A coordenadora do Bloco de
Esquerda (BE), Catarina Martins, disse hoje que António Costa se esqueceu da
"esmagadora maior dos trabalhadores deste país" quando afirmou que já
tinha revertido quase todos os cortes do tempo da 'troika'.
"É mesmo muito estranho que
um dia tenhamos até ouvido António Costa dizer que já tinha revertido quase
todos os cortes, esquecendo-se dos cortes que afetam a esmagadora
maioria dos trabalhadores deste país", afirmou.
Catarina Martins, que falava em
Penafiel num jantar com ativistas laborais, entre os quais
trabalhadores das pedreiras da região, dos 'call center' e dos CTT, entre
outros, explicou que é por essa razão que o BE olha para o trabalho feito
"sem nenhum triunfalismo", defendendo que "há tanto para
fazer".
"É também por isso que é tão
estranho que no programa do Partido Socialista não haja uma linha sobre horas
extraordinárias, sobre trabalhadores por turnos, sobre dias de férias, sobre o
abuso do trabalho temporário, ou sobre o falso 'outsourcing'", frisou.
A coordenadora do Bloco de
Esquerda lembra que no tempo da 'troika' e do PSD e CDS,
"destruiu-se mais de meio milhão de postos de trabalho", houve um
corte entre 8% a 15% nos salários dos funcionários públicos, cortes que ainda
não foram revertidos.
"As horas extraordinárias
neste país continuam a ser pagas ao preço de uma hora normal e isto é salário
que foi retirado. Os três dias de férias que foram tirados no tempo da 'troika'
ainda não foram repostos (...). As compensações no final dos contratos de
trabalho, não foram repostas. É ainda a vergonha dos 12 dias por cada ano de
trabalho que faz com que a precariedade compense e muito aos patrões
que abusam porque nem sequer pagam quase nada no final de cada contrato",
disse.
"Há muito por fazer",
reiterou a líder dos bloquistas, sublinhando que Portugal é hoje um país
onde ainda "é fácil demais despedir" e se abusa dos turnos de
trabalho noturnos sem dar aos trabalhadores todas as condições que
merecem.
Para Catarina Martins "é
tempo de fazer justiça a quem trabalha", nomeadamente através do combate à precariedade e
da "luta pelas 35 horas como horário de trabalho, no privado como no
público".
"Porque sim, se a tecnologia
aumenta a produtividade e aumenta também os ritmos do trabalho, o que é justo
para distribuir emprego e salário e o que é justo para proteger a saúde dos
trabalhadores é que as horas de trabalho desçam. As 35 horas são uma exigência
do nosso tempo e uma consequência exata de quem achar que a
tecnologia deve servir quem trabalha e nunca contra quem trabalha",
sustentou.
"Precisamos de uma lei
forte", continuou, sublinhando que esta tem de ser "uma lei que
proteja os trabalhadores por turnos e o trabalho noturno e que diga
que não a laboração continua não é a regra".
A coordenadora do Bloco de
Esquerda frisou ainda que, num país envelhecido, é necessário compreender que
40 anos é mesmo uma vida de trabalho, defendendo que quem trabalhou 40 anos,
"tem que poder ter uma reforma digna", não uma "vergonha de uma
reforma que fica abaixo do limiar da pobreza".
No que respeita ao salário
mínimo, Catarina Martins voltou a fazer a defesa do aumento para 650 euros já
em 2020, tanto no setor no público como no privado.
"Não há resposta para um
país que não seja capaz de defender quem trabalha: esta é nossa maioria, a
maioria de quem trabalha", concluiu.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Global Imagens
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