Investigação que apura presença
de extremistas de direita nas Forças Armadas da Alemanha também mira em dois
militares de tropa de elite acusados de fazer saudação nazista em uma festa.
Um novo escândalo envolvendo a
presença de neonazistas eclodiu nas Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr).
Desta vez, o caso envolve membros da unidade de elite militar Comando de
Forças Especiais (KSK), segundo reportagem publicada neste domingo (01/12) pelo
jornal Bild am Sonntag.
Um sargento da unidade militar
foi apontado como suspeito de participação na cena extremista de direita e deve
ser afastado nos próximos dias. O caso surgiu após uma operação do Serviço
alemão de Contrainteligência Militar (MAD). O sargento, que cumpriu várias
missões no Afeganistão, passou a ser secretamente investigado pelo serviço
depois que um informante fez uma denúncia.
Após um mês de investigações, o
MAD recomendou que o oficial fosse imediatamente removido do Comando de Forças
Especiais e impedido de continuar a servir na Bundeswehr. Ele deve deixar
o posto na próxima semana.
Um porta-voz do Ministério da
Defesa confirmou a investigação. Dois outros oficiais no Comando de Forças
Especiais também estão no radar dos investigadores por suspeitas de ligação com
extremistas de direita.
Eles foram acusados de fazer a
saudação nazista em uma festa privada organizada pelo sargento do KSK que deve
que ser desligado da unidade. Fazer a saudação nazista e exibir publicamente
símbolos nazistas são ilegais na Alemanha.
Um dos oficiais já foi
suspenso de serviço há algumas semanas, informou a Bild am Sonntag. O
outro ainda está sendo investigado.
O Comando de Forças Especiais é
responsável por resgatar pessoas sequestradas, reféns ou que sofrem ameaças
terroristas no exterior. Apenas 1.100 militares fazem parte deste comando, que
é frequentemente solicitado pela Otan e pelos Estados Unidos para auxiliar em
operações conjuntas antiterrorismo nos Bálcãs e no Oriente Médio.
Christof Gramm, chefe da MAD,
informou recentemente que estão sendo investigados 20 soldados da unidade de
elite por suspeitas de ligações com extremistas de direita.
Em setembro, os jornais do grupo
Redaktionsnetzwerk Deutschland já haviam revelado que um memorando confidencial
do vice-ministro da Defesa, Gerd Hoofe, enviado a um painel de supervisão
parlamentar, havia
alertadoque o número crescente de extremistas na unidade necessitava de
"investigações".
Segundo o Redaktionsnetzwerk
Deutschland, o problema seria particularmente grave entre paraquedistas e na
base Franz Joseph Strauss, em Altenstadt, na Baviera. A base ficou conhecida na
década de 1990, quando o MAD descobriu soldados celebrando o aniversário de
Adolf Hitler e entoando hinos do partido nazista.
Fontes de segurança também haviam
dito à revista alemã Der Spiegel que o número de soldados na unidade
das forças especiais que tem simpatia pela extrema direita seria
"extraordinariamente alto".
A pressão para investigar
militares alemães suspeitos de ligação com grupos neonazistas e com a cena de
extrema direita no país vem aumentando desde a eclosão do caso de Franco
A, um soldado que chocou a Alemanha e a Áustria ao ser preso em 2017
tentando recuperar uma arma e munição que havia escondido no aeroporto de
Viena. Explosivos também foram encontrados na ocasião.
O caso de Franco A. atraiu
atenção generalizada em toda a Alemanha depois que informações surgiram de que
ele armazenou memorabilia nazista em seu quartel, incluindo uma caixa de
fuzil com uma suástica gravada. Ele foi acusado de planejar ataques a políticos
do alto escalão e figuras públicas que acreditava serem "favoráveis a
refugiados". Ele foi absolvido das acusações de terrorismo, mas condenado
por violar a legislação sobre armas.
Deutsche Welle | JPS/dpa/dw/ots
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