quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

STP: Jorge Bom Jesus assinala um ano de governação "espinhosa mas nobre"


Primeiro ministro de São Tomé e Príncipe diz ter concluído primeiros 12 meses de governação sem período de graça, "enfrentado pressões internas de várias ordens".

"É com grande espirito de responsabilidade e de humildade que não obstante o pesado fardo macroeconómico e todas as dificuldades do percurso temos conseguido até hoje cumprir e fazer cumprir a espinhosa, mas nobre missão que me foi confiada, para servir São Tomé e Príncipe e não servir-se dele", disse Jorge Bom Jesus na terça-feira (04.12), durante o balanço do primeiro ano do seu Governo.

O XVII Governo constitucional, chefiado por Jorge Bom Jesus, tomou posse a 3 de dezembro de 2018, depois de um acordo de coligação que inclui o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), segunda força mais votada nas eleições de outubro do ano passado, o Partido da Convergência Democrática (PCD), que concorreu às eleições em coligação com a União para Democracia e Desenvolvimento (UDD) e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM). 

"Conseguiu-se manter o clima de estabilidade de paz social, enfrentando ou mitigando os problemas mais candentes como o pagamento dos salários, a energia elétrica, a importação de combustíveis, conclusão de obras indispensáveis à vida quotidiana das populações, nomeadamente água, estradas, escolas, entre outras", defendeu o primeiro-ministro.

Jorge Bom Jesus lembrou que quando aceitou o cargo para chefiar o Executivo, havia "um clima de grande clivagem e tensão política", tendo assumido o compromisso de dialogar com todos os são-tomenses, de "falar a verdade ao povo".


Respeito pelas "bandeiras sagradas"

"Foi nesta base que apresentei o estado em que o país foi encontrado, sem camuflar as dificuldades, buscando novas soluções para velhos e estruturais problemas, deixando promessa de continuar a pautar e agir nesta linha de conduta, porque a prestação de contas, a gestão de coisa pública e a luta contra a corrupção são para mim bandeiras sagradas da governação", explicou.

O governante refletiu sobre as principais realizações e constrangimentos, apontando as iniciativas tomadas e ações concretizadas, lembrando que tudo foi feito dentro da execução orçamental.

"Tornou-se necessário intensificar-se a diplomacia económica, sensibilizar os parceiros de cooperação para a atração de investimento direto estrangeiro, mobilização de financiamentos concessionais e donativos de parceiros bilaterais e multilaterais, associando a determinação na contenção de despesas públicas e o esforço titânico na arrecadação de receitas", referiu Jorge Bom Jesus.

O balanço do primeiro ano de governação foi feito na presença de representantes diplomáticos e de instituições financeiras internacionais residentes no país, num diálogo "direto e aberto" com a sociedade civil, ONG, confissões religiosas, sindicatos e associação de estudantes.

Limites para a liberdade de expressão?

O primeiro-ministro defendeu a liberdade de expressão, que é hoje "uma realidade tangível", lamentando, contudo, que tem sido "praticada intensamente ao ponto de alguns cidadãos mal intencionados resvalarem para libertinagem, vilipendiando dirigentes do Estado na praça pública, numa acintosa cultura antipatriótica com intoxicações e mentiras que mancham a imagem do país, afugentando, muitas vezes, investidores".

No evento que demorou mais de seis horas, Jorge Bom Jesus advertiu que "há limites para tudo, na dinâmica da vida em sociedade, mesmo em regime de direito democrático".

Em termos concretos de realização durante o primeiro ano de governação, o primeiro-ministro referiu, sem pormenorizar, que mesmo com pouco tempo de execução orçamental, "muito foi feito pelo executivo fruto de trabalho árduo, com abnegação, perseverança e respeito pelo património coletivo".

Bom Jesus garantiu que, para os próximos três anos do seu governo, vai continuar a atrair capital privado estrangeiro e promover o tecido empresariado de São Tomé e Príncipe como forma de fazer recuar o desemprego e erradicar a pobreza.

Deutsche Welle |  Agência Lusa

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