domingo, 22 de setembro de 2019

Portugal | Jerónimo lembra que legislativas são para eleger deputados e não PM


O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, lembrou no sábado que "não há eleições para primeiro-ministro", mas sim para eleger os deputados do parlamento e que essa "arrumação" é que irá determinar "as soluções políticas" futuras.

Nas legislativas de 6 de outubro, argumentou o líder comunista em Arraiolos (Évora), "é para eleger 230 deputados e é conforme a arrumação desses deputados na Assembleia da República (AR), que se determinarão as soluções políticas e a política a seguir no próximo futuro".

"Não há eleições para primeiro-ministro, não há ganhos, mesmo que seja o partido mais votado. O que conta é essa arrumação", insistiu.

Segundo Jerónimo de Sousa, que discursava num jantar comício em Arraiolos, no sábado à noite e que contou com casa cheia, a CDU está disposta "a integrar, não qualquer governo, não qualquer acordo conjuntural", mas sim a "manter um compromisso fundamental".

"Dissemos sempre que o nosso primeiro e principal compromisso era com os trabalhadores e o povo e não com o Governo do PS. Hoje, voltamos a dizer: O nosso compromisso será com os trabalhadores e o povo e não com qualquer governo que se forme", esclareceu.

Na intervenção na véspera do arranque da campanha eleitoral o líder do PCP assumiu que o objetivo da CDU é "crescer em votos e deputados". E "é ao povo que cabe decidir e não a sondagens", nem a quem tem vaticinado a morte do partido.

"Quando a gente ouve às vezes os comentadores de serviço dizerem 'estes já morreram'. Andam sempre com a morte na boca, portanto, que mau gosto deles", ironizou, contrapondo que, apesar dos "agoiros", a CDU tem "o pulsar da vida, de quem luta, de quem vive com dificuldades".


Insistindo na defesa do aumento do salário mínimo nacional, o secretário-geral do PCP desafiou também o primeiro-ministro António Costa, que disse "recentemente" que quer "erradicar a pobreza", a tomar uma medida concreta.

"Não explicou como, creio que com subsídios. Pois, nós dizemos: Quer acabar com a pobreza em Portugal, pelo menos com uma parte dela? Então, aumente o salário àqueles trabalhadores que trabalham empobrecendo", sustentou.

O PS, PSD e CDS-PP "em momentos decisivos encostam-se todos uns aos outros", nomeadamente "quando se trata dos direitos dos trabalhadores", acusou, exemplificando com as alterações à legislação laboral, em que o PS procurou "o pronto-socorro do PSD e do CDS" para as "fazer aprovar".

"Os direitos dos trabalhadores são sempre fronteira entre a esquerda e a direita e, se alguém que se afirma de esquerda e se encosta à direita e lhe faz o frete, não pode reclamar que é um partido de esquerda", criticou, aludindo aos socialistas.

Os manuais escolares também não ficaram de fora da intervenção de Jerónimo de Sousa, que apelidou de "medida pequenina" a situação de "rejeitar a possibilidade de uma criança ter um livro novo só porque escreveu, porque tinha que escrever, fazer um desenho, fazer uma brincadeira".

"Este Governo sempre de mãos-rotas para o capital, para o capital financeiro, para os banqueiros, vejam lá que veio toldar esta medida com essa exigência", lamentou, defendendo ser necessário que "todas as crianças tenham um livro novo, gratuito, a fim de poderem também ser felizes nas escolas".

Antes, o líder parlamentar comunista e candidato pelo círculo de Évora, João Oliveira, já tinha alertado que "a solução para impedir uma maioria absoluta" do PS, que a concretizar-se seria "um retrocesso", é "o reforço da CDU".

Ao nível do distrito, o cabeça-de-lista por Évora defendeu, entre outras medidas, a criação de um curso de Medicina associado ao novo Hospital Central do Alentejo, para conseguir "fixar os médicos que hoje não querem vir trabalhar para o Alentejo".

Notícias ao Minuto | Lusa | Foto: Global Imagens

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