quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

O chamado "aquecimento global" é um mito pseudo-científico


Marcel Leroux [*]

entrevistado por La Nouvelle Revue d'Histoire

A característica do clima é a mudança. Contudo, actualmente há um discurso a afirmar que as mudanças do presente estão a levar a um aquecimento global inevitável. O estudo do passado confirma essa interpretação?

Não porque, à escala paleoclimática, as mudanças foram muito mais significativas do que nos dizem. Assim, em África, durante o último glaciar máximo, ou seja, entre 18.000 e 15.000 anos antes da nossa época, as temperaturas médias foram 5ºC mais baixas que as actuais, o deserto estendeu-se consideravelmente para Sul e a floresta quase desapareceu, enquanto que durante o óptimo climático do Holoceno, entre 9.000 e 6.000 anos antes da nossa época, as temperaturas eram 2ºC mais altas que as actuais e as florestas superavam em muito sua extensão actual. Quanto ao Saara, recebeu chuvas relativamente intensas, tanto de origem mediterrânica como tropical. Estava salpicado de lagos e pântanos e os pastores visitavam-no, como demonstram numerosos desenhos rupestres.

Depois de perder a extensa memória paleoclimática, não estamos a perder também a nossa memória climática imediata?

Hoje em dia a memória é muito selectiva, porque esquecemos o Outono surpreendentemente frio de Agosto de 2006 e nos apressamos a esquecer o Inverno de 2005-2006, que bateu recordes de frio ou de neve, ou o Inverno de 2000 quando a Sibéria registou suas temperaturas mais baixas e a Mongólia pediu ajuda internacional. Para não falar da África, que durante os anos sessenta beneficiou-se de precipitações superiores ao normal. A área do Sahel retrocedeu para o Norte, fazendo recuar o deserto. Ao mesmo tempo, no Norte da Eurásia e do Canadá, a floresta boreal e a agricultura deslocaram-se para Norte. A seguir, a partir de 1972, quando se inverteu a tendência, as precipitações diminuíram drasticamente e o Sahel voltou a deslocar-se gradualmente para Sul.

Deveríamos ter medo do aquecimento previsto por alguns "peritos"?

Historicamente os períodos cálidos sempre foram bons, como por exemplo no princípio da nossa era durante os anos triunfantes da República Romana e do Império. Durante a epopeia viking da Gronelândia e América do Norte, entre 1150 e 1300, na Europa central e ocidental prevaleceu um óptimo climático que deslocou os cultivos, particularmente a vinha, de 4 a 5 graus de latitude para o Norte. O "doce século XII" representa na tradição escocesa uma "idade de ouro" com seus Invernos suaves e Verões secos. A seguir, depois de uma descida da temperatura, voltou-se a um período "quente" conhecido pelos especialistas como o óptimo climático medieval, que favoreceu, em particular, as longas viagens de descobrimentos.

Pelo contrário, os episódios de frio foram considerados como "escuros", como o que depois de 1410 rompeu as relações com a Gronelândia ou o da "Pequena Idade do Gelo" entre 1600 e 1850, que atingiu sua maior intensidade cerca de 1708-1709, que Reaumur chegou "o ano do grande Inverno", período durante o qual os glaciares alpinos atingiram uma grande extensão, como o demonstram em 1789 os "Cahiers de dóleances" ("Cadernos de queixas") dos agricultores chamoniardos cujas pradarias haviam sido invadidas pelo gelo. Portanto, é ridículo que os meios de comunicação afirmem que o calor é sinónimo de calamidade, especialmente para as pessoas que, durante o Inverno, só pensam no Verão, a sonhar com a sua aposentação para residir no Sul ou em Espanha, ou inclusive no Marrocos, ou seja, ao Sol! Desta maneira, a "incrível suavidade" de Dezembro de 2006 e a redução da factura de calefacção poderiam ser apresentadas pelos meios de comunicação como desastres.

O senhor sustenta que se o deserto do Saara avança não é pelas razões que costumam ser apontadas. Mas se se produzisse um aquecimento global sustentado, não seria de temer que tenhamos de enfrentar desastres terríveis em África devido ao aumento das temperaturas?

