Em entrevista à Sputnik Itália, o
político catalão Carles Puigdemont falou sobre as relações entre Madrid e
Barcelona, qualificando a independência de sua região como a última alternativa
dos catalães.
Em 2017, o presidente da
Generalitat da Catalunha, Carles Puigdemont, se tornou foco das notícias
internacionais ao liderar um movimento que buscava a independência da Catalunha em relação à
Espanha. O movimento fracassou e posteriormente Puigdemont foi viver na
Bélgica.
Parlamento Europeu
Ainda neste ano, o catalão foi
eleito para ocupar cadeira no Parlamento Europeu. No entanto, por não ter
passado por uma cerimônia de posse na Espanha, Puigdemont ficou impedido de
assumir seu novo cargo no Parlamento Europeu. Segundo ele, a cerimônia envolveria um
juramento à Constituição da Espanha, ato que Puigdemont se recusa fazer.
Vozes nacionais
Em entrevista exclusiva à Sputnik Itália, Puigdemont
comentou os últimos episódios de sua carreira política e sua visão sobre a
Catalunha como nação europeia. Para o catalão, a Europa deve dar maior atenção
às demandas dos diferentes grupos étnicos no continente.
"Nossa Europa é uma Europa
na qual a voz do povo é mais importante do que qualquer outra coisa. A
Catalunha é uma das mais antigas nações da Europa. Nosso parlamento, nossos
institutos e nossa Constituição possuem raízes na Idade Média, e tudo isso nós
perdemos em 1714, quando os Bourbons instalaram a monarquia espanhola em nosso
país. Antes disso, a Catalunha tinha sido uma nação em todos os aspetos.
Continuamos sendo uma nação e, se o povo o exigir, temos o direito à
independência", disse Puigdemont.
Independência
O político também ressaltou a
importância de ouvir as vozes das nações como um dos aspetos da democracia.
Puigdemont vê a Catalunha inserida no espaço europeu, mas livre da autoridade
de Madrid. Para ele, a independência catalã foi a última opção dos catalães.
"A independência se tornou a
nossa última alternativa depois de 30 anos, durante os quais nós propusemos
todas as formas possíveis de resolver nossas diferenças através do diálogo com
a Espanha [...] Tentamos todos os meios, mas sempre recebíamos um não como
resposta", comentou o político.
Puigdemont chamou de fake news as
afirmações que diziam que a Catalunha iria proibir o ensino do castelhano em
suas escolas.
Perguntado se é um líder
populista, Puigdemont negou, mas disse defender as necessidades do povo catalão
como nação. Ao mesmo tempo, ele não associa sua visão política como sendo
estritamente de direita ou de esquerda. "A Catalunha é apoiada por
europeístas, tanto de direita como de esquerda", disse ele.
Rússia
Embora as relações entre a Rússia
e países europeus tenham sido marcadas por suspeitas e sanções contra Moscou,
Puigdemont critica as medidas contra a Rússia.
"Parece-me um absurdo que
hoje tenhamos mais problemas com a Rússia do que na era soviética [...] Já se
passaram anos desde a introdução das sanções e, como vemos, elas nos levaram a esse resultado", falou o líder catalão.
Sputnik | Foto: © Reuters /
Albert Gea
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