Macau, China, 13 nov 2019 (Lusa)
- O Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong pediu hoje aos estudantes
portugueses na ex-colónia britânica que enviem os seus dados pessoais para
obterem apoio, numa altura em que se registam violentos confrontos em
universidades do território.
Em resposta à Lusa, o
cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong disse estimar que "existam
cerca de 20.000 indivíduos em Hong Kong com passaporte português, dos quais
entre 500 e 1.000 serão portugueses expatriados".
Paulo Cunha Alves acrescentou que
os estudantes têm estado em contacto com as autoridades consulares, que já
reuniram "uma lista com perto de duas dezenas de nomes".
No entanto, esclareceu o
diplomata, "alguns são chineses com passaporte português e, nestes casos,
a proteção consular compete às autoridades da Região Administrativa Especial de
Macau".
De acordo com a lei da
nacionalidade chinesa "o passaporte português não concede a nacionalidade
portuguesa, sendo considerado apenas um documento de viagem", explicou.
Num comunicado divulgado no
Facebook , a representação diplomática solicitou "a todos os estudantes de
nacionalidade portuguesa que se encontrem em Hong Kong que transmitam via email
para o endereço macau@mne.pt as seguintes informações: nome; Cartão de Cidadão
ou passaporte; contacto telefónico; email; universidade onde estão a
estudar", lê-se num comunicado divulgado no Facebook do consulado português.
"Estas informações são
essenciais para o consulado poder prestar qualquer apoio em caso de
necessidade", apontou.
Em situação de emergência,
acrescentou o Consulado, os estudantes podem "procurar apoio através do
telefone +853 28356632 ou do endereço macau@mne.pt ou ao Gabinete de Emergência
Consular (atendimento 24 horas) pelos números +351 217929714/ +351 961706472 ou
do endereço gec@mne.pt".
As universidades de Hong Kong
tornaram-se desde segunda-feira, pela primeira vez, palco de violentos confrontos.
Na Universidade Chinesa de Hong
Kong (CUHK) a polícia usou, na terça-feira, gás lacrimogéneo e balas de
borracha contra centenas de manifestantes que construíram barricadas
improvisadas e que lançaram tijolos, cocktails molotov, entre outros objetos,
contra as autoridades.
Durante a manhã de hoje
(madrugada em Lisboa) os manifestantes voltaram a construir barreiras
improvisadas e colocaram tijolos nas estradas um pouco por toda a cidade e
também em algumas universidades, com a CUHK a registar momentos de maior
tensão, de acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP).
Na área financeira da cidade já
foram efetuadas várias detenções por parte da polícia.
Pelo menos 11 instituições de
ensino superior, anunciaram que as aulas estão suspensas, de acordo com a
emissora RTHK.
Segundo o SCMP, a CUHK vai
suspender as aulas até ao fim do mês.
Mais de 80 estudantes chineses do
continente da CUHK foram retirados dos campus devido aos confrontos.
Estes estudantes chineses foram
transportados para a cidade vizinha de Shenzhen, noticiou ainda o SCMP.
Várias centenas de manifestantes
encontram-se ainda no campus da CUHK, apesar da noite de caos e confrontos
violentos com a polícia, no dia anterior.
Em conferência de imprensa, a
polícia de Hong Kong acusou a CUHK de se ter transformado numa "fábrica de
armas".
As forças afirmaram que 400
bombas de cocktails molotov foram lançadas contra as autoridades na terça-feira
e "várias centenas" foram lançadas no campus desta universidade. Do
lado da polícia foram lançados 1.567 disparos de gás lacrimogéneo, na
terça-feira e 1.312 balas de borracha.
Muitas estações de metropolitano
e de comboio foram encerradas depois de os manifestantes antigovernamentais e
pró-democracia terem bloqueado as entradas e vandalizado as instalações.
MIM/EJ // VM
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