O secretário-geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, lembrou no sábado que "não há eleições para
primeiro-ministro", mas sim para eleger os deputados do parlamento e que
essa "arrumação" é que irá determinar "as soluções
políticas" futuras.
Nas legislativas de 6 de outubro,
argumentou o líder comunista em Arraiolos (Évora), "é para
eleger 230 deputados e é conforme a arrumação desses deputados na Assembleia da
República (AR), que se determinarão as soluções políticas e a política a seguir
no próximo futuro".
"Não há eleições para
primeiro-ministro, não há ganhos, mesmo que seja o partido mais votado. O que
conta é essa arrumação", insistiu.
Segundo Jerónimo de Sousa, que
discursava num jantar comício em Arraiolos, no sábado à noite e que contou
com casa cheia, a CDU está disposta "a integrar, não qualquer
governo, não qualquer acordo conjuntural", mas sim a "manter um
compromisso fundamental".
"Dissemos sempre que o nosso
primeiro e principal compromisso era com os trabalhadores e o povo e não com o
Governo do PS. Hoje, voltamos a dizer: O nosso compromisso será com os
trabalhadores e o povo e não com qualquer governo que se forme",
esclareceu.
Na intervenção na véspera do
arranque da campanha eleitoral o líder do PCP assumiu que o objetivo da CDU é
"crescer em votos e deputados". E "é ao povo que cabe decidir e
não a sondagens", nem a quem tem vaticinado a morte do partido.
"Quando a gente ouve às
vezes os comentadores de serviço dizerem 'estes já morreram'. Andam sempre com
a morte na boca, portanto, que mau gosto deles", ironizou, contrapondo
que, apesar dos "agoiros", a CDU tem "o pulsar da
vida, de quem luta, de quem vive com dificuldades".
Insistindo na defesa do aumento
do salário mínimo nacional, o secretário-geral do PCP desafiou também
o primeiro-ministro António Costa, que disse "recentemente" que quer
"erradicar a pobreza", a tomar uma medida concreta.
"Não explicou como, creio
que com subsídios. Pois, nós dizemos: Quer acabar com a pobreza em Portugal,
pelo menos com uma parte dela? Então, aumente o salário àqueles trabalhadores
que trabalham empobrecendo", sustentou.
O PS, PSD e CDS-PP
"em momentos decisivos encostam-se todos uns aos outros",
nomeadamente "quando se trata dos direitos dos trabalhadores",
acusou, exemplificando com as alterações à legislação laboral, em que o PS
procurou "o pronto-socorro do PSD e do CDS" para as
"fazer aprovar".
"Os direitos dos
trabalhadores são sempre fronteira entre a esquerda e a direita e, se alguém
que se afirma de esquerda e se encosta à direita e lhe faz o frete, não pode
reclamar que é um partido de esquerda", criticou, aludindo aos
socialistas.
Os manuais escolares também não
ficaram de fora da intervenção de Jerónimo de Sousa, que apelidou de
"medida pequenina" a situação de "rejeitar a possibilidade de
uma criança ter um livro novo só porque escreveu, porque tinha que escrever,
fazer um desenho, fazer uma brincadeira".
"Este Governo sempre de
mãos-rotas para o capital, para o capital financeiro, para os banqueiros, vejam
lá que veio toldar esta medida com essa exigência", lamentou, defendendo
ser necessário que "todas as crianças tenham um livro novo, gratuito, a
fim de poderem também ser felizes nas escolas".
Antes, o líder parlamentar
comunista e candidato pelo círculo de Évora, João Oliveira, já tinha
alertado que "a solução para impedir uma maioria absoluta" do PS, que
a concretizar-se seria "um retrocesso", é "o reforço da CDU".
Ao nível do distrito, o
cabeça-de-lista por Évora defendeu, entre outras medidas, a criação
de um curso de Medicina associado ao novo Hospital Central do Alentejo, para
conseguir "fixar os médicos que hoje não querem vir trabalhar para o
Alentejo".
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
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