A história nos mostra que todos os períodos quentes em África foram chuvosos, especialmente na Idade Média, o que permitiu a época de prosperidade (entre 1200 e 1500) durante os grandes impérios sahelo-sudaneses. Quanto à actual diminuição das precipitações no Sul do Saara, é exactamente o contrário de um cenário de aquecimento, que desmente claramente o que afirma o IPCC. Cabe assinalar que nos trópicos as chuvas caem principalmente na estação quente.

Se se produzisse um aquecimento haveria uma melhoria das precipitações, mas actualmente não é o caso. O actual deslocamento para Sul da zona do Sahel, e portanto do Saara, é da ordem de 200 a 300 quilómetros e o fenómeno, que começou nos anos 70, é semelhante ao último máximo glaciar, entre 18.000 e 15.000 anos antes dos nossos dias, quando o Saara se movia 1000 quilómetros para o Sul, não num contexto de aquecimento dos pólos e sim, pelo contrário, com um padrão de aumento do arrefecimento dos pólos, o que contradiz uma vez mais o cenário não fundamentado do IPCC, dos ecologistas e dos meios de comunicação.

Então, com que base o senhor qualifica como "mito" o aquecimento global?

Em 1988 os Estados Unidos experimentaram uma seca dramática com ventos de pó que recordavam os anos 30, os anos da "dust bowl" [bandeja de pó], ilustrados por John Steinbeck em "As vinhas da ira". Em Junho de 1988 J. Hansen (da NASA) apresentou ao Congresso uma curva em que, às médias anuais, somou uma média estabelecida nos últimos cinco meses, o que teve o efeito de aumentar artificialmente a curva térmica dos Estados Unidos.

Este processo desonesto desencadeou então o "pânico climático" de longa duração já preparado pelos movimentos ecologistas, que conduziu à criação do IPCC em 1989. A partir dessa data, o número dos chamados climatologistas, a maioria das vezes autoproclamados ou nomeados pelos governos, aumentou drasticamente. O clima converteu-se na preocupação das organizações ambientalistas, dos chamados jornalistas científicos, dos meios de comunicação e dos políticos. Ao mesmo tempo, tudo foi hiper-simplificado pelos delegados nomeados pelos governos e qualificados como "peritos" (ou seja, políticos ou politólogos) que redigiram, como em Paris em Fevereiro de 2007, o "Resumo para os responsáveis pela tomada de decisões". Nesses encontros, a base de simplificações e negações, e inclusive de mentiras vergonhosas, orquestram-se os golpes mediáticos destinados a impressionar a opinião pública.

Desta maneira, em 1995 introduziu-se sem debate científico a fórmula ainda não provada da "responsabilidade humana na mudança climática". Nessa altura já estávamos muito longe do clima em si. Mas é assim que os políticos e os meios de comunicação sobem o nível do aquecimento global catastrófico... Com a mesma confiança e vigor que nos anos setenta quando anunciaram o regresso a uma "nova era glacial"!

Vamos ao efeito estufa, se não se importa. Devemos acreditar nos peritos e nos meios de comunicação quando asseguram que o CO2 é o factor único da mudança climática e de todos os fenómenos meteorológicos?

Noventa e cinco por cento do efeito estufa deve-se ao vapor de água. O dióxido de carbono, ou CO2, representa só 3,62 por cento do efeito estufa, 26 vezes menos que o vapor de água. Uma vez que o vapor de água é produzido quase a 100 por cento de forma natural, tal como a maioria dos demais gases emissores (CO2 e CH4 ou metano), o efeito estufa é essencialmente um fenómeno natural. Só uma pequena proporção (o chamado efeito estufa antropogénico) pode ser atribuído às actividades humanas, com um valor total de 0,28 por cento do efeito estufa total, incluído 0,12 por cento só para o CO2, ou seja, uma proporção insignificante ou inclusive completamente insignificante. Assim, é estúpido afirmar que as taxas actuais nunca foram tão altas desde... 650 mil anos segundo a última afirmação. Especialmente porque os estudos paleoclimáticos não revelaram nenhuma relação entre o CO2 e a temperatura. Em resumo, não foi estabelecida nenhuma relação causal, fisicamente fundamentada, provada e quantificada entre a evolução da temperatura (ascensão, mas também descida) e a variação efeito estufa pelo CO2. A fortiori, não se demonstra nenhuma relação entre as actividades humanas e o clima: o homem não é em absoluto responsável pela alteração climática.

