Segundo Datafolha, recuperação
lenta freou perda de popularidade em dezembro. No entanto, Bolsonaro chega ao
fim do seu primeiro ano com o pior índice de reprovação entre os presidentes
diretamente eleitos desde 1989.
Pesquisa Datafolha divulgada
neste domingo (08/12) aponta que a lenta recuperação económica do Brasil
estabilizou a perda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que vinha
sendo constante ao longo do ano.
De acordo com o instituto, a taxa
de reprovação do governo, que tinha chegado a 38% em agosto,
oscilou negativamente para 36% na primeira semana de dezembro, ainda dentro da
margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais para mais ou
para menos. Já a aprovação do governo oscilou um ponto percentual para cima, de
29% para 30%, também dentro da margem de erro.
Segundo o instituto, a
estabilização dos números está ligada à lenta recuperação da atividade
económica, que melhorou os índices de aprovação de Bolsonaro entre as camadas
mais ricas da população. De acordo com o Datafolha, 43% da população vê com
otimismo a situação económica e acha que ela vai melhorar nos próximos meses.
Em agosto, quando ocorreu a última pesquisa, o índice era de 40%.
Ainda assim, o número é
significativamente mais baixo do que registado pelo instituto em dezembro de
2018, pouco antes da posse de Bolsonaro, quando 65% da população demonstrava
acreditar que a economia daria sinais de melhora.
Em abril, pesquisa Datafolha
havia mostrado que 30% da população avaliava o governo como péssimo e ruim. Os
números pioraram nos meses seguintes, chegando a 38% em agosto. Ao mesmo tempo,
o percentual de pessoas que avaliaram a administração como ótima ou boa variou
de 32% para 29% entre abril e agosto. Já o índice dos que apontaram o governo
como regular variou entre 33% e 30%, alcançando 32% em dezembro.
O instituto ainda pediu aos
entrevistados para que eles atribuíssem uma nota ao governo, em uma escala de 0
a 10. A média atribuída pelos entrevistados ao presidente foi 5,1, a mesma
registada em agosto.
Já o nível de otimismo com a
atuação do governo caiu ainda mais desde agosto, atingindo o índice mais baixo
desde que Bolsonaro chegou ao poder, mas ainda assim dentro da margem de erro
em relação à pesquisa anterior. Em abril, 59% achavam que ele faria um governo
merecedor de aprovação. Em agosto, o índice chegou a 45%. Oscilou negativamente
mais uma vez em dezembro, chegando a 43%.
A pesquisa ainda apontou os
segmentos onde mais pessoas avaliam o governo como ótimo ou bom e que superam a
média nacional de 30%. Entre eles estão homens (35%), brancos (37%),
evangélicos neopentecostais (39%), pessoas que ganham mais de cinco salários
mínimos (44%) e empresários (58%).
Outros setores, no entanto, tem
uma prevalência maior de pessoas que avaliam o governo como ruim e
péssimo e que superam a média nacional de 36% observada em dezembro.
Entre eles estão as mulheres (41%), pretos (46%), indígenas (50%), os mais
pobres (43%) e moradores do Nordeste (50%).
Em áreas específicas de atuação,
a avaliação ótimo/bom de como o governo vem lidando com a economia melhorou,
subindo de 20% para 25%, entre agosto e dezembro. Já a taxa de aprovação do
governo no combate à corrupção caiu de 34% para 29%, segundo o Datafolha.
Ainda de acordo com o instituto,
o temperamento de Bolsonaro continua sendo encarado com desconfiança pela maior
parte da população.
Os números mostram que 28% dos entrevistados
avaliam que o presidente nunca se comporta de uma forma aceitável no cargo.
Outros 28% reprovam seu comportamento na maioria das situações e 25% acham que
Bolsonaro não se comporta adequadamente em algumas ocasiões. Só 14% acreditam
que ele sempre tem comportamentos que condizem com o cargo que ocupa.
Ainda segundo o instituto,
Bolsonaro, com seus 30% de aprovação, chega ao fim do primeiro ano do seu
mandato com a pior avaliação entre os presidentes eleitos desde 1994. Fernando
Henrique Cardoso chegou ao fim de 1995 com uma aprovação de 41%, Lula, com 42%.
Dilma, 59%.
Entre os presidentes diretamente
eleitos desde a redemocratização, apenas Fernando Collor registou uma
aprovação mais baixa ao final do seu primeiro ano de governo na série do Datafolha.
No final de 1990, apenas 23% avaliaram seu governo como ótimo e bom.
No entanto, a reprovação
(ruim/péssimo) do ex-presidente foi mais baixa do que a de Bolsonaro: 34%,
contra 36% do atual mandatário.
Já Fernando Henrique, Lula e
Dilma chegaram ao fim dos seus primeiros 12 meses de governo com índices de
reprovação iguais ou inferiores a 15%.
O Datafolha entrevistou 2.948
pessoas em 176 municípios do país na quinta-feira e na sexta-feira.
Deutsche Welle | JPS/ots
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