saudade em Setúbal.
Em Lisboa, na sexta-feira, José
Afonso será evocado na apresentação do livro e disco "José Afonso ao vivo"
pelo jornalista Adelino Gomes, com atuação de Filipa Pais,
Maria Anadon, Zeca Medeiros e David Zaccaria.
Em Aveiro, no mesmo dia, será
inaugurada uma silhueta do músico na estação de comboios da CP, da autoria de
Marcos Muge, e no sábado haverá um concerto dos Couple Coffee.
O Seixal (Setúbal) celebrará a
efeméride nos dias 09 e 10 com vários concertos, entre os quais de Francisco Fanhais,
Manuel Freire, Tertúlia Coimbrã da Mira Tejo e Mário Barradas.
Notícias ao Minuto | Lusa
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