Hong Kong, China, 14 nov 2019
(Lusa) - O corte de importantes estradas e o disparo de gás lacrimogéneo sobre
manifestantes marcaram a manhã em Hong Kong, no quarto dia seguido de
confrontos violentos que começaram com uma greve geral convocada para segunda-feira.
Pouco depois das 07:00 (23:00 de
quarta-feira em Lisboa), grupos de manifestantes bloquearam o túnel que liga a
ilha de Hong Kong ao continente, enquanto uma outra importante via, a de Tolo,
que liga várias áreas da periferia, permanece cortada desde a noite de
quarta-feira.
A ponte número 2 dessa rodovia
está localizada ao lado da Universidade Chinesa de Hong Kong, onde foram
registados os confrontos mais violentos nos últimos dias e onde numerosos
estudantes permanecem entrincheirados, construindo barricadas e armazenando bombas
incendiárias.
A associação estudantil daquela
universidade tentou ontem obter uma ordem judicial para impedir que a polícia
antimotim entre novamente no campus, mas o tribunal rejeitou a reivindicação.
Por outro lado há uma centena de
estudantes barricados na Universidade Politécnica, que anunciou ontem que
suspendeu as aulas até ao fim da semana por razões de segurança.
Dada a situação, as autoridades
de educação da cidade decidiram cancelar hoje os dias letivos em todos os
jardins de infância, escolas primárias e secundárias e centros especiais até
segunda-feira.
Os 'media' locais indicaram que
há a registar pelo menos dois feridos graves na quarta-feira: um trabalhador de
um departamento do Governo, que foi atingido na cabeça por um objeto supostamente
lançado por manifestantes, e um jovem de 15 anos que foi também atingido na
cabeça por uma granada de gás lacrimogéneo. Ambos permanecem em estado grave.
Estes dois casos fazem crescer o
saldo de feridos graves: um jovem de 21 anos que foi baleado por um polícia de
trânsito na segunda-feira e um homem de 57 anos que, no mesmo dia, foi
incendiado por um manifestante após uma discussão política.
Além disso, a polícia encontrou
na quarta-feira à noite, um homem de 30 anos morto, vestido de preto, a cor
usual dos manifestantes, supostamente após ter caído de um prédio.
O jornal de Hong Kong South China
Morning Post noticiou hoje que a chefe do Governo local, Carrie Lam, reuniu-se
na quarta-feira à noite com altos funcionários do Governo para discutir se as
eleições para os conselhos distritais, programadas para dia 24, devem ser
adiadas, não existindo para já uma comunicação oficial das autoridades sobre o
assunto.
As manifestações em Hong Kong
começaram em junho, após uma proposta de emendas a uma lei de extradição, já
retirado pelo Governo, mas que espoletou em um movimento que exige uma reforma
dos mecanismos democráticos de Hong Kong e uma oposição à crescente
interferência de Pequim.
No entanto, alguns manifestantes
optaram por táticas mais radicais do que protestos pacíficos e confrontos
violentos com a polícia tornaram-se habituais nas ruas de Hong Kong.
JMC // JMC
Sem comentários:
Enviar um comentário