Perdoe uma pergunta brutal:   a Terra está a aquecer-se, sim ou não?

A chamada "temperatura média mundial" aumentou em 0,74º durante o período 1906-2005. Mas, sobretudo, os dados observados mostram que algumas regiões estão a aquecer-se enquanto outras estão a arrefecer-se. Algumas regiões estão a arrefecer-se, como o Árctico ocidental e a Gronelândia, ao passo que outras aqueceram-se, como o Mar do Norte e suas cercanias, a uma escala anual de ±1°C e no Inverno a ±2°C, durante o período 1954-2003. O espaço do Norte do Pacífico está a mudar de modo semelhante com um arrefecimento sobre a Sibéria oriental, especialmente no Inverno, e um forte aquecimento sobre o Alasca e o Estreito de Bering. Portanto, é absolutamente inexacto afirmar que o planeta está a aquecer-se. A "alteração climática" não é sinónimo de "aquecimento global" porque "clima global" não existe. Além disso, e como acabo de lhe dizer, a alteração climática não depende em absoluto do CO2 e o homem não é em absoluto responsável por isso, excepto no contexto limitado das cidades.

O que é preciso dizer aos que asseguram que há importantes ameaças para o Árctico e a Antárctida?

Que misturam tudo: clima, contaminação, ecologia e ecologismo, desenvolvimento sustentável, novidades mediáticas, propaganda e factos reais, muitas vezes distorcidos, política e interesses económicos (admitidos e não reconhecidos). Portanto, há muitas inconsistências, declarações gratuitas, impossibilidades físicas e mentiras descaradas.

Contudo, a Gronelândia está a derreter-se a Antárctida está a desintegrar-se...

É certo que o gelo se derrete nas camadas inferiores em torno da Gronelândia, banhadas pelo ar quente do Sul. Mas em 1816 e 1817, por exemplo, foi possível alcançar o Pólo ao longo das costas da Gronelândia. Por outro lado, os satélites demonstram que a parte mais alta da Gronelândia se arrefece e eleva-se 6 centímetros ao ano devido às fortes nevadas.

Quanto à Antárctida, é particularmente estável e inclusive beneficia-se de um aumento da massa glacial na sua parte oriental. A Península Antárctida é uma excepção bem conhecida pelos climatologistas. Devido à sua latitude e à proximidade do Andes, que canalizam vigorosamente o fluxo ciclónico quente e húmido para o Sul, as terras baixas dos Sul estão a experimentar uma evolução notável. Estão cada vez mais esburacadas, enquanto a sua trajectória é cada vez mais meridional e a temperatura do ar está a aumentar. Assim, como nas proximidades do Mar da Noruega (ou na região do Estreito de Bering), o aquecimento da Península Antárctica, falsamente atribuído pelo IPCC ao efeito estufa, está controlado por uma intensificação da circulação do ar quente e húmido de fontes tropicais longínquas rumo ao Pólo.

Como explica a alterações que se estão a verificar na Europa?

Para responder à sua pergunta de maneira a que seja entendida pelos não especialistas, digamos que na área do Atlântico Norte enquanto o Árctico ocidental esta a arrefecer-se e os sistemas de alta pressão que saem do Pólo são mais poderosos, a afluência ciclónica de ar associada com as baixas leva mais ar quente e húmido de origem subtropical, inclusive tropical, ao Mar da Noruega e mais além. Como resultado, a temperatura aumenta e as precipitações (nevadas na parte superior, sobre a Gronelândia e Escandinávia) aumentam. À medida que a pressão diminui, as tormentas aumentam, com mais depressões a chegarem a latitudes mais setentrionais. Uma vez que a Europa se encontra no caminho dos ciclones do Sul, também se beneficia de um aquecimento ou inclusive de um excesso local de chuva.

Cabe assinalar que no Atlântico, a aglutinação anti-ciclónica (AA), habitualmente conhecida como Pico dos Açores, é mais potente e estende-se para o sul, razão pela qual o Sahel atlântico, e em particular o arquipélago de Cabo Verde, está a experimentar uma seca mais pronunciada que no continente vizinho. O Mediterrâneo, que estende este espaço atlântico, é mais frio e portanto mais seco na sua bacia oriental (como na Europa Central), enquanto a pressão da superfície também está a aumentar. Este aumento da pressão, e não o CO2, é o responsável nas nossas regiões de longas sequências sem chuva (ou neve nas montanhas) quanto a situação se mantém alta durante muito tempo, ou períodos de calor, ou inclusive ondas de calor como em Agosto de 2003.

