Com oficiais militares da
Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Bissau,
aumentam as críticas da oposição a reforço da ECOMIB. Primeiro-ministro
Aristides Gomes desvaloriza.
A ida dos oficiais militares
da Comunidade
Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) a Bissau foi
decidida pelos chefes de Estado da organização na última cimeira realizada em
Niamey, capital do Níger, a 8 de novembro. No encontro foram tomadas várias
decisões em relação à situação política na Guiné-Bissau, incluindo o reforço
da força militar da CEDEAO no país, a ECOMIB, para as eleições
presidenciais de 24 de novembro.
Esta quinta-feira, os oficiais
reuniram-se com o ministro da Defesa, Luís Melo, e com o primeiro-ministro
guineense, Aristides Gomes. A delegação vai ainda encontrar-se com o Presidente
cessante, José Mário Vaz, e com o ministro do Interior, Juliano Fernandes, para
preparar o envio das tropas da ECOMIB.
O reforço da força militar da
CEDEAO foi fortemente contestado pelo candidato presidencial Umaro Sissoco
Embaló: "Há guerra na Guiné-Bissau? As pessoas são mortas aqui? O que é
que as tropas estrangeiras vêm buscar aqui?"
Sola Nquilin Na Bitchita,
dirigente do Partido da Renovação Social (PRS), também critica a decisão da
CEDEAO.
"O Partido da Renovação
Social não hesitará em considerar declaração de guerra qualquer tentativa de
estacionamento de mais contingente militar da ECOMIB, em qualquer ponto do
território nacional", afirmou.
A missão militar, que chegou na
quarta-feira (13.11), é integrada pelo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
da CEDEAO, general Usman Yussuf, e pelos Chefes do Estado-Maior da Nigéria,
Abayomi Gabriel Olonishakin, do Senegal, Cheikh Gueye, do Níger, Ahmed Mahamed,
e do Togo, Félix Abalo Kadangha.
Segurança em Bissau
O primeiro-ministro guineense
lamenta as críticas dos opositores. À saída da reunião com os oficiais
militares da CEDEAO, Aristides Gomes frisou a necessidade de reforçar as tropas
para garantir a segurança no país.
"Estão a ver a situação com
a lupa de gente que está na oposição e que quer, provavelmente, dar sinais da
sua existência na oposição", comentou Gomes. "Mas quem tem a
responsabilidade da segurança do país, que conheceu ciclos de crises políticas
e de violência, e quer o progresso do país, não pode abdicar da colaboração
institucional e legal dos seus irmãos e vizinhos, que não estão interessados em
que haja situações desagradáveis no nosso país."
A ECOMIB está estacionada na
Guiné-Bissau desde 2012, na sequência de um golpe de Estado, que depôs o regime
da altura, dirigido por Carlos Gomes Júnior. De lá para cá, os chefes de Estado
da CEDEAO têm renovado a permanência da força no país, para garantir segurança
às instituições e personalidades políticas guineenses.
CEDEAO "tem poderes para
intervir"
Segundo o analista político Rui
Landim, ouvido pela DW África, a ida dos oficiais militares a Bissau e o
consequente reforço da força da ECOMIB no país, como ficou decidido na cimeira
do Níger, são normais, tomando em consideração o Protocolo da CEDEAO sobre paz
e segurança:
"Quando um país irmão tem um
problema é para que os outros ajudem a estabilizar. Quando a segurança interna
das populações e a paz estão em causa, e podem depois contagiar o resto, a
comunidade tem poderes para intervir", sublinha Landim.
Para sábado (16.11) está prevista
a visita a Bissau dos Presidentes da Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné-Conacri,
Gana, Níger e Nigéria para transmitir ao Presidente cessante, José Mário Vaz,
as decisões saídas da cimeira em Niamey.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche
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