domingo, 22 de setembro de 2019

Portugal | Sobre o denominado Manifesto dos comunistas contra a geringonça


António Jorge | opinião

Da autoria do blogue de luta-anti-imperialista... e que a CMTV, em entrevista emitida ontem à noite (16.09) sobre as próximas eleições, colocou esta questão ao SG do PCP, Jerónimo de Sousa... e que a jornalista do Expresso, Rosa Lima, pretende ainda falar com os responsáveis deste Manifesto!

- Os promotores do Manifesto, apresentam-se como comunistas marxistas-leninistas... como eu também penso ser ML, não quero perder a oportunidade de entrar no debate... muito embora, eu de momento e desde que vim de Luanda há quase dois anos, esteja afastado do partido.

Começo por colocar uma questão de análise marxista aos camaradas promotores do Manifesto.

- Como se pode fazer uma análise séria, sem se ter em conta o contexto e a realidade, nacional, regional e mundial... na actualidade?

E concluírem, que o capitalismo em Portugal e no resto Mundo, não está apenas maduro para ser derrubado pelo socialismo está - a ficar podre. E que tal reforça a necessidade e a actualidade da luta pela revolução socialista.

- Quem dera que fosse assim... mas infelizmente não é.

Colocar as questões desta forma e caracterizar o processo histórico nos termos em que está colocado... faria algum sentido se estivéssemos a viver há 50 anos atrás.

Quando ainda havia a Ocidente uma numerosa classe operária organizada, combativa, determinada e pujante... um forte movimento comunista e operário a nível mundial e a pátria fundada por Lenine e a revolução de outubro no poder.

Claro que a luta continua, a luta de classes é permanente, mas adaptada aos novos tempos e paradigma do actual modo de produção.

Erros... claro que pode e deve haver eventualmente na condução do partido... é da vida... nem tudo se passa exactamente como analisamos e prevemos... mesmo analisando seriamente e colectivamente, se falha ou pode falhar... porque existem os contrários e imprevistos... na dialéctica da vida e nas sociedades... mas as opções e orientações da direção do partido, bem como a sua táctica e estratégia, está assente nas decisões aprovadas democraticamente nos congressos realizados pelo partido.

Pelo que se alguém acha que é preciso mudar o curso das coisas... se as orientações do partido estão erradas... o que pode e deve fazer é reclamar numa base justificada em termos políticos e estatutariamente, um congresso com essa finalidade... a de alterar as orientações seguidas até agora... e que só discutidas e aprovadas em congresso se podem adoptar de facto.

É assim que funciona a democracia socialista.

Que me desculpem os camaradas, que acredito estarem bem intencionados, mas este Manifesto parece mais de um grupelho a repetir adjectivos políticos já gastos por outros noutros tempos.

Acho que passados 44 anos do 25 de novembro de 75, ainda não perceberam bem... porque aconteceu.

Nem perceberam de facto, o que determinou o 25 de abril e o agudizar da luta de classes, entre o 11 de março e o dito 25.11...de 75.

E porque o PCP, mudou... e adiou as tarefas da revolução socialista e adoptou as teses da revolução democrática e nacional, realizadas no seu V Congresso, ainda na clandestinidade - 1965.

E numa análise marxista também... as actuais orientações do PCP, são as possíveis e acertadas ao momento actual que vivemos.

O quanto pior melhor... poderia agradar a alguns, mas ao povo Não.

Não foi a natureza de classe do PCP que mudou... foi antes... o contexto geo-politico internacional e o recuo de toda a humanidade.

Criticas a fazer ao PCP, também tenho... mas são problemas de pormenor, não de dissidências ou discrepâncias na orientação geral.

*António Jorge -- Ex-sindicalista do comércio da CGTP-Intersindical Nacional

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