"Quanto mais se irrita, mais
forte fica", diz PM britânico, frisando que super-herói livra-semsempre das "amarras". Ex-primeiro-ministro David Cameron afirma que Johnson optou
pelo Brexit por mera ambição política.
Devido à tensão e o caos Brexit,
o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, vê o Reino Unido como um
super-herói que, apesar de todas as dificuldades, sempre sai vitorioso.
"Quanto mais irritado Hulk fica, mais forte Hulk fica", disse. "E
ele sempre escapa, não importa o quão amarrado ele pareça estar – e esse é
o caso deste país. Nós vamos sair em 31 de outubro", frisou, em entrevista
publicada neste domingo (15/09) pelo jornal Mail on Sunday, citando o
personagem de quadradinhos conhecido pela grande fúria destrutiva e pela pele
esverdeada.
Johnson disse haver "um
tremendo progresso" nas negociações com a União Europeia (UE) e está
confiante que conseguirá fechar um novo acordo sobre a saída do Reino Unido na
cúpula da UE marcada para meados de outubro.
Johnson continua desafiador,
embora o Parlamento britânico tenha aprovado uma lei
exigindo que ele busque um adiamento do prazo de saída – prevista
para 31 de outubro –, se não for alcançado um acordo até meados de outubro. Ele
também perdeu sua maioria no Parlamento e sofreu uma derrota jurídica quando um
tribunal de apelação da Escócia considerou
ilegal sua decisão de suspender o Parlamento por cinco semanas. Agora,
o caso será avaliado nesta semana pela Suprema Corte britânica.
Sua comparação com Hulk provocou
escárnio de Guy Verhofstadt, coordenador do Brexit do Parlamento Europeu.
"Mesmo para os padrões trumpianos, a comparação com Hulk é infantil. A UE
deveria estar assustada com isso? O público britânico está
impressionado?", ele tuitou.
No entanto, o secretário do
Brexit, Steve Barclay, disse à rede Sky News: "O Hulk foi um vencedor e
foi extremamente popular".
Os comentários do líder
conservador foram divulgados na véspera de Johnson se reunir em
Luxemburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o
negociador da EU, Michel Barnier.
Juncker, que minimizou as
esperanças de um avanço no encontro desta segunda-feira, também expressou
alarme pelo fato de muitas pessoas no Reino Unido parecerem ver um Brexit sem
acordo como algo positivo. "Seria um caos terrível", disse ele, em
entrevista à rádio Deutschlandfunk da Alemanha. "E precisaríamos de anos
para colocar as coisas de volta em ordem. Quem ama seu país, e eu presumo que
ainda existem patriotas no Reino Unido, não gostaria de desejar a seu país tal
destino."
"Ambição política"
O ex-primeiro-ministro David
Cameron, que liderou a campanha fracassada pela permanência na UE em 2016,
acusou Johnson de apenas perseguir o Brexit por ambição política. "A
conclusão que me resta é que ele arriscou um resultado em que não acreditava
porque ajudaria sua carreira política", afirmou Cameron, num trecho de seu
novo livro de memórias publicado neste domingo pelo jornal Sunday Times.
O ex-PM disse que Johnson
apenas apoiou o Brexit porque ele acreditava que isso o tornaria o
"queridinho" do Partido Conservador.
Os próprios colegas de
partido de Johnson continuam se rebelando. Na noite deste sábado, o
segundo conservador desertou para o pró-europeu Partido Liberal Democrata. Sam
Gyimah, que chegou a concorrer com Johnson pela liderança do partido, o
condenou o PM por "se voltar para o populismo".
Gyimah foi um dos 21 rebeldes
expulsos por Johnson do Partido Conservador depois que eles votaram contra o
governo, aprovando uma moção da oposição que visa impedir um Brexit sem
acordo.
Deutsche Welle | MD/afp/ap
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