Mas ainda assim, como se costuma dizer, "os glaciares estão a desaparecer".

Por que não dizer que eram ainda mais pequenos nos Alpes na Idade Média e que a longitude da sua língua glaciar depende hoje do seu fornecimento de neve antes do período actual? Isto é ainda mais certo nas neves de altura no Kilimanjaro, outro exemplo muito publicitado, próximo dos 6000 metros, onde não foi a temperatura (aqui abaixo dos 0ºC) que variou e sim, como em outros lugares, as condições das precipitações.

Também se diz que haverá cada vez mais ciclones e mais violentos.

Os meteorologistas tropicais não estão de acordo, mas não são escutados... Afirmam inclusive que não se observa nenhuma tendência em alta. Quanto ao simpósio sobre ciclones tropicais celebrado na Costa Rica sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial em Dezembro de 2006, chegou inclusive à conclusão de que nenhum ciclone pode ser atribuído directamente à alteração climática. Chris Landsea, perito indiscutível em furacões, preferiu renunciar ao IPCC porque não queria contribuir para um processo motivado por objectivos pré-concebido e cientificamente não fundamentados. Mas o dano causado pelos ciclones proporciona imagens tão "belas" às revistas e aos noticiários de televisão... O exemplo do Katrina é explorado descaradamente, ao passo que a ruptura dos diques de Nova Orleans era um desastre que já se havia anunciado desde há muito tempo...

Falando de catástrofess... Alguns media afirmam inclusive que a Corrente do Golfo se deterá...

Para que isso ocorra, o vento, que é o motor das correntes marinhas superficiais, teria que deixar de soprar. Por outras palavras, todo o tráfego aéreo e oceânico teria que bloquear, o que naturalmente é inverosímil. Também se diz que o mar está a subir, mas nenhuma curva o demonstra, excepto uns poucos centímetros hipotéticos (12 centímetros em 140 anos) e nenhuma terra desapareceu ainda. As previsões, muitas vezes de carácter "hollywoodense", baseiam-se em modelos climáticos cuja eficácia é muito debatida. Em primeiro lugar, e isto é a última coisa para os modelos digitais, pelos próprios matemáticos que consideram que os modelos utilizados são tão simples, grosseiros, empíricos e enganosos que as conclusões que deles se extraem não têm valor preditivo.

Qual é o futuro da climatologia no clima actual politicamente correcto?

Em lugar de traçar planos muito hipotéticos para o planeta em 2100, a climatologia, que tem estado num beco sem saída conceptual durante uns 50 anos, deveria, ao invés, tratar de contribuir eficazmente para a identificação de medidas apropriadas para a prevenção e adaptação ao clima num futuro próximo. Porque a alteração climática – evoluir constantemente faz parte da natureza do clima – é muito real, mas é uma contradição com o cenário quente que nos impõem actualmente, como o demonstra o aumento contínuo da pressão atmosférica em muitas regiões, inclusive a França. Esta mudança no clima não é a que previu o IPCC. Mas os teóricos e modelistas prestam pouca atenção à observação de fenómenos reais. São as razões e os mecanismos desta mudança permanente que devem ser seriamente definidos pela climatologia. Ao mesmo tempo, outras disciplinas, às quais serve a mistura de géneros e que não necessitam do ilusório espantalho climático, poderão dedicar-se eficazmente ao controle da poluição ou ao desenvolvimento sustentável.

De Marcel Leroux ver também:

[*] Marcel Leroux (1938-2008) foi professor emérito de Climatologia, antigo director do Laboratório de Climatologia, Riscos e Ambiente) do Centro Nacional de Investigação Científica, membro da Sociedade Americana de Meteorologia e da Sociedade Meteorológica de França. Esta entrevista foi realizada e publicada em La Nouvelle Revue d'Histoire , nº 31, Jul-Ago de 2007, pgs. 15 a 18. Não foi possível traduzir a partir do original pois a referida revista deixou de ser publicada e agora está inacessível.

A versão em castelhano encontra-se em movimientopoliticoderesistencia.blogspot.com/...

Esta entrevista encontra-se em https://resistir.info/

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