Pelo menos dois nativos foram
vítimas de disparos partindo de um veículo não identificado. Vítimas são da
mesma etnia que Paulino Guajajara, guardião da floresta assassinado em novembro
numa emboscada.
Firmino Prexede Guajajara e
Raimundo Benicio Guajajara morreram vítimas de um atentado a tiros na manhã
deste sábado (07/12) no Maranhão. Eles saíam de uma reunião entre caciques e a
empresa Eletronorte quando foram atingidos por disparos que, segundo relatos,
vieram de um veículo branco, às margens da rodovia BR 226, entre as aldeias Boa
Vista e El Betel.
Segundo informações do governo do
Maranhão, houve mais feridos, que foram encaminhados para o hospital. Policiais
militares isolaram a cena do crime e estão na área.
Magno Guajajara, cacique que
estava no local no momento do atentado, disse que cinco pessoas estavam dentro
do carro de onde partiram os disparos. "Eles passaram atirando e atingiram
nosso parente. É muito preconceito, muita intolerância", disse à DW Brasil
sobre o crime.
Um trecho da rodovia, entre os
municípios de Barra do Corda e Grajau, foi interditado pelos indígenas. "É
um protesto para chamar a atenção das autoridades e exigir justiça",
justificou Magno.
Segundo o cacique, cerca de 60 pessoas
participaram da reunião com a Eletronorte, estatal construtora das
hidrelétricas Tucuruí (PA), Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA),
além de termelétricas em Rondônia, Acre, Roraima e Amapá. O tema da reunião
seria ações de bem-estar voltadas para os habitantes da Terra Indígena (TI)
Canabrava, no Maranhão.
"Nós nos sentimos
vulneráveis. [O atentado] pode ter a ver com as denúncias que a gente faz das
invasões dentro dos nossos territórios", explicou Magno Guajajara. Em
nota, o governo do Maranhão afirmou que a Secretaria de Estado dos Direitos
Humanos e Participação Popular acompanha o caso junto à Secretaria de Estado de
Segurança Pública e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai). Um
pedido de providências também foi enviado à Polícia Federal. Em seu twitter, o
governador Flávio Dino lamentou o caso e a violência contra povos indígenas.
O aumento da violência contra
ambientalistas e povos indígenas tem sido denunciado por diversas organizações
no país. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) estima que, de
janeiro a novembro, mais de 160 casos de ataques e invasões de territórios
indígenas ocorreram em todo o Brasil.
Os indígenas assassinados são da
mesma etnia que Paulino
Guajajara, vítima de uma emboscada dentro da TI Arariboia (MA), em 1º de
novembro. Ele era um dos guerreiros guardiões da floresta e organizava rondas
pelo território para expulsar os invasores. A Polícia Federal segue
investigando o crime.
Nádia Pontes | Deutsche Welle
Imagem: Um dos Guajajaras feridos
no atentado às margens da BR 226
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